sábado, 23 de agosto de 2008

IBGE: DESEMPREGO CAI 1,4 PONTO PERCENTUAL EM 12 MESES

Li ontem no blog “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim:

“A PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE mostra que a taxa de desemprego caiu 1,4 ponto percentual em julho deste ano em comparação com julho de 2007. Essa foi a taxa de desocupação mais baixa registrada pelo IBGE desde 2002, quando iniciou-se a PME, num mês de julho. O número de pessoas ocupadas no Brasil aumentou em quase 850 mil nesse período. Ainda entre julho de 2007 e julho de 2008, o número de pessoas que trabalham com carteira assinada cresceu 7,8% e o rendimento do trabalhador cresceu 3%.

O gerente da PME Cimar Azeredo disse em entrevista ao Conversa Afiada nesta sexta-feira, dia 22, que o mercado de trabalho passa por um crescimento “vigoroso”.

“A cada ano cresce em 2% o número de pessoas de idade ativa. A população ocupada cresceu o dobro disso, ou seja, estão sendo contratados mais trabalhadores do que está entrando gente no mercado. E o emprego com carteira assinada está crescendo quase que o dobro do que está crescendo a população ocupada, cresce 7,8%. Então, isso é um resultado muito interessante.... O fato de o mercado estar contratando mais do que o crescimento vegetativo, de você ter mais pessoas sendo contratadas com carteira do que estar entrando na população ocupada, isso mostra que a gente está diante de um mercado vigoroso. E quando você vai lá embaixo e vai analisar o rendimento, que está crescendo 3%, você consegue confirmar que esse mercado está mais favorável ainda”, disse Azeredo.

As cidades que apresentaram maior redução na taxa de desemprego, entre julho de 2007 e julho de 2008, foram: São Paulo, com queda de 2 pontos percentuais; Recife, com queda de 2,5 pontos percentuais e Salvador com queda de 2,4 pontos percentuais.

LEIA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA COM CIMAR AZEREDO:

CONVERSA AFIADA – O IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Emprego de julho e sobre esse assunto eu vou conversar com o senhor Cimar Azeredo, que é gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Senhor Cimar, Há uma queda no desemprego em julho deste ano em comparação com julho de 2007, não é isso?

CIMAR AZEREDO – Sim, nós tivemos uma queda de 1,4 ponto percentual na taxa de desocupação. Essa taxa estimada agora para julho foi a menor taxa para um mês de julho, foi 8,1. Comparando todos os julhos, desde 2002 para cá, é a menor estimativa para um mês de julho. Isso só foi possível porque nós tivemos, de um ano para outro, uma queda de 12,3% no contingente de pessoas desocupadas. Ou seja, reduziu em 266 mil em um ano o número de pessoas procurando trabalho. Em contrapartida, o número de pessoas ocupadas aumentou em quase 850 mil pessoas. Então, essa conjugação de aumento de ocupação e redução de desocupação, fez com que a taxa de desocupação apresentasse uma redução de 1,4 ponto percentual, que é um resultado extremamente favorável.

CONVERSA AFIADA – E o senhor tem alguns pontos para explicar esses resultados?

CIMAR AZEREDO – Nós tivemos uma taxa de desocupação que é a menor taxa de todas para o mês de julho. A gente vem assistindo ao longo desses anos uma redução muito forte da desocupação. Nós tivemos uma primeira redução em abril, depois em maio, em junho a gente teve uma estabilidade em julho também. Essa taxa que passa de 7,8% para 8,1%, isso, na verdade, não aumenta o desemprego, pelo contrário, isso é uma estabilidade, é um quadro de estabilidade. A expectativa é que nós tivéssemos uma redução esse mês. Essa redução não aconteceu. Mas eu acho que um resultado sozinho, só esse pequeno de elevação que se teve agora em julho, não mancha, digamos assim, o comportamento do mercado de trabalho.

Acho que a gente precisa de mais alguns meses para estar avaliando se esse comportamento, se essa pequena elevação que foi percebida na taxa de desocupação pode ser já indício de que algum fator no cenário econômico possa estar, digamos assim, trazendo reflexos negativos ao mercado de trabalho. Até o momento, a situação no mercado de trabalho é extremamente favorável. Por isso que nós temos criação de emprego com carteira, nós temos rendimento em alta, principalmente quando se faz a comparação anual, ou seja, compara julho agora com julho do ano passado.

CONVERSA AFIADA – Só para eu entender esse ponto, quando a gente fala que diminuiu a taxa de desocupação é porque diminui a taxa de desempregados no país, não é isso?

CIMAR AZEREDO – Exatamente. Porque, na verdade, esse termo “desempregados” é um termo que tem uma falhazinha, digamos, de semântica. Desemprego é para quem está sem emprego. Uma pessoa que está, digamos, procurando montar o próprio negócio, que também é considerada uma pessoa desocupada, ela não entra nessa palavra. Então, desocupação e desemprego é a mesma coisa, só que a gente usa a palavra desocupação porque inclui ali não só os desempregados, mas todo mundo que está procurando até montar um negócio.

CONVERSA AFIADA – É possível dizer em que região o desemprego registrou uma queda maior?

CIMAR AZEREDO – São seis regiões que a gente tem a PME realizada. Eu vou falar em cada uma delas para ficar bastante didático.

Em Recife, nós tivemos uma alta na desocupação de 1,6 ponto percentual. Lá é uma das regiões onde o desemprego, a taxa de desocupação é mais alta e de junho para julho aumentou.

Em Salvador, nós temos uma estabilidade. A taxa lá, pelo contrário, foi idêntica à do mês passado.

Quando se vai analisar Belo Horizonte, você percebe também uma queda no desemprego lá, na desocupação: 0,6 ponto percentual. Isso eu estou comparando sempre junho, agora, recente. Porque na comparação anual todas as áreas apresentaram queda.

Se você olhar o Rio de Janeiro, o Rio de Janeiro apresenta uma elevação de 0,7 ponto percentual. Foi uma das regiões, junto com Recife, que teve mais aumento de desocupação ou de desempregados, como queiram chamar. Então, o Rio e Recife foram onde o desemprego subiu mais. Nas demais, ele caiu sempre, inclusive Recife e Rio, caiu no ano, sempre.

Na comparação com junho, por exemplo São Paulo, ficou estável no mês e no ano tem uma queda de 2 pontos percentuais.

E para finalizar, Porto Alegre está estável no mês e no ano uma queda de 1,5 ponto percentual.

Resumindo, no ano caem todas as regiões. A que mais cai é São Paulo. E no mês, na comparação mensal, na comparação com junho último, que a PME também foi produzida, mostrou que Recife e no Rio de Janeiro a situação ficou mais complicada. O desemprego, ali sim, nessas regiões houve aumento de pessoas procurando trabalho.

CONVERSA AFIADA – Na comparação de julho 2008 com julho 2007, onde o desemprego caiu mais foi em São Paulo?

CIMAR AZEREDO – Foi na região metropolitana de São Paulo. São Paulo, Recife e Salvador. Essas três regiões têm a mesma queda.

CONVERSA AFIADA – De quanto?

CIMAR AZEREDO – Recife cai 2,5 pontos percentuais no ano, Salvador cai 2,4 pontos percentuais e São Paulo cai 2 pontos percentuais.

CONVERSA AFIADA – Emprego com carteira assinada, ocupação com carteira assinada, também cresceu?

CIMAR AZEREDO – O interessante nessa sua pergunta é que se você analisar a população ocupada, ela cresce 4% num ano. Certo? A população ocupada. Se você olhar o crescimento vegetativo, ele está crescendo 2%. A cada ano cresce em 2% o número de pessoas com idade entre 10 anos ou mais, pessoas de idade ativa, como nós chamamos aqui. A população ocupada cresceu o dobro disso, ou seja, estão sendo contratados mais trabalhadores do que está entrando gente no mercado. E o emprego com carteira assinada está crescendo quase que o dobro do que está crescendo a população ocupada, cresce 7,8%.

Então, isso é um resultado muito interessante. É interessante no sentido em que entram pessoas no mercado de trabalho. E entraram no mercado de trabalho 836 mil pessoas em um ano. Dessas, 687 mil tinham emprego com carteira, foram contratadas com carteira. Isso um dado aproximado. O fato de o mercado estar contratando mais do que o crescimento vegetativo, de você ter mais pessoas sendo contratadas com carteira do que estar entrando na população ocupada, isso mostra que a gente está diante de um mercado vigoroso. E quando você vai lá embaixo e vai analisar o rendimento, que está crescendo 3%, você consegue confirmar que esse mercado está mais favorável ainda.

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