Li hoje no site “vermelho” o seguinte texto da “Bolpress”, em tradução de Fernando Damasceno:
“Uma das primeiras normas de convivência que se aprende no jardim de infância é que "a maioria manda"; um princípio democrática indiscutível reconhecido em quase todas as nações do mundo é a eleição de governos e políticas de Estado por "maioria absoluta" de votos (50% mais um). Na Bolívia, a oposição minoritária – já derrotada três vezes consecutivas nas urnas – tentou acabar com o governo por meio de violência e agora interpreta que o referendo do último domingo terminou empatado.
O MAS aplicou surras na oposição de direita nas eleições nacionais de 2005 (53%), na eleição de assembleístas de 2006 (51%) e no referendo revogatório de 2008 (67%). Os opositores respiram aliviados porque sua quarta derrota, no referendo constitucional de 25 de janeiro, não foi tão humilhante.
Com 99,63% dos votos apurados, a proposta de nova Constituição Política de Estado foi rechaçada por 38,51% dos bolivianos, tendo perdido em cinco das nove capitais de departamentos do país. No entanto, mais de 60% do eleitorado aprovou a nova Carta.
O lógico seria que as minorias derrotadas aceitassem a decisão da maioria da população, mas na Bolívia os opositores nem sempre respeitam a lógica. O presidente do Senado, Oscar Ortiz, e o dirigente cívico de Santa Cruz Branco Marinkovic entendem que ''não há ganhadores nem perdedores, mas sim um empate técnico''.
Segundo a direita boliviana, o referendo constitucional demonstrou que "a metade do país" disse "não" à Constituição, o que obrigaria Evo Morales a "aprender a reconhecer as distintas visões existentes no país".
A partir dessa leitura, a oposição afirma que chegou o momento de "pactuar" com o governo, ou seja, "combinar" leis interpretativas para cada um dos artigos da Constituição que necessitarem de normas esclarecedoras.
O senador Tito Hoz de Vila (Podemos) antecipa que em toda essa etapa de "acertos" seu partido fará com que sejam respeitados os direitos da "minoria, que não é tão minoritária". "Se quiserem atropelar, estaremos no Senado para ser um fator de equilíbrio, que obrigará o governo a governar para todos, evitando assim o totalitarismo...".
A oposição, fracassada como classe política, foi sepultada pela votação cidadã e agora fala de um novo pacto para revisar uma Constituição que já foi aprovada. "Esse é um insulto à dignidade do povo soberano, à democracia e à inteligência", protestou o deputado Alejando Colanzi (UN).
Segundo Colanzi, a discussão política que se avista será mais de forma do que de fundo, pois o soberano já se definiu contra a classe política que bloqueou toda possibilidade de diálogo e mudanças em mais de 20 anos de democracia.
Também reapareceu no cenário político o ex-presidente Jaime Paz para fazer com que Evo entenda que "40% da população não está de acordo com seu projeto de Constituição, e que essa vontade tem que ser respeitada". O ex-mandatário propôs, como exemplo, a estruturação de um governo departamental que represente a todos os habitantes de Tarija, de modo a blindá-los de "qualquer imposição".
Por sua vez, o senador Ricardo Diaz, do MAS, afirma que os partidos tradicionais não têm moral para exigir porcentagens especiais para a aplicação da nova CPE, pois quando administraram o modelo neoliberal nunca obtiveram mais do que 34% dos votos em nível nacional.
O presidente Evo Morales descartou qualquer negociação com a oposição para modificar o conteúdo da nova CPE, muito menos no que diz respeito às questões agrárias, e se recusou a conversar com o cívico Marinkovic, envolvido em ações anti-democráticas e violentas em 2008.”
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