Putin diz que EUA podem ter provocado conflito na Geórgia
Casa Branca diz que declarações de premiê russo 'não são racionais'.
Li esta semana essa matéria da agência inglesa de notícias BBC no jornal O Estado de São Paulo:
“O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, disse em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira que suspeita que, por motivos políticos domésticos, os Estados Unidos tenham provocado o conflito na Geórgia.
O premiê afirmou que ouviu de seus oficiais de defesa que o objetivo da ação americana era beneficiar um dos candidatos à Casa Branca.
"A suspeita é de que alguém nos Estados Unidos criou esse conflito especialmente com o propósito de tornar a situação mais tensa e criar uma vantagem competitiva para um dos candidatos brigando pelo posto de presidente dos Estados Unidos", disse Putin, em entrevista à rede de TV americana CNN.
"Deve-se admitir que eles (os americanos) fariam isso somente se estivessem seguindo ordens diretas de seus líderes". "O fato é que cidadãos americanos realmente estavam na área durante o conflito (na Ossétia do Sul)", continuou. "O lado americano, na verdade, armou e treinou o Exército da Geórgia."
CASA BRANCA
A porta-voz da Casa Branca Dana Perino disse que as afirmações de Putin "não são racionais". "Sugerir que os Estados Unidos orquestraram isso em benefício de um candidato presidencial - não soa racional", afirmou Perino. "Essas alegações, em primeiro lugar e antes de mais nada, são claramente falsas, mas também parece que seus oficiais de defesa que disseram acreditar nisso estão prestando a ele um péssimo serviço", afirmou a porta-voz da Casa Branca.
O conflito na região do Cáucaso se acentuou no início deste mês, quando a Geórgia lançou uma operação militar para retomar a província separatista da Ossétia do Sul, que tem o apoio da Rússia. Forças georgianas, russas e da própria Ossétia do Sul estiveram envolvidas em combates que causaram mortes e destruição na província. Ocorreram ainda choques na Abecásia, outra província separatista georgiana, e ataques russos em outras partes da Geórgia.
O conflito foi encerrado mediante um acordo de cessar-fogo proposto pela União Européia, que previa a retirada das tropas da região. No entanto, a tensão se agravou nesta semana, depois de a Rússia anunciar que reconheceu formalmente a independência das duas províncias rebeldes.
AMEAÇA DE SANÇÕES
Nos últimos dias, diversos países condenaram a decisão do Kremlin.
Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, disse que os líderes da União Européia consideram a possibilidade de impor sanções à Rússia.
Kouchner disse que a França não apresentou nenhuma proposta de sanção mas, como ocupa a presidência rotativa do bloco, buscaria consenso entre os 27 países membros caso a imposição de sanções fosse considerada.
O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, desdenhou as declarações de Kouchner e afirmou que a ameaça de sanções é uma resposta emocional aos problemas na Geórgia.
Também nesta quinta-feira, em uma reunião de cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), a Rússia não conseguiu apoio de seus aliados asiáticos no reconhecimento da independência das duas províncias da Geórgia.
Os delegados da SCO - que reúne Rússia, China e países da Ásia Central - expressaram preocupação com os eventos relacionados à Ossétia do Sul e destacaram a importância de manter a unidade e a integridade territorial de um Estado.
Em meio à crescente tensão, a Rússia anunciou nesta quinta-feira que testou com sucesso um de seus novos mísseis balísticos intercontinentais Topol, lançado de uma base no extremo leste do país.”
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