terça-feira, 4 de março de 2008

PARA A MÍDIA E A OPOSIÇÃO, O BRASIL TEM QUE CHAMAR A ATENÇÃO DA VENEZUELA E DO EQUADOR!

Ontem, postei o artigo “O RISCO DE GUERRAS NA AMÉRICA DO SUL”. Nele, escrevi: “O assunto é muito grave e preocupante.
Houve uma inaceitável violação do princípio fundamental e internacionalmente aceito de inviolabilidade territorial. Violação por parte da Colômbia contra o Equador”.

Externei que a mídia brasileira certamente viraria o assunto ao avesso, para estar, como usual, em perfeita sintonia com as posições dos EUA e dos seus sempre fiéis partidos brasileiros “conservadores”.

Os EUA não vêem a Venezuela e o Equador com bons olhos, porque esses exportadores de petróleo resolveram privilegiar seus interesses nacionais em detrimento dos objetivos norte-americanos. Eles sofrem fortes pressões externas e internas e embargos por isso. (Sugiro a leitura do artigo de 24/01/2008 deste blog, intitulado “Petróleo: Vale tudo?”)

A Colômbia, por sua vez, com o conveniente presidente Uribe, é submissa aliada dos EUA, que lá estão presentes com bases aéreas e grandes efetivos militares, armamentos e forças de inteligência. O pretexto é “o combate ao narcotráfico”. Muitos desavisados acreditam nisso. A própria revista “Times” desta semana publica que a produção de coca na Colômbia aumentou.

Externei neste blog que seremos bombardeados com notícias e comentários distorcidos, tornando o invasor militar colombiano a triste vítima do destino cruel, que o fez premeditadamente invadir o Equador em prol da humanidade e do nobre combate a terroristas.

Dito e feito.

Aqui já comentei que, logo pela manhã de ontem, o programa matinal de notícias da TV Globo “Bom Dia Brasil”, no espaço de Alexandre Garcia, em evidente manobra diversionária, despendeu 90% do tempo (destinado à notícia do ataque colombiano no Equador) para demonizar “o tenente-coronel Hugo Chavez” da Venezuela...Não ouvi do comentarista uma crítica sequer à invasão militar colombiana.

À noite, o apresentador William Bonner abriu o “Jornal Nacional” com a manchete: “Venezuela e Equador ameaçam usar a força militar contra a Colômbia”.

Hoje pela manhã, a jornalista Miriam Leitão direcionou o seu comentário para persuadir o público a julgar como errada a atitude diplomática do Itamaraty, que condenou a invasão. Para ela, deveríamos condenar firmemente o Equador pelo seu apoio às FARC.

A manchete do jornal O GLOBO de hoje foi: “Colômbia acusa Chávez de dar US$ 300 milhões às FARC”.

No Jornal Nacional desta noite, o líder do PSDB no senado, Arthur Virgílio, exigiu veementemente que o governo brasileiro condene o Equador e a Venezuela por apoiarem terroristas. O telejornal informou que as FARC já estavam planejando construir armas “sujas” com material radioativo. O telejornal também deu positivo destaque ao endosso público de Bush àquela lamentável invasão militar.

Aqui na internet, agora à noite, leio no UOL NOTÍCIAS a matéria "É preciso que o Brasil seja firme nessa hora, diz Lucia Hippolito”. Reproduzo trechos:
“A tensão entre Colômbia, Venezuela e Equador se instala. Depois do ataque da Colômbia às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou o fechamento da fronteira de seu país com a Colômbia.”
(...) “a posição do Brasil nesses conflitos tem que ser muito firme. "É preciso chamar a atenção da Venezuela e do Equador pelo apoio que esses países estão dando às FARC".

Senhoras e senhores, estejamos preparados para essa capciosa distorção dos fatos que seremos levados a ouvir. Porém, não vejo como sermos convencidos de que o errado é o certo e o certo é o errado. Pelo menos, devemos estar cientes de que aquilo que nos informam não é a verdade. Tem outros fins escusos.

É um cenário absurdo, ridículo, danoso, triste, mas é assim e continuará assim no futuro previsível. A mídia não mudará. Sempre e cada vez mais, será instrumento das forças maiores econômicas, financeiras e políticas do mundo.

O presidente Lula e o chanceler Celso Amorim resumiram bem: independentemente das circunstâncias e do que digam, “qualquer violação de território soberano é algo condenável e muito grave".

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