O site “Agência Carta Maior” publicou no último fim-de-semana um artigo de Ignacio Ramonet, traduzido por Naila Freitas, sobre o epílogo do livro "Pérolas 2. Balelas, disparates e trapaças nos meios de comunicação", do jornalista espanhol Pascual Serrano. Parece, até, que o autor do livro se refere ao Brasil, pelo tanto que a “carapuça” nos encaixa.
Reproduzo o texto parcialmente. Para facilitar a leitura, este blog acrescentou subtítulos entre colchetes:
“O DESASTRE MIDIÁTICO”
No texto introdutório, Ignácio Ramonet escreve:
"Hoje, a verdade informativa é quando toda a mídia (imprensa, rádio, televisão e Internet) diz a mesma coisa sobre um tema, diz que uma coisa é verdade, mesmo que seja mentira.”
Indispensável. Este é um livro indispensável para tomar consciência da amplitude do atual desastre midiático. E temos que agradecer Pascual Serrano pelo talento que esbanjou ao constituir o “arquivo da vergonha jornalística”, conseguindo arrebanhar tão flagrantes demonstrações da deterioração de uma profissão que ameaça ruir”.
[A DESINFORMAÇÃO AMEAÇA A DEMOCRACIA]
"O que Pascual Serrano revela com esta nova coleção de “balelas, disparates e trapaças” é que alguma coisa deixou de funcionar nos nossos meios massivos de comunicação. E que, por isso, a informação – ou, melhor dizendo, a desinformação – passou a ser uma das principais ameaças que pairam sobre nossas democracias na hora da globalização econômica.
[OS DONOS DA MÍDIA]
Uma das razões desta situação mora no fato de que a maioria dos grandes jornais do mundo, se formos falar da imprensa escrita, não são, hoje, dirigidos por jornalistas. Agora são quase sempre dirigidos por egressos das Escolas de Comércio, de Escolas de “Ciências Empresariais”, que são os que, evidentemente, estão com as rédeas da empresa midiática, que irá se comportar como uma empresa que, antes de mais nada, vai pensar em suas relações com os “clientes”, e os clientes são os compradores dos jornais ou os ouvintes do rádio ou os telespectadores da televisão, mas são percebidos principalmente como “clientes”.
[O PODER ECONÔMICO MANDA NO PODER MIDIÁTICO E OS DOIS SOBREPUJAM O PODER POLÍTICO]
Quando se trata de globalização, os principais poderes são o poder econômico e o poder midiático. O poder político vem em terceiro lugar.
E o poder econômico, quando se alia com o poder midiático, constitui uma enorme alavanca, capaz de fazer tremer qualquer poder político.
Esta é uma das grandes realidades de hoje, ainda que, às vezes, continuem nos apresentando a realidade de maneira diferente.
E isso é democraticamente escandaloso, porque o poder político é eleito nas urnas, mas o poder midiático e o poder econômico não são e, assim, não têm legitimidade democrática.
Além disso, o poder econômico domina cada vez mais o poder midiático, porque controla, compra e concentra esses meios.
E nós estamos em uma situação orwelliana, na qual os donos da produção industrial são, ao mesmo tempo, os senhores dos sistemas de manipulação das mentes.”
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