sexta-feira, 30 de maio de 2008

RECORTES-7: O BRASIL DO PSDB: O LIBERALISMO ECONÔMICO E A POBREZA

SÉRIE “RECORTES”

Inaugurei esta série em 18 de maio. Este é o sétimo artigo.

Ela começou porque reencontrei uma pasta com recortes e anotações que eu fazia desde a década de 80, até há poucos anos.

Hoje, trago à luz um recorte com o editorial de 22 de setembro de 1999 do jornal tucano e hoje serrista “Folha de São Paulo”, escrito em plena era PSDB/FHC/PFL-DEM.

Por que escolhi esse texto? Porque a mídia, inclusive o mesmo citado jornal, e parte da população (a mais privilegiada) batalham intensamente pela volta do PSDB e DEM-PFL ao poder este ano e em 2010. Assim, é um serviço até de utilidade pública relembrar aos eleitores como esses partidos atuaram quando estiveram no governo por oito anos.

Todos sabemos da liberalização e da privatização (estrangeirização) extremadas da economia brasileira conduzida por eles na década de 90. E assim fizeram sem exigir reciprocidade dos países ricos e industrializados, que foram os principais interessados e beneficiários daquela nossa dita “modernizante” e dadivosa abertura “neoliberal”.

Mas, foi bom?

Para responder a essa pergunta, transcrevo o referido editorial da Folha. Ele aponta indireta e respeitosamente os erros dos tucanos. Foi uma cerimoniosa ginástica do jornal para transmitir aquelas revelações, pois ele sempre foi um importante apoiador e pautador daquele governo:

“POBRES AINDA MAIS POBRES”

Os surtos de desenvolvimento econômico vividos por países periféricos ficaram conhecidos com “milagres”. A crise recente torna essa expressão cada vez mais adequada.

É o que revela o relatório da Unctad divulgado na última segunda-feira. Seus dados mostram que, em 1998, pela primeira vez nesta década, os países em desenvolvimento cresceram menos que os países ricos. Ou seja, os ricos ficaram mais ricos e os pobres ainda mais pobres.

Somente dois países emergentes escaparam a essa sina: China e Índia. Não por acaso, sublinham os técnicos das Nações Unidas, foram nesses dois casos que se registrou a maior capacidade de resistência à liberalização econômica.

O relatório da Unctad surge logo após a divulgação de outro estudo, preparado pelo Banco Mundial, sugerindo a mesma conclusão: o liberalismo sem condições, a abertura comercial, beneficiou os países mais ricos e suas multinacionais, enquanto a miséria, a desigualdade e o atraso econômico continuaram a dominar o cenário nos países mais pobres.

O relatório da Unctad também lança dúvidas sobre as perspectivas de recuperação das economias emergentes nos próximos anos. O cenário financeiro mundial será marcado pela fragilidade e por novos ricos. E a Unctad alerta para uma mudança de comportamento de governos que, não mais temendo uma recessão global, ficaram complacentes.

Na América Latina, em especial no Brasil, há um novo alerta sobre os níveis excessivos de endividamento e dependência de capitais externos.

Nada disso é novo. Infelizmente, os economistas mais críticos, que há anos vinham alertando para os riscos da liberalização excessiva, encontraram ouvidos de mercador entre certas elites que se beneficiavam dos créditos externos então baratos.

Agora, a conta está chegando e, como sempre, será paga pela maioria mais pobre e, graças à onda de liberalização das economias em desenvolvimento, ainda mais desprotegida.”

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