domingo, 10 de fevereiro de 2013

ESCLARECIMENTO DA PETROBRAS AO “FINANCIAL TIMES”

A Petrobras contesta com veemência artigo de autoria de Nick Butler, publicado na última quinta-feira (07/02) em seu blog, no site do ‘Financial Times’ (leia ao fim desta postagem a tradução do texto).

Ao contrário do que diz o autor, a Petrobras não enfrenta problemas de caixa, cujo saldo ultrapassa, atualmente, R$ 40 bilhões, e reafirma que não tem atrasado pagamentos nem tem dívidas com seus fornecedores, prestadores de serviços e FIDCs. Os pagamentos dos compromissos assumidos pela empresa são realizados de acordo com os prazos estabelecidos contratualmente.

A Petrobras esclarece, ainda, que as empresas contratadas apresentam, eventualmente, pleitos de pagamentos adicionais, que não podem ser classificados como dívida da empresa. Esses pleitos são submetidos à avaliação técnica por uma comissão constituída para esse fim, bem como a uma avaliação jurídica. Concluído esse processo, que é conduzido rigorosamente de acordo com os contratos e a legislação vigente, a negociação é submetida à aprovação das instâncias corporativas competentes. Esses procedimentos são historicamente rotineiros e aplicados há muitos anos pela Companhia.

A Petrobras reitera que as metas de produção da companhia estão em total alinhamento com seu plano de negócios e gestão, amplamente anunciado. No ano de 2012, a empresa se manteve dentro dos parâmetros definidos pela meta de produção de petróleo definida para o período. Em 2013, entrarão em operação seis importantes plataformas de produção. E até 2020, serão instaladas outras 38 “Unidades Estacionárias de Produção” (UEPs). Esse robusto portfólio garantirá, absolutamente dentro de sua programação, uma produção de 3,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em 2016 e 5,7 milhões (boe/d) em 2020, como prevê o seu “Plano de Negócios e Gestão 2020”.

Sobre “Fundos de Investimento em Direitos Creditórios” (FIDCs), a Petrobras ressalta que não interfere na relação entre os fornecedores cedentes de crédito e os FIDCs que adquirem os créditos, e que não se envolve nas discussões sobre cumprimento ou não de cláusulas contratuais entre os fornecedores e os FIDCs.

A “Política de Conteúdo Local da Petrobras” tem por objetivo contratar bens e serviços no país em bases competitivas e sustentáveis para suportar os projetos de investimento do seu plano de negócios e gestão. Os “índices de Conteúdo Local” exigidos para cada projeto são embasados em estudos que consideram as características técnicas dos bens e serviços a serem contratados, o prazo dos empreendimentos e a capacitação da indústria brasileira para atender aos requisitos das contratações. Caso haja evidência de que a indústria local não tem capacidade de atender aos requisitos de acordo com as métricas internacionais, as aquisições são realizadas no exterior.”

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[OBS deste blog ‘democracia&política: a campanha do “Financial Times” (que coincide com a da grande mídia em geral, inclusive a brasileira e seu instrumento partidário demotucano), já é conhecida dos brasileiros que viveram os anos “neoliberais” FHC/PSDB/DEM. Como evidente no texto, visa, principalmente, a promover a privatização da Petrobras, cobiçada por grandes grupos econômicos e financeiros estrangeiros. Deseja afastar o Estado brasileiro da atividade petrolífera, deixando-a sob gestão e usufruto do tal “setor internacional”, o qual, por exemplo, imediatamente eliminaria a exigência de cadeias locais de fornecimento. Essa imposição prejudica o emprego e o lucro das indústrias fornecedoras sediadas nas grandes potências. A seguir, o texto [capcioso] do “Financial Times” (versão traduzida)]:
“OS PROBLEMAS COM A PETROBRAS

Tradução do texto ‘The problems with Petrobras’, do “Financial Times”, Blog de Nick Butler

 “A Petrobras está numa desordem. A estatal brasileira faz promessas ano após ano, mas só decepciona. Para piorar, o governo brasileiro faz pressão para tentar empurrar as metas de produção, mas, por razões de política nacional, se recusa a dar meios e liberdade para que a empresa atinja essas metas.

Vamos começar com as boas notícias. A Petrobras continua descobrindo enormes volumes de petróleo e gás. Estima-se que o campo de Lula, por exemplo, abrigue 8 bilhões de barris de petróleo, o que faz dele um gigante mundial. Claramente, a costa brasileira é uma das novas áreas mais prolíficas do planeta.

As boas notícias terminam aí. A má notícia é que a Petrobras parece ser incapaz de definir ou cumprir planos de desenvolvimento dignos de confiança para os recursos que estão em suas mãos.

● Os gastos da empresa estão descontrolados. O último plano quinquenal falava em investimentos de US$16 bilhões por ano. Os gastos reais de 2012 foram de US$25 bilhões.

● A empresa enfrenta uma crise de caixa e ficou famosa por atrasar o pagamento de contas. O fundo criado para ajudar a desenvolver as cadeias locais de fornecimento não recebeu o dinheiro que lhe era devido. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura alertou que pequenas empresas podem falir por isso.

● A estatal está apertando os fornecedores. As ações da empresa italiana Saipem, que tem grandes participações no Brasil, despencaram na última semana porque a Petrobras diminui suas margens a um grau ínfimo. A própria Saipem declarou que os problemas no Brasil causariam uma redução de 80% nos lucros de 2013. Essa situação faz com que muitos dos melhores fornecedores técnicos do setor optem por não trabalhar mais no Brasil.

● Por trás disso tudo está a má administração da estatal por parte do governo brasileiro. A Petrobras é usada pelo governo como um instrumento de política interna.

● A Petrobras não tem permissão de aumentar os preços cobrados dos consumidores do país e, com isso, sofre com os prejuízos. Os aumentos recentes nos preços da gasolina e de outros produtos foram mínimos, já que o governo tenta manter o apoio popular deixando os preços artificialmente baixos.

● Ao mesmo tempo, a Petrobras está sendo forçada a apoiar contratações locais mesmo estando claro que o setor de serviços do país não está preparado para a enorme complexidade inerente aos projetos nas águas profundas do pré-sal.

Por isso, é muito pouco provável que a Petrobras atinja sua própria meta de mais do que dobrar a produção e chegar a 5,7 milhões de barris por dia até 2020. Os planos estão bem atrasados. O baixo desempenho já está fazendo com que o país seja visto com maus olhos. Um executivo do setor me disse que uma promessa brasileira não vale nem o papel em que foi escrita.

Para fins de comparação, a Petrobras foi superada pela estatal colombiana Ecopetrol e está chegando ao nível da Pemex, a grande burocrata que controla o setor mexicano de petróleo e gás. A empresa acabou de receber outra avaliação negativa da Moody’s. Seus petroleiros estão prestes a iniciar uma greve prevista para durar cinco dias.

A Petrobras ainda não é grande o suficiente para causar um problema no mercado mundial. Os antigos campos de petróleo continuam produzindo. No entanto, esse panorama é uma crescente preocupação para as empresas ocidentais que têm investimentos no Brasil em parceria com a Petrobras, já que essa situação pode ser um elemento significativo em seus portfólios globais. O panorama também é problemático para acionistas de fundos em mercados emergentes que detêm ações da Petrobras, devido ao porte da estatal. O preço das ações da Petrobras caiu mais de 10% esta semana após a divulgação, na terça-feira, de péssimos resultados, o que abalou todo o mercado brasileiro.

Por enquanto, o governo brasileiro parece indiferente ao problema. Não existe a vontade de privatizar totalmente a Petrobras ou de abrir a gestão do desenvolvimento dos recursos de petróleo e gás do Brasil para o setor internacional.

Com o maior respeito ao grande Jim O’Neill no dia em que ele anuncia sua aposentadoria, sempre fui cético acerca da teoria do banco Goldman Sachs de que os BRIC dominariam o mundo até a metade deste século. Tudo o que está acontecendo com a Petrobras só reforça esse ceticismo.”

FONTE: blog “Fatos e Dados”, da Petrobras  (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/os-problemas-com-a-petrobras-versao-traduzida-de-texto-do-financial-times/) e  (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2013/02/08/esclarecimento-ao-financial-times/) [Imagem do Google e trecho entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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