1ª PARTE: ELOGIOS AO BRASIL NO EXTERIOR
O portal UOL Notícias publicou, hoje, uma matéria da agência inglesa de notícias BBC Brasil, resumindo a extensa reportagem de mais de vinte páginas dedicada ao Brasil e publicada na última sexta-feira (14) pelo jornal britânico “The Guardian”.
O texto lido no UOL foi o seguinte:
“BRASIL SE TORNOU ATOR ECONÔMICO DE PESO, DIZ ‘THE GUARDIAN”
“Em um suplemento especial de 20 páginas publicado nesta sexta-feira, o jornal britânico "The Guardian" faz um balanço do Brasil e afirma que "mais conhecido pelo futebol, samba e sensualidade, ele se tornou um ator econômico de peso".
No caderno intitulado "Terra de Contrastes", o jornal faz uma análise dos setores de economia, agricultura, energia, saúde e cultura, além de um perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da cidade de São Paulo, que chama de "a cidade do futuro".
Segundo o "Guardian", quando se pensa "na exuberância brasileira", a primeira coisa que vem à mente, dificilmente, será a economia, já que o Brasil "é a terra do Carnaval".
"Mas visualize isso: um país em que o fluxo de investimentos atingiu níveis recordes, onde a exportação de tudo, desde soja a biocombustíveis, está aumentando e onde a renda dos ricos e pobres está crescendo e impulsionando um boom de crescimento."
A reportagem afirma que o Brasil "parece ter entrado em uma nova fase de expansão sustentável que poderia, finalmente, destrancar o vasto potencial do país".
Segundo o jornal, os números vão "de bons a espetaculares: 1,4 milhão de empregos criados todos os anos; mais de US$ 100 bilhões (quase 200) em reservas (que excedem a dívida externa e tornam o Brasil credor internacional); 4,7% de inflação, o que é 'manso' pelos padrões brasileiros; 4% de crescimento econômico, e uma ligeira aproximação na diferença com a China. Ah, e no ano passado o mercado de ações cresceu em 60%".
Segundo analistas ouvidos pelo "Guardian", o crescimento é equilibrado e o país estaria menos vulnerável hoje.
"Analistas concordam que a forte demanda doméstica, a estabilidade financeira e exportações bem distribuídas internacionalmente oferecem alguma proteção contra o desaquecimento americano. Quando o mundo pega uma gripe, o Brasil não mais pega uma pneumonia."
O "Guardian" destaca que agora, além do samba e jogadores de futebol, o Brasil também exporta carros e aviões, notadamente aviões executivos e de passageiros da Embraer, mas afirma que, apesar do crescimento, o país ainda enfrenta vastos problemas sociais e ambientais.
"Há um lado escuro do crescimento. Ambientalistas levantam o alarme de que o cultivo de cana e soja estão empurrando o rebanho de gado para o norte, na Amazônia, acelerando o desmatamento. As condições dos trabalhadores de algumas dessas plantações já foram comparadas à escravidão."
"O crescimento ainda provocou gargalos de infra-estrutura horrendos. Os engarrafamentos em São Paulo pioram a cada mês, os portos não conseguem acompanhar o ritmo do volume de navios e as viagens aéreas freqüentemente se tornam caóticas."
De acordo com políticos entrevistados pelo jornal, estes seriam problemas normais do processo de amadurecimento do país.
O "Guardian" ainda destaca a desigualdade entre ricos e pobres e a violência nas favelas: "A guerra de gangues e a brutalidade policial permanecem enraizadas aqui, bem como a extrema desigualdade. Algumas favelas, com sua legião de crianças de rua e barracos de madeira e plástico, poderiam passar pelas regiões mais empobrecidas da África subsaariana. Exceto pelo fato de que helicópteros sobrevoam a região, transportando os super-ricos para compras com hora marcada com Gucci e Jimmy Choo".
Críticos ouvidos pelo jornal ainda dizem que o crescimento do Brasil impressiona, mas é vazio, "como um carro alegórico de Carnaval, porque se apóia em condições globais benignas e no crescimento do crédito doméstico enquanto foge à difícil tarefa de construir uma economia competitiva".
O "Guardian" conclui comentando que o Brasil era conhecido como o país do futuro. "O futuro ainda não chegou, mas está mais perto agora do que já esteve em várias gerações."
2ª PARTE: O DESMERECIMENTO PELA MÍDIA BRASILEIRA
O blog do Azenha (do jornalista Luiz Carlos Azenha) publica hoje essa notícia e observa:
“ERA SÓ ESSA QUE FALTAVA: AGORA, LULA SERIA "SORTUDO"
“O Estadão (O Estado de São Paulo) festeja a sugestão do jornal britânico de que Lula seria apenas um "sortudo": Seria Lula um 'herói acidental'?, pergunta jornal brasileiro. Escreve: “Em perfil de Lula, 'Guardian' questiona se êxito do Brasil se deve a 'sorte' do presidente”.
Os próprios portais brasileiros UOL e BBC Brasil, de onde extraí o resumo acima, buscam 'equilibrar' os elogios ingleses, omitindo da reportagem do The Guardian muitos outros aspectos favoráveis ao atual governo, mas destacando os trechos menos enaltecedores. O UOL insere o destaque: “Em um suplemento especial sobre o Brasil publicado nesta sexta-feira, o jornal britânico 'The Guardian' questiona até que ponto o crescimento da economia brasileira se deve ao governo Lula, ou se o presidente seria um ‘herói acidental’.
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