Li hoje no UOL o seguinte artigo da agência inglesa de notícias BBC:
“Números chocantes. A bolsa de Nova York caiu 777 pontos, 7% numa tarde. A maior queda na história. US$ 1,2 trilhão evaporaram. Todos os americanos perderam.
Parecia 666, a chegada dos Cavalos do Apocalipse. No jogo do bicho, 777 é carneiro. 666 é cabra. Quem é mais manso? Os americanos estão bravos. Reagem nas vísceras contra a Wall Street e contra o Washington. Crédito para reformar a casa, comprar o carro, mandar o filho para a universidade? Dane-se! De quem é a culpa? São oito anos de Bush e republicanismo contra controle de bancos e financeiras. Os números são mais apocalípticos para McCain que, mesmo depois do início da quebradeira, disse que os fundamentos da economia eram sólidos.
Obama ganhou pontos nas pesquisas e no primeiro debate com McCain porque o tema, política externa, estava no território dele. Deu empate que, na opinião das maiorias das pequisas e analistas, é vitória para Obama.
Numa destas imprevisíveis decisões mac-maq, macainiana-maquiavélica, três dias antes do debate, o candidato republicano "suspendeu" a campanha e foi para Washington resolver a crise econômica. Não abriu a boca durante a reunião com o presidente e outros participantes da reunião, entre eles, o senador Obama e os líderes dos partidos mas, antes da derrota da proposta de ontem, McCain era louvado pelos partidários como o homem que tinha se comportado como um líder e convencido seus deputados a aceitar a proposta.
No fim da tarde, depois da rebelião da direita republicana e da derrota do pacote, a culpa era da líder do partido democrata - Nancy Pelosi - que, antes da votação, fez um discurso culpando o presidente Bush e os republicanos pela crise atual.
Dela e do senador Barack Obama, que não liderou sua ala liberal e quase 40% dos democratas que votaram contra a proposta. Se você acha difícil entender a lógica republicana não é culpa sua, nem minha, mas uma coisa é certa. Fogo republicano em Obama. O desespero de McCain vai ser transformado numa campanha implacável. O liberalismo do candidato democrata e suas conexões com rebeldes dos 60 vão ser o foco dos ataques.
Uma delas foi com Bill Ayers, um dos fundadores do movimento radical Weather Underground que, entre outras ações, plantou uma bomba no Pentágono. A campanha de Barack Obama para senador estadual em 95 foi lançada numa reunião na casa de Ayers. Durante anos na prisão, Ayers estudou educação primária. Durante quatro anos, a partir de 95, Obama foi líder de uma fundação chamada CAC, Chicago Annenberg Challenge, inspirada nas idéias de Ayers. Favoreciam uma educação que valorizava valores político-sociais e minimizava matérias convencionais.
Os professores, pelo plano de Ayers, funcionariam como líderes comunitários. Milhões de dólares foram investidos nestas escolas experimentais que desapareceram porque fracassaram nos testes convencionais. Não produziam líderes nem crianças bem educadas.
Nos seus dois livros, Barack Obama não menciona seu trabalho com a CAC. Os republicanos guardaram esta munição para as próximas semanas da campanha quando outras conexões esquerdistas e liberais de Obama serão expostas, distorcidas e multiplicadas. Você há de concordar que, mesmos exagerados, são argumentos comprometedores.
Vamos voltar para a crise da primeira página. Uma pesquisa dos candidatos republicanos que votaram contra o pacote econômico - dois terços do partido - mostra que quase todos ganharam no sufoco nas últimas eleições e não queriam correr o risco de contrariar o eleitorado enfurecido.
A margem de tefonemas e-mails era de 50 a 1 contra pacote. Em alguns Estados, de 90 a 1.
E que fizeram os deputados? Depois de acender o pavio decidiram respeitar o feriado judaico e suspender os trabalhos até quinta, embora já tenham trabalhado em dezenas de outros feriados religiosos e os judeus sejam minoria no Câmara. Os Cavalos do Apocalipse estão chegando? Não. Nem cabras nem carneiros. Nem jeito de bode.”
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