Em 29 de janeiro deste ano, poucos dias após o início deste blog, postamos um artigo intitulado: “O BRASIL DEVE RETORNAR AO NEOLIBERALISMO E AO ‘ESTADO FRACO’?”. Relembrei a década de 90 no Brasil para que compreendêssemos o que realmente está por trás da intensa luta da imprensa e da oposição, há seis anos, para a volta da direita (PSDB/DEM-PFL) ao poder.
Transcrevo agora somente um trecho:
“A DÉCADA DE 90 NO BRASIL
Aquela década de 90 foi demasiado esdrúxula no Brasil. Pressões marcantes desencadeadas do exterior, especialmente dos Estados Unidos (EUA) induziram radicais mudanças de pensamento e de procedimentos no Brasil.
As induções vinham com forte apoio governamental e de significativa parte da mídia internacional e brasileira. Autoridades, jornais, publicações, programas de rádio e televisão reiteravam diariamente as mesmas mensagens.
Foram massificadas pela mídia concepções julgadas muito mais “modernas”. Diretrizes novas que nos levariam para o primeiro mundo. Exemplos: economia totalmente aberta, com livre circulação de capitais financeiros, serviços e mercadorias, sem barreiras tarifárias; total desregulamentação do mercado financeiro; regulamentação econômica tipo laissez faire; Estado-mínimo, não-regulador da atividade econômica, não-promotor do desenvolvimento, voltado apenas para o social; Estado-enxuto, onde o planejamento estratégico e o comando da economia também são funções do mercado e devem passar para os investidores privados (*); reforma admnistrativa do Estado para adequá-lo à Nova Ordem Mundial; e muitos outros “avançados” conceitos nos eram martelados. (*) OBS.: No ponto em que o Brasil chegou no final do século, os acima citados 'investidores privados brasileiros' passaram a ser, principalmente, as multi e transnacionais estrangeiras que aqui operavam.
(...) Um ex-Ministro da época (C&T e Refoma do Estado), Luis Carlos Bresser-Pereira, hoje professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), expressou como via os rumos do Brasil na década de 90:
“A idéia de nação desapareceu. Os critérios para a administração do governo federal foram aqueles ditados por Washington e Nova York e têm como gestor o FMI (Fundo Monetário Internacional)” (Folha de S. Paulo (FSP), 01/05/2004). Em 23/05/2004, ele declarou ao mesmo jornal: “Nos anos 90 o Brasil se submeteu a uma ideologia antinacional e permitiu que essa ideologia desorganizasse o Estado brasileiro. O país paralisou-se e ficou sem o conceito de Nação”.
Em 27 de março, em outro artigo escrevemos: “Na década de 90, no Brasil a prioridade era vender, desestatizar e desnacionalizar. Prioritariamente, desnacionalizar as empresas estrategicamente mais importantes para o desenvolvimento nacional e as mais lucrativas, especialmente as que vendem em moeda forte (ex.: Vale do Rio Doce, EMBRATEL, Petrobras, e até a Embraer, que muitos erradamente ainda pensam que os seus donos são brasileiros).
(...) O Brasil naquela loucura fez algo surpreendente e inédito no mundo, que foi muito elogiado no exterior e aqui também. Desprezou totalmente a Segurança Nacional. Foi passar 100% do controle de todos os serviços de telecomunicações de longa distância do país (a EMBRATEL), para somente uma empresa norte-americana! Foi para a pré-concordatária MCI, ex-WorldCom, que veio a ser famosa no mundo pelas gigantescas fraudes contábeis em seus balanços.”
Por que agora relembro tudo isso? Foi porque os norte-americanos, ao provarem uma pequena dose do veneno que nos prescreveram hipocritamente como remédio miraculoso, estão com rompantes de patriotismo. A simples hipótese de uma multinacional de cerveja (InBev) comprar a norte-americana Budweiser é “uma vergonha se a Bud fosse de um proprietário estrangeiro”, como expressou Barack Obama, o menos ruim dos candidatos à presidência dos EUA. E olha que não se trata de empresa estratégica e única nos EUA...
Li essa notícia postada ainda agora (às 20h40) no site UOL, em texto de Sérgio Dávila:
"BUDWEISER BRASILEIRA "SERIA UMA VERGONHA", DIZ OBAMA
"A multinacional belgo-brasileira InBev comprar a cervejaria Anheuser-Busch, fabricante da cerveja mais popular dos Estados Unidos, a Budweiser, "seria uma vergonha", disse hoje Barack Obama.
A companhia comandada por Carlos Brito fez uma oferta hostil à empresa baseada em St.Paul, no Minnesota --e as negociações vêm causando polêmica entre os locais. Há desde rompantes de patriotismo à preocupação com fechamento de fábricas e de vagas. Durante parada de emergência naquela cidade, o candidato democrata respondeu a pergunta sobre o assunto.
"Isso faz parte do sistema de livre mercado", disse ele na tarde de hoje. "Eu acho que seria uma vergonha se a Bud fosse de um proprietário estrangeiro. E eu acho que nós deveríamos conseguir achar uma companhia americana que está interessada em comprar a Anheuser-Busch, se, de fato, a Anheuser-Busch acha que a [sua] venda é necessária".
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