quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"UMA GUERRA MUNDIAL SEM GUERRA"

O jornal alemão Der Spiegel ontem publicou a seguinte entrevista de Klaus Brinkbäumer com o historiador britânico Niall Ferguson:

NIALL FERGUSON FALA SOBRE OBAMA E A CRISE GLOBAL

“Em uma entrevista a "Der Spiegel", o historiador britânico Niall Ferguson fala sobre a eleição histórica de Barack Obama, as esperanças da Europa em relação ao novo presidente, as conseqüências da crise econômica e a sua idéia da "Chimerica" - a aliança econômica entre Pequim e Washington.

SPIEGEL: VOCÊ FICOU TOCADO QUANDO VIU O FUTURO PRESIDENTE, BARACK OBAMA, EM CHICAGO?

FERGUSON: Sim. Foi um momento muito tocante. Foi similar à libertação de Nelson Mandela. Quando Obama nasceu, em 1961, os casamentos mistos entre negros e brancos ainda eram ilegais em um terço dos Estados norte-americanos.

SPIEGEL: SOB O PONTO DE VISTA HISTÓRICO, ISSO FOI ONTEM.

FERGUSON: É claro. Mas estamos falando sobre a discriminação comum, e não sobre o legado da escravidão. E isso não desapareceu. É incrível que a transformação de um Estados Unidos racista em um país que elege um negro para a Casa Branca tenha sido possível neste espaço de tempo. Até os conservadores mais dogmáticos do mundo têm de ficar tocados.

SPIEGEL: VOCÊ INICIALMENTE APOIOU JOHN MCCAIN?

FERGUSON: Eu mudei de posição nos últimos seis meses devido à extraordinária combinação da genialidade retórica, da calma sob ataque e dos talentos organizacionais de Obama. Esta foi a melhor campanha eleitoral que nós já experimentamos.

SPIEGEL: O QUE NÃO TEM NECESSARIAMENTE QUE SIGNIFICAR UM GRANDE PRESIDENTE.

FERGUSON: O significado disso é suficiente: a morte do racismo, o fim do pecado original norte-americano e, acima de tudo, a reação correta para acabar com a crise econômica. Obama é capaz de estimular auto-confiança porque ele é muito calmo e contido. O que ele fará não será simplesmente acabar com a crise ou garantir que os bancos voltem a emprestar dinheiro. Ele é um político, e não o Messias. Mas ele é capaz de mudar o estado de espírito nacional. Os norte-americanos têm sorte por terem sido capazes de elegê-lo agora, no momento em que o pânico chegava ao ápice. É como se eles tivessem elegido Roosevelt mais cedo, em 1930, e não em 1933.

SPIEGEL: O MUNDO NÃO DEVERIA TER PERCEBIDO QUE ESTA CRISE QUE ESTAMOS EXPERIMENTANDO ESTAVA VINDO?

FERGUSON: Sem dúvida. A crise era óbvia desde 2006. Sei que muita gente não concorda com isso. Essas pessoas estão horrorizadas porque foram pegas de surpresa, e estão em pânico porque o inimigo é interno. O sistema é o inimigo. E elas não entendem as nuances da crise, o que as amedronta.

SPIEGEL: QUANDO EXAMINAMOS AS PREVISÕES FEITAS NO PASSADO, OS HISTORIADORES GERALMENTE TÊM RAZÃO. O QUE VOCÊ PREVIU EM 2006?

FERGUSON: Dívida excessiva. As dívidas dos domicílios privados e das instituições financeiras chegariam a níveis tais que não poderiam mais ser pagas. A seguir veio a bolha imobiliária, quando os preços dobraram, ainda que as casas não valessem o preço pedido por elas. Mas, acima de tudo, houve a ignorância dos banqueiros, dos gerentes de fundos hedge e dos especialistas financeiros na arena política, que não quiseram reconhecer algo que era claro como a luz do dia.

SPIEGEL: VOCÊ REFERE-SE A QUE?

FERGUSON: Que haveria uma crise de liquidez. Que eles ficariam sem dinheiro. "Impossível", era o que todos diziam à época.

SPIEGEL: AO ALEGAR QUE HÁ ANOS PREVIU TUDO ISTO, VOCÊ PARECE ESTAR VALORIZANDO EXCESSIVAMENTE A SUA PRÓPRIA OPINIÃO.

FERGUSON: Ah, mas eu já errei. O meu erro foi com relação ao disparador.

SPIEGEL: O DISPARADOR?

FERGUSON: Eu acreditava que o preço do petróleo seria a causa da crise econômica, e que o disparador necessário seria uma segunda defenestração, uma segunda Sarajevo e, talvez, até mesmo uma guerra. Uma grande guerra de verdade.

SPIEGEL: O IRAQUE E O AFEGANISTÃO NÃO CONTAM?

FERGUSON: São conflitos muito pequenos. Eu acreditava que um acontecimento geopolítico levaria a uma crise de crédito, mas esta crise é tão fundamental que foi capaz de disparar a si própria. O dinheiro desapareceu, e agora as companhias não conseguem mais fazer refinanciamento, não podem mais tomar nada emprestado. Daqui por diante o cenário será sangrento.

SPIEGEL: AS BOLHAS ESTÃO OCORRENDO COM MAIOR FREQÜÊNCIA DO QUE ANTES, OU ISTO É APENAS A FORMA COMO AS PERCEBEMOS? OU SERÁ QUE, HÁ ALGUM TEMPO, A ECONOMIA MUNDIAL CONSISTE EM UMA ÚNICA SUPER-BOLHA, CONFORME AFIRMA O ESPECULADOR GEORGE SOROS?

FERGUSON: Desde 1700 tem havido bolhas grandes e pequenas seguidas. Primeiro houve a bolha da tulipa e, a seguir, em 1890, foi a vez das minas de ouro. Não, nós sequer mudamos as regras do jogo. Se um banco central disponibiliza empréstimos para especuladores a taxas de juros baixas, temos uma bolha. Isto é algo garantido. Ontem, hoje e amanhã.

SPIEGEL: VOCÊ CONSIDERA SEM SENTIDO O PLANO DO GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS PARA O RESGATE DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS OU O INVESTIMENTO EUROPEU NOS BANCOS?

FERGUSON: Não, mas não se sabe se eles funcionarão. Temos uma situação como a de 1914 ou 1931, e as autoridades financeiras e fiscais aprenderam com a história. Elas estão fazendo a coisa certa. Estão tentando tudo para impedir que entremos em uma Grande Depressão.

SPIEGEL: COM SUCESSO?

FERGUSON: Isso nós veremos. Até o momento, sucesso significa que um número relativamente pequeno de bancos faliu, enquanto que na década de 1930 foram milhares. Naquela época, nos Estados Unidos, o produto interno bruto caiu 30% e o desemprego chegou a 25%. Desta vez temos uma recessão dolorosa, mas nenhum número como aqueles. O que eu critico realmente é o fato de ter se perdido tanto tempo.

SPIEGEL: COMO RESULTADO DISTO, O QUE SE PERDEU?

FERGUSON: Flexibilidade. Influência. Muito dinheiro. Muitíssimas soluções possíveis. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos deveria ter viajado a Pequim e solicitado investimentos em bancos norte-americanos, o que teria beneficiado a todos. Quem combate uma crise no início é capaz de impedir que os efeitos delas tornem-se muito enraizados.

SPIEGEL: SERÁ QUE ACABOU A CONFIANÇA NA CAPACIDADE DO MERCADO DE PURIFICAR A SI PRÓPRIO?

FERGUSON: Sim. Mas foi necessário um verdadeiro Armagedom para fazer com que os republicanos entendessem. Foi preciso uma guerra mundial sem guerra, um estado de emergência. Agora estamos respondemos da mesma maneira que na Primeira Guerra Mundial: com moratórias, suspensão de comércio, novo dinheiro. É fascinante. E isto não foi culpa de Alan Greenspan...

SPIEGEL: ...O EX-PRESIDENTE DO FEDERAL RESERVE BANK...

FERGUSON: ...que acreditava que o mercado regularia tudo. Mas, mesmo assim, culpar pessoas é algo muito simplista. Todos nós temos culpa. Quem nos Estados Unidos ou na Grã-Bretanha não pegou financiamento para a compra de uma casa que era muito cara ou para a aquisição de um carro? E, a seguir, todas essas bolhas foram ficando muito parecidas, mas o mundo financeiro é imune a esta coisa toda.

SPIEGEL: POR QUÊ?

FERGUSON: A maioria dos administradores deixa o sistema educacional completamente mal equipado para instruir a respeito das decisões que terão que ser tomadas. Eles aprendem negócios como uma disciplina matemática. Não sabem nada sobre o que aconteceu antes do início das suas carreiras. Muita gente que trabalha atualmente em Wall Street não sabe sequer o que ocorreu em 2000, após a bolha da Internet.

"UMA CRISE DO MUNDO OCIDENTAL"

SPIEGEL: O SISTEMA ENSINA AS PESSOAS A SEREM IRRESPONSÁVEIS?

FERGUSON: Sim. E também ingênuas. Estas pessoas sentiam que nada poderia sair errado de 2001 a 2007. Quando isso acontece, as pessoas são tentadas a fazer com que as suas experiências próprias façam parte da teoria da história financeira.

SPIEGEL: É UMA COINCIDÊNCIA O FATO DE ESTE CRASH TER COMEÇADO NOS ESTADOS UNIDOS?

FERGUSON: Ele poderia ter começado em qualquer lugar. O sistema era uma pirâmide invertida, uma pirâmide feita de securities, derivativos, apostas e empréstimos, e tudo isto equilibrava-se sobre um vértice frágil que consistia em hipotecas. Se isto tivesse ocorrido em algum outro lugar, as conseqüências simplesmente não teriam sido tão drásticas. Mas esta estrutura não tinha como não tombar. Foi uma crise do mundo ocidental, e a seguir transformou-se em uma crise global.

SPIEGEL: BARACK OBAMA REALMENTE MUDARÁ O MUNDO? OU A POLÍTICA MUNDIAL?

FERGUSON: Sim, apenas devido à sua existência. O mundo está aguardando por ele, pronto para um Estados Unidos diferente. O país conta com a oportunidade de refazer-se sem que Obama precise implementar muitas mudanças na política externa. Ele fechará a prisão de Guantánamo e acabará com a tortura. Tudo que Obama precisa fazer é mudar o tom e o jogo mudará, porque é ele que está jogando. Este é o fenômeno real. Apenas pelo simples fato de existir, ele restabelece a credibilidade norte-americana.

SPIEGEL: TEME-SE NA ALEMANHA QUE UM PRESIDENTE OBAMA EXIJA MAIS SOLDADOS PARA O AFEGANISTÃO. POR OUTRO LADO, EXISTE A ESPERANÇA DE QUE ELE IMPLEMENTE POLÍTICAS MULTILATERAIS.

FERGUSON: Tanto o temor quanto a esperança justificam-se. Obama sem dúvida irá se concentrar no Afeganistão, e ao mesmo tempo tentará retirar norte-americanos e obter tropas internacionais. Caso o Irã ou a Al Qaeda tentassem testar Obama, poderia surgir um verdadeiro desafio. A Al Qaeda ainda não foi adquirida pelo J.P. Morgan, e o Irã não abandonará a sua política nuclear apenas porque um negro está na Casa Branca. Ambos os perigos ainda existem. No entanto, acredito que todas essas questões, inclusive Kyoto, passarão inicialmente para um segundo plano porque a crise econômica exigirá a nossa atenção por muito tempo.

SPIEGEL: QUAIS SERÃO AS CONSEQÜÊNCIAS DA CRISE?

FERGUSON: Nova York poderia virar uma Veneza.

SPIEGEL: UM MUSEU DE SI PRÓPRIA?

FERGUSON: Pelo menos no futuro distante, em 100 ou 200 anos. Quanto mais coisas acontecerem na Ásia, melhor será a posição de Londres, até mesmo sob um ponto de vista geográfico. O mesmo, é claro, aplica-se a Xangai e a Hong Kong.

SPIEGEL: A VIDA É INJUSTA.

FERGUSON: O dinheiro nunca foi justo.

SPIEGEL: A EUROPA NÃO ESTÁ MAIS BEM EQUIPADA PARA TEMPOS DE CRISE? MAIS MODERNA?

FERGUSON: Talvez, mas a Europa será atingida com mais força pela crise. No Reino Unido, na Suíça, na Bélgica e na Alemanha a percentagem do produto interno bruto representada pelo setor financeiro é superior a dos Estados Unidos, e é por isso que o impacto será bem maior na Europa. E a Rússia, o Irã e a Venezuela estão sentido na pele a queda do preço do petróleo.

SPIEGEL: EM OUTRAS PALAVRAS, OS ESTADOS UNIDOS PODERIA TORNAR-SE O GANHADOR NA CRISE ATUAL, PELA QUAL O PAÍS É RESPONSABILIZADO?

FERGUSON: Sem dúvida. Os obituários são prematuros. Tudo dependerá de como a China reagir. Os chineses obtiveram estabilidade das taxas cambiais e protegeram o dólar por meio de intervenções artificiais. Eles darão continuidade às suas políticas porque neste momento são donos de uma grande quantidade de dólares e de produtos de exportação que são pagos em dólares. Os Estados Unidos e a China estão envolvidos em um casamento como o da minha mulher e eu.

SPIEGEL: A MULHER...

FERGUSON: (risadas)...gasta o que o marido poupa e ganha. Um equilíbrio muito saudável. E a situação continuará sendo essa.

SPIEGEL: O QUE É TÃO SAUDÁVEL EM RELAÇÃO A ISTO?

FERGUSON: O que sempre ocorre é que uma economia compensa as fragilidades de outras. Não há nada de errado com isso. Os Estados Unidos podem se dar ao luxo de pagar por esta crise, contanto que obtenham dinheiro barato de Pequim - ou seja, pagando juros não muito superiores a 4%. E a China precisa exportar para os Estados Unidos para continuar crescendo. Chimerica...

SPIEGEL: ...É ASSIM QUE VOCÊ CHAMA, NO SEU LIVRO, A ESTRUTURA FORMADA PELAS ECONOMIAS DA CHINA E DOS ESTADOS UNIDOS...

FERGUSON: ...não é uma quimera, mas sim uma aliança funcional. Dentre os três grandes - China, Rússia e Estados Unidos - dois sempre juntam forças em uma coalizão, e nem a China nem os Estados Unidos tem qualquer motivo para preferir a Rússia como parceira.

SPIEGEL: MAS O DÉFICIT NORTE-AMERICANO NÃO PODE SER SAUDÁVEL.

FERGUSON: Bem, agora ele ficará um pouco mais equilibrado. Mas se os Estados Unidos tivessem um orçamento equilibrado, isso seria um choque para o sistema global. Ninguém deseja de fato que isto ocorra. Se os norte-americanos começassem a poupar como os chineses, aí sim teríamos uma Grande Depressão!

SPIEGEL: ESTA FOI UMA DAS PRINCIPAIS ADVERTÊNCIAS DE BARACK OBAMA: "NÓS PEGAMOS DINHEIRO EMPRESTADO COM A CHINA PARA COMPRAR PETRÓLEO NA ARÁBIA SAUDITA". DURANTE A SUA CAMPANHA, ELE PROMETEU REPETIDAMENTE QUE ACABARIA COM ISSO.

FERGUSON: Provavelmente muito em breve alguns assessores de política externa explicarão a Obama que será melhor se ele não mexer na relação com a China.

SPIEGEL: MAS EXISTE ALGUMA VERDADE NESTA SENTENÇA.

FERGUSON: Sim, ela é verdadeira, mas é também uma simplificação exagerada. Os norte-americanos querem comprar produtos baratos, e os chineses são capazes de produzir esses produtos de forma barata. Alguém deseja perturbar esse sistema? Desequilíbrios devem existir em uma economia global. As nações crescem em ritmos diferentes, e o sistema está lá para transferir lucros e poupanças de um lugar para outro. Isto faz muito mais sentido do que a autarquia financeira da década de 1950, quando não havia transações internacionais.

SPIEGEL: É DIFÍCIL ACREDITAR. NO FIM DAS CONTAS, VOCÊ ACREDITA QUE TUDO ESTÁ BEM DESTE JEITO?

FERGUSON: Não, mas a questão não é o déficit ou a dependência norte-americana da China. A China tornou-se um pouco mais auto-confiante e os Estados Unidos um pouco mais inseguros, mas a China não é páreo para os Estados Unidos, nem militarmente nem economicamente. A questão é a dependência do petróleo, o que é uma questão tecnológica, e não financeira.

SPIEGEL: POLÍTICOS RESPONSÁVEIS...

FERGUSON: ...tomariam dinheiro emprestado na China e investiriam em tecnologia limpa, em energia eólica e solar. Isso seria uma estratégia racional. Foi uma loucura pegar dinheiro emprestado com a China e torrá-lo com a especulação no mercado imobiliário.

SPIEGEL: ENTÃO VOCÊ NÃO ACHA QUE OS EMPRÉSTIMOS SÃO O PROBLEMA?

FERGUSON: Nunca foram. Os empréstimos são a base da economia. Não são os empréstimos, são os investimentos. Se você não investir, e apenas consumir, provocará a sua própria ruína.

SPIEGEL: AS RELAÇÕES ENTRE A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS MUDARÃO?

FERGUSON: Sim, mas não da forma que muitos europeus esperam. Democratas e republicanos não são muito diferentes na área de política externa. Na verdade, há muito mais continuidade do que você acreditaria. Obama será a antítese de Bush? Não, porque os interesses nacionais dos Estados Unidos continuam sendo os mesmos.

SPIEGEL: ATÉ O MOMENTO OBAMA NÃO TEVE NENHUMA RELAÇÃO COM A EUROPA.

FERGUSON: E, por esta razão, ele verá a Europa como uma entidade única. Ele ficará surpreso, porque não saberá para quem ligar quando quiser falar com a Europa. A Europa se apresentará para ele como um grupo de Estados soberanos, e Sarkozy, Brown e Merkel desejarão, cada qual à sua própria maneira, ser o melhor amigo de Obama.

SPIEGEL: O QUE O NOVO PRESIDENTE NORTE-AMERICANO SERÁ CAPAZ DE REALIZAR NO CAMPO ECONÔMICO, SE É QUE REALIZARÁ ALGO?

FERGUSON: Ele promete uma sensação de mudança, e não necessariamente uma mudança real. Mas a sensação já é suficientemente importante. Toda esta crise diz respeito a confiança e auto-confiança. Precisamos de um presidente norte-americano que traga renovação.

SPIEGEL: ENTÃO, O QUE OBAMA PODE FAZER?

FERGUSON: Ele pode fazer um excelente discurso de posse.

SPIEGEL: E O QUE MAIS?

FERGUSON: Fazer mais discursos excelentes.

SPIEGEL: ELE NÃO PODE FAZER MAIS DO QUE ISTO?

FERGUSON: Não, porque, dentre os presidente dos quais me recordo, ele será aquele que terá a menor margem de manobra. Obama deseja montar um governo não partidário, e os seus cem primeiros dias no governo serão mais cautelosos do que os de Bill Clinton. Ele será tão cauteloso que será chato. E este será precisamente o seu grande ponto forte.

SPIEGEL: ONDE É QUE O PROBLEMA SE ENCONTRA?

FERGUSON: Em Hank Paulson.

SPIEGEL: O QUE O ATUAL SECRETÁRIO DO TESOURO TEM A VER COM OBAMA?

FERGUSON: Devido ao seu grande plano de socorro às instituições financeiras, Paulson já gastou o dinheiro que Obama destinaria à reforma do sistema de saúde e ao plano de redução de impostos. Esse dinheiro acabou.

SPIEGEL: OBRIGADO POR ESTA ENTREVISTA.”

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