Li no portal UOL o seguinte artigo de Juan Arias publicado ontem no jornal espanhol El Pais (tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves):
“O presidente francês, Nicolas Sarkozy, escolheu o Brasil, e concretamente o Rio de Janeiro, para sua última viagem oficial como presidente da União Européia para fechar com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma série de importantes acordos bilaterais entre a França e o Brasil. Sarkozy, que veio acompanhado de sua mulher, Carla Bruni, confiou a Lula que a Europa "quer caminhar de mãos dadas com o Brasil".
Entre os acordos que serão assinados se prevê a construção no Brasil de 50 helicópteros com tecnologia francesa que serão usados pela Força Aérea Brasileira.
No campo da defesa, foi confirmada a compra pelo Brasil de quatro submarinos convencionais do tipo Scorpenes, além de um submarino movido a propulsão nuclear.
Segundo fontes do governo francês, uma parte desses submarinos será construída no Brasil. Lula insistiu ultimamente que o Brasil precisa recuperar prestígio também no campo da defesa. Os submarinos teriam entre outras missões a de defender as águas onde o Brasil tem suas grandes jazidas de petróleo.
Os dois países também vão trabalhar juntos na área de educação, para uma troca de experiências em projetos de cursos de formação profissional, uma das grandes lacunas do Brasil. Exatamente, o ministro da Educação brasileiro, Fernando Haddad, acaba de anunciar que o ensino de segundo grau, que em breve deverá ser obrigatório, será "profissionalizante". E o Brasil espera receber da França experiências nesse campo.
Outras áreas de possíveis acordos entre os dois países, além da defesa e da educação, seriam o meio ambiente e a energia nuclear. Sarkozy vai pedir ao governo brasileiro, em nome da UE, uma diminuição dos gases poluidores através de um maior combate ao desmatamento na Amazônia, uma das causas fundamentais dessa poluição ambiental. Todo ano se produzem na Amazônia mais de 20 mil incêndios criminosos.
O presidente da França defendeu na segunda-feira em seu encontro no Rio com seu colega brasileiro que o Brasil ocupe um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, que é o grande desejo de Lula. Sarkozy foi enfático: "O Brasil não é uma potência de amanhã. É uma potência de hoje, e a Europa quer trabalhar de mãos dadas com o Brasil", afirmou. O presidente francês lembrou que a UE ama o Brasil e apontou: "Nós também na França amamos o Brasil, mas queremos demonstrar isso com ações e acordos comuns".
Segundo Sarkozy, o Brasil será fundamental em 2009 no combate à crise econômica mundial. Nesse aspecto ambos os presidentes se encontraram à vontade para criticar os "especuladores da vez", segundo eles causadores da crise mundial cuja culpa recai, segundo Lula, 60% nos EUA.
Para Sarkozy, hoje o mundo precisa principalmente de verdadeiros empresários. "Não queremos mais um mundo de especuladores, queremos um mundo de empresários, e para mudar o mundo temos de nos unir. A Europa sozinha não será capaz de realizar essa mudança", afirmou, salientando que a Europa precisa do Brasil.
Lula, por sua vez, abordou diante do presidente da UE o delicado tema de se a crise mundial poderá ser resolvida com mais Estado ou com mais empresa. "Eu não defendo a idéia de que o Estado se intrometa na economia para demonstrar que entende de administração de empresas, mas se o Estado não for o indutor do desenvolvimento, se não tiver força e mecanismos para controlar quando chega uma crise como esta, não existe banco nem empresário que não se volte para a figura do Estado e pergunte: o que vamos fazer agora?" afirmou Lula.”
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