Li ontem no site “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim, o seguinte texto:
“Os rendimentos estão mais próximos, mas a distância ainda é brutal
Em 1995, o rendimento dos brancos era 120% superior ao dos negros do Brasil.
Em 2006, o rendimento dos brancos era 93% do rendimento dos negros.
Em 2007, essa diferença caiu para 86%.
Ainda é uma distância “brutal”, diz Marcelo Paixão, professor do Instituto de Economia da UFRJ e de seu laboratório de estudos das relações sociais – o único no gênero, no Brasil.
Esses números fazem parte da segunda edição de um estudo completo das relações sociais, a ser publicado neste ano – e foram antecipados por Ancelmo Góis, no Globo.
O estudo leva em conta não só o salário, mas também rendimentos além do salário – como os ganhos de quem trabalha por conta própria.
E se baseia, principalmente, na PNAD, do IBGE, de 2007.
Que fatores levaram a essa redução – ainda insuficiente, mas, pelo menos, um progresso – da distância dos rendimentos de brancos e negros?
Veja o que disse o professor Paixão, em entrevista a Paulo Henrique Amorim:
1. a queda da inflação, desde o Plano Real
- 75% das mulheres negras que tem rendimento não tem nenhuma proteção legal; no caso de homens negros, a proporção é de 65%.
- uma forma de proteção, por exemplo, é ter conta em banco, para se proteger da desvalorização da moeda;
- assim, quanto menos inflação, mais o negro (homem e mulher) se beneficia
2. o aumento real do salário mínimo
- as piores ocupações são aquelas que pagam salário mínimo ou múltiplo de salário mínimo;
- no setor informal, o salário mínimo também é uma referência para remuneração
3. o novo tipo de aquecimento do mercado de trabalho
- o novo modelo de aquecimento do mercado de trabalho abriu mais espaço para trabalhadores com menos qualificação;
- a incorporação de trabalhadores com menos qualificação deveria ser reforçada por políticas ativas de absorção do negro no mercado de trabalho; ou seja, com ações afirmativas para encorajar a contratação de negros
4. sobre o Bolsa Família
- o estudo do professor Paixão trata de rendimentos e, portanto, não estudou o impacto do Bolsa Família;
- o professor Paixão espera que o Bolsa Família se traduza em capacitar o beneficiado a trabalhar;
- o professor Paixão enfatiza que o Bolsa Família beneficia 11 milhões de famílias brasileiras – e, dessas, 70% são formadas por negros.
5. finalmente, o professor Paixão acredita que a redução da diferença de rendimentos do branco e do negro – e, portanto, a redução da desigualdade de renda – virá com o que chama de “um coquetel” de políticas.”
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