Li ontem à tarde no site “vermelho” o seguinte artigo escrito por Paulo Henrique Amorim, no seu site "Conversa Afiada":
"Já houve um tempo em que Roberto Marinho gostava muito da Petrobras. Não podia sair nenhuma notícia na editoria de Economia dos telejornais da Globo sobre a Petrobras que não fosse autorizada por ele.
As manchetes do jornal O Globo sobre a Petrobras tinham uma consistência: precediam ou sucediam bruscos movimentos de alta ou baixa das ações da Petrobras. Era uma coincidência… O Dr. Roberto sabia, sempre, antes, quem seria o Presidente da Petrobras.
Um dia, quando eu tinha uma coluna sobre Economia no Jornal da Globo, anunciei um dia antes que o presidente da Petrobras seria Helio Beltrão. No dia seguinte, o Dr Roberto me chamou à sala para explicar com suavidade e firmeza — como era o seu estilo pessoal — que, ali, na Globo, notícias como aquelas exigiam a autorização dele.
Ponderei que, afinal, aquilo era um furo meu, e que eu me comprazia em dar furos “na minha coluna no Jornal da Globo”. Ele respondeu firme: “a coluna é do Globo, meu filho”. Para ele, a televisão era precedida do artigo masculino.
A relação íntima de Roberto Marinho com a Petrobras se tornou “carnal”, como diria Carlos Menem, no Governo Sarney. Na verdade, Roberto Marinho co-presidiu o Brasil no Governo Sarney. Antonio Carlos Magalhães, no Ministério das Comunicações, era o leva-e-traz dessa parceria.
Agora, os filhos de Roberto Marinho (eles não chegam a ter nome próprio) mantêm uma relação hostil com a Petrobras. Veja, por exemplo, caro leitor, o que disse o Globo online, na noite desta segunda-feira. No jornal impresso, na abertura da seção de Economia, nesta segunda-feira, a chamada é “Abalo Global” (sic) e o título, “Um plano de negócios arriscado — para analistas (???) incertezas na economia podem elevar custo de investimentos da Petrobras”.
O que é uma afirmativa dramaticamente estúpida, já que incertezas na economia podem elevar o custo de investimento da Globo, da Microsoft, da Gazprom, da Basf, British Airways, da Vale, da Votorantim, da GM, do Bahamas – e da minha tia do Grajaú…
A Petrobras anunciou no fim da semana passada, ao fim de uma reunião com o Presidente Lula, que vai investir entre 2009 e 2013 a bagatela de US$ 174 bilhões de dólares. Isso é o PIB de uma meia dúzia de países. Só no ano de 2009 serão US$ 29 bilhões.
Por que os filhos do Roberto Marinho são contra isso tudo? (Será que eles recusarão comerciais da Petrobras no intervalo do jornal nacional?) Por dois motivos. Um, por um motivo ideológico. Uma empresa estatal não pode dar certo. Não pode ter bala.
Embora o Dr Roberto tenha sido “sócio” das oscilações da Petrobras na Bolsa, por muito tempo ele se filiou ao Pai de todos os Colonistas, Roberto Campos, que passou a vida a falar mal do “Petrossauro”. Devidamente estimulado pelas empresas estrangeiras de petróleo, especialmente as americanas, Campos lutou, inutilmente, contra Petrobras.
E foi o colonista do coração de Roberto Marinho, Octavio Frias e dos Mesquita. Todos eles morreram afogados nas águas profundas da Bacia de Campos. Essa é a questão ideológica. A Petrobras não pode dar certo. (É por isso que a notável urubóloga Miriam Leitão contrapõe sempre o fracasso da Petrobras ao sucesso retumbante da Vale, que por sinal, é estatal, ainda…)
Mas, tem também a questão eleitoral. A Petrobras é um dos instrumentos do Governo Lula para conter a crise econômica. Quanto mais a Petrobras investir, menores serão as possibilidades de a economia brasileira ir à breca.
O que interessa ao PiG e aos filhos do Roberto Marinho? Que o Governo Lula fique sentado em cima das mãos, não faça nada e espere a crise ficar co tamanho que o PiG pinta todos os dias.
O sonho do PiG é o Governo Lula se afundar na crise e não fazer nada. E esperar o José Pedágio salvar o Brasil. Faz parte do marketing de José Pedágio pintar uma crise profunda para que ele, São Jorge redivivo, possa salvar o Brasil.
Porque, se o PiG estiver errado e o Governo Lula evitar a crise, o Presidente Lula fará o sucessor. É só isso. A Petrobras tem que fracassar. O Brasil tem que fracassar."
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