Todos nós lembramos bem do caso daquele delegado da Polícia Federal que, na véspera do 1º turno da eleição para presidente em 2006, chamou a imprensa e vazou para alguns jornais fotos de uma montanha de dinheiro. Fortuna que, segundo ele, seria utilizada por pessoas “ligadas ao PT” que teriam a intenção de comprar um suposto dossiê sobre o caso real de aquisição de centenas de ambulâncias hiper-faturadas por prefeituras, tucanas na maior parte. Dossiê que logo foi julgado e tratado pela mídia de “falso dossiê”.
Todos nós lembramos, também, que os três principais jornais da oposição, o Globo, a Folha e o Estadão, estamparam na primeira página aquele monte de dinheiro, todos os três com a foto com 75% do tamanho da página.
Lembramos, também, que os três citados jornais dedicaram somente uma estreita parte daquelas páginas frontais para o maior acidente aéreo do Brasil que acontecera na noite da véspera, quando um avião de empresa dos EUA em posição errada (“na contramão”) chocou-se com um avião da GOL, matando todos os tripulantes e passageiros.
Lembramos, ainda, que o Jornal Nacional daquela véspera de eleição resolveu, muito estranhamente, não dar a notícia daquele enorme acidente aéreo e dedicou quase todo o seu tempo para a foto do dinheiro e elucubrações em torno do tema.
Enquanto tudo isso acontecia, inclusive, dizem os analistas, levando a reeleição de Lula para o 2º turno, todos os ministros do STF ficaram mudos, inclusive o muito falante e televisivo Marco Aurélio de Mello (TSE/STF).
Essas lembranças, bem como o ditado popular “pimenta nos olhos dos outros é refresco” e a expressão “vale tudo pela volta do PSDB e DEM-PFL ao poder” me vieram à tona, não sei por que, ao ler a seguinte notícia da Folha Online, publicada agora à tarde (15h36) em texto de Renata Giraldi:
GILMAR MENDES COMPARA QUEM VAZA INFORMAÇÕES DA PF A "GÂNGSTERS"
“Indignado com o vazamento de investigações da Polícia Federal, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, cobrou nesta terça-feira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus auxiliares diretos que atualizem a lei de abuso de autoridade, que é de 1965. Gilmar comparou o vazamento de dados a "coisa de gângster" e não de "agentes de Estado". Segundo ele, o que ocorre no país hoje é um "quadro de intimidação" típico de "terrorismo".
"É preciso encerrar com esse quadro de intimidação. É fundamental que o presidente da República, o ministro da Justiça [Tarso Genro] e o diretor da Polícia Federal [Luiz Fernando Corrêa] ponham cobro a esse tipo de situação", disse Gilmar, ao fazer um balanço sobre a atuação do Judiciário no primeiro semestre do ano.
Gilmar disse que, em geral, as informações de investigações em curso na PF costumam vazar com o objetivo de "retaliar" os magistrados. Como exemplos, ele citou a si próprio, quando teve o nome envolvido, no momento em que policiais investigavam um homônimo seu nas denúncias [sobre a] empresa Gautama.”
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