quinta-feira, 30 de outubro de 2008

LULA DEFENDE PAPEL DO ESTADO COMO REGULADOR DO SISTEMA FINANCEIRO

O site “Carta Maior” ontem postou o seguinte artigo de Luciana Lima, da Agência Brasil:

"O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade.

Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 9ª Cúpula Brasil-Portugal, em Salvador.

SALVADOR - “Chegou a hora da política”, disse ontem (28) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao defender o papel do Estado como regulador do sistema financeiro.

Falando na 9ª Cúpula Brasil-Portugal, em Salvador, Lula se colocou contrário aos que defendiam o liberalismo econômico sem a interferência do poder público.

“Teve uma época, por muito tempo, em que os políticos andaram de cabeça baixa diante do neoliberalismo. O que estou defendendo não é o Estado se intrometer na economia, mas é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro”, disse o presidente no pronunciamento que fez, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, José Socrates.

“Fomos eleitos, assumimos compromissos com o povo, e o Estado, diante da crise mundial, volta a ter papel extraordinário, porque todas essas instituições que negaram o papel do Estado na hora da crise procuram o Estado para socorrê-las da crise que elas mesmo criaram”, afirmou Lula.

O presidente também voltou a criticar as empresas que especularam e tiveram prejuízos com a crise mundial.

“As empresas brasileiras têm grandes investimentos, rodovias, ferrovias, siderurgia, portos, agricultura. Trabalhamos honestamente por seis anos para por a economia num padrão respeitável no Brasil inteiro. É por isso que juntamos US$ 207 bilhões em reservas. É por isso que fizemos ajustes fiscais.

Entretanto, por que estamos vivendo sinais da crise? É porque alguns setores resolveram investir em derivativos, fazer um cassino.

Portanto quem foi para a jogatina perdeu. Portanto, ninguém tinha o direito de tentar, diria de forma ilícita, mais que aquilo que o próprio sistema produtivo oferecia ao país”, disse o presidente

Lula enfatizou que os setores da economia devem concentrar seus esforços em ganhar dinheiro com a produtividade. “O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade.

Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete”.

O primeiro-ministro de Portugal, José Socrates, apoiou a colocação do presidente Lula e disse que em Portugal a ação do governo foi a mesma tomada no Brasil, com o objetivo de minimizar os efeitos da crise na economia interna: a de dar mais liquidez aos bancos.

“Concordo com o presidente Lula quando ele diz que chegou a vez da política.

Esse é um momento decisivo e Portugal e Brasil querem ação, não inação, fingir que nada aconteceu”, afirmou o chefe de Estado de Portugal, ao se referir às ações para o combate à crise econômica.

Para Socrates, a crise mundial funcionou como um divisor de águas. Ele ressaltou que não se trata de uma crise cíclica e sim de uma crise grave, “que acontece apenas uma vez na vida de cada pessoa”.

“Existe um antes e um depois da crise mundial. Antes, existia um pensamento único de que qualquer intervenção do Estado seria de forma burocrática, com finalidade de aumentar imposto. Hoje há o entendimento de que é necessária a ação da política para construir essa nova ordem mundial econômica de uma globalização mais justa”, ressaltou.

Lula e Socrates também se uniram na defesa do fortalecimento da União Européia e do Mercosul. “Se não estivéssemos na zona do euro eu não sei que seria de Portugal”, disse Socrates.”

2 comentários:

  1. Fundamental, aquilo que Lula da Silva diz sobre a crise. Oxalá possa ser acompanhado pelos outros líderes, na próxima cimeira do G20. Também vários economistas, como Stiglitz, propõem profundas reformas ao sistema financeiro, como sendo a melhor forma de superar a situação. Injectar dinheiro, baixar os juros ou até nacionalizar a banca, não parece ser suficiente, enquanto as bolsas continuarem a funcionar da mesma forma.
    Se me permitem e com a devida vénia, irei copiar este importante artigo para o meu blogue.

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  2. Prezado Ricardo,
    Desculpe-me a demora na resposta.
    Pode copiar à vontade sempre que achar conveniente. Fico feliz quando o leitor gosta.
    Perfeito, correto e claro o seu comentário.
    Obrigado pela visita.
    Maria Tereza

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