sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

ISRAEL E A ADMINISTRAÇÃO BUSH

Li no site "Monitor Mercantil digital" o seguinte artigo de Manuel Cambeses Júnior publicado na 3ª feira. O autor é Coronel-aviador da reserva da Força Aérea, conferencista especial da ESG, membro titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e vice-diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica:

“Reconhecendo a falta de respaldo popular à causa árabe, as sucessivas administrações presidenciais norte-americanas se ocuparam, desde 1948, em proteger seus aliados nessa conflituosa região do planeta.

Sabendo que o Congresso, fortemente influenciado pela opinião pública estadunidense, assumia a defesa de Israel, a Casa Branca buscava contrabalançar esse apoio ocupando-se dos árabes. Isto, até à chegada da atual administração Bush, o qual voltou seu incondicional apoio a Israel, rompendo, destarte, o tradicional equilíbrio.

Historicamente, o Partido Republicano sempre esteve voltado para uma direita moderada. A partir da década de 1980, entretanto, o partido foi sofrendo uma transformação radical, na medida em que sua base de sustentação fundamental foi fluindo dos estados do Norte do país para o chamado "Cinturão da Bíblia".

Consequentemente, isso produziu forte guinada para uma direita muito mais dura e fortemente impregnada de tendências evangélicas. O mais importante dos componentes do Partido Republicano, nos dias atuais, é a Direita Cristã.

Dentro desta, foi tomando corpo uma sólida aliança com setores conservadores judeus, sob a influência de intelectuais como Don Feder, Dennis Prager e Michael Medved. Por sua vez, Paul Weyrich, um dos pais da chamada "Maioria Moral" (parte da Direita Cristã), é um judeu de tendência fortemente conservadora.

Adicionalmente, uma porção muito significativa dos fundamentalistas cristãos visualizam o conflito entre israelenses e palestinos como porta de entrada ao Armagedon (conflagração do fim do mundo), que haverá de trazer consigo a "segunda chegada" de Cristo.

Sob esta nova ordem de coisas, a Direita Cristã se transformou no maior aliado da direita israelense, fazendo sentir seu imenso influxo sobre a política para o Oriente Médio, da administração Bush.

Paralelamente, os neoconservadores, que juntamente com a Direita Cristã representam o setor de maior influência no interior do Partido Republicano, constituem sólidos aliados da direita israelense. Numerosas vozes vêm alertando contra o apoio incondicional dado pelos neoconservadores a Israel e, em particular, ao Partido Likud.

Steve Bradshaw, uma das comentaristas mais importantes da televisão britânica, recentemente assinalou: "Temos encontrado um tema recorrente nas conversações dos círculos políticos de Washington. Observa-se, claramente, que os neoconservadores são fortemente tendenciosos e desejam colocar abaixo diversos regimes no Oriente Médio, com a intenção de impor a democracia e de ajudar Israel..."

De maneira análoga, Elizabeth Drew, uma das jornalistas mais respeitadas dos Estados Unidos, assim se referiu ao tema: "Devido a que vários dos neoconservadores são judeus e virtualmente todos são fortes defensores das políticas do Partido Likud, circulou a acusação de que seu desejo de democratizar a região está guiado por sua aspiração de rodear Israel de vizinhos mais amistosos".

Efetivamente, um número muito significativo de neoconservadores é de religião judia, o que tem dado margem à acusação de que intentam privilegiar a segurança de Israel por cima dos EUA.

Seja certa ou não esta "agenda oculta", o que vem ocorrendo, em realidade, é seu apoio incondicional a Israel e ao Partido Likud. Desta maneira, o Estado de Israel, conta, na atualidade, com o portentoso suporte dos setores mais influentes do Partido Republicano e da administração Bush.

Oxalá Barack Obama dê um novo rumo a esta malfadada política externa estadunidense voltada para o Oriente Médio.”

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