Votem em Serra
IGREJA CATÓLICA NO BRASIL VIVE DESAFIOS E ESPERANÇA
EVASÃO DE FIÉIS E SECULARIZAÇÃO ENFRAQUECEM IGREJA, QUE VÊ ALENTO NOS MOVIMENTOS CARISMÁTICOS
José Maria Mayrink
“A Igreja Católica vive crescente tensão interna por causa da evasão de fiéis e da distância entre sua pregação e a prática religiosa.
A revelação, em novembro, de que a instituição ocupa o segundo lugar em credibilidade, abaixo apenas das Forças Armadas, conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entusiasma o episcopado, embora alguns teólogos e assessores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) atribuam essa boa imagem não a seu desempenho, mas ao descrédito de concorrentes, especialmente da classe política.
A pesquisa da FGV prova, na avaliação do professor Felipe de Aquino, membro do movimento carismático Associação Canção Nova, que a Igreja mantém seu prestígio na sociedade. "A grande maioria do povo se professa católica, respeita e acata posicionamentos morais", argumenta. A Renovação Carismática Católica e outros grupos, como o Opus Dei e as novas comunidades , seguem o Vaticano. "Em questões políticas pode haver divergências, mas mesmo assim a Igreja tem voz ativa, como ocorreu no caso da aprovação da Lei da Ficha Limpa", observa Aquino.
Outro exemplo recente foi a tomada de posição de parte do episcopado durante a campanha presidencial. Alguns bispos, como D. Luiz Gonzaga Bergonzini, de Guarulhos, combateram Dilma Rousseff com o argumento de que ela e seu partido eram favoráveis à descriminalização do aborto [argumento hipócrita usado para tentar eleger Serra. Foi posteriormente divulgado que a esposa de Serra, fingida lutadora contra o aborto, já confessara ter praticado aborto. Mônica Serra, em campanha pela eleição do marido, cinicamente, chegara até a acusar Dilma Roussef de “assassina de criancinhas” porque a candidata defendeu o apoio do sistema de saúde pública para as mulheres com complicações por tentativa de aborto].
ATÉ O PAPA !!!
[Não votem em Dilma Rousseff. Todos às ruas para eleger José Serra]
A crítica contra Dilma repercutiu [e intencionalmente intensificou-se] na imprensa, sobretudo depois que o papa Bento XVI aconselhou [nas vésperas do 2º turno] os bispos a saírem às ruas em defesa da defesa da vida ["contra o aborto"], num discurso [presunçosamente] interpretado por D. Bergonzini como apoio à sua atitude [de cabo eleitoral de Serra. Mal sabia o bispo que ele nada significava, além de ser efêmera e oportuna parte de hipócrita jogada da direita que queria eleger seu representante e voltar ao poder no Brasil. Na grande mídia passaram a ser frequentes as manchetes e grandes fotos de Serra, sua esposa Mônica, seus aliados, como Tasso Jereissati, todos rezando... Eles eram neoreligiosos, subitamente convertidos durante a campanha. Somente faltavam as reportagens sobre futura canonização de Serra ].
Houve reação a esse posicionamento dentro da própria Igreja, o que demonstra como ela está dividida. "Foi um espanto os três bispos da presidência do Regional Sul 1 (São Paulo) recomendarem um texto de condenação da candidatura de Dilma Rousseff nas eleições, apoiando [a campanha eleitoral pró-Serra de] D. Bergonzini, porque se jogou fora a colegialidade, fugindo à orientação da CNBB, quando D. Geraldo Lyrio Rocha (presidente da entidade) teve de dizer que cada bispo faz o que quer", reagiu o padre José Oscar Beozzo, teólogo e respeitado historiador da Igreja. "É um sintoma de que não há consenso, os bispos quebraram uma tradição de mais de 45 anos", acrescentou.
Essa intromissão na campanha eleitoral incomodou, mas não deverá impedir um bom relacionamento com o novo governo, na avaliação de D. Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte e reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas. "Não diria que a Igreja tenha perdido a capacidade de diálogo, apesar de alguns arranhões, porque isso poderá ser recuperado, sem sequelas", disse o bispo. Em sua opinião, mais do que prestígio, é a sua estatura moral que a Igreja deve preservar, nas relações com a sociedade e com o governo.
"A Igreja sempre falou de política, sempre defendeu valores éticos" [porém nunca apelando tanto para injúrias], afirmou D. Mol, lembrando a força de vozes da hierarquia que se destacaram contra a ditadura militar e aquelas que atualmente se levantam em defesa dos pobres. "Havia gente de outra linha, até bispos muito afinados com o regime militar." O que chamou a atenção nas eleições de 2010 foi o fato de ter prevalecido uma voz de membros da Igreja contra uma candidata, de maneira contundente e direta. "Quando há dois candidatos e se diz para não votar em um, é como se dissesse para votar no outro, sem alternativa", criticou o bispo.
Para o padre Manoel Godoy, diretor do Instituto de Teologia Santo Tomás de Aquino, em Belo Horizonte, o fato de Bento XVI ter aconselhado os bispos brasileiros, na véspera do segundo turno das eleições, a saírem às ruas em defesa da vida, contra o aborto, "foi um paradoxo, um episódio [deprimente e ridículo] contra o toque de recolher ao qual a CNBB vem sendo submetida nos últimos anos".
DISPUTA INTERNA
O dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, atribui a uma disputa interna no episcopado a polêmica criada em cima da discussão sobre o aborto. "Acredito que todo esse conflito à sombra do processo eleitoral tinha como alvo não evitar a eleição da Dilma, mas assegurar aos conservadores [à direita] a vitória da eleição na CNBB", afirmou o teólogo e ex-assessor do presidente Lula no programa Fome Zero.
As denúncias de pedofilia no clero repercutiram relativamente pouco no Brasil, porque os casos ocorridos aqui foram pouco [divulgados] em comparação com outros países. "Se a Igreja já vinha sofrendo uma crise de credibilidade, a pedofilia aprofundou essa crise e não adianta dizer que a pedofilia está presente na família e no mundo civil, porque o padre foi trabalhado, desde o século 16, como um alter Christus ("outro Cristo"), uma figura tão exaltada que é impossível deixar de haver consequências", disse o padre Godoy. Com a ressalva de que não tem "a mentalidade conspiracionista" de achar que a imprensa é contra a Igreja, ele admite que a repercussão da pedofilia é inevitável, por causa da imagem de pessoa venerada, culta e sábia que se criou do padre.”
FONTE: escrito por José Maria Mayrink, publicado no “O Estado de São Paulo” e transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=30/01/2011&page=mostra_notimpol) . [O jornal "Estadão" se declarou em editorial, durante a campanha, estar engajado na tentativa de eleger Serra]. [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
A EXUMAÇÃO DE FHC
Por Eduardo Guimarães
“Falando em Egito, uma das mais sombrias múmias da política brasileira deve sofrer um processo de exumação na semana que entra. Mais precisamente, será na quarta-feira à noite, durante o programa semestral do PSDB, que irá ao ar em horário “nobre” da TV e do rádio.
O PSDB finalmente deu ouvidos a Globos, Folha, Veja e Estadão: tentará reconstruir FHC, visando tirar a oposição do vazio de lideranças e da carnificina interna em que mergulhou.
A estratégia será a de dedicar o programa semestral do PSDB a tentar, em linguagem popular, fazer valer a tese tucano-midiática de que o sucesso do governo Lula se deve ao até hoje impopularíssimo antecessor.
Basta ler ou assistir aos colunistas dos veículos supracitados para perceber que essa é uma reivindicação antiga da mídia, reivindicação que o PSDB, de olho nas pesquisas de opinião sobre FHC, jamais levou em conta. Todavia, como pior do que está parece que não fica, qualquer tentativa é melhor do que se resignar com o naufrágio iminente.
A possibilidade de alguém repensar o que sente pela era FHC, devido às chibatadas que levou no lombo naquela época não é lá muito boa. São muito ruins as lembranças daquele tempo. Muitos preferem esquecer aqueles oito anos.
Mas devido ao fato de que o PT e Dilma não se darão ao trabalho de se contrapor à mais nova estratégia tucano-midiática para reconstruir a direita no Brasil, há quem ache que sem contraponto a exumação de FHC pode melhorar a imagem dos conservadores.
Por outro lado, no entanto, sempre haverá o risco de as pessoas de memória mais fraca fazerem uma associação que não faziam entre o PSDB e um político que se tornou impopular exclusivamente devido aos sofrimentos múltiplos que o seu período na Presidência impôs.
De uma forma ou de outra, o programa tucano da próxima quarta-feira pode marcar uma nova e imensa onda de odes que a mídia tecerá ao ex-presidente pelos próximos anos, caso sondagens da opinião pública revelem algum êxito na estratégia de soerguimento da oposição.
Surge a pergunta, pois: quem irá se contrapor a essa tentativa de revisionismo histórico?
Pouco importa se irá colar ou não. É racional que se permita que tal mentira seja alvo de uma campanha publicitária multimilionária envolvendo toda a grande mídia sem que a sociedade faça jus ao contraditório ao massacre retórico que vem aí?
O governo FHC foi uma tragédia. Supostas políticas que teriam “pavimentado” o caminho de Lula, tais como lei de responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio fixo, foram todas imposições do FMI. E a inflação teria terminado de qualquer jeito, como terminou em todos os outros países desta região.
Quem vai dizer isso à sociedade, para impedir que vendam os erros históricos da era FHC como se fossem acertos? Duvido que a presidente Dilma ou o PT se disporão a enfrentar esse debate em um momento em que parece que tudo o que querem é não fazer marola.
Dirão que não passa de um ataque de ansiedade da direita começar a disputar já a eleição de 2014. E, sim, há um quê de ridículo em tal açodamento já no primeiro mês de um mandato de quatro anos dos adversários. Mas deixar o adversário falar sozinho é sempre um grande erro.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e publicado em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogcidadania.com.br/2011/01/a-exumacao-de-fhc/).
“Falando em Egito, uma das mais sombrias múmias da política brasileira deve sofrer um processo de exumação na semana que entra. Mais precisamente, será na quarta-feira à noite, durante o programa semestral do PSDB, que irá ao ar em horário “nobre” da TV e do rádio.
O PSDB finalmente deu ouvidos a Globos, Folha, Veja e Estadão: tentará reconstruir FHC, visando tirar a oposição do vazio de lideranças e da carnificina interna em que mergulhou.
A estratégia será a de dedicar o programa semestral do PSDB a tentar, em linguagem popular, fazer valer a tese tucano-midiática de que o sucesso do governo Lula se deve ao até hoje impopularíssimo antecessor.
Basta ler ou assistir aos colunistas dos veículos supracitados para perceber que essa é uma reivindicação antiga da mídia, reivindicação que o PSDB, de olho nas pesquisas de opinião sobre FHC, jamais levou em conta. Todavia, como pior do que está parece que não fica, qualquer tentativa é melhor do que se resignar com o naufrágio iminente.
A possibilidade de alguém repensar o que sente pela era FHC, devido às chibatadas que levou no lombo naquela época não é lá muito boa. São muito ruins as lembranças daquele tempo. Muitos preferem esquecer aqueles oito anos.
Mas devido ao fato de que o PT e Dilma não se darão ao trabalho de se contrapor à mais nova estratégia tucano-midiática para reconstruir a direita no Brasil, há quem ache que sem contraponto a exumação de FHC pode melhorar a imagem dos conservadores.
Por outro lado, no entanto, sempre haverá o risco de as pessoas de memória mais fraca fazerem uma associação que não faziam entre o PSDB e um político que se tornou impopular exclusivamente devido aos sofrimentos múltiplos que o seu período na Presidência impôs.
De uma forma ou de outra, o programa tucano da próxima quarta-feira pode marcar uma nova e imensa onda de odes que a mídia tecerá ao ex-presidente pelos próximos anos, caso sondagens da opinião pública revelem algum êxito na estratégia de soerguimento da oposição.
Surge a pergunta, pois: quem irá se contrapor a essa tentativa de revisionismo histórico?
Pouco importa se irá colar ou não. É racional que se permita que tal mentira seja alvo de uma campanha publicitária multimilionária envolvendo toda a grande mídia sem que a sociedade faça jus ao contraditório ao massacre retórico que vem aí?
O governo FHC foi uma tragédia. Supostas políticas que teriam “pavimentado” o caminho de Lula, tais como lei de responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio fixo, foram todas imposições do FMI. E a inflação teria terminado de qualquer jeito, como terminou em todos os outros países desta região.
Quem vai dizer isso à sociedade, para impedir que vendam os erros históricos da era FHC como se fossem acertos? Duvido que a presidente Dilma ou o PT se disporão a enfrentar esse debate em um momento em que parece que tudo o que querem é não fazer marola.
Dirão que não passa de um ataque de ansiedade da direita começar a disputar já a eleição de 2014. E, sim, há um quê de ridículo em tal açodamento já no primeiro mês de um mandato de quatro anos dos adversários. Mas deixar o adversário falar sozinho é sempre um grande erro.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e publicado em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogcidadania.com.br/2011/01/a-exumacao-de-fhc/).
ENTREVISTA DA PRESIDENTA DILMA PARA JORNAIS ARGENTINOS
A presidenta Dilma Rousseff durante entrevista a jornalistas de três periódicos da Argentina. Fotos: Roberto Stuckert Filho/PR
“BRASIL E ARGENTINA TÊM RESPONSABILIDADE PARA QUE A AMÉRICA LATINA AMPLIE PRESENÇA E AÇÃO NO CENÁRIO INTERNACIONAL
A importância de reforçar a parceria entre Brasil e Argentina e, desse modo, sinalizar aos demais países da América Latina que é possível ter mais presença e ação no cenário internacional, levou a presidenta Dilma Rousseff a decidir que a primeira viagem internacional fosse para a Argentina. Essa explicação foi colocada em entrevista aos jornalistas dos três importantes jornais daquele país: “La Nacion”, “Clarín” e “Página 12”. Além disso, a presidenta Dilma assegurou que terá uma “relação extremamente próxima” com a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner.
“O Brasil e a Argentina podem fazer isso, e podem fazê-lo de forma mais efetiva quanto mais próximas nossas economias se articulem e se desenvolvam e criem laços em que ambos os povos ganhem com essa aproximação, em matéria de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento tecnológico, de melhoria das condições de vida do povo brasileiro e argentino.”
A SEGUIR OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA CONCEDIDA PELA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF AOS JORNAIS ARGENTINOS "LA NACION", "CLARÍN" E "PÁGINA 12":
A IMPORTÂNCIA DA MULHER NA QUEBRA DE PRECONCEITOS
“Olha, eu acho uma coisa a ser comemorada, porque os dois maiores países aqui, do Cone Sul, estão dando demonstração que suas sociedades evoluíram no sentido de superarem o tradicional preconceito que existia contra a mulher. Veja que são sociedades que têm essa evolução no Sul, no Sul do mundo. E, para mim, é algo bastante significativo que também aqui nós tenhamos esse exemplo que foi a eleição de um índio, na Bolívia, e de um metalúrgico antes de mim, aqui, no Brasil. Então, eu acredito que a América Latina está dando exemplo para o mundo de que certos preconceitos, certos bloqueios econômicos e sociais estão sendo superados. Representa maior democratização das nossas sociedades e dos nossos países. E acredito que a presença da mulher aqui vai significar também a possibilidade de que, na América Latina, como nós já tivemos, no Chile, a presidenta Bachelet, nós tenhamos também outros países em que a mulher seja eleita.”
RELAÇÃO BRASIL E ARGENTINA
“Eu pretendo ter relação extremamente próxima com a presidenta Kirchner. Eu pretendo ter essa relação porque o Brasil e a Argentina são países que têm responsabilidade, perante o conjunto da América Latina, de fazer com que a nossa região seja cada vez mais uma região com presença e ação no cenário internacional. O Brasil e a Argentina podem fazer isso, e podem fazê-lo de forma mais efetiva quanto mais próximas nossas economias se articulem e se desenvolvam e criem laços em que ambos os povos ganhem com essa aproximação, em matéria de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento tecnológico, de melhoria das condições de vida do povo brasileiro e argentino.”
A PRIMEIRA VIAGEM INTERNACIONAL
“Por isso, o primeiro país que vou visitar é a Argentina. Porque acho que é o país irmão do Brasil. Não estou diminuindo nenhum outro país, como o Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Peru. Mas eu quero dizer que é algo intuitivo do ponto de vista político, para os outros países… É importante que o Brasil e a Argentina estejam juntos. É algo, eu acho, extremamente amigável também para os outros países. Não é relação de hegemonia que o Brasil e a Argentina estão tendo em relação ao resto da América Latina. Não. É porque temos tamanho e desenvolvimento econômico que nós podemos liderar.”
A EXPERIÊNCIA PESSOAL EM EXERCER A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
“A responsabilidade é bastante maior, ou seja, sobre os meus ombros pesa a responsabilidade de dirigir um país da dimensão do Brasil, com os desafios que o Brasil tem. Eu venho de experiência de governo muito bem sucedida. Mas tenho clareza de que muito foi feito. Eu participei do outro governo de forma muito próxima do Presidente. Na verdade, eu vivia aqui em cima, mudei para o andar de baixo. Ao chegar neste andar, aqui, de baixo, você encara responsabilidade muito maior porque a decisão, em última instância, está na sua mão.”
“O Brasil é um país que muito realizou, mas tem grandes desafios pela frente, e são desafios enormes porque os números no Brasil são sempre maiores, do ponto do conjunto da América Latina. Nós temos no Brasil uma série de desafios colossais. Exemplo: nós queremos erradicar a miséria no Brasil. Hoje, nós temos ainda algo em torno de uns 15 milhões de miseráveis no Brasil; temos de enfrentar esse problema. E não podemos deixar que o nível de vida dos demais que ascenderam às classes médias deixe de melhorar… Porque houve uma revolução nesses últimos oito anos, nós conseguimos tirar da pobreza e de [fazer] chegar à classe média algo como 37 ou 38 milhões de brasileiros, se você contar até os dados não completamente fechados, de 2010.”
“Temos de continuar esse processo de elevação do nível de vida da população brasileira; portanto, temos de manter o nível, também, de crescimento econômico, para garantir emprego para todos os brasileiros que têm condições de trabalhar. Não é só o programa de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas é a geração de milhões de empregos. Sem isso, um país como o Brasil não consegue fazer face aos seus desafios.”
“E nós temos um desafio educacional também. Nós temos de conseguir combinar não só melhoria radical na nossa educação, na qualidade da nossa educação, para as crianças e adolescentes, mas nós temos também um grande desafio na profissionalização, porque hoje o Brasil tem problema de quase pleno emprego.”
OS DESAFIOS BRASILEIROS
“No governo, a gente sempre corre contra o tempo, não é? Eu tenho corrido contra o tempo, contra quinhentos anos de abandono da população brasileira. A gente corre contra o tempo quando eu falo em reduzir a pobreza no Brasil. Agora, nos casos específicos que você levantou, primeiro, das enchentes, eu acho que no Brasil nós temos de caminhar e nós temos condições tecnológicas para isso. Nós temos condições de recursos humanos para isso, temos recursos financeiros para isso. Nós temos de caminhar para um sistema que não acabe com as enchentes, porque você vai ter sempre acidentes climáticos, mas que reduza ao mínimo o número de mortes. Então, desde um sistema de alerta de enchentes, passando, portanto, pela prevenção, por todo um investimento em infraestrutura, que é, por exemplo, a drenagem para não ter, quando os rios encherem, alagamento de residências, de empresas ou, se acontecer, tê-las em nível de segurança; também não deixando as pessoas morarem na beira dos rios e correrem risco de vida. No Brasil, você entende porque isso aconteceu. Depois da crise da dívida, em 1982, nós tivemos período muito grande sem grandes investimentos em infraestrutura e em projetos sociais. Por exemplo: nós não tivemos grandes planos habitacionais no Brasil. Então, a população não tinha acesso à moradia…
A IMAGEM DO PAÍS PARA O MUNDO
“Eu tenho certeza que será uma ótima imagem. É imagem de um país que vem de um processo, eu acho assim, muito perverso, de ser um dos países mais desiguais do mundo, mudando esse perfil progressivamente, se transformando numa grande economia emergente. E, ao mesmo tempo, um país que tem maturidade para resolver seus problemas.”
O CUMPRIMENTO DOS CONTRATOS
“Mas eu vou te dizer uma coisa: eu acho que cada país tem os seus problemas e tem as suas condições históricas e as suas explicações. No Brasil, nós tivemos um processo. Esse processo levou anos amadurecendo.
Obviamente, você tem conhecimento que países mais estáveis do mundo como a Inglaterra, o Reino Unido, quando acha que um contrato está desequilibrado, econômica e financeiramente, para o consumidor, chama uma audiência pública e muda os termos do contrato. Fizeram isso duas vezes no setor elétrico. Então, depende, cada país tem um processo de construção da institucionalidade diferente. A maturidade de alguns sistemas pode levar a que eles alterem as condições do contrato. Por que eles fizeram isso, se você pegar os contratos de energia elétrica do Reino Unido? Porque eles achavam que o ganho obtido pelos grandes produtores de energia era excessivo, que não era esse ganho, não era aquela lucratividade que o sistema comportava; então, naquele momento, eles tinham de diferir. O que eles tinham de fazer? Eles tinham de mudar as condições em que o contrato passou a dizer que seriam passados para o setor dos consumidores os ganhos obtidos de produtividade. Eles inventaram, inclusive, na época, um fator chamado ‘fator X’, pelo qual eles transferiam os ganhos de produtividade para o consumidor.”
A DESVALORIZAÇÃO MONETÁRIA
“Acho que o Brasil e a Argentina estão sofrendo –e todos os países emergentes, isso é público e notório– estão sofrendo as consequências da política de desvalorização praticada pelos dois grandes países do mundo. Acho que nossa posição no G-20 vai ter que ser cada vez mais posição de reação a esse fato, a essa política de desvalorização, que sempre levou a situações muito problemáticas no mundo, a chamada desvalorização competitiva. Eu desvalorizo a minha moeda para competir com você. Essa política levou a várias crises econômicas, aliás, a várias disputas políticas, disputas econômicas. E ela não é boa nem para o Brasil, nem para a Argentina, nem para nenhum país emergente. Nós achamos que os Estados Unidos, em especial, que detêm a moeda que é reserva de valor, têm de levar em consideração esse fato. Nós temos, hoje, 280 milhões… 288 milhões de dólares em reservas, em dólar. Então, para nós, também, é uma questão muito importante que não haja uma perda de valor do dólar. A perda de valor [autoimposta pelos EUA] da moeda que é reserva de valor é uma contradição.
Achamos, também, que todos os países não podem aceitar políticas de ‘dumping’, mecanismos de competição inadequados, não baseados nas práticas mais transparentes, e que os países têm de reagir a esse fato. Agora, também sabemos que o protecionismo, no mundo, não leva a boa coisa. Ao instituir o protecionismo, as perdas não são restritas àquele do qual você está se defendendo; elas se espalham pelo sistema; é isso que eu quero dizer.”
A AGENDA DA PRESIDENTA
“Olha, o foco da minha agenda é o seguinte: é o compromisso que o governo brasileiro mais uma vez assume, com o governo argentino, de política conjunta e estratégica de desenvolvimento da região. O desenvolvimento do Brasil tem que beneficiar o conjunto da região. Dou um exemplo: nós vamos ter uma política muito forte para gerar a política de fornecedores na área do pré-sal. Nós temos essa política, a gente chama “política de conteúdo nacional”. Nós cogitamos de uma política de conteúdo regional, conjunta, com a Argentina. Nós cogitamos uma agenda em que a Argentina e o Brasil, do ponto de vista de serem países com grandes recursos alimentícios, com grandes recursos energéticos, possam aumentar a agregação de valor e a geração de emprego na região. Nós queremos parceria na área de tecnologia e de inovação com a Argentina. Nós queremos, também, parceria no uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos.”
VISITA DO PRESIDENTE BARACK OBAMA
“Eu acho que a relação do Brasil com os Estados Unidos é histórica. Nós temos uma relação –acho que os demais países da América Latina também têm– histórica com os Estados Unidos. Essa relação, na medida em que os países foram se desenvolvendo, foram mudando. Hoje, por exemplo, fantasticamente, os Estados Unidos são superavitários na relação comercial com o Brasil. Obviamente, isso era inconcebível até pouco tempo atrás. Por quê? É importantíssimo olhar os Estados Unidos como um grande parceiro comercial dos países da América Latina. Para o Brasil, os Estados Unidos foram –e sempre serão– um parceiro muito importante. Então, nós, a cada período, temos de melhorar cada vez mais, e mudar o patamar da relação. Tivemos uma experiência muito boa nos últimos anos; tivemos diferenças de opinião; agora, o que importa é perceber que essa é uma parceria que tem horizonte de desenvolvimento muito grande. Então, nós consideramos que, a cada ano, nós vamos ter de virar as páginas do ano anterior.
--“Um dos assuntos que a senhora também destacou muito é a sua política de Direitos Humanos. Eu queria saber como vai se traduzir isso na sua política externa. Você pode por em contexto como vai ser tratado… a senhora falou já do caso do Irã… com o respeito dos direitos humanos no Irã.”
DIREITOS HUMANOS
“Olha, em alguns momentos até tive uma divergência pequena com o Itamaraty. Eu não vou negociar Direitos Humanos, ou seja, eu não vou fazer concessões nessa área. Agora, não acho que os Direitos Humanos possam ser olhados como restritos a um país ou uma região. Essa é uma falácia. Direitos Humanos hoje no mundo é algo que nós temos de olhar no nosso país e em todos os países. Não dá para só ver a trava no olho do vizinho porque, no caso dos países desenvolvidos, nós já tivemos episódios terríveis. Eu acho que tem problema geral de Direitos Humanos. Aliás, eu e o mundo. Em Abu Ghraib teve problemas de Direitos Humanos; e ainda tem em Guantánamo. Agora, eu também considero que apedrejar uma mulher não é uma coisa adequada. Então, não vou, de maneira alguma, achar que ter posição firme em relação a Direitos Humanos simplesmente é apontar com o dedo um país e falar: “Aquele ali é o país que não respeita”. É bom que cada um de nós olhemos, como a Bíblia diz, para a trava no seu próprio olho.
A SITUAÇÃO DE CUBA
“Acho que Cuba teve, com a libertação dos prisioneiros, um avanço, deu um passo na frente nessa questão de Direitos Humanos, porque fez um esforço e tem uma melhoria. E acho que ela deve continuar fazendo no processo, inclusive, de construção da saída de Cuba [do bloqueio imposto há 50 anos pelos EUA], é uma melhoria nas condições econômicas, democráticas e políticas do país. Agora, eu respeito também o tempo deles, respeito. Muitas vezes, a gente tem de entender o seguinte: que a política é feita em uma determinada temporalidade. Eu prefiro ali, em Cuba, dizer o seguinte: acho que há um processo de transformação, e acho que todos os países devem incentivar esse processo de transformação. E devemos protestar se houver alguma falha dos Direitos Humanos de Cuba. Eu não vejo nenhum problema em falar: “Olha, está errado ali”, e tal; “Tem isso lá”. Qual é o problema? Podem fazer aqui no Brasil também. Nós não estamos dizendo que nós somos um país que não tem suas dívidas com os Direitos Humanos. Nós temos.”
A VENEZUELA NO MERCOSUL
“É importante a Venezuela entrar no Mercosul; e acredito que, para o nosso bloco, é muito bom que vários países, além dos que originariamente estavam no Mercosul, entrem no Mercosul, porque muda, eu diria, o patamar do Mercosul. Você veja que a Venezuela é um grande produtor de petróleo e gás. Ela tem muito a ganhar entrando no Mercosul, e nós temos muito a ganhar com a presença da Venezuela no Mercosul. Então, eu vejo com excelentes olhos a entrada da Venezuela, a participação da Venezuela.
No caso específico da forma de governança dentro da UNASUL, eu acho que está em processo de negociação. Sempre que for possível se fará rodízio; eu acho o rodízio um método muito bom, por quê? Porque nós estamos em uma reunião em que todos são iguais. É a tal da “távola-redonda”, não tem ninguém na ponta. Então, o rodízio é o mecanismo pelo qual nós vamos garantir que todos tenham a sua hora e a sua vez na direção. E a gente tem de respeitar a ida [à direção] de cada país, porque ali é uma negociação entre países soberanos, Estados soberanos que querem juntar esforços no sentido de criar uma relação política, econômica e institucional que permita que a gente dê um salto para as nossas economias e a nossa sociedade. Nada mais justo que cada um tenha a sua vez. Eu acho que isso é um princípio democrático essencial entre países soberanos. Então, eu sou a favor disso, rodízio tipo “távola-redonda”; ninguém é mais importante que ninguém; cada país, um voto.”
A SURPRESA POSITIVA NO PRIMEIRO MÊS DE MANDATO
"Eu não tenho muitas surpresas aqui. Eu vivi no centro do governo nos últimos seis anos. Então, a minha grande surpresa positiva, eu vou te dizer: foi muito bonita a minha posse, muito emocionante. Neste último primeiro mês, que começou no dia 1º de janeiro e que termina agora no dia 31, ele abre com uma cerimônia ao mesmo tempo muito bonita e triste, porque eu estava subindo, aqui a gente chama ‘a rampa’, e o presidente Lula estava descendo. Então, ao mesmo tempo que era bonita porque eu estava chegando, era triste porque eu participei diariamente com o presidente aqui no governo dele. Então, teve isso – foi muito bonito e muito triste. Agora, eu queria te dizer o seguinte: sempre é muito bom quando o teu povo te reconhece na rua, você entende? E o povo brasileiro é um povo muito afetivo, não é? E então, gritam; você está passando de janela aberta, gritam, te chamam. E é aquela intimidade, entendeu? É como se eu conhecesse cada um deles pessoalmente. Então, isso é muito bom. Eu ainda não tive uma experiência triste, viu? [Corrigindo. Tive] sim, uma triste, bem triste; te digo qual foi: foi olhar o… você não imagina o que era a cidade de Nova Friburgo. Sabe? Foi um momento muito triste, porque você via pessoas que estavam perdendo os seus parentes, o desespero nos olhos das pessoas. E, ao mesmo tempo, para mim, é um compromisso que temos de impedir que isso ocorra outra vez.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/brasil-e-argentina-tem-responsabilidade-para-que-a-america-latina-amplie-presenca-e-acao-no-cenario-internacional/#more-22279) [trechos entre colchetes adicionados por este blog e omitidos alguns repetidos anacolutos, visando a tornar o texto mais claro].
“BRASIL E ARGENTINA TÊM RESPONSABILIDADE PARA QUE A AMÉRICA LATINA AMPLIE PRESENÇA E AÇÃO NO CENÁRIO INTERNACIONAL
A importância de reforçar a parceria entre Brasil e Argentina e, desse modo, sinalizar aos demais países da América Latina que é possível ter mais presença e ação no cenário internacional, levou a presidenta Dilma Rousseff a decidir que a primeira viagem internacional fosse para a Argentina. Essa explicação foi colocada em entrevista aos jornalistas dos três importantes jornais daquele país: “La Nacion”, “Clarín” e “Página 12”. Além disso, a presidenta Dilma assegurou que terá uma “relação extremamente próxima” com a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner.
“O Brasil e a Argentina podem fazer isso, e podem fazê-lo de forma mais efetiva quanto mais próximas nossas economias se articulem e se desenvolvam e criem laços em que ambos os povos ganhem com essa aproximação, em matéria de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento tecnológico, de melhoria das condições de vida do povo brasileiro e argentino.”
A SEGUIR OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA CONCEDIDA PELA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF AOS JORNAIS ARGENTINOS "LA NACION", "CLARÍN" E "PÁGINA 12":
A IMPORTÂNCIA DA MULHER NA QUEBRA DE PRECONCEITOS
“Olha, eu acho uma coisa a ser comemorada, porque os dois maiores países aqui, do Cone Sul, estão dando demonstração que suas sociedades evoluíram no sentido de superarem o tradicional preconceito que existia contra a mulher. Veja que são sociedades que têm essa evolução no Sul, no Sul do mundo. E, para mim, é algo bastante significativo que também aqui nós tenhamos esse exemplo que foi a eleição de um índio, na Bolívia, e de um metalúrgico antes de mim, aqui, no Brasil. Então, eu acredito que a América Latina está dando exemplo para o mundo de que certos preconceitos, certos bloqueios econômicos e sociais estão sendo superados. Representa maior democratização das nossas sociedades e dos nossos países. E acredito que a presença da mulher aqui vai significar também a possibilidade de que, na América Latina, como nós já tivemos, no Chile, a presidenta Bachelet, nós tenhamos também outros países em que a mulher seja eleita.”
RELAÇÃO BRASIL E ARGENTINA
“Eu pretendo ter relação extremamente próxima com a presidenta Kirchner. Eu pretendo ter essa relação porque o Brasil e a Argentina são países que têm responsabilidade, perante o conjunto da América Latina, de fazer com que a nossa região seja cada vez mais uma região com presença e ação no cenário internacional. O Brasil e a Argentina podem fazer isso, e podem fazê-lo de forma mais efetiva quanto mais próximas nossas economias se articulem e se desenvolvam e criem laços em que ambos os povos ganhem com essa aproximação, em matéria de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento tecnológico, de melhoria das condições de vida do povo brasileiro e argentino.”
A PRIMEIRA VIAGEM INTERNACIONAL
“Por isso, o primeiro país que vou visitar é a Argentina. Porque acho que é o país irmão do Brasil. Não estou diminuindo nenhum outro país, como o Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Peru. Mas eu quero dizer que é algo intuitivo do ponto de vista político, para os outros países… É importante que o Brasil e a Argentina estejam juntos. É algo, eu acho, extremamente amigável também para os outros países. Não é relação de hegemonia que o Brasil e a Argentina estão tendo em relação ao resto da América Latina. Não. É porque temos tamanho e desenvolvimento econômico que nós podemos liderar.”
A EXPERIÊNCIA PESSOAL EM EXERCER A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
“A responsabilidade é bastante maior, ou seja, sobre os meus ombros pesa a responsabilidade de dirigir um país da dimensão do Brasil, com os desafios que o Brasil tem. Eu venho de experiência de governo muito bem sucedida. Mas tenho clareza de que muito foi feito. Eu participei do outro governo de forma muito próxima do Presidente. Na verdade, eu vivia aqui em cima, mudei para o andar de baixo. Ao chegar neste andar, aqui, de baixo, você encara responsabilidade muito maior porque a decisão, em última instância, está na sua mão.”
“O Brasil é um país que muito realizou, mas tem grandes desafios pela frente, e são desafios enormes porque os números no Brasil são sempre maiores, do ponto do conjunto da América Latina. Nós temos no Brasil uma série de desafios colossais. Exemplo: nós queremos erradicar a miséria no Brasil. Hoje, nós temos ainda algo em torno de uns 15 milhões de miseráveis no Brasil; temos de enfrentar esse problema. E não podemos deixar que o nível de vida dos demais que ascenderam às classes médias deixe de melhorar… Porque houve uma revolução nesses últimos oito anos, nós conseguimos tirar da pobreza e de [fazer] chegar à classe média algo como 37 ou 38 milhões de brasileiros, se você contar até os dados não completamente fechados, de 2010.”
“Temos de continuar esse processo de elevação do nível de vida da população brasileira; portanto, temos de manter o nível, também, de crescimento econômico, para garantir emprego para todos os brasileiros que têm condições de trabalhar. Não é só o programa de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas é a geração de milhões de empregos. Sem isso, um país como o Brasil não consegue fazer face aos seus desafios.”
“E nós temos um desafio educacional também. Nós temos de conseguir combinar não só melhoria radical na nossa educação, na qualidade da nossa educação, para as crianças e adolescentes, mas nós temos também um grande desafio na profissionalização, porque hoje o Brasil tem problema de quase pleno emprego.”
OS DESAFIOS BRASILEIROS
“No governo, a gente sempre corre contra o tempo, não é? Eu tenho corrido contra o tempo, contra quinhentos anos de abandono da população brasileira. A gente corre contra o tempo quando eu falo em reduzir a pobreza no Brasil. Agora, nos casos específicos que você levantou, primeiro, das enchentes, eu acho que no Brasil nós temos de caminhar e nós temos condições tecnológicas para isso. Nós temos condições de recursos humanos para isso, temos recursos financeiros para isso. Nós temos de caminhar para um sistema que não acabe com as enchentes, porque você vai ter sempre acidentes climáticos, mas que reduza ao mínimo o número de mortes. Então, desde um sistema de alerta de enchentes, passando, portanto, pela prevenção, por todo um investimento em infraestrutura, que é, por exemplo, a drenagem para não ter, quando os rios encherem, alagamento de residências, de empresas ou, se acontecer, tê-las em nível de segurança; também não deixando as pessoas morarem na beira dos rios e correrem risco de vida. No Brasil, você entende porque isso aconteceu. Depois da crise da dívida, em 1982, nós tivemos período muito grande sem grandes investimentos em infraestrutura e em projetos sociais. Por exemplo: nós não tivemos grandes planos habitacionais no Brasil. Então, a população não tinha acesso à moradia…
A IMAGEM DO PAÍS PARA O MUNDO
“Eu tenho certeza que será uma ótima imagem. É imagem de um país que vem de um processo, eu acho assim, muito perverso, de ser um dos países mais desiguais do mundo, mudando esse perfil progressivamente, se transformando numa grande economia emergente. E, ao mesmo tempo, um país que tem maturidade para resolver seus problemas.”
O CUMPRIMENTO DOS CONTRATOS
“Mas eu vou te dizer uma coisa: eu acho que cada país tem os seus problemas e tem as suas condições históricas e as suas explicações. No Brasil, nós tivemos um processo. Esse processo levou anos amadurecendo.
Obviamente, você tem conhecimento que países mais estáveis do mundo como a Inglaterra, o Reino Unido, quando acha que um contrato está desequilibrado, econômica e financeiramente, para o consumidor, chama uma audiência pública e muda os termos do contrato. Fizeram isso duas vezes no setor elétrico. Então, depende, cada país tem um processo de construção da institucionalidade diferente. A maturidade de alguns sistemas pode levar a que eles alterem as condições do contrato. Por que eles fizeram isso, se você pegar os contratos de energia elétrica do Reino Unido? Porque eles achavam que o ganho obtido pelos grandes produtores de energia era excessivo, que não era esse ganho, não era aquela lucratividade que o sistema comportava; então, naquele momento, eles tinham de diferir. O que eles tinham de fazer? Eles tinham de mudar as condições em que o contrato passou a dizer que seriam passados para o setor dos consumidores os ganhos obtidos de produtividade. Eles inventaram, inclusive, na época, um fator chamado ‘fator X’, pelo qual eles transferiam os ganhos de produtividade para o consumidor.”
A DESVALORIZAÇÃO MONETÁRIA
“Acho que o Brasil e a Argentina estão sofrendo –e todos os países emergentes, isso é público e notório– estão sofrendo as consequências da política de desvalorização praticada pelos dois grandes países do mundo. Acho que nossa posição no G-20 vai ter que ser cada vez mais posição de reação a esse fato, a essa política de desvalorização, que sempre levou a situações muito problemáticas no mundo, a chamada desvalorização competitiva. Eu desvalorizo a minha moeda para competir com você. Essa política levou a várias crises econômicas, aliás, a várias disputas políticas, disputas econômicas. E ela não é boa nem para o Brasil, nem para a Argentina, nem para nenhum país emergente. Nós achamos que os Estados Unidos, em especial, que detêm a moeda que é reserva de valor, têm de levar em consideração esse fato. Nós temos, hoje, 280 milhões… 288 milhões de dólares em reservas, em dólar. Então, para nós, também, é uma questão muito importante que não haja uma perda de valor do dólar. A perda de valor [autoimposta pelos EUA] da moeda que é reserva de valor é uma contradição.
Achamos, também, que todos os países não podem aceitar políticas de ‘dumping’, mecanismos de competição inadequados, não baseados nas práticas mais transparentes, e que os países têm de reagir a esse fato. Agora, também sabemos que o protecionismo, no mundo, não leva a boa coisa. Ao instituir o protecionismo, as perdas não são restritas àquele do qual você está se defendendo; elas se espalham pelo sistema; é isso que eu quero dizer.”
A AGENDA DA PRESIDENTA
“Olha, o foco da minha agenda é o seguinte: é o compromisso que o governo brasileiro mais uma vez assume, com o governo argentino, de política conjunta e estratégica de desenvolvimento da região. O desenvolvimento do Brasil tem que beneficiar o conjunto da região. Dou um exemplo: nós vamos ter uma política muito forte para gerar a política de fornecedores na área do pré-sal. Nós temos essa política, a gente chama “política de conteúdo nacional”. Nós cogitamos de uma política de conteúdo regional, conjunta, com a Argentina. Nós cogitamos uma agenda em que a Argentina e o Brasil, do ponto de vista de serem países com grandes recursos alimentícios, com grandes recursos energéticos, possam aumentar a agregação de valor e a geração de emprego na região. Nós queremos parceria na área de tecnologia e de inovação com a Argentina. Nós queremos, também, parceria no uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos.”
VISITA DO PRESIDENTE BARACK OBAMA
“Eu acho que a relação do Brasil com os Estados Unidos é histórica. Nós temos uma relação –acho que os demais países da América Latina também têm– histórica com os Estados Unidos. Essa relação, na medida em que os países foram se desenvolvendo, foram mudando. Hoje, por exemplo, fantasticamente, os Estados Unidos são superavitários na relação comercial com o Brasil. Obviamente, isso era inconcebível até pouco tempo atrás. Por quê? É importantíssimo olhar os Estados Unidos como um grande parceiro comercial dos países da América Latina. Para o Brasil, os Estados Unidos foram –e sempre serão– um parceiro muito importante. Então, nós, a cada período, temos de melhorar cada vez mais, e mudar o patamar da relação. Tivemos uma experiência muito boa nos últimos anos; tivemos diferenças de opinião; agora, o que importa é perceber que essa é uma parceria que tem horizonte de desenvolvimento muito grande. Então, nós consideramos que, a cada ano, nós vamos ter de virar as páginas do ano anterior.
--“Um dos assuntos que a senhora também destacou muito é a sua política de Direitos Humanos. Eu queria saber como vai se traduzir isso na sua política externa. Você pode por em contexto como vai ser tratado… a senhora falou já do caso do Irã… com o respeito dos direitos humanos no Irã.”
DIREITOS HUMANOS
“Olha, em alguns momentos até tive uma divergência pequena com o Itamaraty. Eu não vou negociar Direitos Humanos, ou seja, eu não vou fazer concessões nessa área. Agora, não acho que os Direitos Humanos possam ser olhados como restritos a um país ou uma região. Essa é uma falácia. Direitos Humanos hoje no mundo é algo que nós temos de olhar no nosso país e em todos os países. Não dá para só ver a trava no olho do vizinho porque, no caso dos países desenvolvidos, nós já tivemos episódios terríveis. Eu acho que tem problema geral de Direitos Humanos. Aliás, eu e o mundo. Em Abu Ghraib teve problemas de Direitos Humanos; e ainda tem em Guantánamo. Agora, eu também considero que apedrejar uma mulher não é uma coisa adequada. Então, não vou, de maneira alguma, achar que ter posição firme em relação a Direitos Humanos simplesmente é apontar com o dedo um país e falar: “Aquele ali é o país que não respeita”. É bom que cada um de nós olhemos, como a Bíblia diz, para a trava no seu próprio olho.
A SITUAÇÃO DE CUBA
“Acho que Cuba teve, com a libertação dos prisioneiros, um avanço, deu um passo na frente nessa questão de Direitos Humanos, porque fez um esforço e tem uma melhoria. E acho que ela deve continuar fazendo no processo, inclusive, de construção da saída de Cuba [do bloqueio imposto há 50 anos pelos EUA], é uma melhoria nas condições econômicas, democráticas e políticas do país. Agora, eu respeito também o tempo deles, respeito. Muitas vezes, a gente tem de entender o seguinte: que a política é feita em uma determinada temporalidade. Eu prefiro ali, em Cuba, dizer o seguinte: acho que há um processo de transformação, e acho que todos os países devem incentivar esse processo de transformação. E devemos protestar se houver alguma falha dos Direitos Humanos de Cuba. Eu não vejo nenhum problema em falar: “Olha, está errado ali”, e tal; “Tem isso lá”. Qual é o problema? Podem fazer aqui no Brasil também. Nós não estamos dizendo que nós somos um país que não tem suas dívidas com os Direitos Humanos. Nós temos.”
A VENEZUELA NO MERCOSUL
“É importante a Venezuela entrar no Mercosul; e acredito que, para o nosso bloco, é muito bom que vários países, além dos que originariamente estavam no Mercosul, entrem no Mercosul, porque muda, eu diria, o patamar do Mercosul. Você veja que a Venezuela é um grande produtor de petróleo e gás. Ela tem muito a ganhar entrando no Mercosul, e nós temos muito a ganhar com a presença da Venezuela no Mercosul. Então, eu vejo com excelentes olhos a entrada da Venezuela, a participação da Venezuela.
No caso específico da forma de governança dentro da UNASUL, eu acho que está em processo de negociação. Sempre que for possível se fará rodízio; eu acho o rodízio um método muito bom, por quê? Porque nós estamos em uma reunião em que todos são iguais. É a tal da “távola-redonda”, não tem ninguém na ponta. Então, o rodízio é o mecanismo pelo qual nós vamos garantir que todos tenham a sua hora e a sua vez na direção. E a gente tem de respeitar a ida [à direção] de cada país, porque ali é uma negociação entre países soberanos, Estados soberanos que querem juntar esforços no sentido de criar uma relação política, econômica e institucional que permita que a gente dê um salto para as nossas economias e a nossa sociedade. Nada mais justo que cada um tenha a sua vez. Eu acho que isso é um princípio democrático essencial entre países soberanos. Então, eu sou a favor disso, rodízio tipo “távola-redonda”; ninguém é mais importante que ninguém; cada país, um voto.”
A SURPRESA POSITIVA NO PRIMEIRO MÊS DE MANDATO
"Eu não tenho muitas surpresas aqui. Eu vivi no centro do governo nos últimos seis anos. Então, a minha grande surpresa positiva, eu vou te dizer: foi muito bonita a minha posse, muito emocionante. Neste último primeiro mês, que começou no dia 1º de janeiro e que termina agora no dia 31, ele abre com uma cerimônia ao mesmo tempo muito bonita e triste, porque eu estava subindo, aqui a gente chama ‘a rampa’, e o presidente Lula estava descendo. Então, ao mesmo tempo que era bonita porque eu estava chegando, era triste porque eu participei diariamente com o presidente aqui no governo dele. Então, teve isso – foi muito bonito e muito triste. Agora, eu queria te dizer o seguinte: sempre é muito bom quando o teu povo te reconhece na rua, você entende? E o povo brasileiro é um povo muito afetivo, não é? E então, gritam; você está passando de janela aberta, gritam, te chamam. E é aquela intimidade, entendeu? É como se eu conhecesse cada um deles pessoalmente. Então, isso é muito bom. Eu ainda não tive uma experiência triste, viu? [Corrigindo. Tive] sim, uma triste, bem triste; te digo qual foi: foi olhar o… você não imagina o que era a cidade de Nova Friburgo. Sabe? Foi um momento muito triste, porque você via pessoas que estavam perdendo os seus parentes, o desespero nos olhos das pessoas. E, ao mesmo tempo, para mim, é um compromisso que temos de impedir que isso ocorra outra vez.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/brasil-e-argentina-tem-responsabilidade-para-que-a-america-latina-amplie-presenca-e-acao-no-cenario-internacional/#more-22279) [trechos entre colchetes adicionados por este blog e omitidos alguns repetidos anacolutos, visando a tornar o texto mais claro].
DEMOCRACIA OU REVOLUÇÃO?
Uma sociedade não se torna uma democracia estável sem antes fazer sua revolução nacional
Por Luiz Carlos Bresser-Pereira
“Neste começo de ano, o mundo voltou sua atenção para a Tunísia, onde, pela primeira vez na história do mundo árabe, um governo ditatorial foi derrubado por uma rebelião popular.
Não sabemos o que resultará dessa manifestação do povo, mas os analistas de todas as tendências desejam que seja a democracia. Não compartilho dessa opinião bem comportada.
É claro que desejo que a Tunísia se torne uma nação próspera e democrática, mas para seu povo será mais estratégico garantir as liberdades civis ou o Estado de direito e realizar a sua revolução nacional e capitalista.
Só depois disso poderá se tornar uma democracia consolidada que, adicionalmente ao Estado de direito, garanta o sufrágio universal e a alternância de partidos políticos no poder (requisitos mínimos da democracia).
Não preciso argumentar a favor do Estado de direito. Mas por que atribuo também prioridade à revolução nacional e capitalista? Porque só a partir do momento em que uma sociedade se torna uma verdadeira nação, realiza sua revolução industrial, e, assim, completa sua transformação em uma sociedade moderna, tem ela condições de se tornar uma democracia consolidada.
Pretender inverter a ordem é quase impossível. Não conheço país que tenha se tornado uma democracia estável sem antes fazer sua revolução nacional, e só conheço um país -a Índia- que completou sua revolução capitalista industrializando-se no quadro de um regime democrático, mas esse país já havia realizado antes sua revolução nacional.
O ditador da Tunísia, Zine el-Abidine Ben Ali, estava no poder há 23 anos com pleno apoio da França e dos EUA. Um apoio firme que permitia aos analistas de direita apresentar a Tunísia como um exemplo para os demais países árabes do Oriente Médio.
Era "exemplar" como o foram, nos anos 1990, os governos igualmente "aliados" de Carlos Menem na Argentina, [de FHC no Brasil] e de Bóris Yeltsin na Rússia.
Com base em um regime dessa natureza, semicolonial, não havia possibilidade de um verdadeiro desenvolvimento econômico, do surgimento de uma grande classe de empresários, de uma classe média profissional competente, e de uma classe operária bem organizada.
Só havia espaço para a mais deslavada corrupção em benefício da família da mulher e dos amigos do governante, além, naturalmente, de um ambiente "acolhedor" para os interesses dos países ricos.
A tragédia dos países pobres é que não há um caminho seguro para eles. Os regimes autoritários que geralmente os governam não representam garantia que a revolução capitalista ocorra.
Para isso é necessário, adicionalmente, que sejam nacionalistas -que entendam que é seu dever defender os interesses do trabalho, do conhecimento e do capital nacionais- enfrentando, sempre que necessário, os interesses multinacionais. É isto que fazem os governos dos países ricos e dos países de renda média (como [agora] o Brasil) para competir internacionalmente.
Mas não basta isso. É preciso que o nacionalismo seja competente, promova a revolução capitalista, e assim abra espaço para uma democracia consolidada. Que neste caso não é um meio. É o objetivo a ser alcançado.”
FONTE: escrito por Luiz Carlos Bresser-Pereira e publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft3001201107.htm) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].
Por Luiz Carlos Bresser-Pereira
“Neste começo de ano, o mundo voltou sua atenção para a Tunísia, onde, pela primeira vez na história do mundo árabe, um governo ditatorial foi derrubado por uma rebelião popular.
Não sabemos o que resultará dessa manifestação do povo, mas os analistas de todas as tendências desejam que seja a democracia. Não compartilho dessa opinião bem comportada.
É claro que desejo que a Tunísia se torne uma nação próspera e democrática, mas para seu povo será mais estratégico garantir as liberdades civis ou o Estado de direito e realizar a sua revolução nacional e capitalista.
Só depois disso poderá se tornar uma democracia consolidada que, adicionalmente ao Estado de direito, garanta o sufrágio universal e a alternância de partidos políticos no poder (requisitos mínimos da democracia).
Não preciso argumentar a favor do Estado de direito. Mas por que atribuo também prioridade à revolução nacional e capitalista? Porque só a partir do momento em que uma sociedade se torna uma verdadeira nação, realiza sua revolução industrial, e, assim, completa sua transformação em uma sociedade moderna, tem ela condições de se tornar uma democracia consolidada.
Pretender inverter a ordem é quase impossível. Não conheço país que tenha se tornado uma democracia estável sem antes fazer sua revolução nacional, e só conheço um país -a Índia- que completou sua revolução capitalista industrializando-se no quadro de um regime democrático, mas esse país já havia realizado antes sua revolução nacional.
O ditador da Tunísia, Zine el-Abidine Ben Ali, estava no poder há 23 anos com pleno apoio da França e dos EUA. Um apoio firme que permitia aos analistas de direita apresentar a Tunísia como um exemplo para os demais países árabes do Oriente Médio.
Era "exemplar" como o foram, nos anos 1990, os governos igualmente "aliados" de Carlos Menem na Argentina, [de FHC no Brasil] e de Bóris Yeltsin na Rússia.
Com base em um regime dessa natureza, semicolonial, não havia possibilidade de um verdadeiro desenvolvimento econômico, do surgimento de uma grande classe de empresários, de uma classe média profissional competente, e de uma classe operária bem organizada.
Só havia espaço para a mais deslavada corrupção em benefício da família da mulher e dos amigos do governante, além, naturalmente, de um ambiente "acolhedor" para os interesses dos países ricos.
A tragédia dos países pobres é que não há um caminho seguro para eles. Os regimes autoritários que geralmente os governam não representam garantia que a revolução capitalista ocorra.
Para isso é necessário, adicionalmente, que sejam nacionalistas -que entendam que é seu dever defender os interesses do trabalho, do conhecimento e do capital nacionais- enfrentando, sempre que necessário, os interesses multinacionais. É isto que fazem os governos dos países ricos e dos países de renda média (como [agora] o Brasil) para competir internacionalmente.
Mas não basta isso. É preciso que o nacionalismo seja competente, promova a revolução capitalista, e assim abra espaço para uma democracia consolidada. Que neste caso não é um meio. É o objetivo a ser alcançado.”
FONTE: escrito por Luiz Carlos Bresser-Pereira e publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft3001201107.htm) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].
BRASIL COMANDA O CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU ESTE ANO
BRASIL COMANDARÁ O CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS ATÉ DEZEMBRO DESTE ANO
“Na próxima terça-feira (1º), o Brasil assume a presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Por um ano, até dezembro, o comando será brasileiro [porém, sem o poder de veto que tem cada um dos membros permanentes].
O posto é rotativo e sempre ocupado por um dos 15 membros do órgão. Há anos, o Brasil tenta ocupar um assento permanente no conselho e defende sua reforma. Ao assumir o comando, o objetivo é ampliar os debates para as áreas de conflito nas regiões mais pobres do mundo.
As informações são confirmadas pelas Nações Unidas. No dia 11 de fevereiro, o Brasil promove um debate sobre as questões paz, segurança e desenvolvimento. O Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, deverá participar das discussões.
Na ONU, o Brasil é representado pela embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti. De acordo com diplomatas que acompanham as discussões nas Nações Unidos, o momento é para observar com atenção o que ocorre no Kosovo, no Congo e em Guiné Bissau, além dos efeitos do plebiscito no Sudão.
No ano passado, em sessão das Nações Unidas em nome do governo brasileiro, o então Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a reforma urgente da atual estrutura do Conselho de Segurança. Criado em 1945, depois da Segunda Guerra Mundial, o formato do órgão estabelece que cinco países tenham assento permanente e dez ocupem provisoriamente, por dois anos, as vagas.
Uma das propostas em discussão é que, entre os seus integrantes permanentes, sejam incluídos mais dois países da Ásia, um da América Latina, outro do Leste Europeu e um da África. Atualmente, são integrantes permanentes do conselho os Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra. Já o Brasil, Turquia, Bósnia Herzegovina, Gabão, Nigéria, Áustria, Japão, México, Líbano e Uganda são membros rotativos no órgão, com mandato de dois anos.
É o Conselho de Segurança das Nações Unidas que autoriza a intervenção militar em um dos 192 países-membros da organização [contudo, os EUA, Israel e seus aliados ignoram as resoluções da ONU e costumam atacar e invadir outros países sem autorização, ou mesmo com a expressa negativa da ONU] e também [é o Conselho] que estabelece sanções –como ocorreu ao Irã, em junho. Os conflitos e crises políticas são analisados pelo conselho, que define sobre o envio e a permanência de militares das missões de paz.
No ano passado, em junho, Brasil e Turquia, que integram o Conselho de Segurança das Nações Unidas, votaram contra as sanções ao Irã. O Líbano se absteve da votação, mas [por pressão dos EUA] 12 países foram favoráveis às restrições. Para a “comunidade internacional” [sic] [isto é, para os EUA, Israel e seus seguidores], o programa nuclear do Irã [assim como o de Israel] é suspeito de produção secreta de armas atômicas. Os iranianos negam.”
FONTE: reportagem de Renata Giraldi publicada pela Agência Brasil (edição: Rivadavia Severo) (http://agenciabrasil.ebc.com.br/ultimasnoticias?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=3176998) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].
MARINHA RENOVARÁ FROTA SOB "PRESSÃO ESTRATÉGICA"
Fragata classe Freem
ESCOLHA FINAL, ENTRE OFERTAS DE ITÁLIA, REINO UNIDO, ALEMANHA, COREIA E FRANÇA, DEVE SAIR ATÉ O FIM DO ANO E A PRIMEIRA FRAGATA FICARÁ PRONTA ENTRE 2018 E 2019
“A renovação da frota da Marinha do Brasil não foi cancelada nem adiada pela presidente Dilma Rousseff. O negócio, envolvendo 11 navios e estimado entre 4 bilhões e 6 bilhões, continua em andamento. A fase atual é de consultas a empresas candidatas à parceria pretendida. "O tempo para execução é o tempo da pressão estratégica", diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Analistas ouvidos pelo Estado concordam que essa condição de ameaça é, atualmente, de baixa intensidade, mas lembram que "a curva é ascendente, se projetada para os próximos 20 a 25 anos", de acordo com o relatório Projeção 2025, feito em 2009 pela Secretaria de Assuntos Estratégicos. A escolha final, entre ofertas de Itália, Reino Unido, Alemanha, Coreia e França, deve sair até o fim do ano. A primeira fragata ficará pronta entre 2018 e 2019 - a entrega do navio patrulha ocorre 12 meses antes.
O contrato inicial, todavia, será firmado em 2012. Depois da seleção, a complexidade do processo exigirá um ano de discussões para ajuste da transferência de tecnologia, estabelecimento da rede de fornecedores e das compensações comerciais. Só então haverá o pagamento do adiantamento formal, cerca de R$ 100 milhões. É para o custeio da implementação da operação. Apenas seis meses mais tarde é que vence a primeira parcela semestral, referente aos juros do financiamento. O principal da dívida começa a ser abatido 180 dias depois, em meados de 2013.
É a mesma arquitetura financeira aplicada na escolha dos novos caças de múltiplo emprego da Aeronáutica, a F-X2. Em nenhum dos dois casos existe a previsão de desembolso imediato. O ministro Jobim sustenta que a indicação do avião vencedor será anunciada até julho pela presidente Dilma. Em 2013 a Marinha vai adquirir 24 unidades da mesma aeronave, mas em versão embarcada para equipar um novo porta-aviões de 60 mil toneladas que planeja incorporar entre 2027 e 2031 - a nau capitânia da projetada 2ª Frota, na foz do Amazonas.
PACOTE
Em maio de 2010, a Marinha apresentou aos empresários do setor seu plano completo, abrangendo 61 navios de superfície, mais cinco submarinos, quatro de propulsão diesel-elétrica e um movido a energia nuclear. As encomendas vão até 2030.
O pacote prioritário, definido como PROSUPER, abrange cinco fragatas de 6 mil toneladas com capacidade ‘stealth’, de escapar à detecção eletrônica, cinco navios escolta oceânicos, de 1,8 mil toneladas, e um navio de apoio, de 22 mil toneladas, para transporte e transferência em alto mar de todo tipo de suprimentos.
A intenção da Marinha é que apenas a primeira fragata e o primeiro patrulheiro sejam construídos fora do País, embora com acompanhamento de técnicos e engenheiros brasileiros. Há grupos diretamente interessados em participar desse empreendimento. A ‘Odebrecht Defesa’ prepara os estaleiros da Enseada do Paraguaçu, na região metropolitana de Salvador, Bahia, para disputar o PROSUPER. A empresa, associada à francesa DCNS, está construindo em Itaguaí, no Rio, uma nova base naval e mais as instalações industriais de onde sairão os cinco submarinos do PROSUB, encomendados por 7,6 bilhões.
Outra prioridade da Marinha do Brasil, para ser cumprida em etapas ao longo de 15 anos, é o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, o SISGAAZ. É uma espécie de SIVAM -a rede de radares e sensores eletrônicos que controla o espaço aéreo da região amazônica- do mar. A área de cobertura do SISGAAZ é imensa - cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente à metade do território nacional, e tão grande quanto a Europa Ocidental. O aparato é destinado a vigiar e proteger um tesouro -na indústria da energia são 15,3 bilhões de barris de petróleo, 133 plataformas (86 fixas, 47 flutuantes) de processamento da Petrobrás, o patrimônio decorrente de investimentos da ordem de US$ 224 bilhões de 2010 até 2015. Mais que isso: estão sendo desenvolvidas pesquisas a respeito da biodiversidade exótica, encontrada nas fontes hidrotermais localizadas nas zonas de encontro das placas tectônicas. As características apuradas permitem garantir aproveitamento na indústria farmacêutica e de cosmésticos em escala bilionária. O oceano, na abrangência controlada pelo Brasil, abriga, ainda, 80 reservas de 100 materiais estratégicos. Mapeadas, não prospectadas.
ITALIANOS
Até dezembro de 2010, a vantagem na análise preliminar das propostas era do consórcio italiano Fincantieri Cantieri Navali. O preço era bom, o modelo de transferência de conhecimento avançado foi considerado satisfatório e o tipo de fragata, da classe Freem, desenvolvido junto com a França, adequado às especificações. O clima desandou há três semanas, quando a deputada Fiamma Nirenstein, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Itália, propôs o congelamento do acordo bilateral de cooperação em Defesa assinado por Nelson Jobim e seu colega de Roma, Ignazio de La Russa. O motivo alegado é o veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à extradição do ex-ativista Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana por quatro homicídios. Dilma não gostou da atitude. A Fincantieri não é mais a favorita. Mas continua no páreo.”
FONTE: reportagem de Roberto Godoy publicada no “O Estado de São Paulo” e transcrita no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=30/01/2011&page=mostra_notimpol) [imagem do Google adicionada por este blog].
ESCOLHA FINAL, ENTRE OFERTAS DE ITÁLIA, REINO UNIDO, ALEMANHA, COREIA E FRANÇA, DEVE SAIR ATÉ O FIM DO ANO E A PRIMEIRA FRAGATA FICARÁ PRONTA ENTRE 2018 E 2019
“A renovação da frota da Marinha do Brasil não foi cancelada nem adiada pela presidente Dilma Rousseff. O negócio, envolvendo 11 navios e estimado entre 4 bilhões e 6 bilhões, continua em andamento. A fase atual é de consultas a empresas candidatas à parceria pretendida. "O tempo para execução é o tempo da pressão estratégica", diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Analistas ouvidos pelo Estado concordam que essa condição de ameaça é, atualmente, de baixa intensidade, mas lembram que "a curva é ascendente, se projetada para os próximos 20 a 25 anos", de acordo com o relatório Projeção 2025, feito em 2009 pela Secretaria de Assuntos Estratégicos. A escolha final, entre ofertas de Itália, Reino Unido, Alemanha, Coreia e França, deve sair até o fim do ano. A primeira fragata ficará pronta entre 2018 e 2019 - a entrega do navio patrulha ocorre 12 meses antes.
O contrato inicial, todavia, será firmado em 2012. Depois da seleção, a complexidade do processo exigirá um ano de discussões para ajuste da transferência de tecnologia, estabelecimento da rede de fornecedores e das compensações comerciais. Só então haverá o pagamento do adiantamento formal, cerca de R$ 100 milhões. É para o custeio da implementação da operação. Apenas seis meses mais tarde é que vence a primeira parcela semestral, referente aos juros do financiamento. O principal da dívida começa a ser abatido 180 dias depois, em meados de 2013.
É a mesma arquitetura financeira aplicada na escolha dos novos caças de múltiplo emprego da Aeronáutica, a F-X2. Em nenhum dos dois casos existe a previsão de desembolso imediato. O ministro Jobim sustenta que a indicação do avião vencedor será anunciada até julho pela presidente Dilma. Em 2013 a Marinha vai adquirir 24 unidades da mesma aeronave, mas em versão embarcada para equipar um novo porta-aviões de 60 mil toneladas que planeja incorporar entre 2027 e 2031 - a nau capitânia da projetada 2ª Frota, na foz do Amazonas.
PACOTE
Em maio de 2010, a Marinha apresentou aos empresários do setor seu plano completo, abrangendo 61 navios de superfície, mais cinco submarinos, quatro de propulsão diesel-elétrica e um movido a energia nuclear. As encomendas vão até 2030.
O pacote prioritário, definido como PROSUPER, abrange cinco fragatas de 6 mil toneladas com capacidade ‘stealth’, de escapar à detecção eletrônica, cinco navios escolta oceânicos, de 1,8 mil toneladas, e um navio de apoio, de 22 mil toneladas, para transporte e transferência em alto mar de todo tipo de suprimentos.
A intenção da Marinha é que apenas a primeira fragata e o primeiro patrulheiro sejam construídos fora do País, embora com acompanhamento de técnicos e engenheiros brasileiros. Há grupos diretamente interessados em participar desse empreendimento. A ‘Odebrecht Defesa’ prepara os estaleiros da Enseada do Paraguaçu, na região metropolitana de Salvador, Bahia, para disputar o PROSUPER. A empresa, associada à francesa DCNS, está construindo em Itaguaí, no Rio, uma nova base naval e mais as instalações industriais de onde sairão os cinco submarinos do PROSUB, encomendados por 7,6 bilhões.
Outra prioridade da Marinha do Brasil, para ser cumprida em etapas ao longo de 15 anos, é o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, o SISGAAZ. É uma espécie de SIVAM -a rede de radares e sensores eletrônicos que controla o espaço aéreo da região amazônica- do mar. A área de cobertura do SISGAAZ é imensa - cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente à metade do território nacional, e tão grande quanto a Europa Ocidental. O aparato é destinado a vigiar e proteger um tesouro -na indústria da energia são 15,3 bilhões de barris de petróleo, 133 plataformas (86 fixas, 47 flutuantes) de processamento da Petrobrás, o patrimônio decorrente de investimentos da ordem de US$ 224 bilhões de 2010 até 2015. Mais que isso: estão sendo desenvolvidas pesquisas a respeito da biodiversidade exótica, encontrada nas fontes hidrotermais localizadas nas zonas de encontro das placas tectônicas. As características apuradas permitem garantir aproveitamento na indústria farmacêutica e de cosmésticos em escala bilionária. O oceano, na abrangência controlada pelo Brasil, abriga, ainda, 80 reservas de 100 materiais estratégicos. Mapeadas, não prospectadas.
ITALIANOS
Até dezembro de 2010, a vantagem na análise preliminar das propostas era do consórcio italiano Fincantieri Cantieri Navali. O preço era bom, o modelo de transferência de conhecimento avançado foi considerado satisfatório e o tipo de fragata, da classe Freem, desenvolvido junto com a França, adequado às especificações. O clima desandou há três semanas, quando a deputada Fiamma Nirenstein, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Itália, propôs o congelamento do acordo bilateral de cooperação em Defesa assinado por Nelson Jobim e seu colega de Roma, Ignazio de La Russa. O motivo alegado é o veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à extradição do ex-ativista Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana por quatro homicídios. Dilma não gostou da atitude. A Fincantieri não é mais a favorita. Mas continua no páreo.”
FONTE: reportagem de Roberto Godoy publicada no “O Estado de São Paulo” e transcrita no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=30/01/2011&page=mostra_notimpol) [imagem do Google adicionada por este blog].
LIÇÕES A SE TIRAR DE VIRACOPOS
“O fim da longa novela da ampliação do Aeroporto de Viracopos, em Campinas - que acaba de receber do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) de São Paulo a licença ambiental prévia para o início da obra, cujo custo é estimado em R$ 823 milhões -, é um passo importante para desafogar o sistema aeroportuário brasileiro, embora ainda reste um longo caminho a percorrer para atingir esse objetivo, antes da prova de fogo que será a realização no País da Copa do Mundo de 2014.
A Infraero apressou-se a lançar, tão logo tomou conhecimento da decisão do CONSEMA, o edital para a contratação do projeto da obra, que inclui uma nova pista e um segundo terminal de passageiros, que permitirão quase dobrar a capacidade do Aeroporto. Ela passará dos atuais 5 milhões de passageiros por ano para 9 milhões. Deverão ser construídos também um pátio para aeronaves, um edifício-garagem de quatro andares e um hotel com centro de convenções.
Essas obras criarão condições para a Infraero atingir em seguida outro objetivo - transformar Viracopos no maior ‘hub’ (terminal de conexões) da América Latina, o que ajudaria a desafogar o Aeroporto de Cumbica, que já opera acima de sua capacidade. As condições meteorológicas favoráveis de Viracopos são um atrativo para várias grandes companhias aéreas internacionais, o que deve facilitar a execução desse projeto.
Independentemente dele, a ampliação de Viracopos -mesmo que não esteja inteiramente pronta até 2014- já tem grande importância, porque deve aliviar a sobrecarga de Cumbica e Congonhas e, assim, facilitar o plano de São Paulo de sediar a abertura da Copa. A Infraero promete concluir pelo menos 25% da obra em novembro de 2013, sete meses antes do início da Copa.
Não há como deixar de lamentar, porém, a demora no início desse projeto. Foram necessários longos 14 anos para que ele chegasse ao ponto atual. Discussões intermináveis sobre os impactos ambientais da obra, que começaram em 1997, e disputas políticas entre a prefeitura de Campinas, o Estado e a União, durante os governos que se sucederam nesse período, foram as responsáveis por essa demora, que ajudou a agravar a superlotação dos aeroportos paulistas, com sérios reflexos em todo o País.
Um projeto anterior de ampliação de Viracopos previa a desapropriação dos imóveis de 16 mil famílias, mas, diante da resistência delas e de grupos ambientalistas, ele acabou abandonado em 2007. Pelo projeto que acabou aprovado, serão retiradas do local 593 famílias de uma comunidade rural e desapropriados também 8,7 hectares de vegetação nativa de uma Área de Proteção Permanente. Durante o tempo em que ficou em exame, o projeto superou 18 ressalvas antes de conseguir sua aprovação por unanimidade pelo CONSEMA.
A urgência desse projeto, prejudicado pela falta de agilidade dos órgãos ambientais e as picuinhas políticas, fica demonstrada pelo fato de que Viracopos cresceu sem parar nesses últimos anos. Só em 2008 e 2010, conforme reportagem do Estado, seu movimento quintuplicou e hoje ele já é o 12º maior aeroporto do País em número de passageiros e opera voos regulares para importantes cidades, como Frankfurt, Paris e Lisboa.
A lição a se tirar desse caso é que, se os órgãos ambientais e as autoridades de diversos níveis que têm uma parcela de responsabilidade na reforma e ampliação do sistema aeroportuário, não agirem com maior presteza, dificilmente se evitará que ele entre em colapso durante a Copa, ou antes mesmo dela. A pouco menos de quatro anos desse evento, o cenário dos nossos aeroportos já é de pátios de aeronaves congestionados e salas de embarque superlotadas.
Dos R$ 6,7 bilhões que a Infraero teve para investir no período de 2003 a 2010, só R$ 2,65 bilhões -ou 39,6%- foram efetivamente gastos [em grande parte, como em todos os projetos no Brasil, por conta da exagerada demora na obtenção das licenças ambientais]. Por aí se vê que, muito mais do que recursos, o que tem faltado para a solução do problema é agilidade na aprovação de projetos e competência gerencial para executá-los. E falta muito pouco tempo para corrigir os erros.”
FONTE: publicado no “O Estado de São Paulo” e transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=30/01/2011&page=mostra_notimpol) [imagem do Google e trecho entre colchetes adicionados por este blog].
BRASILEIRO VIAJA MAIS DE AVIÃO
Brasileiro viajou mais de avião em 2010. Praias do Nordeste são as mais procuradas. Foto: Antonio Cruz/ABr
COM AUMENTO DO PODER AQUISITIVO, BRASILEIRO VIAJA MAIS DE AVIÃO
“Há algum tempo, viajar de avião deixou de se privilégio de poucos. Mas, mais recentemente, impulsionado pelas ações do governo federal, valorização do real frente ao dólar americano e, principalmente, pelo aumento do poder aquisitivo das famílias, o povo brasileiro aderiu de vez às viagens aéreas. No acumulado de janeiro a dezembro de 2010, a demanda por transporte aéreo no Brasil avançou 23,47% no segmento doméstico e 20,38% nas rotas internacionais operadas pelas empresas brasileiras.
Apenas em dezembro de 2010, a demanda por transporte aéreo apresentou um crescimento de 18,62% nos trechos nacionais e 17,66% no segmento internacional. Naquele mês, houve 13,2 milhões embarques e desembarques em voos domésticos, o que representa dois milhões a mais que em dezembro de 2009. No ano passado, foram mais de 154 milhões de embarques e desembarques, contra pouco mais de 128 milhões no ano anterior, segundo dados da Infraero.
Esse novo perfil brasileiro refletiu diretamente nos meios de transportes utilizados para se fazer turismo, seja para passeio, férias ou de negócios. O avião está cada vez mais substituindo o ônibus, e os aeroportos deixaram de ser lugares estranhos à maioria da população. Um exemplo disso é a classe C, famílias com renda mensal entre R$ 1.115 a R$ 4.807, que está viajando mais, e utilizando a via aérea para chegar ao destino. A rapidez na locomoção, facilidades de pagamento e preços acessíveis estão entre os principais motivos para essa troca.
Em pesquisa mensal de dezembro de 2010, divulgada pelo Ministério do Turismo (MTUR), quase 56% das famílias entrevistadas disseram que pretendem usar o avião em suas viagens turísticas nacionais. Já o ônibus aparece com 11,2% da preferência dos viajantes.
A entrada de novos consumidores, nos últimos anos, no mercado de turismo fez aumentar a procura por passagens aéreas e pacotes turísticos. De acordo com a pesquisa mais recente sobre os Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro, de 2009, divulgada pelo MTUR, quando perguntados: “Qual o tipo de lugar que você mais gosta de visitar em suas viagens turísticas?”, quase 65% das pessoas escolheram as praias como roteiro preferido, principalmente as da região Nordeste.
Para tratar de negócios e eventos, São Paulo continua sendo a cidade mais visitada pelos turistas, e chega a receber anualmente o equivalente à sua população (11,2 milhões de habitantes). Cerca de 11 milhões de visitantes visitam todos os anos a cidade, que acaba de comemorar 457 anos. Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador completam a lista das cinco cidades mais visitadas.
LIDERANÇA AÉREA
Segundo a ANAC, a liderança do setor em 2010 foi mantida pelo Grupo TAM (formado pelas empresas TAM e Pantanal), com 42,81% de participação no mercado doméstico em 2010. Em seguida está a Gol/Varig, com 39,51%. As duas empresas registraram percentuais semelhantes de aumento de demanda no ano passado, de 16,31% e 16,99%, respectivamente.
Já as companhias de menor porte tiveram crescimento mais acelerado no ano, como a Azul, com demanda 103,53% superior a de 2009 e a terceira maior participação de mercado, 6,05%. A Webjet cresceu 64,10% de janeiro a dezembro e encerrou 2010 com uma fatia de 5,87% do segmento doméstico. A Avianca – que até abril de 2010 operava sob a marca OceanAir – ficou com 2,59% de participação no ano, com demanda 27,05% maior do que ano anterior. Embora no acumulado do ano a Avianca continue como quinta maior empresa brasileira, no mês de dezembro ela foi ultrapassada pela Trip. Em 2010, a demanda da Trip foi 82,64% maior do que em 2009 e ela encerrou o ano com 2,21% do mercado nacional.
A ocupação do setor nos voos domésticos foi de 68,81% em 2010, ante 65,76% do ano anterior. Entre as seis maiores empresas aéreas nacionais, a que obteve maior ocupação no ano foi a Azul, com 79,6%. No segmento internacional, as empresas brasileiras passaram de uma ocupação de 69,16% em 2009 para 76,38% no ano passado.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/com-aumento-do-poder-aquisitivo-brasileiro-viaja-mais-de-aviao/#more-22300).
COM AUMENTO DO PODER AQUISITIVO, BRASILEIRO VIAJA MAIS DE AVIÃO
“Há algum tempo, viajar de avião deixou de se privilégio de poucos. Mas, mais recentemente, impulsionado pelas ações do governo federal, valorização do real frente ao dólar americano e, principalmente, pelo aumento do poder aquisitivo das famílias, o povo brasileiro aderiu de vez às viagens aéreas. No acumulado de janeiro a dezembro de 2010, a demanda por transporte aéreo no Brasil avançou 23,47% no segmento doméstico e 20,38% nas rotas internacionais operadas pelas empresas brasileiras.
Apenas em dezembro de 2010, a demanda por transporte aéreo apresentou um crescimento de 18,62% nos trechos nacionais e 17,66% no segmento internacional. Naquele mês, houve 13,2 milhões embarques e desembarques em voos domésticos, o que representa dois milhões a mais que em dezembro de 2009. No ano passado, foram mais de 154 milhões de embarques e desembarques, contra pouco mais de 128 milhões no ano anterior, segundo dados da Infraero.
Esse novo perfil brasileiro refletiu diretamente nos meios de transportes utilizados para se fazer turismo, seja para passeio, férias ou de negócios. O avião está cada vez mais substituindo o ônibus, e os aeroportos deixaram de ser lugares estranhos à maioria da população. Um exemplo disso é a classe C, famílias com renda mensal entre R$ 1.115 a R$ 4.807, que está viajando mais, e utilizando a via aérea para chegar ao destino. A rapidez na locomoção, facilidades de pagamento e preços acessíveis estão entre os principais motivos para essa troca.
Em pesquisa mensal de dezembro de 2010, divulgada pelo Ministério do Turismo (MTUR), quase 56% das famílias entrevistadas disseram que pretendem usar o avião em suas viagens turísticas nacionais. Já o ônibus aparece com 11,2% da preferência dos viajantes.
A entrada de novos consumidores, nos últimos anos, no mercado de turismo fez aumentar a procura por passagens aéreas e pacotes turísticos. De acordo com a pesquisa mais recente sobre os Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro, de 2009, divulgada pelo MTUR, quando perguntados: “Qual o tipo de lugar que você mais gosta de visitar em suas viagens turísticas?”, quase 65% das pessoas escolheram as praias como roteiro preferido, principalmente as da região Nordeste.
Para tratar de negócios e eventos, São Paulo continua sendo a cidade mais visitada pelos turistas, e chega a receber anualmente o equivalente à sua população (11,2 milhões de habitantes). Cerca de 11 milhões de visitantes visitam todos os anos a cidade, que acaba de comemorar 457 anos. Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador completam a lista das cinco cidades mais visitadas.
LIDERANÇA AÉREA
Segundo a ANAC, a liderança do setor em 2010 foi mantida pelo Grupo TAM (formado pelas empresas TAM e Pantanal), com 42,81% de participação no mercado doméstico em 2010. Em seguida está a Gol/Varig, com 39,51%. As duas empresas registraram percentuais semelhantes de aumento de demanda no ano passado, de 16,31% e 16,99%, respectivamente.
Já as companhias de menor porte tiveram crescimento mais acelerado no ano, como a Azul, com demanda 103,53% superior a de 2009 e a terceira maior participação de mercado, 6,05%. A Webjet cresceu 64,10% de janeiro a dezembro e encerrou 2010 com uma fatia de 5,87% do segmento doméstico. A Avianca – que até abril de 2010 operava sob a marca OceanAir – ficou com 2,59% de participação no ano, com demanda 27,05% maior do que ano anterior. Embora no acumulado do ano a Avianca continue como quinta maior empresa brasileira, no mês de dezembro ela foi ultrapassada pela Trip. Em 2010, a demanda da Trip foi 82,64% maior do que em 2009 e ela encerrou o ano com 2,21% do mercado nacional.
A ocupação do setor nos voos domésticos foi de 68,81% em 2010, ante 65,76% do ano anterior. Entre as seis maiores empresas aéreas nacionais, a que obteve maior ocupação no ano foi a Azul, com 79,6%. No segmento internacional, as empresas brasileiras passaram de uma ocupação de 69,16% em 2009 para 76,38% no ano passado.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/com-aumento-do-poder-aquisitivo-brasileiro-viaja-mais-de-aviao/#more-22300).
INCLUSÃO SOCIAL DE CATADORES
“No dia 23 de dezembro de 2010, a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula participaram de cerimônia de Natal dos catadores de materiais recicláveis, em São Paulo/SP. Foto: Ricardo Stuckert/PR/Arquivo
PARCERIA BRASILEIRA INJETA US$ 2,7 MILHÕES PARA A INCLUSÃO SOCIAL DE CATADORES
“O governo federal, por meio da Caixa Econômica, contratou uma operação no valor de US$ 2,7 milhões – aproximadamente R$ 4,5 milhões – para a inclusão socioeconômica de catadores de materiais recicláveis. Os recursos serão doados pelo Fundo Japonês de Desenvolvimento Social (JSDF/BIRD) ao Banco Mundial, que escolheu a Caixa para implementar o programa. O piloto será o aterro controlado do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), e deverá ser expandido para mais dois lixões no Brasil.
Os recursos serão direcionados para dois projetos selecionados previamente pelo Banco Mundial, voltados para a erradicação de lixões e implantação de aterros sanitários. Os projetos devem estar vinculados a financiamentos da Caixa, no escopo da gestão de “Resíduos Sólidos Urbanos” e “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL). Com a iniciativa, serão implantados aterros sanitários modernos e ambientalmente sustentáveis, além de instalações alternativas para o tratamento do lixo.
A doação é resultado de parceria entre a Caixa e o Banco Mundial, iniciada em junho de 2008, no âmbito do projeto “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto. A parceria também prevê a comercialização, pelo banco brasileiro, de créditos de carbono, e a participação como agência coordenadora do 1º Programa de Atividades em Resíduos Sólidos Urbanos do Brasil, atualmente em fase de validação na Organização das Nações Unidas (ONU).
INCLUSÃO
O Programa para Inclusão Social e Econômica de Catadores visa promover, por meio de um processo participativo, a inclusão de recicladores no sistema formal de prestação de serviços básicos do setor de manejo de resíduos sólidos. Para um período de três anos, espera-se o aumento de 50% na adesão de catadores às organizações de base comunitária voltadas para reciclagem e o aumento de 50% do volume de materiais reciclados.
O Programa prevê ainda a melhoria da saúde e da segurança dos catadores, o aumento da produtividade e renda, a formalização das atividades e acesso a direitos e serviços governamentais e a criação de alternativas com treinamento e colocação profissional.
Recentemente, o tema ganhou destaque mundial com o documentário “Lixo Extraordinário”, que retrata o trabalho dos catadores de material reciclável no aterro de Duque de Caxias. O longa-metragem, coprodução do Brasil e Reino Unido, é um dos indicados ao Oscar 2011.”
FONTE: Blog dp Planalto (http://blog.planalto.gov.br/parceria-brasileira-injeta-us-27-milhoes-para-a-inclusao-social-de-catadores/).
PARCERIA BRASILEIRA INJETA US$ 2,7 MILHÕES PARA A INCLUSÃO SOCIAL DE CATADORES
“O governo federal, por meio da Caixa Econômica, contratou uma operação no valor de US$ 2,7 milhões – aproximadamente R$ 4,5 milhões – para a inclusão socioeconômica de catadores de materiais recicláveis. Os recursos serão doados pelo Fundo Japonês de Desenvolvimento Social (JSDF/BIRD) ao Banco Mundial, que escolheu a Caixa para implementar o programa. O piloto será o aterro controlado do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), e deverá ser expandido para mais dois lixões no Brasil.
Os recursos serão direcionados para dois projetos selecionados previamente pelo Banco Mundial, voltados para a erradicação de lixões e implantação de aterros sanitários. Os projetos devem estar vinculados a financiamentos da Caixa, no escopo da gestão de “Resíduos Sólidos Urbanos” e “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL). Com a iniciativa, serão implantados aterros sanitários modernos e ambientalmente sustentáveis, além de instalações alternativas para o tratamento do lixo.
A doação é resultado de parceria entre a Caixa e o Banco Mundial, iniciada em junho de 2008, no âmbito do projeto “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto. A parceria também prevê a comercialização, pelo banco brasileiro, de créditos de carbono, e a participação como agência coordenadora do 1º Programa de Atividades em Resíduos Sólidos Urbanos do Brasil, atualmente em fase de validação na Organização das Nações Unidas (ONU).
INCLUSÃO
O Programa para Inclusão Social e Econômica de Catadores visa promover, por meio de um processo participativo, a inclusão de recicladores no sistema formal de prestação de serviços básicos do setor de manejo de resíduos sólidos. Para um período de três anos, espera-se o aumento de 50% na adesão de catadores às organizações de base comunitária voltadas para reciclagem e o aumento de 50% do volume de materiais reciclados.
O Programa prevê ainda a melhoria da saúde e da segurança dos catadores, o aumento da produtividade e renda, a formalização das atividades e acesso a direitos e serviços governamentais e a criação de alternativas com treinamento e colocação profissional.
Recentemente, o tema ganhou destaque mundial com o documentário “Lixo Extraordinário”, que retrata o trabalho dos catadores de material reciclável no aterro de Duque de Caxias. O longa-metragem, coprodução do Brasil e Reino Unido, é um dos indicados ao Oscar 2011.”
FONTE: Blog dp Planalto (http://blog.planalto.gov.br/parceria-brasileira-injeta-us-27-milhoes-para-a-inclusao-social-de-catadores/).
domingo, 30 de janeiro de 2011
Dalmo Dallari: “SOBERANIA BRASILEIRA CONTRA FARSA POLÍTICA” (ITALIANA)
“Jornais italianos divulgaram trechos de uma carta que o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, enviou à presidente brasileira Dilma Rousseff, propondo que esta modifique uma decisão rigorosamente legal do ex-presidente Lula, tomada com estrita observância das normas jurídicas nacionais e internacionais aplicáveis ao caso, alegando que tal decisão não foi do agrado dos italianos.
Por Dalmo Dallari para o Jornal do Brasil
Imagine-se agora a presidenta brasileira escrevendo uma carta ao governo da Itália, propondo a mudança da decisão [italiana] que manda tratar como criminosos os sem-teto por serem potencialmente perigosos, dizendo que tal decisão causou desilusão e amargura no Brasil, sobretudo entre os que lutam por justiça social e pelo respeito à dignidade de todos os seres humanos. Certamente haveria reações indignadas na Itália, por considerarem que tal proposta configurava uma interferência indevida na soberania italiana.
A verdadeira razão da carta do presidente italiano nada tem a ver com desilusão e amargura dos italianos, mas faz parte de uma tentativa de criar um fato político espetaculoso, que desvie a atenção do povo italiano das manobras imorais, ilegais e antidemocráticas que foram realizadas recentemente e continuam sendo elaboradas visando impedir que seja processado criminalmente o primeiro-ministro, Sílvio Berlusconi, pela prática de crimes financeiros, corrupção de testemunhas, compra de meninas pobres para a promoção de bacanais, crimes que já são do conhecimento público e que ameaçam a perda da maioria do governo do Parlamento.
A Itália adota o parlamentarismo, e a perda da maioria acarretará a queda do governo, com a perda dos privilégios e da garantia de impunidade não só de Berlusconi, mas de todos os políticos e corruptos de várias espécies que integram o sistema liderado por Berlusconi.
Ainda de acordo com os jornais italianos, a carta do presidente Napolitano é patética e evidentemente demagógica, dizendo que a entrega de Cesare Battisti à Itália vai aliviar o sofrimento causado por todo o derramamento de sangue dos anos 70.
Na realidade, aquela época é conhecida como “anos de chumbo”, período em que ocorreram confrontos extremamente violentos, havendo mortos de várias facções, de direita e de esquerda. E segundo o presidente italiano, a punição severa de Battisti, tomado como símbolo, daria alívio a todo o povo. Pode-se bem imaginar a espetacular encenação que seria feita e toda a violência que seria usada contra Battisti, para mostrar que, afinal, os mortos estavam sendo vingados. E com isso a crise política ficaria em plano secundário.
Para que não haja qualquer dúvida quanto à farsa, basta assinalar que, como noticia a imprensa italiana, na lamentável carta o presidente diz que Battisti foi condenado à pena de prisão perpétua por ter assassinado quatro pessoas. E hoje qualquer pessoa razoavelmente informada sobre o caso sabe que esses quatro assassinatos, que deram base à condenação, incluem a morte de duas pessoas, no mesmo dia e praticamente na mesma hora, tendo ocorrido um na cidade de Milão e outro em Veneza Mestre, locais que estão separados por uma distância de mais de trezentos quilômetros. Seria praticamente impossível a mesma pessoa cometer aqueles crimes, e isso não foi levado em conta no simulacro de julgamento de Battisti. Só alguém com algum tipo de comprometimento ou sob alguma forte influência poderá tomar conhecimento desses fatos e fingir que eles são irrelevantes para o direito e a justiça.
Por tudo isso, a lamentável carta do presidente Giorgio Napolitano, se realmente chegou a ser enviada, deve ser simplesmente ignorada, para que o Brasil não seja usado numa farsa política e para que não se dê qualquer possibilidade de interferência antijurídica e antiética nas decisões soberanas das autoridades brasileiras.”
FONTE: escrito por Dalmo Dallari, professor e jurista. Publicado no Jornal do Brasil e transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=146413&id_secao=1) [imagem do Google adicionada por este blog]
COMPLEMENTAÇÃO DESTE BLOG:
CARTA DA PRESIDENTA DILMA AO PRESIDENTE NAPOLITANO
FONTE DA CARTA RESPOSTA: publicada no blog do jornalista Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/carta-de-dilma-a-napolitano).
BRASIL E ARGENTINA JUNTOS
BRASIL E ARGENTINA JUNTOS PARA FORTALECER O COMÉRCIO E A RELAÇÃO ECONÔMICO-SOCIAL
“Brasil e Argentina assinarão uma série de medidas que visam a estreitar as relações entre os dois países tanto no campo do comércio quanto das relações econômico-sociais, dentre as quais destacam-se convênios para a construção de reatores nucleares e de duas usinas hidrelétricas e um programa bilateral de habitação. Os acordos serão assinados durante a visita da presidenta Dilma Rousseff à Argentina na próxima semana, informou sexta-feira (28) o embaixador Antonio Simões, subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe, em briefing à imprensa concedido no Palácio Itamaraty, em Brasília (DF).
De acordo com o embaixador, a escolha da Argentina como o primeiro país a ser visitado pela presidenta após sua posse se deve à importante parceria entre os dois países e ao aumento significativo do comércio bilateral, que atualmente gira em torno de US$ 33 bilhões. Além disso, ressaltou Simões, pela primeira vez na história os dois países são governados por mulheres.
“Entre 80% e 90% [desse comércio] é composto por manufaturados (…), então é um comércio muito interessante, pois é um comércio que gera emprego de carteira assinada, que gera prosperidade nos dois países e gera, sobretudo, interdependência econômica que é extremante importante para alavancar o desenvolvimento da relação também em outras áreas”, disse.
As presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner também assinarão declaração para a promoção da igualdade de gênero e proteção às mulheres, memorando sobre bioenergia, protocolo adicional para trabalhar de forma mais aprofundada a questão das fronteiras e a construção de ponte sobre o rio Peperi-Guaçu, que liga Santa Catarina à província argentina de Misiones.
Além disso, informou Simões, será instituído um fórum de altos executivos Brasil e Argentina, instância onde se discutirá o desenvolvimento dos dois países sob a ótica empresarial, e no campo econômico-social, memorando para promoção comercial conjunta entre os dois países em diversos mercados.
“Esses [acordos] dão bem o caráter estratégico que estamos trabalhando. A gente tem pela frente um horizonte de aprofundamento da relação [bilateral] muito interessante. Nós temos de um lado coisas que vinham do governo passado, mas nós temos novos horizontes sendo abertos também pelas duas presidentas”, afirmou.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/brasil-e-argentina-juntos-para-fortalecer-o-comercio-e-a-relacao-economico-social/) [imagem do Google adicionada por este blog].
MANTEGA DIZ QUE SITUAÇÃO FISCAL DO BRASIL É INVEJÁVEL FRENTE A OUTROS PAÍSES
Ministro da Fazenda, Guido Mantega refuta relatório divulgado pelo FMI sobre economia brasileira. Foto: Elza Fiúza/ABr
“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou sexta-feira (28/1), que o relatório Monitor Fiscal, publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), traz algumas observações equivocadas em relação ao Brasil. De acordo com a publicação do FMI, estaria havendo uma deterioração da situação fiscal do país, conclusão refutada pelo ministro.
“Isso é um equívoco. Os próprios quadros que estão colocados mostram que, de 2009 para 2010, nós estamos tendo melhoria fiscal, ou seja, o resultado primário em 2010 será maior do que em 2009”.
O resultado fiscal divulgado 5ª feira pelo Tesouro Nacional demonstra que o superávit primário do governo central já chegou a 2,16% do PIB, número superior ao registrado no ano passado, quando o setor público, somatório do governo central, estados e municípios, ficou em torno 2,1% do PIB. Além disso, a expectativa é de que o déficit nominal de 2010 fique entre o intervalo de 2,40% e 2,70% do PIB, portanto menor que o do ano passado: 3,34% do PIB. O Brasil continua entre os países com o menor déficit nominal entre as nações mencionadas pelo FMI no documento. “Temos situação fiscal invejável em relação a outros países”, disse Mantega.
Ainda de acordo com o ministro, a previsão de déficit nominal feita pelo FMI para 2011 também estaria equivocada. O Fundo prevê déficit nominal de 3,1% do PIB, enquanto o governo brasileiro trabalha com previsão em torno de 1,8% do PIB, quase a metade do número que foi publicado no relatório da instituição.
“Nós estamos melhorando. Em 2009 e 2010 nós fizemos exatamente aquilo que o Fundo sugeriu que fizéssemos: uma política anticíclica, aumentando investimentos e gastos, para poder recuperar o país. Os dados que foram divulgados 5ª feira são a prova de que estamos fazendo bom desempenho fiscal”.
Para Mantega, as metas de superávit dos estados e municípios não serão alcançadas na totalidade: “Vai faltar alguma coisa para completar (a meta) dos 3,1% do PIB”. Mas o resultado só será conhecido na segunda-feira quando o Banco Central divulgar a nota de política fiscal, com os números do setor público consolidado.
Por fim, o ministro afirmou que a meta de superávit de 2011 será alcançada na totalidade: “Nós vamos fazer ajuste de modo que a dívida vai terminar 2010 em torno de 41% do PIB, que já é menor que 2009, que foi 42,5%. Em 2011, nós devemos terminar abaixo de 30% do PIB. A dívida vem caindo e continuará caindo”.
Mais cedo, numa entrevista no Ministério da Fazenda, foi procedida a divulgação dos resultados da economia brasileira. De acordo com os números, o Governo Central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência Social) apresentou superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) de R$ 79 bilhões (2,16% do PIB) entre janeiro e dezembro do ano passado, contra R$ 39,4 bilhões apurado no ano de 2009. O resultado supera a meta fiscal prevista para 2010, de R$ 76 bilhões (2,15% do PIB).
Em dezembro, o superávit foi de R$ 14,4 bilhões, ante R$ 1 bilhão registrado em novembro. “O resultado do mês passado foi o melhor para o mês de dezembro da série histórica e fez com que o Governo Central cumprisse a meta fiscal prevista para o ano de 2010. Completamos o ano com sucesso”, comentou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin ao divulgar os números.
O secretário lembrou que o resultado de 2010 foi influenciado também por receitas de concessões decorrentes do processo de capitalização da Petrobras. No sentido contrário, destacou o aumento das despesas do governo, ainda para reduzir o impacto da crise financeira na economia do país. Observou, porém, que a programação de despesas do governo se comportou conforme o previsto.
Para 2011, Augustin prevê a continuação da melhoria dos fundamentos da economia brasileira, com reflexos positivos e grande interesse de investimentos estrangeiros diretos. “Estamos avaliando com bastante otimismo o equilíbrio de todas as variáveis da economia brasileira”.
INVESTIMENTOS
O secretário considerou positivo o aumento dos gastos com investimentos em 2010 muito acima das despesas de custeio. “Nós tivemos crescimento dos investimentos 20% superior ao do PIB do país. Já as despesas com custeio em relação ao PIB cresceram apenas 2%. Queremos sempre investimento crescendo mais que o custeio”.
Na avaliação de Augustin, o cumprimento da meta fiscal e contas equilibradas permitem ao setor publico manter a infraestrutura pública em bom funcionamento, impedindo, por exemplo, apagão de energia elétrica, com houve em outros períodos.
Também é importante, continuou, para manter políticas sociais como o Bolsa Família e construir um setor público que possa intervir na economia, quando necessário, de forma expansionista, criando emprego e gerando crescimento.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/mantega-diz-que-situacao-fiscal-do-brasil-e-invejavel-frente-a-outros-paises/#more-22304).
“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou sexta-feira (28/1), que o relatório Monitor Fiscal, publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), traz algumas observações equivocadas em relação ao Brasil. De acordo com a publicação do FMI, estaria havendo uma deterioração da situação fiscal do país, conclusão refutada pelo ministro.
“Isso é um equívoco. Os próprios quadros que estão colocados mostram que, de 2009 para 2010, nós estamos tendo melhoria fiscal, ou seja, o resultado primário em 2010 será maior do que em 2009”.
O resultado fiscal divulgado 5ª feira pelo Tesouro Nacional demonstra que o superávit primário do governo central já chegou a 2,16% do PIB, número superior ao registrado no ano passado, quando o setor público, somatório do governo central, estados e municípios, ficou em torno 2,1% do PIB. Além disso, a expectativa é de que o déficit nominal de 2010 fique entre o intervalo de 2,40% e 2,70% do PIB, portanto menor que o do ano passado: 3,34% do PIB. O Brasil continua entre os países com o menor déficit nominal entre as nações mencionadas pelo FMI no documento. “Temos situação fiscal invejável em relação a outros países”, disse Mantega.
Ainda de acordo com o ministro, a previsão de déficit nominal feita pelo FMI para 2011 também estaria equivocada. O Fundo prevê déficit nominal de 3,1% do PIB, enquanto o governo brasileiro trabalha com previsão em torno de 1,8% do PIB, quase a metade do número que foi publicado no relatório da instituição.
“Nós estamos melhorando. Em 2009 e 2010 nós fizemos exatamente aquilo que o Fundo sugeriu que fizéssemos: uma política anticíclica, aumentando investimentos e gastos, para poder recuperar o país. Os dados que foram divulgados 5ª feira são a prova de que estamos fazendo bom desempenho fiscal”.
Para Mantega, as metas de superávit dos estados e municípios não serão alcançadas na totalidade: “Vai faltar alguma coisa para completar (a meta) dos 3,1% do PIB”. Mas o resultado só será conhecido na segunda-feira quando o Banco Central divulgar a nota de política fiscal, com os números do setor público consolidado.
Por fim, o ministro afirmou que a meta de superávit de 2011 será alcançada na totalidade: “Nós vamos fazer ajuste de modo que a dívida vai terminar 2010 em torno de 41% do PIB, que já é menor que 2009, que foi 42,5%. Em 2011, nós devemos terminar abaixo de 30% do PIB. A dívida vem caindo e continuará caindo”.
Mais cedo, numa entrevista no Ministério da Fazenda, foi procedida a divulgação dos resultados da economia brasileira. De acordo com os números, o Governo Central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência Social) apresentou superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) de R$ 79 bilhões (2,16% do PIB) entre janeiro e dezembro do ano passado, contra R$ 39,4 bilhões apurado no ano de 2009. O resultado supera a meta fiscal prevista para 2010, de R$ 76 bilhões (2,15% do PIB).
Em dezembro, o superávit foi de R$ 14,4 bilhões, ante R$ 1 bilhão registrado em novembro. “O resultado do mês passado foi o melhor para o mês de dezembro da série histórica e fez com que o Governo Central cumprisse a meta fiscal prevista para o ano de 2010. Completamos o ano com sucesso”, comentou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin ao divulgar os números.
O secretário lembrou que o resultado de 2010 foi influenciado também por receitas de concessões decorrentes do processo de capitalização da Petrobras. No sentido contrário, destacou o aumento das despesas do governo, ainda para reduzir o impacto da crise financeira na economia do país. Observou, porém, que a programação de despesas do governo se comportou conforme o previsto.
Para 2011, Augustin prevê a continuação da melhoria dos fundamentos da economia brasileira, com reflexos positivos e grande interesse de investimentos estrangeiros diretos. “Estamos avaliando com bastante otimismo o equilíbrio de todas as variáveis da economia brasileira”.
INVESTIMENTOS
O secretário considerou positivo o aumento dos gastos com investimentos em 2010 muito acima das despesas de custeio. “Nós tivemos crescimento dos investimentos 20% superior ao do PIB do país. Já as despesas com custeio em relação ao PIB cresceram apenas 2%. Queremos sempre investimento crescendo mais que o custeio”.
Na avaliação de Augustin, o cumprimento da meta fiscal e contas equilibradas permitem ao setor publico manter a infraestrutura pública em bom funcionamento, impedindo, por exemplo, apagão de energia elétrica, com houve em outros períodos.
Também é importante, continuou, para manter políticas sociais como o Bolsa Família e construir um setor público que possa intervir na economia, quando necessário, de forma expansionista, criando emprego e gerando crescimento.”
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/mantega-diz-que-situacao-fiscal-do-brasil-e-invejavel-frente-a-outros-paises/#more-22304).
CORRUPÇÃO TUCANA NO PARÁ
GOVERNADOR DO ‘CERRA’ ENFRENTA ESCÂNDALO DA CERPA
Por Paulo Henrique Amorim
“O governador tucano do Pará, Simão Jatene, pode ser a bola da vez entre os governadores que caem por envolvimento em escândalo de corrupção, seguindo os passos de José Roberto Arruda (ex-DEMos/DF).
O motivo é o processo 2007.39.00.009063-6 no Tribunal Regional Federal do Pará, contra o governador demo-tucano e outros. Trata-se de um inquérito policial que apura:
- Corrupção Passiva;
- Crimes contra a administração pública;
- Falsidade Ideológica;
- Crimes contra a fé pública;
- Corrupção ativa;
- Crimes praticados por particular contra a administração em geral.
Eleito governador, recobrou foro privilegiado, e o processo contra ele deve subir para o STJ, o mesmo tribunal onde foi expedido o mandado de prisão contra Arruda.
O escândalo vem desde a eleição de 2002 (primeira vitória de Jatene), conforme descreveu reportagem da revista IstoÉ nº 1833 de novembro/2004:
Tudo começou na manhã de 12 de agosto de 2004, quando o fiscal do Ministério Público do Trabalho, acompanhado de um procurador e dois delegados da Polícia Federal, chegou à sede da Cerpa, flagrando uma funcionária do departamento pessoal com a boca na botija: Ana Lúcia Santos separava os envelopes e contava R$ 300 mil em notas miúdas com que fazia o pagamento “por fora” dos funcionários, sem registro em carteira.
Com a perícia sobre documentos e computadores apreendidos, além da fraude trabalhista, os agentes encontraram relatórios detalhados com nomes, datas e valores descrevendo a relação de corrupção explícita existente entre a cervejaria e a campanha do governador.
Em um dos documentos, como atas de reunião, um executivo da Cerpa descreveu a decisão de agosto de 2002, em plena campanha eleitoral: “Ajuda a campanha do Simão Jatene p/Governo, reunião feita com Dr. Sérgio Leão, Dr. Jorge, Sr. Seibel, a partir de 30/08/02 (toda Sexta-feira), R$ 500.000, totalizando seis parcelas no final.”
Seibel é Konrad Karl Seibel, dono da Cerpa.
Leão é Francisco Sérgio Leão – atual secretário de Governo – que presidia a comissão estadual que avaliava a política de incentivos, na época.
PERDÃO DE IMPOSTOS E “CAIXINHA” DE CAMPANHA
Em 2000, no governo Almir Gabriel, a CERPA ganhou de presente o perdão da dívida de quase R$ 47 milhões de ICMS atrasado e uma dezena de autuações por fraude e sonegação. Uma caixa com 24 garrafas de cerveja, com valor de R$ 21, viajava com nota fiscal de R$ 3, segundo apuraram os promotores.
Em contrapartida ao perdão, acusa a representação do INSS enviada ao procurador-chefe do Ministério Público do Pará, Ubiratan Cazeta, a Cerpa prometia contribuir com R$ 4 milhões para a campanha de Jatene, “além de se comprometer a efetuar outros pagamentos no montante de R$ 12,5 milhões”.
Os primeiros R$ 3 milhões foram pagos em seis parcelas de R$ 500 mil – a última exatamente no dia da eleição, 3 de outubro. O troco de R$ 1 milhão foi pago 21 dias depois.
O reforço de R$ 12,5 milhões, conforme os livros de contabilidade apreendidos na blitz, foi pago em prestações durante do final do mandato de Gabriel e nos dois primeiros anos do governo de Jatene, em 2003 e 2004.
A cota final de R$ 6 milhões foi parcelada em dez vezes – a última delas programada para agosto de 2004.
CAIXA-2
Nas fichas de lançamento da Cerpa, processadas pelo assessor da diretoria Pedro Valdo Saldanha Souza, a caixinha de Jatene é camuflada como “despesa de mesas e cadeiras para postos de venda” ou “compra de brindes de fim de ano”.
No final de agosto de 2002, poucas semanas antes das eleições, a Cerpa repassou R$ 202.050 para a campanha tucana, disfarçados de “patrocínio das festividades do Círio de Nazaré”, a maior festa católica da Amazônia. Nenhum pagamento foi contabilizado como doação de campanha.
Nove meses depois da posse, Jatene assinou três decretos num único dia, 29 de setembro de 2003, concedendo à Cerpa um desconto de 95% no ICMS devido ao Estado e prorrogando seus benefícios fiscais por mais 12 anos, ao lado de outras 37 empresas.
Os “favores” resultaram no inquérito por favorecimento ilícito à Cerpa. Correm outros processos correlatos a este.”
FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/01/28/governador-do-cerra-enfrenta-escandalo-da-cerpa/)[título adicionado por este blog].
O PARTIDOCÍDIO DO DEM
“Acabar o DEM não vai. Mas é enorme a chance de a atual disputa interna da legenda acelerar o encolhimento do partido.
Só para recapitular, o DEM é um galho nascido da antiga Arena, a agremiação que sustentou a ditadura militar (1964-1985). Virou PDS. Depois, PFL [profundamente unido ao PSDB por idênticos ideais e interesses que os movem]. Numa tentativa patética de melhorar a imagem, transmutou-se em "Democratas" [sic].
O auge do DEM (ainda como PFL) foi em 1998 [nos anos FHC/PSDB]. Elegeu 105 deputados. Era o maior partido da Câmara. No ano passado, conquistou meras 43 cadeiras. Uma perda brutal de 59% em 12 anos.
Na segunda-feira, o DEM escolhe seu novo líder na Câmara. Como se não bastassem as vicissitudes já existentes, a sigla está rachada por uma preferência externa: o apoio em 2014 a José Serra ou a Aécio Neves, ambos tucanos.
Ou seja, mesmo à beira do precipício, o DEM não gasta energia tentando construir um partido que tenha alguma conexão própria com a sociedade. Ou para construir um nome interno com viabilidade eleitoral em 2014. Só se mantém fiel à obsessão por servir ao PSDB e aos tucanos de maneira geral [porque, nos grandes interesses antinacionais que os sustentam, um é laranja do outro].
Os nomes na disputa para líder do DEM na segunda-feira são os de ACM Neto (da Bahia) e Eduardo Sciarra (do Paraná). Neto tem mais simpatizantes pró-Aécio. Sciarra alinha-se aos pró-Serra.
Seria reducionismo creditar o racha interno do DEM apenas à divisão entre os que preferem esse ou aquele tucano. Mas essa é uma das forças motrizes centrais por trás dos dois grupos. Negar em público é inútil. A versão é a mais recorrente nos bastidores em Brasília.
Nascido das oligarquias, sem ligação orgânica com um setor da base da sociedade [assim como o PSDB], o DEM parece ter optado por um partidocídio. Na semana que vem, continuará a marcha batida nesse rumo. Não importa quem seja o líder na Câmara. A legenda sairá mais fraca. Lula disse uma vez desejar extirpar o DEM. Sem querer, foi premonitório.”
FONTE: escrito por Fernando Rodrigues e publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2901201104.htm) [imagem e trechos entre colchetes adicionadas por este blog].
BRASIL DESCOBRE O EGITO
Por Eduardo Guimarães
“De repente, não mais do que de repente, os brasileiros descobriram um país chamado Egito, suas contradições e o sofrimento do seu povo, imposto por um regime ditatorial a que está submetido desde 1981, há exatos 30 anos, por obra e graça do ditador Mohamed Hosni Mubarak, quem, durante esse tempo todo, só disputou eleições consigo mesmo.
Apesar de ser um dos berços da civilização humana, porém, até há pouco nada sabíamos sobre o país além de que tem pirâmides, esfinges e do que nos informou Hollywood no decorrer da vida com seus filmes bobalhões sobre múmias egípcias que ressuscitam para nos aterrorizar ou com aquelas versões pasteurizadas sobre a saga de Cleópatra, a Rainha do Nilo.
Somos mantidos na ignorância pela mídia ideológica que controla as comunicações e até a própria cultura, no Brasil. Por isso, temos conhecimentos seletivos e limitados sobre a geopolítica mundial.
Sobre um país como Irã, no entanto, onde as eleições, ainda que pouco transparentes, pelo menos têm candidatos de oposição, supostamente sabemos muito, mas o que sabemos são informações filtradas que nos dão só o lado oposicionista da história por lá.
Só poderia ser assim mesmo, porque o Egito, à diferença do Irã, é uma daquelas ditaduras “do bem” que os Estados Unidos [o lobby judeu] e a mídia “brasileira” poupam de críticas porque se submetem aos interesses geopolíticos, comerciais e estratégico-militares dos americanos [e israelenses].
Então, de repente, com a verdadeira avalanche de imagens que se abateu sobre o mundo dando conta da repressão que o ditador egípcio desencadeou sobre um povo aparentemente disposto a não aceitar mais viver sob seu regime de força, a mídia serviçal dos EUA teve que expor uma de suas ditaduras de estimação, contra a qual não costuma dizer um A.
Os choques entre população egípcia e as forças de repressão da ditadura, portanto, estão sendo de um grande didatismo para a humanidade, ao deixarem claras as hipocrisias americana e midiática, que mantêm regimes contrários aos EUA sob fogo cerrado enquanto silenciam sobre os regimes simpáticos à potência decadente do Norte por mais criminosos que sejam.
O Brasil nunca conheceu o Egito para além da versão hollywoodiana de sua realidade e de sua história, mas a tecnologia, porém, vai mudando isso. Se após tanto tempo finalmente os brasileiros descobriram que há ditaduras criticáveis e acima de críticas no Oriente Médio, foi graças à internet, que permitiu aos egípcios reprimidos contarem ao mundo a versão deles.
Não esperem editoriais furiosos contra o Egito, porém. Nem aqui, nem nos EUA. Em breve, assim que o ditador Mubarak conseguir enquadrar a população por meio dos bilhões de dólares em armas que os americanos despejam anualmente naquele país, aquela ditadura voltará para debaixo do manto de silêncio midiático.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e publicado em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogcidadania.com.br/2011/01/brasil-descobre-o-egito/) [pequenos entre colchetes no 5º parágrafo adicionados por este blog].
“De repente, não mais do que de repente, os brasileiros descobriram um país chamado Egito, suas contradições e o sofrimento do seu povo, imposto por um regime ditatorial a que está submetido desde 1981, há exatos 30 anos, por obra e graça do ditador Mohamed Hosni Mubarak, quem, durante esse tempo todo, só disputou eleições consigo mesmo.
Apesar de ser um dos berços da civilização humana, porém, até há pouco nada sabíamos sobre o país além de que tem pirâmides, esfinges e do que nos informou Hollywood no decorrer da vida com seus filmes bobalhões sobre múmias egípcias que ressuscitam para nos aterrorizar ou com aquelas versões pasteurizadas sobre a saga de Cleópatra, a Rainha do Nilo.
Somos mantidos na ignorância pela mídia ideológica que controla as comunicações e até a própria cultura, no Brasil. Por isso, temos conhecimentos seletivos e limitados sobre a geopolítica mundial.
Sobre um país como Irã, no entanto, onde as eleições, ainda que pouco transparentes, pelo menos têm candidatos de oposição, supostamente sabemos muito, mas o que sabemos são informações filtradas que nos dão só o lado oposicionista da história por lá.
Só poderia ser assim mesmo, porque o Egito, à diferença do Irã, é uma daquelas ditaduras “do bem” que os Estados Unidos [o lobby judeu] e a mídia “brasileira” poupam de críticas porque se submetem aos interesses geopolíticos, comerciais e estratégico-militares dos americanos [e israelenses].
Então, de repente, com a verdadeira avalanche de imagens que se abateu sobre o mundo dando conta da repressão que o ditador egípcio desencadeou sobre um povo aparentemente disposto a não aceitar mais viver sob seu regime de força, a mídia serviçal dos EUA teve que expor uma de suas ditaduras de estimação, contra a qual não costuma dizer um A.
Os choques entre população egípcia e as forças de repressão da ditadura, portanto, estão sendo de um grande didatismo para a humanidade, ao deixarem claras as hipocrisias americana e midiática, que mantêm regimes contrários aos EUA sob fogo cerrado enquanto silenciam sobre os regimes simpáticos à potência decadente do Norte por mais criminosos que sejam.
O Brasil nunca conheceu o Egito para além da versão hollywoodiana de sua realidade e de sua história, mas a tecnologia, porém, vai mudando isso. Se após tanto tempo finalmente os brasileiros descobriram que há ditaduras criticáveis e acima de críticas no Oriente Médio, foi graças à internet, que permitiu aos egípcios reprimidos contarem ao mundo a versão deles.
Não esperem editoriais furiosos contra o Egito, porém. Nem aqui, nem nos EUA. Em breve, assim que o ditador Mubarak conseguir enquadrar a população por meio dos bilhões de dólares em armas que os americanos despejam anualmente naquele país, aquela ditadura voltará para debaixo do manto de silêncio midiático.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e publicado em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogcidadania.com.br/2011/01/brasil-descobre-o-egito/) [pequenos entre colchetes no 5º parágrafo adicionados por este blog].
sábado, 29 de janeiro de 2011
FABRICANTE NACIONAL DE MÍSSEIS (MECTRON) NEGOCIA PARCERIA COM A ODEBRECHT
Míssil Ar-Ar Piranha MAA-1 no Xavante
MAR-1 Míssil Antirradiação
MECTRON INICIA NEGOCIAÇÕES COM ODEBRECHT
“Sempre considerada uma das principais empresas de tecnologia do setor de defesa do Brasil a Mectron anuncia finalmente a abertura de negociações com uma empresa do setor.
Muitas empresas internacionais procuraram uma associação com a empresa de São José dos Campos (SP), mas sem sucesso. Entre essas estavam as seguintes empresas: Rafael e Elbit (ambas de Israel)e MBDA (consórcio Europeu). A Mectron também é presença constante nos programas de contrapartidas comerciais (off sets) dentro dos programas F-X1 e F-X2 e também participa do programa PROSUB.
Essa participação no programa de submarinos permitiu a aproximação com a empresa Odebrecht. Estão sendo realizados no momento ações de “Due Dilligence” para avaliação de seu patrimônio para futura composição entre as duas empresas.
A Odebrecht avança, assim, na área de defesa a passos largos. Após a participação no programa PROSUB com a francesa DCNS e a formação de uma sociedade com a européia CASSIDIAN (ex- EADS DS) a futura aquisição da MECTRON consolida a sua posição na área de defesa brasileira e internacional.
Os principais programas da MECTRON são:
- MAA1 Piranha Míssil ar-ar de curto alcance;
- MAA A-Darter em associação com a sul-africana Denel; desenvolvimento do míssil ar-ar de guiagem infravermelha de quinta geração, para a Força Aérea Brasileira e a Força Aérea da África do Sul;
- MAR – Míssil antirradiação, em desenvolvimento e já adquirido pelo Paquistão e, possivelmente, pela FAB;
-Diversos outros projetos como radares e sistemas embarcados para Forças Aéreas e aplicações civis.
NOTA OFICIAL DA MECTRON
São José dos Campos 27 de janeiro de 2011
A Mectron Engenharia, Indústria e Comércio S.A. comunica que mantém negociações visando estabelecer uma parceria estratégica com algumas empresas do setor.
As negociações estão sendo realizadas em caráter privado, ainda sem definição e estarão sujeitas às aprovações necessárias.
Novas informações serão anunciadas oportunamente, de acordo com a evolução deste processo.
Sobre a Mectron:
Nascida em 1991, da associação de cinco engenheiros formados pelo ITA, a MECTRON atua como integradora de sistemas complexos para os mercados de defesa e aeroespacial, desenvolvendo e fabricando produtos de alta tecnologia e altíssimo valor agregado, tanto para uso civil como militar.”
FONTE: publicado no site “DefesaNet” em 27 Janeiro 2011 (http://www.defesanet.com.br/md1/mectron.htm) [imagens do Google adicionadas por este blog].
COMPLEMENTAÇÃO: REPORTAGEM DO JORNAL “VALOR ECONÔMICO”:
FABRICANTE DE MÍSSEIS É UMA DAS MAIS IMPORTANTES DO SETOR DO PAÍS
Odebrecht costura parceria ou a aquisição da Mectron
“O grupo Odebrecht está prestes a concluir um acordo de parceria estratégica com a Mectron Engenharia, uma das mais importantes empresas do setor de defesa brasileiro, fabricante de mísseis e produtos de alta tecnologia para o mercado aeroespacial. A Embraer, segundo fontes que acompanham o processo, também chegou a conversar com a Mectron, com vistas a uma possível parceria, mas a negociação não evoluiu. Procurada, a Embraer não comentou o assunto.
A Odebrecht confirmou que está avaliando a formação de uma parceria estratégica com a Mectron, mas não forneceu detalhes. Em nota, a empresa informou que acredita no bom andamento da negociação e, caso chegue a um acordo, informará os detalhes da operação oportunamente.
No começo da noite, a Mectron também enviou um comunicado, mas se limitou a dizer que mantém negociações visando estabelecer uma parceria com algumas empresas estratégicas do setor. "As negociações estão sendo realizadas em caráter privado, ainda sem definição e estarão sujeitas às aprovações necessárias", informou.
O acordo representa mais uma iniciativa do grupo Odebrecht dentro do objetivo anunciado anteriormente de ampliar sua atuação no mercado nacional e internacional de equipamentos e serviços militares.
Em meados do ano passado, a Odebrecht formou uma joint venture com a europeia Cassidian (antiga EADS Defense & Security), controlada pelo grupo EADS, dono da Airbus. A Odebrecht também estabeleceu uma sociedade de propósito específico (SPE) com a francesa DCNS, no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) para o governo brasileiro. A participação da empresa brasileira na SPE é de 59%.
Segundo fonte do setor, mesmo havendo interesse de outras empresas estrangeiras na Mectron, a empresa decidiu se associar a um grupo nacional, tendo em vista orientação do próprio governo brasileiro. "O Ministério da Defesa está trabalhando em uma nova legislação, que cria a figura da empresa de defesa de interesse nacional, controlada por um grupo brasileiro forte e bem estruturado financeiramente".
Essa orientação, segundo a fonte, estaria alinhada ainda às diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em dezembro de 2008, que prevê a reestruturação da indústria brasileira de material de defesa. "A maioria das pequenas e médias empresas brasileiras do setor, como a Mectron, não tem fôlego para atender as demandas do Plano Nacional de Defesa. O governo está incentivando a criação de blocos de empresas de defesa, com capacidade para fazer investimentos de risco no desenvolvimento de produtos estratégicos de interesse nacional", explicou.
Empresas como a Embraer e a Odebrecht estariam dentro desse perfil buscado pelo governo. "Elas têm tecnologia, capital e capacidade de gestão de grandes projetos. As pequenas e médias empresas não conseguem nem garantias para tomar empréstimos junto ao próprio governo", disse a fonte.
No fim de 2006, a Mectron recebeu aporte de R$ 15 milhões do BNDES, que passou a deter fatia de 27% na empresa. Ela foi criada em 1991, por um grupo de cinco engenheiros oriundos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que adquiriram conhecimento na área de mísseis através de uma experiência no Iraque.
Tornou-se estratégica para as Forças Armadas brasileiras, especialmente a Aeronáutica e o Exército, com o desenvolvimento de mísseis. Hoje, a Mectron trabalha no desenvolvimento conjunto do míssil A-Darter, feito em cooperação com as Forças Aéreas da África do Sul e participação de empresas brasileiras e sul-africanas.
Com cerca de 300 funcionários, a Mectron trabalha ainda no desenvolvimento de um míssil anti-radiação MAR-1, de defesa contra baterias antiaéreas, para a FAB e com fornecimento para o Paquistão. Esse país irá arcar com 50% dos investimentos previstos para a fase de industrialização e logística do míssil. A Mectron também fornece sistemas para satélites do programa espacial brasileiro e o radar de bordo da aeronave militar AMX.”
FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO AO TEXTO: reportagem de Virgínia Silveira publicada ontem no jornal “Valor Econômico” e transcrita hoje no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=29/01/2011&page=mostra_notimpol).
MAR-1 Míssil Antirradiação
MECTRON INICIA NEGOCIAÇÕES COM ODEBRECHT
“Sempre considerada uma das principais empresas de tecnologia do setor de defesa do Brasil a Mectron anuncia finalmente a abertura de negociações com uma empresa do setor.
Muitas empresas internacionais procuraram uma associação com a empresa de São José dos Campos (SP), mas sem sucesso. Entre essas estavam as seguintes empresas: Rafael e Elbit (ambas de Israel)e MBDA (consórcio Europeu). A Mectron também é presença constante nos programas de contrapartidas comerciais (off sets) dentro dos programas F-X1 e F-X2 e também participa do programa PROSUB.
Essa participação no programa de submarinos permitiu a aproximação com a empresa Odebrecht. Estão sendo realizados no momento ações de “Due Dilligence” para avaliação de seu patrimônio para futura composição entre as duas empresas.
A Odebrecht avança, assim, na área de defesa a passos largos. Após a participação no programa PROSUB com a francesa DCNS e a formação de uma sociedade com a européia CASSIDIAN (ex- EADS DS) a futura aquisição da MECTRON consolida a sua posição na área de defesa brasileira e internacional.
Os principais programas da MECTRON são:
- MAA1 Piranha Míssil ar-ar de curto alcance;
- MAA A-Darter em associação com a sul-africana Denel; desenvolvimento do míssil ar-ar de guiagem infravermelha de quinta geração, para a Força Aérea Brasileira e a Força Aérea da África do Sul;
- MAR – Míssil antirradiação, em desenvolvimento e já adquirido pelo Paquistão e, possivelmente, pela FAB;
-Diversos outros projetos como radares e sistemas embarcados para Forças Aéreas e aplicações civis.
NOTA OFICIAL DA MECTRON
São José dos Campos 27 de janeiro de 2011
A Mectron Engenharia, Indústria e Comércio S.A. comunica que mantém negociações visando estabelecer uma parceria estratégica com algumas empresas do setor.
As negociações estão sendo realizadas em caráter privado, ainda sem definição e estarão sujeitas às aprovações necessárias.
Novas informações serão anunciadas oportunamente, de acordo com a evolução deste processo.
Sobre a Mectron:
Nascida em 1991, da associação de cinco engenheiros formados pelo ITA, a MECTRON atua como integradora de sistemas complexos para os mercados de defesa e aeroespacial, desenvolvendo e fabricando produtos de alta tecnologia e altíssimo valor agregado, tanto para uso civil como militar.”
FONTE: publicado no site “DefesaNet” em 27 Janeiro 2011 (http://www.defesanet.com.br/md1/mectron.htm) [imagens do Google adicionadas por este blog].
COMPLEMENTAÇÃO: REPORTAGEM DO JORNAL “VALOR ECONÔMICO”:
FABRICANTE DE MÍSSEIS É UMA DAS MAIS IMPORTANTES DO SETOR DO PAÍS
Odebrecht costura parceria ou a aquisição da Mectron
“O grupo Odebrecht está prestes a concluir um acordo de parceria estratégica com a Mectron Engenharia, uma das mais importantes empresas do setor de defesa brasileiro, fabricante de mísseis e produtos de alta tecnologia para o mercado aeroespacial. A Embraer, segundo fontes que acompanham o processo, também chegou a conversar com a Mectron, com vistas a uma possível parceria, mas a negociação não evoluiu. Procurada, a Embraer não comentou o assunto.
A Odebrecht confirmou que está avaliando a formação de uma parceria estratégica com a Mectron, mas não forneceu detalhes. Em nota, a empresa informou que acredita no bom andamento da negociação e, caso chegue a um acordo, informará os detalhes da operação oportunamente.
No começo da noite, a Mectron também enviou um comunicado, mas se limitou a dizer que mantém negociações visando estabelecer uma parceria com algumas empresas estratégicas do setor. "As negociações estão sendo realizadas em caráter privado, ainda sem definição e estarão sujeitas às aprovações necessárias", informou.
O acordo representa mais uma iniciativa do grupo Odebrecht dentro do objetivo anunciado anteriormente de ampliar sua atuação no mercado nacional e internacional de equipamentos e serviços militares.
Em meados do ano passado, a Odebrecht formou uma joint venture com a europeia Cassidian (antiga EADS Defense & Security), controlada pelo grupo EADS, dono da Airbus. A Odebrecht também estabeleceu uma sociedade de propósito específico (SPE) com a francesa DCNS, no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) para o governo brasileiro. A participação da empresa brasileira na SPE é de 59%.
Segundo fonte do setor, mesmo havendo interesse de outras empresas estrangeiras na Mectron, a empresa decidiu se associar a um grupo nacional, tendo em vista orientação do próprio governo brasileiro. "O Ministério da Defesa está trabalhando em uma nova legislação, que cria a figura da empresa de defesa de interesse nacional, controlada por um grupo brasileiro forte e bem estruturado financeiramente".
Essa orientação, segundo a fonte, estaria alinhada ainda às diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em dezembro de 2008, que prevê a reestruturação da indústria brasileira de material de defesa. "A maioria das pequenas e médias empresas brasileiras do setor, como a Mectron, não tem fôlego para atender as demandas do Plano Nacional de Defesa. O governo está incentivando a criação de blocos de empresas de defesa, com capacidade para fazer investimentos de risco no desenvolvimento de produtos estratégicos de interesse nacional", explicou.
Empresas como a Embraer e a Odebrecht estariam dentro desse perfil buscado pelo governo. "Elas têm tecnologia, capital e capacidade de gestão de grandes projetos. As pequenas e médias empresas não conseguem nem garantias para tomar empréstimos junto ao próprio governo", disse a fonte.
No fim de 2006, a Mectron recebeu aporte de R$ 15 milhões do BNDES, que passou a deter fatia de 27% na empresa. Ela foi criada em 1991, por um grupo de cinco engenheiros oriundos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que adquiriram conhecimento na área de mísseis através de uma experiência no Iraque.
Tornou-se estratégica para as Forças Armadas brasileiras, especialmente a Aeronáutica e o Exército, com o desenvolvimento de mísseis. Hoje, a Mectron trabalha no desenvolvimento conjunto do míssil A-Darter, feito em cooperação com as Forças Aéreas da África do Sul e participação de empresas brasileiras e sul-africanas.
Com cerca de 300 funcionários, a Mectron trabalha ainda no desenvolvimento de um míssil anti-radiação MAR-1, de defesa contra baterias antiaéreas, para a FAB e com fornecimento para o Paquistão. Esse país irá arcar com 50% dos investimentos previstos para a fase de industrialização e logística do míssil. A Mectron também fornece sistemas para satélites do programa espacial brasileiro e o radar de bordo da aeronave militar AMX.”
FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO AO TEXTO: reportagem de Virgínia Silveira publicada ontem no jornal “Valor Econômico” e transcrita hoje no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=29/01/2011&page=mostra_notimpol).