sexta-feira, 20 de junho de 2008

EX-PRESIDENTE DE PORTUGAL ESTRANHA A MÍDIA BRASILEIRA

O ex-presidente de Portugal Mário Soares publicou este ano em seu site uma precisa apreciação sobre o comportamento parcial e partidário da grande mídia brasileira nos últimos anos. Li, ontem, o texto de Mário Soares no site “Conversa Afiada” do jornalista Paulo Henrique Amorim.

Antes de transcrevê-lo, vejamos um pouco mais sobre o autor, com a ajuda do site “Wikipédia”.

MÁRIO SOARES

Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa, em 7 de dezembro de 1924. O pai, João Lopes Soares foi sacerdote, pedagogo e ministro na 1ª República, tendo também combatido o regime salazarista.

Mário Soares licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1957.

Fundador do Partido Socialista de Portugal, em 19 de abril de 1973, Mário Soares foi um dos maiores resistentes antifascistas, pelo que foi preso doze vezes, deportado para São Tomé até se exilar na França, onde desenvolveu trabalho em várias universidades.

A 28 de abril de 1974, depois da Revolução de 25 de abril, desembarcou em Lisboa, vindo do exílio em Paris

Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de maio de 1974 a março de 1975.

Mário Soares foi um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas.

Em março de 1977 iniciou o processo de adesão de Portugal à CEE e subscreveu, como Primeiro-Ministro, o Tratado de Adesão, em 12 de julho de 1985.

Foi Primeiro-Ministro de Portugal nos seguintes períodos:
I Governo Constitucional entre 1976 e 1977;
II Governo Constitucional em 1978;
IX Governo Constitucional entre 1983 e 1985.

Foi Presidente da República entre 1986 e 1996. Na eleição de 22 de fevereiro de 2006, obteve o terceiro lugar, com 14% dos votos.

A MÍDIA BRASILEIRA, POR MÁRIO SOARES

Reproduzimos a seguir o texto extraído por Paulo Henrique Amorim do site da Fundação Mario Soares. Tem a data de 25 de fevereiro de 2008:

“Quem ler os jornais, cheios de ‘faits divers’ e de escândalos e seguir as televisões, parece que o Brasil está à beira de um colapso. Casos de corrupção, de violência nas cadeias e nas favelas, insegurança generalizada.

Ora, não é assim. O Brasil está hoje ‘na maior’, para usar uma expressão bem brasileira.

A inflação é baixa e está totalmente controlada. O emprego tem subido espetacularmente. A pobreza extrema diminuiu sensivelmente. O Brasil pagou as suas dívidas externas e dispensou os auxílios do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. O real tem uma cotação próxima do dólar. As exportações aumentaram 162 bilhões de dólares nos últimos 12 meses (o maior valor histórico). As reservas internacionais subiram a 162,9 bilhões nos últimos doze meses. Os investimentos externos no Brasil crescem há 14 trimestres consecutivos.

Não quero maçar os leitores com os números. Direi tão só que a qualidade de vida dos brasileiros tem vindo a aumentar significativamente. Há um aumento de renda que permite aos mais pobres comprarem frigoríficos, máquinas de lavar, televisões, etc. A agricultura cresceu. Os programas "bolsa de família" e "luz para todos" têm sido um êxito reconhecido.

E os brasileiros estão francamente otimistas quanto ao futuro, como revelou uma sondagem muito completa divulgada quando eu estava no Brasil.

Lula aparece no auge da sua popularidade. Como dizem os brasileiros, com uma expressão característica: "o Brasil está a dar certo"!

Não é só um "país emergente". Tornou-se, realmente, numa grande potência. O que representa um enorme orgulho para Portugal e um parceiro insubstituível. Longe vão os tempos em que, com Stefan Zweig, se escrevia: "Brasil, país de futuro". Hoje é uma incontornável realidade!”

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