sexta-feira, 2 de maio de 2008

FRUSTRADOS RESMUNGAM QUE O SUCESSO DE LULA É CONTINUIDADE DE FHC

Também no blog “por1novobrasil” de Jussara Seixas li hoje outro artigo muito bom.

Foi produzido por Gilson Caroni Filho, professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e do Observatório da Imprensa. Foi publicado no blog http://republicavermelha.blogspot.com.

Transcrevo:

INVESTMENT”, CONTINUIDADE DE QUÊ?

“Há seis anos o cenário era de terra arrasada. Renda estagnada, taxa de desemprego em patamares altíssimos e dívida pública de 58% em relação ao PIB compunham a aquarela de “uma política econômica clássica".

Também fez parte dessa política do consórcio PSDB/PFL um processo de privatização criminosa do Estado brasileiro.

Embora não sejam os olhos de Capitu, os jornalistas brasileiros costumam produzir textos oblíquos e dissimulados.

A decisão da agência de risco Standard & Poor's de promover o país à condição de "investment grade” fez com que a grande imprensa se esmerasse na produção da sinuosidade tão apreciada pelo "leitor Bentinho" de todo dia.

Aquele que tem ressaca cívica na retina e não percebe que o arrazoado conservador, para o qual dobram os sinos de todas as editorias, é o cemitério da ética.

Embaralhando fatos e datas, a elevação do Brasil a grau de investimento foi anunciada como coroamento de um processo iniciado nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. O mérito de Lula teria sido apenas o de dar continuidade à política econômica tucana.

É como se um suposto neoconservadorismo petista demonstrasse empenho e competência na gestão da velha ordem, aperfeiçoando-a em muitos casos. Nada mais farsesco.

Carlos Alberto Sardenberg, comentarista econômico da TV Globo e âncora da rádio CBN, escreveu em seu blog que "a classificação não depende de um ponto exclusivo, mas do conjunto da obra. E a obra é uma política econômica clássica, cujo construção começou com o lançamento do real em 1994, e seguiu com vários passos, sendo os principais: a introdução do regime de metas de inflação em 1999, do regime de câmbio flutuante também em 1999 e a definição de leis e normas que colocaram as contas públicas sob controle".

Ou seja estaríamos diante de um processo evolutivo, sem rupturas ou descontinuidades.

Pura prestidigitação. O que se apresenta como registro jornalístico é uma peça ideológica que busca, através do falseamento, ocultar agendas totalmente distintas.

O que deve ser embaçado é o êxito que contradisse a certeza de tantos editoriais.

Contrariando todos os prognósticos do campo neoliberal, Lula assumiu o governo, administrou uma política de transição necessária e, paulatinamente, priorizou o mundo do trabalho e o capital produtivo.

Nesse 1º de maio, a prática como critério de verdade pede que se resgate o passado recente. E, nele, ao contrário do que apregoam articulistas, não há argamassa que sustente a construção de alvenaria que o tucanato pretende erguer.

Há seis anos o cenário era de terra arrasada. Renda estagnada, taxa de desemprego em patamares altíssimos e dívida pública de 58% em relação ao PIB compunham a aquarela de “uma política econômica clássica". Em oito anos, o índice de inflação acumulada foi de 100,7%.

Não esqueçamos que fez parte do "equilíbrio macroeconômico” do consórcio PSDB/PFL (atual DEM) um processo de privatização criminosa do Estado brasileiro que torrou, a pretexto de sanear a dívida pública, US$100 bilhões de ativos públicos. E, aos que hoje vociferam contra uma política fiscal expansionista, lembremos que nos tempos da insensatez tucana a carga tributária pulou de 28,3% para 35,7% do PIB.

Nesse ponto cabe uma inflexão.

Um governo que, dialogando com os movimentos sociais, suspendeu o sucateamento do patrimônio público e recuperou o papel indutor do Estado guarda alguma relação com o que lhe antecedeu?

A redução efetiva da dívida pública, o saneamento financeiro do Estado e uma política de crédito de inegável teor inclusivo é continuação da subordinação aos ditames do mercado?

Se há linearidade, ela só ocorre na contrafação de velhas editorias. As mesmas que viram no patrimonialismo de FHC o acerto de contas com a modernidade e, hoje, vêem aparelhamento em um Estado recuperado.

Quando Fernando Henrique Cardoso diz que “já deveriam ter dado a nova classificação há mais tempo", paira uma ambigüidade: há nessa afirmação uma autocrítica inédita ou ela revela uma privação de sentido?

Com a palavra, os saudosistas do cassino.”

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