O blog “Cidadania.com”, de Eduardo Guimarães, ontem publicou:
“Ninguém está entendendo a pressão política que será feita sobre o povo do Brasil pela mídia em 2010 para eleger José Serra presidente da República. Não estamos falando de pressõezinhas como essa para convencer o país de que ele afundará num buraco econômico daqui a algumas semanas, não senhor. Prevejo que sobre nós se abaterá a mãe - e a avó, a bisavó e a tataravó - de todas as campanhas midiáticas de tentativa de indução da vontade popular, e isso ocorrerá em menos de dois anos.
Como vocês já perceberam, estamos falando da eleição do próximo presidente da República, assunto que hoje dominará a discussão política devido à pesquisa Datafolha publicada nesta data pelo principal jornal do império de comunicações da família Frias. O jornal afirma que "Serra amplia vantagem para 2010".
Imagino que essa pesquisa foi feita a fim de sustentar o ânimo da militância de oposição depois da paulada que foi a divulgação do crescimento da aprovação de
Lula e para despertar a cobiça do PMDB, porque, num momento em que o governo do país está exatamente no meio de seu mandato, perguntar ao eleitor em quem ele votará daqui a quase dois anos não me parece lá muito científico, ainda que sirva para levantar o debate político sobre o assunto, já que a pesquisa do mesmo instituto que versou sobre a popularidade de Lula também induziu à crença diametralmente oposta da militância governista, à crença em que o presidente caminha para ser o grande eleitor de 2010.
É óbvio que um lado adorou a pesquisa sobre a popularidade de Lula e o outro a pesquisa sobre as incertas chances de Serra daqui a dois anos. A pesquisa sobre Lula, porém, não deveria ser comparada com a pesquisa sobre Serra, pois a primeira diz respeito a fato concreto e presente (a popularidade do petista na condição de governante), enquanto que a segunda versa sobre um quadro eleitoral ainda altamente intangível, mesmo sendo prática antiga da mídia fazer esse tipo de sondagens sobre o futuro distante, pois tais sondagens acabam servindo, sim, para orientar a navegação política.
Na pesquisa Datafolha de hoje, Serra aparece distanciado à frente dos outros candidatos na simulação do primeiro turno da próxima eleição presidencial, à frente de candidatos entre os quais figuram Ciro Gomes e Dilma Rousseff, sendo que o primeiro caiu na pesquisa e a segunda subiu, porém com todos permanecendo distantes do tucano.
No cenário mais provável, Serra subiu de 38% para 41% enquanto Ciro caiu de 20% para 15%. Heloísa Helena manteve seus 14%, e Dilma subiu de 3% para 8%. Como a margem de erro das pesquisas Datafolha costuma ser de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, tanto Serra quanto a soma de seus adversários podem ter 39% dos votos, o que configura empate técnico e permite supor que a eleição, se fosse hoje, poderia ser em dois turnos.
A versão da pesquisa publicada pela Folha peca por apresentar números apenas do primeiro turno da eleição presidencial de 2010 - no site do Datafolha, até o momento em que escrevo a pesquisa ainda não apareceu. Assim, a soma dos votos de Dilma, Heloísa Helena e Ciro - soma que, num segundo turno, é mais provável que se concentre no candidato da esquerda, que seria o candidato de Lula - não aparece. Se aparecesse, a vantagem de Serra diminuiria muito e isso não serviria aos propósitos que geraram a pesquisa.
Mas não importa, manipulações a gente sabe que sempre haverá e que, pelo menos nas últimas duas eleições presidenciais, elas não funcionaram. O mais importante - e o mais difícil - é analisar as possibilidades quando se referem a um ponto tão distante do futuro, sobretudo estatisticamente.
Se a soma dos votos que seriam dados a Heloísa Helena, a Ciro e a Dilma já é igual ao percentual que tem o pré-candidato que a mídia tem poupado de críticas e mantido em evidência há muito tempo como o candidato das oposições em 2010, e isso sem Lula dizer um A em favor de quem apoiará para sucedê-lo - lembremo-nos de que as menções do presidente a Dilma ainda são para lá de tímidas -, o que me parece é que as chances de Serra não são lá essas coisas...
Não se pode esquecer esse dado, de que o governador paulista não enfrenta questionamentos de sua administração, sendo blindado pela mídia. Críticas a ele só serão conhecidas do público quando os outros candidatos tiverem acesso à tevê e ao rádio e puderem criticá-lo. E todos sabem que não importa o quanto uma Heloísa Helena da vida xingue o governo Lula. Seus eleitores são ideológicos, acreditam nos discursos demagógicos dela, mas não votariam na direita, que estará toda com Serra em 2010, como não votaram em Alckmin em 2006.
O exercício especulativo da Folha, portanto, é inútil hoje. Não se sabe como estará a economia em 2010. Se estiver bem, se depois de toda essa crise não sofrermos efeitos sérios, o candidato indicado pelo autor da proeza terá uma força enorme.
Hoje, o quadro é totalmente confuso. Todos tentam se confundir com Lula. Serra andou posando ao lado do presidente. Se a pesquisa opusesse Serra e "o candidato de Lula", fosse ele quem fosse, veríamos números diferentes. Aliás, essa é a única pergunta correta a se fazer hoje. Estão opondo uma ilustre desconhecida como Dilma, um político que saiu de cena faz tempo como é Ciro e uma nanica como Heloísa Helena ao incontestável líder político da oposição. Essa pesquisa, em suma, não diz nada mais do que qualquer um poderia prever sem pesquisa nenhuma, que Serra é mais conhecido que a candidata da continuidade e que outros candidatos de pouca expressão.
Outra ilusão dos anti-Lula é a de que o presidente não conseguiu transferir votos na eleição municipal deste ano. Pura bobagem. O crescimento do PT nesta eleição mostra que o presidente transferiu muitos votos. É que pegaram algumas cidades-símbolo - cidades que vêm pecando pelo conservadorismo há muito tempo - e com elas tentaram passar a idéia de que a popularidade do presidente não influiu nas decisões populares de 2008. Os números dizem exatamente o contrário.
Além disso, Lula venceu disparado a última eleição presidencial sem tampouco ter conseguido transferir votos em Sâo Paulo e em outros Estados que têm resistido mais ao PT, e isso também porque os brasileiros gostam de distribuir os cargos, não concentrando muito poder nas mãos de ninguém, ou seja, de nenhum grupo político.
O peso de um presidente com a popularidade de Lula numa eleição em que estará em jogo a continuidade de seu trabalho - e num contexto que poderá ser parecido com o da campanha eleitoral deste ano, contexto em que predominou largamente a continuidade administrativa devido à satisfação da população com a própria vida - torna a pesquisa divulgada hoje pela Folha muito mais um ato de propaganda política do que um estudo científico. Mas serve para mostrar que os democratas deste país devem se levantar para impedir que meia dúzia de magnatas da comunicação determinem quem governará quase 200 milhões de brasileiros a partir de 2011.”
Eles estão perdidos no aqui e agora, então o que dizer daqui a 24 meses?
ResponderExcluirMuita coisa está para acontecer no cenário político e ainda não temos a certeza de que Dilma será a candidata do governo. Não por nada!
E outra coisa: Porque os DemoTucanos e seguidores imaginam SERRA presidente?
Será que vão trucidar também o Aécio Neves da mesma maneira que fizeram com o Alckmin?
Eles não se deram conta de que o Homem que está na Presidência é um exímio negociador e político cujo carisma se espalha pelo mundo todo.
Por outro lado os parceiros que são chutados pelos DemoTucanos não se conformarão ficar de fora em pról do atual governador de São Paulo.
E agora José?