TROPAS RUSSAS DEIXAM BASE GEORGIANA E DIZEM QUE OSSÉTIA DO SUL NÃO ESTÁ MAIS EM RISCO
Li no UOL Últimas Notícias essa informação postada ontem às 16h42, oriunda das agências internacionais:
“REGIÃO DA GEÓRGIA ENVOLVIDA NA DISPUTA COM SEPARATISTAS”
“As tropas russas se retiraram da cidade georgiana de Senaki nesta segunda-feira (11), segundo o ministério russo de Defesa, informaram as agências Ria-Novosti e Interfax. Os russos deixaram a base militar pois concluíram que não há mais risco de que a separatista Ossétia do Sul seja novamente atacada pelas tropas georgianas, que já haviam deixado o local.
A cidade fica a 150 km de Ossétia do Sul e a cerca de 50 km de Abjasia, outro território separatista da Geórgia. "As forças russas ocuparam a base militar de Senaki que havia sido abandonada e onde apenas estavam alguns soldados", disse o porta-voz do Ministério do Interior georgiano, Chota Utiashvili.
Apesar disso, as forças russas ocupam "a maior parte" do território georgiano, segundo afirmou o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili. "A maior parte do território da Geórgia está ocupada", declarou o chefe de Estado em discurso transmitido pela televisão. Segundo Saakashvili, a Rússia quer destruir a Geórgia, após admitir que as tropas russas cortaram a comunicação entre o leste e o oeste do país. "Cortaram (a ligação entre) leste e oeste. É a ocupação da Geórgia, a destruição da Geórgia", disse.
Segundo o presidente georgiano, as tropas russas "bloquearam as vias principais da Geórgia", o país "está bloqueado por terra, mar e ar" e "parte do território foi invadido". Saakashvili ressaltou que "a principal missão do inimigo é que a Geórgia deixe de existir como país livre e próspero, que deixe de existir em geral".
O presidente da Geórgia, que esta manhã assinou em presença internacional o compromisso escrito de cessar-fogo unilateral, lamentou que a comunidade mundial se limite ao "apoio moral" e às "palavras". "Queremos que a bárbara agressão seja detida", ressaltou Saakashvili.
As tropas russas entraram nesta segunda-feira pela primeira vez no território georgiano, fora das regiões separatistas pró-russas da Ossétia do Sul e da Abkházia. Com isso, a Geórgia anunciou que retirou suas tropas da cidade de Gori para reagrupá-las e defender a capital, Tbilisi, enquanto a Rússia negou planos de tomar a cidade. Segundo o governo da Geórgia, as tropas russas, que passaram o dia atacando Gori, onde nasceu Stalin, ainda não tomaram a cidade, informação confirmada pelo ministério da Defesa russo.
LIMPEZA ÉTNICA
O vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, descartou hoje que haja um acordo de cessar-fogo com a Geórgia, um país que acusou de realizar uma "limpeza étnica" na Ossétia do Sul.
"Acuso os líderes georgianos de limpeza étnica, porque sua meta política era eliminar a população, uma ínfima população da Ossétia do Sul, porque sem ela é impossível reintegrar a Ossétia do Sul à Geórgia", afirmou Ivanov em entrevista à rede de TV americana "CNN". "Como resultado do que ocorreu, agora estou totalmente seguro que uma negociação política entre Geórgia e Ossétia do Sul jamais será uma realidade nas próximas décadas", acrescentou.
Perguntado sobre se a Rússia assinaria o pacto de fim de hostilidades assinado pelo presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, Ivanov disse que "não é um acordo de cessar-fogo". "Um cessar-fogo é assinado por ambas as partes quando se reúnem", ressaltou.
ONU
A Geórgia solicitou hoje uma quinta reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para informar sobre a gravidade da situação no país devido à intensificação da ofensiva militar russa contra território georgiano.
"Recebemos uma carta da Missão da Geórgia pedindo a convocação de uma reunião e vamos considerá-la", disse à Agência Efe Peter Van Kemseke, porta-voz da Missão da Bélgica na ONU, que durante o mês de agosto ocupa a Presidência do Conselho de Segurança.
Segundo o belga, os 15 membros do Conselho de Segurança realizarão consultas às 17h na hora local (18h, Brasília) para decidir se aceitam a solicitação georgiana e, caso decidam, iniciarão a reunião pouco depois.
Fontes diplomáticas disseram que é muito provável que a solicitação do embaixador da Geórgia, Irakli Alasania, seja aceita, apesar de que não se espera que a reunião sirva para resolver as diferenças dentro do Conselho de Segurança sobre o conflito.
França, Reino Unido e Estados Unidos, junto a outros países ocidentais membros do Conselho de Segurança, retomaram hoje os contatos para tentar pôr fim ao conflito entre Rússia e Geórgia, disseram à [agência] EFE fontes diplomáticas.
CONFLITO
A Geórgia lançou um cerco à Ossétia do Sul na última quinta-feira (7), enviando tanques para a região separatista, em tentativa de retomar o controle do local. Na sexta-feira (8), tropas georgianas bombardearam a região, considerada um enclave pró-Rússia, em uma ampliação de um conflito que já perdura desde o início dos anos 90. Em resposta, a Rússia tem bombardeado a Geórgia. O confronto já deixou cerca de 40 mil refugiados, de acordo com a Cruz Vermelha.
Com 3.900 km², a Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia, localizada no leste europeu, está em conflito com o governo georgiano desde o fim de 1990. A disputa começou quando a região se autoproclamou "república soviética", mas o parlamento da Geórgia, que estava se separando da URSS, decretou a dissolução da região autônoma.
Desde então, sucessivos conflitos e tentativas de acordo marcam a disputa pela região.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, viaja amanhã à capital russa, onde deve abordar a situação com o chefe de Estado russo, Dmitri Medvedev.”
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