"A COLÔMBIA É O 3º MAIOR PRODUTOR DE PETRÓLEO DO MUNDO" (Folha de São Paulo)
"OS EUA USAM NA COLÔMBIA O TERRORISMO COMO FACHADA PARA DEFENDER SEU ABASTECIMENTO DE PETRÓLEO" (L.A.M. Bandeira)
A FRAGILIDADE MILITAR DO BRASIL E A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA
O jornal Folha de São Paulo de hoje traz um preocupante artigo intitulado:
“FARC REABREM POLÊMICA INTERNACIONAL”
Transcrevo o artigo de Camila Arêas:
"Gerada no seio da floresta Amazônica, a crise andina travada entre Colômbia, Equador e Venezuela desperta a atenção da comunidade internacional para a fragilidade da segurança na região amazônica, com uma área verde de 7 milhões de km² que se espalha por seis países sul-americanos.
A internacionalização da floresta é historicamente reivindicada por pesquisadores do mundo todo com base na defesa deste patrimônio da humanidade. No entanto, dentre as justificativas para sua internacionalização, (agora) também está o "combate ao terrorismo". E neste caso, a operação do dia 1º contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que provocou a crise andina poderia ser apropriada como argumento para a intervenção internacional.
A primeira motivada por razão política.
Uma intervenção na Amazônia é caso de guerra, decreta o cientista político luso-brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira para sublinhar que "não se trata de terrorismo":
- A Colômbia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo. E como as Farc atacam seus oleodutos, os EUA usam o terrorismo como fachada para intervir e defender seu próprio abastecimento.
Ponto delicado é que a comunidade internacional não tolera as Farc, frisa Humberto Lourenção, pesquisador sobre a Amazônia:
- Não se vê a guerrilha como um movimento político, mas um crime internacional a ser combatido, o que hoje justifica guerras pelo mundo.
Comandante militar da Amazônia, o general Augusto Heleno Pereira é taxativo ao dizer que as Forças Armadas "fingem não ouvir este tipo de alegação":
- Não há justificativa. O que aconteceu foi um incidente entre países da Pan Amazônia com soberania bem definida, justamente o que gerou o atrito. Não há espaço para influência mal intencionada.
Bandeira lembra que do cordão de bases militares americanas em torno da floresta, os EUA perderam as da Bolívia, Guiana, Peru e ano que vem, perderão a do Equador:
- A cada intervenção como a de sábado, com uso da tecnologia americana, aumenta o ressentimento regional. O Brasil olha com desconfiança para este tipo de aliança.
FORA DE CONTROLE
Nesta semana, o príncipe Charles da Inglaterra - que promove o Fundo Mundial para a Natureza Amazônica - convocou uma conferência sobre a Amazônia com a participação de especialistas de várias partes do mundo, inclusive brasileiros.
A internacionalização da Amazônia já está acontecendo com todo apoio do governo brasileiro, diz Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa):
- As ONGs e empresas estrangeiras que fazem do Brasil o maior fornecedor de alumínio do mundo contam com subsídios do Estado, dinheiro do contribuinte brasileiro.
Este tipo de invasão é bem mais séria do que o operação no Equador, compara Pedro Ernesto Mariano, presidente da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra:
- Lá, os colombianos entraram e saíram. Aqui, vem gente disfarçada aos milhares que entra e fica. É uma invasão surda, muda e contínua.
A solução é dar aos brasileiros a capacidade de defesa proporcional ao problema existente, diz Mariano:
- Não basta termos grande número de soldados. Este é um jogo de inteligências. O Brasil, que tinha 80% da população no interior viu, em de seis décadas, a situação mudar: hoje, 80% está concentrada na faixa litorânea e o interior esvazia-se. Encarando geopoliticamente esta situação vemos que é sério o risco de sermos muito prejudicados.
Dos 18 mil km de fronteiras brasileiras, os mais vulneráveis são os 11 mil km amazônicos. Somando patrulhas fronteiriças e soldados, há 25 mil homens na região.
Embora a Polícia Federal tenha aumentado seu efetivo na Amazônia, destinando à região 25% das turmas que estão saindo da academia, em Brasília, a presença do Estado é tímida. Ano passado, denúncias do Exército e da Agência Brasileira de Inteligência levaram o Ministério da Justiça a pedir levantamento sobre as ONGs estrangeiras na região.
A Amazônia tornou-se a grande prioridade militar, diz Lourenção:
- A tese da internacionalização é evocada toda vez que fica explícita a vulnerabilidade do Brasil.
A imagem do país como incapaz de gerir seu patrimônio é lugar comum. Por isso, o discurso oficial é pacificador e defende: a América do Sul é a área menos militarizada do mundo.”
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