Li ontem no jornal “Valor Econômico” o seguinte texto:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO: Matéria do jornal "Valor Econômico" do dia 21/11”
“Prezado Senhor Editor,
Ao ler o artigo "Os gargalos de um Brasil mal gerido", publicado hoje (21/11), particularmente no trecho em que o controle de tráfego aéreo brasileiro é mencionado e criticado, encontrei-me no dever de tecer alguns comentários a respeito do tema.
Infelizmente, durante o período da crise aérea, diversos textos fora de contexto trouxeram pouca luz sobre um tema tão importante para a sociedade. Tomo a liberdade de citar alguns pontos que merecem ser avaliados diante da complexidade do tema, sob o risco de, uma vez esquecidos, tornarem a reflexão uma mera repetição de falsos juízos de valor.
Como afirma o autor, qualquer acidente aéreo é um evento inaceitável. O problema é pegar ocorrências de modo isolado para, a partir disso, concluir pela qualidade do serviço prestado. Nos últimos 18 anos, o número de acidentes aeronáuticos no Brasil caiu 58,5%, enquanto a frota de aeronaves cresceu 50,8%, de acordo com dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). Na última década, o item controle de tráfego aéreo aparece em último lugar na lista de 23 fatores contribuintes de acidentes investigados no país. Esse histórico, portanto, reflete a qualidade do serviço prestado no Brasil. Cabe agora, diante da ocorrência, tomar lições e melhorar, a exemplo de outros acidentes ocorridos no mundo. A última colisão aérea ocorreu exatamente na divisa entre a Alemanha e a Suíça, em 2002, no coração da Europa: um Tupolev e um Boeing 757 colidiram no ar, matando 71 pessoas.
Seria extremamente oportuna a comparação dos indicadores brasileiros com os de outros países. A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) sugere o inglês no nível 4 (inglês técnico, acrescido de conhecimento de estruturas gramaticais básicas para comunicação efetiva em tópicos comuns) para pilotos e controladores até 2011. Dos 190 países membros, somente 52 atingiram o patamar e outros 89 trabalham para atingir a meta, o que inclui a Alemanha, a Bélgica, a Espanha, a França, a Itália, mais Portugal, Rússia e México, por exemplo, entre outros. O Comando da Aeronáutica investiu, somente no ano passado, R$ 3.342.927,10 em cursos de inglês para os controladores de tráfego aéreo, visando a continuidade da elevação do nível do inglês.
Para o futuro, o Brasil já integra o seleto grupo de países que discute e prepara ações para a implantação do sistema CNS-ATM (Communication Navigation Surveillance/Air Traffic Management ou Comunicação, Navegação, Vigilância/Gestão de Tráfego Aéreo), que representará uma evolução histórica no tráfego aéreo mundial, por meio da utilização de satélites.
Em face ao exposto acima, pode-se sim, afirmar que o Brasil possui as instituições necessárias para prover a segurança do espaço aéreo no País. O sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro é o patrimônio avaliado em mais de R$ 6 bilhões, construído ao longo de quatro décadas e que responde por uma área de atuação quase três vezes superior à dimensão territorial do próprio País. São cerca de 6 mil equipamentos, entre radares, sistema de comunicações, auxílio à navegação aérea e meteorologia, entre outros-, muitos dos quais com redundância, 365 dias do ano, 24 horas por dia, com uma disponibilidade diária de 98% dessa estrutura.
Por fim, torna-se imperioso destacar que voar no Brasil é seguro. Em 2007, os Estados-Membros da OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) elegeram o Brasil, mais uma vez, para o Primeiro Grupo do Conselho da Organização, coroando os esforços da administração brasileira.
Respeitosamente,
Brigadeiro-do-Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica”
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