domingo, 18 de julho de 2010

BRASIL RESPEITADO PELAS NAÇÕES

MOHSEN SHATERZADEH

“A Declaração de Teerã foi o ponto de partida para um desenvolvimento nas relações internacionais e é um ponto culminante em sua história.

O ato do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) no sentido de aprovar uma resolução contra a República Islâmica do Irã foi precipitado, forçado pelas potências dominadoras e não foi tomado em um consenso nesse conselho.

De outra forma, essa ação demonstra também que foi uma precipitação dos Estados Unidos da América, com as suas preocupações de não serem capazes de alcançar um consenso nesse conselho, sobretudo após a assinatura da Declaração de Teerã.

Não foram considerados todos os esforços positivos dos grandes países, como Brasil e Turquia, para se conseguir concluir a Declaração de Teerã, para a troca de combustíveis nucleares, cuja construtiva tentativa foi baseada no respeito aos direitos das nações e na sinceridade.

O Brasil e a Turquia, com seus votos valiosos contra a resolução da ONU, demonstraram sua determinação sobre os princípios da defesa e da conservação dos direitos humanos, respeito aos direitos legítimos das nações, enfrentando a injustiça e a opressão.

Sendo assim, exaltaram sua dignidade e respeitabilidade com as outras nações. Hoje, o Brasil, mais do em que qualquer outro momento, é respeitado pelas outras nações no mundo e considerado como pioneiro e protagonista dentre os países do Sul no caminho da defesa dos direitos das outras nações independentes e na mudança da ordem mundial injusta e dominadora.

Hoje, o Brasil é o centro das atenções das outras nações injustiçadas, com o seu voto corajoso e valioso tornando-se uma referência na nova ordem mundial. O povo brasileiro deve se orgulhar por esse papel importante do Brasil nessa nova ordem mundial e valorizá-lo.

O voto contrário do Brasil e da Turquia à resolução por sanções à República Islâmica do Irã nas Nações Unidas chocou os poderes vitoriosos da 2ª Guerra Mundial.

Habilidade dos três países, a República Islâmica do Irã, Brasil e Turquia, na aplicação de uma diplomacia forte, cujo resultado saiu na Declaração de Teerã, foi um dos motivos pelos quais alguns membros permanentes do Conselho de Segurança aprovaram a resolução pelas sanções.

Isso foi feito por negociações a portas fechadas, sem a presença de outros membros não permanentes, muito rapidamente e de modo não transparente, atrapalhando esse novo movimento traçado por poderes emergentes e evitando as consequências da Declaração de Teerã.

A Declaração de Teerã, como um mapa da rota, foi mais um passo positivo por parte da República Islâmica do Irã no sentido de continuar o diálogo e as conversas entre as nações e Estados para estabelecer paz e tranquilidade no mundo, demonstrando forte determinação de Teerã para a interação e a cooperação com os países no mundo.

O Conselho de Segurança da ONU, num jogo de portas fechadas, aprovou uma resolução contra as atividades nucleares para fins pacíficos do Irã. Mas parece muito evidente e claro aquilo que eles, como os países credores da 2ª Guerra Mundial, querem esconder e desviar da atenção da opinião pública mundial.

Alguns membros permanentes desse conselho, sobretudo os Estados Unidos da América, tentam monopolizar importantes assuntos internacionais nos campos de segurança, comércio mundial e até criando vantagens para as suas empresas multinacionais. Sendo assim, evitam e não autorizam qualquer país a entrar nesses campos específicos nas relações internacionais.

Aquilo que ocorreu em Teerã, muito sumariamente, foi um diálogo consistente, sincero, baseado no respeito, na justiça e na seriedade, que durou quase 18 horas, para chegarmos a um entendimento que os Estados Unidos da América e seus aliados, durante meses, não foram capazes de alcançar.

O diálogo, a interação e o respeito, na arena da segurança internacional, são instrumentos inevitáveis e que, daqui em diante, não se pode mais esperar dos poderes dominadores.

Eles próprios são os elementos da insegurança no mundo e, por isso, o expressivo surgimento de grandes países como o Brasil, a Turquia e a República Islâmica do Irã nessa cena, o que foi demonstrado pela Declaração de Teerã, tornou-se um alerta a esses poderes dominadores, sobretudo os EUA. A Declaração de Teerã foi o ponto de partida para um desenvolvimento nas relações internacionais e um ponto culminante em sua história.

No futuro, a história fará dela uma benemérita referência.

A relevante presença dos países em desenvolvimento na cena dos outros assuntos mundiais certamente dirimirá a tentativa de alguns membros permanentes do Conselho de Segurança no sentido de manipulá-lo e de monopolizar o campo da segurança mundial.

O Brasil e a Turquia, ao contribuírem com um ato cujo resultado foi a Declaração de Teerã, estão entrando nos campos tradicionalmente pertencentes aos poderes dominadores. Isso justificará, de certa forma, as preocupações dos Estados Unidos da América e de outros membros permanentes do Conselho de Segurança.

Eles se preocupam com a interferência dos países independentes e emergentes em campos sensíveis como a questão da segurança mundial, que até o atual momento pertenciam aos países com direito de veto. Essa interferência, por sua vez, isolará cada vez mais esses países dominadores e expressivamente aumentará o papel de outros grandes países, como o Brasil.

O que aconteceu com a Declaração de Teerã foi a entrada oficial dos países emergentes nas decisões nas relações internacionais. Essa conquista foi mais significativa do que entrar no Conselho de Segurança como membro permanente.

As autoridades estadunidenses, nos últimos meses, enfatizaram bastante que a condição para entrar no Conselho de Segurança como membro permanente seria a submissão e a aprovação de todos os pontos de vista das potências desse conselho, considerando a soberania no voto como um valor negativo para os países candidatos a integrá-lo.

Hoje em dia, sem dúvida, a opinião pública mundial está mais atenta ao Brasil e aos seus líderes determinados, independentes e populares; os países com direito a veto, especialmente os EUA, são obrigados a aceitar esse novo e forte papel desses países, como o Brasil e a Turquia.

O mundo atual está testemunhando a criação de um cenário em que, de um lado, há os países possuidores de armas nucleares e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com direito a veto (considere isso como um privilégio a eles); do outro lado, os demais países que estão contra essa estrutura injusta, cujo manifesto pleno foi a assinatura da Declaração de Teerã. A história registrará o colapso desses dominadores e a submissão ao voto das pessoas de livre pensamento.”

FONTE: escrito por Mohsen Shaterzadeh, embaixador da República Islâmica do Irã no Brasil, e publicado hoje (18/07) na Folha de São Paulo.

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