O jornal” Valor Econômico” ontem publicou o seguinte artigo de Paulo Prada no jornal norte-americano “The Wall Street Journal”, com a colaboração de Susan Carey:
“Com o impacto da crise econômica se espalhando por todo o mundo, o tráfego aéreo internacional diminuiu em todos os lugares, menos numa região: a América Latina”.
“Mesmo com a queda dos mercados acionários e das moedas da região este mês, e com as exportações latino-americanas começando a sofrer, as companhias aéreas continuaram a ter bom desempenho na área. O crescimento das receitas na América Latina da American Airlines e da Continental Airlines Inc., duas das empresas com maior alcance na região, ultrapassou os de quaisquer outras rotas internacionais no terceiro trimestre.
No mês que vem, a American, que pertence à AMR Corp., vai lançar novos vôos para o Brasil, a maior e mais promissora economia da região, com um para Recife e Salvador outro para Belo Horizonte. A Delta Airlines Inc. planeja acrescentar em dezembro rotas para o Brasil, a Argentina, a Colômbia, o Equador e Honduras.
"A interação entre a América latina e outros mercados ainda está no começo", diz Peter J. Dolara, vice-presidente da American para Miami, Caribe e América Latina.
Há muito tempo a aérea americana com maiores laços com a região, o que conseguiu ao adquirir, em 1988, rotas da antiga Eastern Airlines, a American acredita "que as oportunidades lá estão começando a se desenvolver. O potencial para viagem nesses países é enorme", diz Dolara.
Na verdade, não há garantia de que a região vai se manter em alta, e fazer negócios na América Latina ainda é em geral difícil para as companhias aéreas americanas.
Executivos da American dizem que demora muito para se obter receita da venda de passagens na Venezuela, onde regras bancárias exigem muitos papéis antes que a empresa possa repatriar o dinheiro. E, apesar de toda a nova estabilidade latino-americana que se seguiu a uma década de reformas em várias de suas grandes economias, a região ainda depende de uma economia forte nos Estados Unidos para impulsionar o comércio internacional e o muito necessário investimento estrangeiro.
"Ela ainda tem uma história de expansões e retrações", alerta Brian Pierce, economista-chefe, em Genebra, da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), entidade do setor.
Algumas rotas para a região continuam direcionadas predominantemente para o lazer e as visitas a amigos e parentes - os primeiros vôos a sofrer quando as condições econômicas pioram.
No México, para onde acrescentou vôos com pequenos jatos regionais, a Delta cortou recentemente o serviço para Querétaro e Léon por causa do aumento do combustível. "Os jatos regionais são muito caros e o próximo tamanho de avião depois deles é muito grande", diz Glen Hauenstein, vice-presidente de planejamento de rede da Delta.
Mesmo assim, o contínuo crescimento na América Latina sublinha o quanto o tráfego internacional continua crítico para a recuperação das empresas aéreas americanas.
Reagindo à crise no setor depois do 11 de setembro de 2001, empresas como a American, a Delta e a Continental transferiram aviões para rotas para o exterior, onde têm menos concorrência de empresas aéreas barateiras e quase sempre podem cobrar tarifas mais altas. Mas a desaceleração das economias européias está agora pesando no lucrativo tráfego de passageiros de negócios. A Ásia, outro mercado que estava bastante aquecido, esfriou tão depressa que muitas empresas aéreas cortaram ou adiaram rotas na China.
Até agora, a América Latina vem desafiando esse padrão. Mesmo com a queda nos níveis de tráfego internacional em setembro em todas as outras regiões do mundo - baixando 7% na Ásia, por exemplo, em comparação a setembro do ano passado -, o tráfego na América Latina cresceu cerca de 2%, segundo a Iata. No ano, o tráfego internacional na América Latina aumentou 12,2% em relação a 2007, enquanto a média global foi de apenas 3,3%.
Até setembro, o rendimento do passageiro, ou o preço pago pelos passageiros para voar 1 quilômetro, subiu 23,2% em rotas entre os Estados Unidos e a América Latina em relação a um ano atrás - bem mais que através do Atlântico, do Pacífico ou dentro dos EUA, segundo a Associação de Transporte Aéreo dos EUA. Para o ano todo, analistas da FTN Midwest Securities Corp. prevêem crescimento em receita por assento disponível por quilômetro, um padrão do setor, de 10% nas rotas latino-americanas, em comparação a 6% nas rotas internacionais das empresas aéreas americanas”.
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