O jornalista Lustosa da Costa publicou ontem em sua coluna no Diário do Nordeste:
“Até então o PMDB era considerado, pela imprensa, como um partido igual ao PSDB e ao PFL, em busca do poder. De algum tempo para cá, achou a grande mídia que, destruindo o PMDB e suas lideranças, prejudicaria o governo de Lula. De repente, descobriu que o único grande pecador do Senado, - uma casa imaculada, cheia de varões de Plutarco, - era Renan Calheiros, em quem nunca vira pecados quando aliado de Collor e de FHC.
Era tudo para desestabilizar a maioria do governo na Câmara Alta. Como fracassou, porque ninguém acreditou em tais lorotas, descobriu que podia atirar de dentro para fora e aí foi atrás de Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon que estão no partido, há 40 anos e por sua legenda se elegem. Eles, ávidos por manchetes, repetem o que os meios de comunicação querem que digam, que o único partido político brasileiro, ligado à corrupção, é o PMDB. Repetem generalidades, sem apontar crimes nem criminosos.
E multiplicam manchetes sobre os órgãos públicos, controlados por peemedebistas, como se estes não tivessem, integrantes do maior partido de apoio ao governo, direito a seu provimento. E olhem que não apontam um crime cometido, um pecado perpetrado. É só uma tentativa de imobilizar a facção do PMDB que apóia Lula, com vistas à sucessão presidencial."
sábado, 28 de fevereiro de 2009
25 PERGUNTAS A GILMAR "DANTAS"
Li hoje no site “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim:
“O Conversa Afiada reproduz 25 perguntas a Gilmar "Dantas", segundo Ricardo Noblat.
É um oferecimento do amigo navegante Mário Oliveira:
25 PERGUNTAS A GILMAR MENDES…
1.O Sr. sabe algo sobre o “assassinato” de Andréa Paula Pedroso Wonsoski, jornalista que denunciou o seu irmão, Chico Mendes, por compra de votos em Diamantino, no Mato Grosso?
2.Qual a natureza da sua participação na campanha eleitoral de Chico Mendes em 2000, quando o Sr. era Advogado-Geral da União?
3.Qual a natureza da sua participação na campanha eleitoral de Chico Mendes em 2004, quando o Sr. já era ministro do Supremo Tribunal Federal?
4.Quantas vezes o Sr. acompanhou ministros de Fernando Henrique Cardoso a Diamantino, para inauguração de obras?
5.O Sr. tem relações com o Grupo Bertin, condenado em novembro de 2007 por formação de cartel? Qual a natureza dessa relação?
6.Quantos contratos sem licitação recebeu o Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual o Sr. é acionista, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso?
7.O Sr. considera ética a sanção, em primeiro de abril de 2002, de lei que autorizava a prefeitura de Diamantino a reverter o dinheiro pago em tributos pela Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino, da qual o Sr. é um dos donos, em descontos para os alunos?
8.O Sr. tem alguma idéia do porquê das mais de 30 ações impetradas contra o seu irmão ao longo dos anos jamais terem chegado sequer à primeira instância?
9.O Sr. tem algo a dizer acerca da afirmação de Daniel Dantas, de que só o preocupavam as primeiras instâncias da justiça, já que no STF ele teria “facilidades” ?
10.O segundo habeas corpus que o Sr. concedeu a Daniel Dantas foi posterior à apresentação de um vídeo que documentava uma tentativa de suborno a um policial federal. O Sr. não considera uma ação continuada de flagrante de suborno uma obstrução de justiça que requer prisão preventiva?
11.Sendo negativa a resposta, para que serve o artigo 312 do Código de Processo Penal segundo a opinião do Sr.?
12.Por que o Sr. se empenhou no afastamento do Dr. Paulo Lacerda da ABIN?
13.Por que o Sr. acusou a ABIN de grampeá-lo e até hoje não apresentou uma única prova? A presunção de inocência só vale em certos casos?
14.Qual a resposta do Sr. à objeção de que o seu tratamento do caso Dantas contraria claramente a *súmula 691*do próprio STF?
15.O Sr. conhece alguma democracia no mundo em que a Suprema Corte legisle sobre o uso de algemas?
16.O Sr. conhece alguma Suprema Corte do planeta que haja concedido à mesma pessoa dois habeas corpus em menos de 48 horas?
17.Por que o Sr. disse que o deputado Raul Jungmann foi acusado “escandalosamente” antes de que qualquer documentação fosse apresentada?
18.O Sr. afirmou que iria chamar Lula “às falas”. O Sr. acredita que essa é uma forma adequada de se dirigir ao Presidente da República? O Sr. conhece alguma democracia onde o Presidente da Suprema Corte chame o Presidente da República “às falas”?
19.O Sr. tem alguma idéia de por que a Desembargadora Suzana Camargo, depois de fazer uma acusação gravíssima - e sem provas - ao Juiz Fausto de Sanctis, pediu que a “esquecessem” ?
20.É verdade que o Sr., quando era Advogado-Geral da União, depois de derrotado no Judiciário na questão da demarcação das terras indígenas, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem as decisões judiciais?
21.Quais são as suas relações com o site Consultor Jurídico? O Sr tem ciência das relações entre a empresa de consultoria Dublê, de propriedade de Márcio Chaer, com a BrT?
22.É correta a informação publicada pela Revista Época no dia 22/04/2002, na página 40, de que a chefia da então Advocacia Geral da União, ou seja, o Sr., pagou R$ 32.400,00 ao Instituto Brasiliense de Direito Público - do qual o Sr. mesmo é um dos proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos? O Sr. considera isso ético?
23.O Sr. mantém a afirmação de que o sistema judiciário brasileiro é um “manicômio”?
24.Por que o Sr. se opôs à investigação das contas de Paulo Maluf no exterior?
25.Já apareceu alguma prova do grampo que o Sr. e o Senador Demóstenes denunciaram? Não há nenhum áudio, nada?"
“O Conversa Afiada reproduz 25 perguntas a Gilmar "Dantas", segundo Ricardo Noblat.
É um oferecimento do amigo navegante Mário Oliveira:
25 PERGUNTAS A GILMAR MENDES…
1.O Sr. sabe algo sobre o “assassinato” de Andréa Paula Pedroso Wonsoski, jornalista que denunciou o seu irmão, Chico Mendes, por compra de votos em Diamantino, no Mato Grosso?
2.Qual a natureza da sua participação na campanha eleitoral de Chico Mendes em 2000, quando o Sr. era Advogado-Geral da União?
3.Qual a natureza da sua participação na campanha eleitoral de Chico Mendes em 2004, quando o Sr. já era ministro do Supremo Tribunal Federal?
4.Quantas vezes o Sr. acompanhou ministros de Fernando Henrique Cardoso a Diamantino, para inauguração de obras?
5.O Sr. tem relações com o Grupo Bertin, condenado em novembro de 2007 por formação de cartel? Qual a natureza dessa relação?
6.Quantos contratos sem licitação recebeu o Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual o Sr. é acionista, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso?
7.O Sr. considera ética a sanção, em primeiro de abril de 2002, de lei que autorizava a prefeitura de Diamantino a reverter o dinheiro pago em tributos pela Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino, da qual o Sr. é um dos donos, em descontos para os alunos?
8.O Sr. tem alguma idéia do porquê das mais de 30 ações impetradas contra o seu irmão ao longo dos anos jamais terem chegado sequer à primeira instância?
9.O Sr. tem algo a dizer acerca da afirmação de Daniel Dantas, de que só o preocupavam as primeiras instâncias da justiça, já que no STF ele teria “facilidades” ?
10.O segundo habeas corpus que o Sr. concedeu a Daniel Dantas foi posterior à apresentação de um vídeo que documentava uma tentativa de suborno a um policial federal. O Sr. não considera uma ação continuada de flagrante de suborno uma obstrução de justiça que requer prisão preventiva?
11.Sendo negativa a resposta, para que serve o artigo 312 do Código de Processo Penal segundo a opinião do Sr.?
12.Por que o Sr. se empenhou no afastamento do Dr. Paulo Lacerda da ABIN?
13.Por que o Sr. acusou a ABIN de grampeá-lo e até hoje não apresentou uma única prova? A presunção de inocência só vale em certos casos?
14.Qual a resposta do Sr. à objeção de que o seu tratamento do caso Dantas contraria claramente a *súmula 691*do próprio STF?
15.O Sr. conhece alguma democracia no mundo em que a Suprema Corte legisle sobre o uso de algemas?
16.O Sr. conhece alguma Suprema Corte do planeta que haja concedido à mesma pessoa dois habeas corpus em menos de 48 horas?
17.Por que o Sr. disse que o deputado Raul Jungmann foi acusado “escandalosamente” antes de que qualquer documentação fosse apresentada?
18.O Sr. afirmou que iria chamar Lula “às falas”. O Sr. acredita que essa é uma forma adequada de se dirigir ao Presidente da República? O Sr. conhece alguma democracia onde o Presidente da Suprema Corte chame o Presidente da República “às falas”?
19.O Sr. tem alguma idéia de por que a Desembargadora Suzana Camargo, depois de fazer uma acusação gravíssima - e sem provas - ao Juiz Fausto de Sanctis, pediu que a “esquecessem” ?
20.É verdade que o Sr., quando era Advogado-Geral da União, depois de derrotado no Judiciário na questão da demarcação das terras indígenas, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem as decisões judiciais?
21.Quais são as suas relações com o site Consultor Jurídico? O Sr tem ciência das relações entre a empresa de consultoria Dublê, de propriedade de Márcio Chaer, com a BrT?
22.É correta a informação publicada pela Revista Época no dia 22/04/2002, na página 40, de que a chefia da então Advocacia Geral da União, ou seja, o Sr., pagou R$ 32.400,00 ao Instituto Brasiliense de Direito Público - do qual o Sr. mesmo é um dos proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos? O Sr. considera isso ético?
23.O Sr. mantém a afirmação de que o sistema judiciário brasileiro é um “manicômio”?
24.Por que o Sr. se opôs à investigação das contas de Paulo Maluf no exterior?
25.Já apareceu alguma prova do grampo que o Sr. e o Senador Demóstenes denunciaram? Não há nenhum áudio, nada?"
SERRA PODE
SERRA FEZ DOIS EVENTOS COM PREFEITOS E A OPOSIÇÂO E A IMPRENSA ACHAM QUE ELE PODE
A imprensa até se apressa em justificar os eventos de Serra: o blog do Noblat (O Globo), por exemplo, já publicou a explicação do Senador Sérgio Guerra, Presidente Nacional do PSDB: (...) “Serra tem feito, regularmente, encontros com prefeitos para tratar de programas do governo do Estado para os municípios que eles representam” (...) “os prefeitos participantes, que a eles compareceram para trabalhar”.
O portal UOL ontem publicou a seguinte reportagem de Renata Giraldi e Gabriela Guerreiro, da Folha Online, em Brasília:
AGU USA ENCONTRO DE SERRA COM PREFEITOS PARA DEFENDER LULA E DILMA
“A AGU (Advocacia Geral da União) sairá para o ataque contra os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), e do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), para defender a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no encontro nacional de prefeitos -- realizado em Brasília.
Na defesa que será encaminhada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no processo movido pela oposição contra Lula e Dilma por campanha eleitoral antecipada, o ministro José Antônio Dias Toffoli (AGU) afirmará que Serra também promoveu evento semelhante em São Paulo --e que o encontro em Brasília contou com o apoio do governador do DF, que é da oposição.
"[O] encontro nacional de prefeitos e prefeitas contou com a presença de gestores municipais também dos representantes, ou seja, do PSDB e do DEM. Ademais, na programação do evento, o governador do Distrito Federal, destaca-se, do DEM, acompanhou o presidente da República na abertura dos trabalhos", disse Toffoli.
O ministro entregará a defesa no final da tarde de hoje na sede do TSE. Toffoli ainda vai incluir menções a matérias publicadas na imprensa que relatam o encontro realizado por Serra em SP --no qual reuniu cem prefeitos do interior paulista para anunciar liberações de recursos para ações estratégicas do governo.
"Como se não bastasse, neste início de mandato dos novos gestores municipais, conforme reportagens jornalísticas, o governador de São Paulo, destaca-se, do PSDB, também realizou encontro de prefeitos, só que não apenas um, mas dois", diz Toffoli na defesa.
Ontem, ao defender Lula e Dilma, Toffoli afirmou que as presenças de ambos no evento caracterizavam atuação de governo e não partidária nem de campanha. Mas para a oposição, o lançamento de uma série de medidas intituladas de "pacote de bondades" no encontro com os prefeitos indicariam pré-campanha em favor da ministra da Casa Civil.
Antes do Carnaval, o DEM e o PSDB ajuizaram uma ação no TSE questionando o uso do encontro como eleitoreiro.
Em tom de brincadeira, Toffoli negou pré-campanha e comparou o momento político atual com a fórmula 1.
"Não existe nenhuma antecipação de campanha. Se a gente fizer uma metáfora com a Fórmula 1, nem sequer as equipes escolheram seus pilotos e estamos muito longe dos treinos livres e oficiais", disse o ministro. "A oposição acaba é ela fazendo campanha da ministra Dilma.”
A imprensa até se apressa em justificar os eventos de Serra: o blog do Noblat (O Globo), por exemplo, já publicou a explicação do Senador Sérgio Guerra, Presidente Nacional do PSDB: (...) “Serra tem feito, regularmente, encontros com prefeitos para tratar de programas do governo do Estado para os municípios que eles representam” (...) “os prefeitos participantes, que a eles compareceram para trabalhar”.
O portal UOL ontem publicou a seguinte reportagem de Renata Giraldi e Gabriela Guerreiro, da Folha Online, em Brasília:
AGU USA ENCONTRO DE SERRA COM PREFEITOS PARA DEFENDER LULA E DILMA
“A AGU (Advocacia Geral da União) sairá para o ataque contra os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), e do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), para defender a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no encontro nacional de prefeitos -- realizado em Brasília.
Na defesa que será encaminhada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no processo movido pela oposição contra Lula e Dilma por campanha eleitoral antecipada, o ministro José Antônio Dias Toffoli (AGU) afirmará que Serra também promoveu evento semelhante em São Paulo --e que o encontro em Brasília contou com o apoio do governador do DF, que é da oposição.
"[O] encontro nacional de prefeitos e prefeitas contou com a presença de gestores municipais também dos representantes, ou seja, do PSDB e do DEM. Ademais, na programação do evento, o governador do Distrito Federal, destaca-se, do DEM, acompanhou o presidente da República na abertura dos trabalhos", disse Toffoli.
O ministro entregará a defesa no final da tarde de hoje na sede do TSE. Toffoli ainda vai incluir menções a matérias publicadas na imprensa que relatam o encontro realizado por Serra em SP --no qual reuniu cem prefeitos do interior paulista para anunciar liberações de recursos para ações estratégicas do governo.
"Como se não bastasse, neste início de mandato dos novos gestores municipais, conforme reportagens jornalísticas, o governador de São Paulo, destaca-se, do PSDB, também realizou encontro de prefeitos, só que não apenas um, mas dois", diz Toffoli na defesa.
Ontem, ao defender Lula e Dilma, Toffoli afirmou que as presenças de ambos no evento caracterizavam atuação de governo e não partidária nem de campanha. Mas para a oposição, o lançamento de uma série de medidas intituladas de "pacote de bondades" no encontro com os prefeitos indicariam pré-campanha em favor da ministra da Casa Civil.
Antes do Carnaval, o DEM e o PSDB ajuizaram uma ação no TSE questionando o uso do encontro como eleitoreiro.
Em tom de brincadeira, Toffoli negou pré-campanha e comparou o momento político atual com a fórmula 1.
"Não existe nenhuma antecipação de campanha. Se a gente fizer uma metáfora com a Fórmula 1, nem sequer as equipes escolheram seus pilotos e estamos muito longe dos treinos livres e oficiais", disse o ministro. "A oposição acaba é ela fazendo campanha da ministra Dilma.”
O LEGADO DE BARBARA GANCIA: ARROGÂNCIA E PRECONCEITO
Li hoje no site “Vermelho” o seguinte texto que Ricardo Kotscho postou no blog “Balaio do Kotscho”:
[OBS: Este blog, para não chocar seus leitores, não inseriu a assustadora foto da jornalista Barbara Gancia que consta no site “Vermelho”].
“Os leitores do Balaio são testemunhas de que evito polemizar com outros blogueiros e colegas jornalistas neste espaço, mas não poderia ficar calado depois de ler a coluna de Barbara Gancia na Folha desta quarta-feira (25). Sob o título “O legado de dona Marisa Letícia”, esta senhora de tradicional família paulistana investe contra a primeira-dama do país com toda a arrogância e preconceito que sua posição social lhe permite.
É sempre assim: quando não se tem mais nada para falar contra o presidente Lula, ataca-se a sua família. Colunistas mundanos e seus leitores adoram falar da mulher e dos filhos do presidente, sempre com o nariz empinado, olhando de cima para baixo, como se estivessem dando um pito ou um conselho.
A internet está infestada de injúrias, falsas denuncias e baixarias contra membros da família Silva — pelo simples e bom motivo de que uma pequena parcela de membros da elite brasileira, e alguns pobres coitados de espírito, simplesmente não se conformam com o fato de Lula e Marisa habitarem, faz mais de seis anos, o Palácio da Alvorada.
Desta vez, o gancho para Barbara Gancia liberar seus instintos menos nobres foi a primeira-dama ter se divertido com o marido no Sambódromo do Rio. Qual é o problema? A mulher do presidente da República deveria ter ficado em casa lavando louça e cuidando dos netos?
Sou amigo de Marisa faz mais de 30 anos, desde os tempos em que Lula era apenas um líder sindical despontando na resistência ao regime militar. Ela sempre foi uma pessoa que gosta de Carnaval, festas juninas, reunir os amigos para um churrasco, como qualquer outra mulher de metalúrgico, que dedica sua vida a cuidar da família.
Nunca quis mais do que isso, além de dar conselhos ao hoje presidente da República e acompanhá-lo sempre, nos bons e maus momentos da vida, companheira de todas as horas, sempre preocupada com todos à sua volta.
Depois de um longo trololó sobre o seu “relacionamento assaz conturbado com o Carnaval” e seu “refúgio da folia no campo argentino”, Barbara Gancia pontifica: “Ela não se manifesta sobre qualquer assunto, mesmo quando está escalada para falar a prefeitos (…)”. Escalada por quem? Ela não foi eleita, não ocupa qualquer cargo público, por que tem que se manifestar “sobre qualquer assunto?”
Muito compreensiva, escreve em seguida: “Insisto: não há nada na liturgia do cargo que diga que a mulher do presidente não deva participar do Carnaval. Pode e deve. Uma ‘primeira-família’ que se comporta como gente normal tem mais probabilidade de ser normal, não é mesmo?”
Aí, no antepenúltimo parágrafo, a colunista não se aguenta, e manda ver: “Mas eu não queria ter voltado da Argentina para descobrir que dona Marisa deu ‘um trabalhão’ à sua segurança particular no desfile da Sapucaí. Não queria tomar conhecimento de que ela ‘deu goles em copos de cerveja, cercada por amigos para que não fosse fotografada’. Não queria ter visto as fotos em que ela aparece descabelada e suada. Escracho não tem nada a ver com informalidade”.
É mesmo? Não queria mesmo? Que coisa absurda, não é mesmo, dona Barbara?… Melhor mesmo seria ter ficado na Argentina com seus amigos que não suam nem se descabelam e não tomam cerveja no Carnaval.
E dá a sentença: “Dona Marisa Letícia não foi à Sapucaí na qualidade de cidadã particular e não tem o direito de se esbaldar publicamente como se não ouvesse amanhã numa época em que o brasileiro comum vê seu emprego ameaçado pela crise”. De onde se conclui que, para Barbara, todos deveriam ter ficado em casa ou ido para o campo argentino esperando a crise passar.
A maldade fica para o último parágrafo, em que procura dar conselhos e fazer uma comparação ridícula com outra primeira-dama, de outro tempo e outro perfil, numa época em que os generais mandavam no país.
“Alô, dona Marisa Letícia! A senhora se lembra de Dulce Figueiredo? A ex-primeira dama também gostava de se divertir levando a alegria na base da inconsequência. E olhe só o legado que ela deixou. O de uma figura um tanto patética e deslumbrada que usava a posição do marido para se bacanar”.
Acho que ela queria escrever bacanear, mas não importa. Ainda não tinha lido num grande jornal nada parecido com isso, bem na linha do que ouço bastante nos lugares por onde ando aqui nos Jardins, onde moro, e leio nos lixos da internet. Ainda bem que Lula e Marisa não lêem Barbara Gancia. Fazem muito bem.”
[OBS: Este blog, para não chocar seus leitores, não inseriu a assustadora foto da jornalista Barbara Gancia que consta no site “Vermelho”].
“Os leitores do Balaio são testemunhas de que evito polemizar com outros blogueiros e colegas jornalistas neste espaço, mas não poderia ficar calado depois de ler a coluna de Barbara Gancia na Folha desta quarta-feira (25). Sob o título “O legado de dona Marisa Letícia”, esta senhora de tradicional família paulistana investe contra a primeira-dama do país com toda a arrogância e preconceito que sua posição social lhe permite.
É sempre assim: quando não se tem mais nada para falar contra o presidente Lula, ataca-se a sua família. Colunistas mundanos e seus leitores adoram falar da mulher e dos filhos do presidente, sempre com o nariz empinado, olhando de cima para baixo, como se estivessem dando um pito ou um conselho.
A internet está infestada de injúrias, falsas denuncias e baixarias contra membros da família Silva — pelo simples e bom motivo de que uma pequena parcela de membros da elite brasileira, e alguns pobres coitados de espírito, simplesmente não se conformam com o fato de Lula e Marisa habitarem, faz mais de seis anos, o Palácio da Alvorada.
Desta vez, o gancho para Barbara Gancia liberar seus instintos menos nobres foi a primeira-dama ter se divertido com o marido no Sambódromo do Rio. Qual é o problema? A mulher do presidente da República deveria ter ficado em casa lavando louça e cuidando dos netos?
Sou amigo de Marisa faz mais de 30 anos, desde os tempos em que Lula era apenas um líder sindical despontando na resistência ao regime militar. Ela sempre foi uma pessoa que gosta de Carnaval, festas juninas, reunir os amigos para um churrasco, como qualquer outra mulher de metalúrgico, que dedica sua vida a cuidar da família.
Nunca quis mais do que isso, além de dar conselhos ao hoje presidente da República e acompanhá-lo sempre, nos bons e maus momentos da vida, companheira de todas as horas, sempre preocupada com todos à sua volta.
Depois de um longo trololó sobre o seu “relacionamento assaz conturbado com o Carnaval” e seu “refúgio da folia no campo argentino”, Barbara Gancia pontifica: “Ela não se manifesta sobre qualquer assunto, mesmo quando está escalada para falar a prefeitos (…)”. Escalada por quem? Ela não foi eleita, não ocupa qualquer cargo público, por que tem que se manifestar “sobre qualquer assunto?”
Muito compreensiva, escreve em seguida: “Insisto: não há nada na liturgia do cargo que diga que a mulher do presidente não deva participar do Carnaval. Pode e deve. Uma ‘primeira-família’ que se comporta como gente normal tem mais probabilidade de ser normal, não é mesmo?”
Aí, no antepenúltimo parágrafo, a colunista não se aguenta, e manda ver: “Mas eu não queria ter voltado da Argentina para descobrir que dona Marisa deu ‘um trabalhão’ à sua segurança particular no desfile da Sapucaí. Não queria tomar conhecimento de que ela ‘deu goles em copos de cerveja, cercada por amigos para que não fosse fotografada’. Não queria ter visto as fotos em que ela aparece descabelada e suada. Escracho não tem nada a ver com informalidade”.
É mesmo? Não queria mesmo? Que coisa absurda, não é mesmo, dona Barbara?… Melhor mesmo seria ter ficado na Argentina com seus amigos que não suam nem se descabelam e não tomam cerveja no Carnaval.
E dá a sentença: “Dona Marisa Letícia não foi à Sapucaí na qualidade de cidadã particular e não tem o direito de se esbaldar publicamente como se não ouvesse amanhã numa época em que o brasileiro comum vê seu emprego ameaçado pela crise”. De onde se conclui que, para Barbara, todos deveriam ter ficado em casa ou ido para o campo argentino esperando a crise passar.
A maldade fica para o último parágrafo, em que procura dar conselhos e fazer uma comparação ridícula com outra primeira-dama, de outro tempo e outro perfil, numa época em que os generais mandavam no país.
“Alô, dona Marisa Letícia! A senhora se lembra de Dulce Figueiredo? A ex-primeira dama também gostava de se divertir levando a alegria na base da inconsequência. E olhe só o legado que ela deixou. O de uma figura um tanto patética e deslumbrada que usava a posição do marido para se bacanar”.
Acho que ela queria escrever bacanear, mas não importa. Ainda não tinha lido num grande jornal nada parecido com isso, bem na linha do que ouço bastante nos lugares por onde ando aqui nos Jardins, onde moro, e leio nos lixos da internet. Ainda bem que Lula e Marisa não lêem Barbara Gancia. Fazem muito bem.”
CONTRA PSDB, JORNAIS EXIGEM PROVAS...
Li hoje no site “Carta Maior” o seguinte texto de Rodrigo Vianna, publicado originariamente em seu blog:
“Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura: "Ex-assessor petista aparece morto em Brasília". Seria manchete semana inteira, com matéria na Veja, e editorial na Folha.
Em 2005, Roberto Jefferson deu uma entrevista exclusiva à Folha, em que lançava dezenas de acusações contra o governo federal. Foi nessa entrevista, também, que Jefferson cunhou a expressão "Mensalão".
Vocês se lembram da manchete da Folha de S. Paulo na época? Não? Então, relembremos:
"PT DAVA MESADA DE R$ 30 MIL A PARLAMENTARES, DIZ JEFFERSON".
Agora, comparemos com o título da última sexta-feira (20/02/2009 - no "pé" da primeira página da Folha), sobre a denúncia do PSOL de Luciana Genro contra Yeda Crusius, governadora do PSDB:
"SEM PROVAS, PSOL ACUSA TUCANOS DE CORRUPÇÃO NO RS".
Por que este "sem provas" tão cuidadoso, no título da última sexta-feira (20/02/2009)? Por uma questão de isonomia, o correto seria "GOVERNO TUCANO TEM CORRUPÇÃO E CAIXA DOIS, DIZ PSOL".
Por que o mesmo "sem provas" não apareceu na manchete quando Jefferson deu sua entrevista?
Hum...
Bem, talvez para a Folha, Jefferson valha mais do que o PSOL. Gosto não se discute. Ou, mais provável: qualquer denúncia contra o partido de Serra (o editorialista preferido da família Frias) merece todo cuidado! Por que a sigla "PSDB" não aparece nem na primeira página, nem na manchete de página interna?
(Isso me lembra a cobertura da Globo, na reta final da eleição de 2006. Os aloprados que tentaram comprar o dossiê contra Serra eram "petistas". O Freud Godoy era "petista". Na hora de falar de Abel Pereira, um sujeito que intermediaria negócios na gestão de Barjas Negri (PSDB) no Ministério da Saúde, aí ninguém falava em "governo do PSDB". A fórmula era: "ministro no governo anterior".)
Mas, voltemos ao caso da corrupção no Rio Grande do Sul. A denúncia é gravíssima. E já há um cadáver. Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda Crusius, apareceu morto no Lago Paranoá, em Brasília. Ele deveria ter uma reunião com o Ministério Público Federal em Brasília, logo após o Carnaval.
Hum, hum...
Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura? Eu imagino: "EX-ASSESSOR PETISTA APARECE MORTO EM BRASÍLIA". Seria manchete semana inteira, com matéria na Veja, e editorial na Folha.”
“Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura: "Ex-assessor petista aparece morto em Brasília". Seria manchete semana inteira, com matéria na Veja, e editorial na Folha.
Em 2005, Roberto Jefferson deu uma entrevista exclusiva à Folha, em que lançava dezenas de acusações contra o governo federal. Foi nessa entrevista, também, que Jefferson cunhou a expressão "Mensalão".
Vocês se lembram da manchete da Folha de S. Paulo na época? Não? Então, relembremos:
"PT DAVA MESADA DE R$ 30 MIL A PARLAMENTARES, DIZ JEFFERSON".
Agora, comparemos com o título da última sexta-feira (20/02/2009 - no "pé" da primeira página da Folha), sobre a denúncia do PSOL de Luciana Genro contra Yeda Crusius, governadora do PSDB:
"SEM PROVAS, PSOL ACUSA TUCANOS DE CORRUPÇÃO NO RS".
Por que este "sem provas" tão cuidadoso, no título da última sexta-feira (20/02/2009)? Por uma questão de isonomia, o correto seria "GOVERNO TUCANO TEM CORRUPÇÃO E CAIXA DOIS, DIZ PSOL".
Por que o mesmo "sem provas" não apareceu na manchete quando Jefferson deu sua entrevista?
Hum...
Bem, talvez para a Folha, Jefferson valha mais do que o PSOL. Gosto não se discute. Ou, mais provável: qualquer denúncia contra o partido de Serra (o editorialista preferido da família Frias) merece todo cuidado! Por que a sigla "PSDB" não aparece nem na primeira página, nem na manchete de página interna?
(Isso me lembra a cobertura da Globo, na reta final da eleição de 2006. Os aloprados que tentaram comprar o dossiê contra Serra eram "petistas". O Freud Godoy era "petista". Na hora de falar de Abel Pereira, um sujeito que intermediaria negócios na gestão de Barjas Negri (PSDB) no Ministério da Saúde, aí ninguém falava em "governo do PSDB". A fórmula era: "ministro no governo anterior".)
Mas, voltemos ao caso da corrupção no Rio Grande do Sul. A denúncia é gravíssima. E já há um cadáver. Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda Crusius, apareceu morto no Lago Paranoá, em Brasília. Ele deveria ter uma reunião com o Ministério Público Federal em Brasília, logo após o Carnaval.
Hum, hum...
Imagine se um ex-assessor do governo da Bahia, do PT, tivesse morrido, poucos dias antes de depor ao Ministério Público, num caso que envolve corrupção? Imagine as manchetes a essa altura? Eu imagino: "EX-ASSESSOR PETISTA APARECE MORTO EM BRASÍLIA". Seria manchete semana inteira, com matéria na Veja, e editorial na Folha.”
LULA DIZ QUE SEU GOVERNO ESTABELECEU NOVO PARADIGMA
Li ontem no jornal O Estado de São Paulo a seguinte reportagem de Evandro Fadel, da Agência Estado:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em Florianópolis, que seu governo estabeleceu um novo "paradigma" para os que o sucederão. "Até outro dia quem entrava no governo olhava o que foi feito no outro: nada", afirmou. "Quem vier depois de nós vai dizer: ''Eu vou ter que trabalhar porque o paradigma é outro''.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticada por opositores de estar fazendo campanha presidencial antecipada ao viajar com o presidente, disse que não vai deixar de percorrer o País e também acompanhou Lula a Santa Catarina.
O presidente participou da inauguração de uma linha de transmissão de energia submarina ligando o continente à ilha de Florianópolis, o que aumentará em 150% a capacidade de recebimento de energia na cidade, evitando problemas por pelo menos 30 anos. A obra faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e é fruto de investimentos de R$ 172 milhões. "Fico feliz por passar para a história como o presidente que, junto com o governo do Estado e a Eletrobrás, garantiu que Florianópolis não terá mais apagão", afirmou. "Se o governo não vier nas coisas boas, nas ruins ele vem mesmo que não esteja presente."
Segundo o presidente, a "presença" nos fatos ruins se dá por meio dos órgãos de comunicação. "Quando acontecem coisas erradas tem que encontrar um culpado rapidamente, começa com o prefeito, passa para o governador e passa para o presidente, que não tem para quem repassar", disse. "Eu nem para o Obama (Barack Obama, presidente dos Estados Unidos) posso passar porque ele é mais novo que eu, mais inexperiente que eu." Aos opositores, Lula criticou: "Tem gente torcendo: ''Graças a Deus vai ter um desempregozinho e o governo vai se ferrar''", afirmou.”
ELOGIOS
Antes de discursar, Dilma Rousseff recebeu elogios de seu colega de Minas e Energia, o ministro Edison Lobão. "Sem Dilma Rousseff à frente do PAC seguramente os resultados não seriam tão bons como são hoje", disse. Ela preferiu criticar os governos anteriores. "Quando tinha problemas internacionais cortavam investimentos, até por que o FMI (Fundo Monetário Internacional) exigia", afirmou. Segundo a ministra, a intenção do governo anterior ao de Lula era privatizar a Eletrobrás. "E por isso ela foi proibida de investir em transmissão", criticou. "Nós mudamos o padrão."
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em Florianópolis, que seu governo estabeleceu um novo "paradigma" para os que o sucederão. "Até outro dia quem entrava no governo olhava o que foi feito no outro: nada", afirmou. "Quem vier depois de nós vai dizer: ''Eu vou ter que trabalhar porque o paradigma é outro''.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticada por opositores de estar fazendo campanha presidencial antecipada ao viajar com o presidente, disse que não vai deixar de percorrer o País e também acompanhou Lula a Santa Catarina.
O presidente participou da inauguração de uma linha de transmissão de energia submarina ligando o continente à ilha de Florianópolis, o que aumentará em 150% a capacidade de recebimento de energia na cidade, evitando problemas por pelo menos 30 anos. A obra faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e é fruto de investimentos de R$ 172 milhões. "Fico feliz por passar para a história como o presidente que, junto com o governo do Estado e a Eletrobrás, garantiu que Florianópolis não terá mais apagão", afirmou. "Se o governo não vier nas coisas boas, nas ruins ele vem mesmo que não esteja presente."
Segundo o presidente, a "presença" nos fatos ruins se dá por meio dos órgãos de comunicação. "Quando acontecem coisas erradas tem que encontrar um culpado rapidamente, começa com o prefeito, passa para o governador e passa para o presidente, que não tem para quem repassar", disse. "Eu nem para o Obama (Barack Obama, presidente dos Estados Unidos) posso passar porque ele é mais novo que eu, mais inexperiente que eu." Aos opositores, Lula criticou: "Tem gente torcendo: ''Graças a Deus vai ter um desempregozinho e o governo vai se ferrar''", afirmou.”
ELOGIOS
Antes de discursar, Dilma Rousseff recebeu elogios de seu colega de Minas e Energia, o ministro Edison Lobão. "Sem Dilma Rousseff à frente do PAC seguramente os resultados não seriam tão bons como são hoje", disse. Ela preferiu criticar os governos anteriores. "Quando tinha problemas internacionais cortavam investimentos, até por que o FMI (Fundo Monetário Internacional) exigia", afirmou. Segundo a ministra, a intenção do governo anterior ao de Lula era privatizar a Eletrobrás. "E por isso ela foi proibida de investir em transmissão", criticou. "Nós mudamos o padrão."
OBAMA E O ORÇAMENTO DE US$ 3,6 TRILHÕES
Hoje eu li no site “Carta Maior” o seguinte artigo de Argemiro Ferreira, postado originariamente em seu blog. O autor é jornalista. Desde a década de 1980, escreve para o diário Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro. É autor dos livros "Informação e Dominação" (edição do Sindicato de Jornalistas do Rio de Janeiro, 1982 - esgotado), "Caça às Bruxas - Macartismo: Uma Tragédia Americana" (L&PM, Porto Alegre, 1989), "O Império Contra-Ataca - As guerras de George W. Bush antes e depois do 11 de setembro" (Paz e Terra, São Paulo, 2004). Foi colaborador de Rede Imaginária - TV e Democracia (org. por Adauto Novaes, Companhia das Letras, São Paulo, 1991), Mídia & Violência Urbana (Faperj, Rio de Janeiro, 1994).
Aborda um conceito que até hoje não foi aceito pela “elite” econômica brasileira e pelo Congresso: os ricos pagarem relativamente mais imposto do que os das classes mais baixas. Vejamos o artigo:
“Quem ganha acima de US$ 250 mil por ano (mais de US$ 20 mil por mês) vai pagar mais impostos, conforme o próprio Obama prometia na campanha e repetiu no discurso de terça-feira. Trata-se de inversão ousada - na verdade, uma guinada significativa - no rumo orçamentário herdado do governo Bush, que presenteara a camada mais rica da população com polpudos cortes de impostos. A análise é de Argemiro Ferreira.
Enquanto crescia quinta-feira, a partir de reportagem do Wall Street Journal (hoje integrado ao império de mídia do magnata Rupert Murdoch), a especulação sobre iminente nacionalização do Citigroup/Citibank, a oposição republicana fingia ter levado um susto com a nova proposta orçamentária de US$ 3,6 trilhões anunciada pelo presidente Barack Obama, que aumenta impostos para os ricos.
Quem ganha acima de US$ 250 mil por ano (mais de US$20 mil por mês) vai pagar mais impostos, conforme o próprio presidente prometia na campanha e repetiu no discurso de terça-feira. Trata-se de inversão ousada - na verdade, uma guinada significativa - no rumo orçamentário herdado do governo Bush, que presenteara a camada mais rica da população com polpudos cortes de impostos.
Mas a herança maior de Bush, graças à devastadora crise econômica que legou aos americanos, é o próprio deficit orçamentário a ser enfrentado (US$1,77 trilhão) pelo atual governo, que promete reduzí-lo à metade até o fim do mandato de Obama. O orçamento prevê gastos substanciais para melhorar o sistema de saúde, a educação e ampliar a independência do país no campo energético.
EVITANDO SACRIFICAR OS INVESTIMENTOS
Ao anunciar o orçamento, Obama afirmou: “Não concordo em sacrificar os investimentos que farão o país mais forte, mais competitivo e mais próspero neste século 21 – investimentos que já foram negligenciados demais”. Para a oposição conservadora, o aumento de impostos dos ricos será usado para financiar uma reformulação do sistema de saúde que ainda nem se sabe como será feita.
De acordo com a crítica já levantada, isso também pode ter como consequência não desejada um aumento da carga tributária para pequenas empresas. Assim, ao invés de criar mais empregos, o que tem sido contribuição substancial delas ao longo dos anos, eles poderiam ser levadas a demitir empregados e fechar postos de trabalho.
De qualquer forma, com o que pode acabar tornando-se uma mudança bem mais profunda do que esperava a oposição, o governo Obama - que até agora preferia enfoque mais conciliatório, num namoro bipartidário ostensivamente repelido pelos republicanos - deixa claro com a proposta estar mais inclinado do que pensavam os democratas mais progressitas em cumprir promessas de campanha.
“UMA NOVA ERA DE RESPONSABILIDADE”
Publicada sob o título “Uma nova era de responsabilidade - Renovando a promessa da América”, a proposta orçamentária também contém reducões substanciais de gastos, em parte resultantes das mudanças previstas para o papel dos EUA no Iraque; cortes de subsídios; e até cortes de verbas de certos programas sociais (nesse caso, graças a operação de combate ao desperdício e às fraudes).
De qualquer forma, o governo não parece preocupado com as acusações que já começam - e certamente vão continuar - de que está voltando atrás, para o tempo em que os "democratas gastadores” aumentavam o tamanho do governo. Big government é uma expressão que irritava os democratas, acusados de gostarem de impostos e gastarem demais - em programas sociais e outras “bobagens”.
O próprio Bill Clinton, como presidente, declarou certa vez o fim da “era do big government”. E Obama, no seu discurso desta semana sobre o Estado da União, também reafirmou que não gosta de big government. A partir daí, a liderança republicana já proclamou que os EUA, com o atual governo, está promovendo o retorno àquela era - o que, de resto, também diriam se o orçamento fosse outro.
PUNINDO EXECUTIVOS IRRESPONSÁVEIS
A oposição republicana, no entanto, fica numa situação extremamente incômoda para fazer suas críticas nesse terreno, já que o governo Bush recebeu do democrata Clinton, há oito anos, um orçamento com superávit, devolvendo-o agora com o maior déficit da história - para não falar nas guerras que agravaram o quadro (só a do Iraque, segundo cálculo de Joseph Stiglitz, custou US$3 trilhões) e na desastrosa crise econômica.
No mesmo dia o líder da minoria oposicionista na Câmara John Boehner retomou seu cansativo refrão de que não se aumenta impostos em períodos de recessão - no caso, a recessão de Bush. Para ele, as pequenas empresas serão afetadas e elas representam o motor da criação de empregos. “O orçamento dos democratas é, simplesmente, um assassino de empregos”, afirmou
Na sua contribuição ao debate, Obama também destacou o preço que os executivos desonestos, que ajudaram a fabricar a atual crise, serão forçados a pagar. Segundo afirmou, a ampliação do ativismo do governo será “um rompimento emblemático com esse passado perturbador”, punindo com aumentos de impostos muitos dos que lucraram com a desgraça do país nessa “era de profunda irresponsabilidade
Aborda um conceito que até hoje não foi aceito pela “elite” econômica brasileira e pelo Congresso: os ricos pagarem relativamente mais imposto do que os das classes mais baixas. Vejamos o artigo:
“Quem ganha acima de US$ 250 mil por ano (mais de US$ 20 mil por mês) vai pagar mais impostos, conforme o próprio Obama prometia na campanha e repetiu no discurso de terça-feira. Trata-se de inversão ousada - na verdade, uma guinada significativa - no rumo orçamentário herdado do governo Bush, que presenteara a camada mais rica da população com polpudos cortes de impostos. A análise é de Argemiro Ferreira.
Enquanto crescia quinta-feira, a partir de reportagem do Wall Street Journal (hoje integrado ao império de mídia do magnata Rupert Murdoch), a especulação sobre iminente nacionalização do Citigroup/Citibank, a oposição republicana fingia ter levado um susto com a nova proposta orçamentária de US$ 3,6 trilhões anunciada pelo presidente Barack Obama, que aumenta impostos para os ricos.
Quem ganha acima de US$ 250 mil por ano (mais de US$20 mil por mês) vai pagar mais impostos, conforme o próprio presidente prometia na campanha e repetiu no discurso de terça-feira. Trata-se de inversão ousada - na verdade, uma guinada significativa - no rumo orçamentário herdado do governo Bush, que presenteara a camada mais rica da população com polpudos cortes de impostos.
Mas a herança maior de Bush, graças à devastadora crise econômica que legou aos americanos, é o próprio deficit orçamentário a ser enfrentado (US$1,77 trilhão) pelo atual governo, que promete reduzí-lo à metade até o fim do mandato de Obama. O orçamento prevê gastos substanciais para melhorar o sistema de saúde, a educação e ampliar a independência do país no campo energético.
EVITANDO SACRIFICAR OS INVESTIMENTOS
Ao anunciar o orçamento, Obama afirmou: “Não concordo em sacrificar os investimentos que farão o país mais forte, mais competitivo e mais próspero neste século 21 – investimentos que já foram negligenciados demais”. Para a oposição conservadora, o aumento de impostos dos ricos será usado para financiar uma reformulação do sistema de saúde que ainda nem se sabe como será feita.
De acordo com a crítica já levantada, isso também pode ter como consequência não desejada um aumento da carga tributária para pequenas empresas. Assim, ao invés de criar mais empregos, o que tem sido contribuição substancial delas ao longo dos anos, eles poderiam ser levadas a demitir empregados e fechar postos de trabalho.
De qualquer forma, com o que pode acabar tornando-se uma mudança bem mais profunda do que esperava a oposição, o governo Obama - que até agora preferia enfoque mais conciliatório, num namoro bipartidário ostensivamente repelido pelos republicanos - deixa claro com a proposta estar mais inclinado do que pensavam os democratas mais progressitas em cumprir promessas de campanha.
“UMA NOVA ERA DE RESPONSABILIDADE”
Publicada sob o título “Uma nova era de responsabilidade - Renovando a promessa da América”, a proposta orçamentária também contém reducões substanciais de gastos, em parte resultantes das mudanças previstas para o papel dos EUA no Iraque; cortes de subsídios; e até cortes de verbas de certos programas sociais (nesse caso, graças a operação de combate ao desperdício e às fraudes).
De qualquer forma, o governo não parece preocupado com as acusações que já começam - e certamente vão continuar - de que está voltando atrás, para o tempo em que os "democratas gastadores” aumentavam o tamanho do governo. Big government é uma expressão que irritava os democratas, acusados de gostarem de impostos e gastarem demais - em programas sociais e outras “bobagens”.
O próprio Bill Clinton, como presidente, declarou certa vez o fim da “era do big government”. E Obama, no seu discurso desta semana sobre o Estado da União, também reafirmou que não gosta de big government. A partir daí, a liderança republicana já proclamou que os EUA, com o atual governo, está promovendo o retorno àquela era - o que, de resto, também diriam se o orçamento fosse outro.
PUNINDO EXECUTIVOS IRRESPONSÁVEIS
A oposição republicana, no entanto, fica numa situação extremamente incômoda para fazer suas críticas nesse terreno, já que o governo Bush recebeu do democrata Clinton, há oito anos, um orçamento com superávit, devolvendo-o agora com o maior déficit da história - para não falar nas guerras que agravaram o quadro (só a do Iraque, segundo cálculo de Joseph Stiglitz, custou US$3 trilhões) e na desastrosa crise econômica.
No mesmo dia o líder da minoria oposicionista na Câmara John Boehner retomou seu cansativo refrão de que não se aumenta impostos em períodos de recessão - no caso, a recessão de Bush. Para ele, as pequenas empresas serão afetadas e elas representam o motor da criação de empregos. “O orçamento dos democratas é, simplesmente, um assassino de empregos”, afirmou
Na sua contribuição ao debate, Obama também destacou o preço que os executivos desonestos, que ajudaram a fabricar a atual crise, serão forçados a pagar. Segundo afirmou, a ampliação do ativismo do governo será “um rompimento emblemático com esse passado perturbador”, punindo com aumentos de impostos muitos dos que lucraram com a desgraça do país nessa “era de profunda irresponsabilidade
BRASIL TERÁ AUTORIDADE MORAL PARA FALAR NO G-20, DIZ LULA
O “Estadão” de ontem publicou:
“PRESIDENTE CRITICA OPINIÕES EXTERNAS SOBRE COMO O GOVERNO BRASILEIRO DEVE LIDAR COM EFEITOS DA CRISE
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 27, que o Brasil terá "autoridade moral" no G-20-(grupo formado por grandes economias desenvolvidas e emergentes) para falar de como se cuida de um País em referência à crise financeira mundial. "Hoje, o nosso humilde Brasil, tantas vezes achincalhado, até por nós mesmos, porque no Brasil tem um tipo de gente que adora puxar o saco de coisa estrangeira e falar mal de coisa brasileira, esse humilde País, quando sentar na mesa do G-20 certamente será um dos países que terá mais autoridade moral para falar de como se cuida de um País", disse o presidente, segundo a GloboNews.
O presidente criticou palpites externos sobre como o governo deve agir para manter a economia.
"Eu nunca vi tanta gente esperta pra descer no aeroporto de Cumbica ou do Rio de Janeiro já dando palpite: "O governo tem de fazer isso, o ministro tem de fazer aquilo, o banco tem de fazer aquilo, tem de evitar tal obra, tem de fazer ajuste fiscal". Era como se a gente fosse um bando de analfabeto e eles fossem graduados, doutorados para ensinar como a gente tinha de cuidar da nossa economia".
Em abril, o G-20 se reúne em Londres para tentar traçar um plano para lidar com a pior crise em 60 anos. A ideia do Itamaraty é clara: pacotes para salvar empregos são justificados, mas não podem ter efeitos colaterais nem prejudicar trabalhadores de outros países.”
“PRESIDENTE CRITICA OPINIÕES EXTERNAS SOBRE COMO O GOVERNO BRASILEIRO DEVE LIDAR COM EFEITOS DA CRISE
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 27, que o Brasil terá "autoridade moral" no G-20-(grupo formado por grandes economias desenvolvidas e emergentes) para falar de como se cuida de um País em referência à crise financeira mundial. "Hoje, o nosso humilde Brasil, tantas vezes achincalhado, até por nós mesmos, porque no Brasil tem um tipo de gente que adora puxar o saco de coisa estrangeira e falar mal de coisa brasileira, esse humilde País, quando sentar na mesa do G-20 certamente será um dos países que terá mais autoridade moral para falar de como se cuida de um País", disse o presidente, segundo a GloboNews.
O presidente criticou palpites externos sobre como o governo deve agir para manter a economia.
"Eu nunca vi tanta gente esperta pra descer no aeroporto de Cumbica ou do Rio de Janeiro já dando palpite: "O governo tem de fazer isso, o ministro tem de fazer aquilo, o banco tem de fazer aquilo, tem de evitar tal obra, tem de fazer ajuste fiscal". Era como se a gente fosse um bando de analfabeto e eles fossem graduados, doutorados para ensinar como a gente tinha de cuidar da nossa economia".
Em abril, o G-20 se reúne em Londres para tentar traçar um plano para lidar com a pior crise em 60 anos. A ideia do Itamaraty é clara: pacotes para salvar empregos são justificados, mas não podem ter efeitos colaterais nem prejudicar trabalhadores de outros países.”
ENERGIA NUCLEAR AGORA É VISTA COMO SALVAÇÃO
Li ontem no jornal O Estado de São Paulo a seguinte reportagem de Gilles Lapouge, correspondente em Paris:
“O Irã inaugurou na quarta-feira sua primeira central nuclear em Bushehr com a presença de Serguei Kirienko, diretor da agência federal russa de energia. A central foi construída pelos russos que também fornecerão o combustível. Mas para vê-la em atividade de fato será preciso esperar sete meses.
O mundo está inquieto. Os EUA, países da Europa, Israel, estão convencidos de que os iranianos decidiram obter a bomba. O problema está no fato de que os mesmos equipamentos podem produzir energia para uso civil ou militar. Teerã jura que sua central busca aumentar a produção de eletricidade do país.
Na realidade, atualmente, a energia nuclear para uso civil está voltando a ser produzida no mundo todo. Considerada até ontem um flagelo, foi transformada pelos ecologistas em algo diabólico, acusada de poluir, de produzir lixo tóxico e de ser perigosa.
Nos últimos anos, a opinião pública mudou e por várias razões. Em primeiro lugar, pelas turbulências do mercado petrolífero; posteriormente, influiu nesta mudança a melhoria da segurança nas usinas nucleares. Finalmente, foi a necessidade de lutar contra as emissões de gases de efeito estufa.
Hoje, a energia nuclear é descrita como a salvação do mundo. Não é possível entender mais nada. Em toda parte estão surgindo novas centrais. Ao todo, há 44 reatores em construção e 200 outros estão em projeto. Enquanto isso, o número de partidários da energia nuclear aumenta. Há três anos, os europeus que aceitavam a energia nuclear eram 37%. Hoje, já são 44%.”
“O Irã inaugurou na quarta-feira sua primeira central nuclear em Bushehr com a presença de Serguei Kirienko, diretor da agência federal russa de energia. A central foi construída pelos russos que também fornecerão o combustível. Mas para vê-la em atividade de fato será preciso esperar sete meses.
O mundo está inquieto. Os EUA, países da Europa, Israel, estão convencidos de que os iranianos decidiram obter a bomba. O problema está no fato de que os mesmos equipamentos podem produzir energia para uso civil ou militar. Teerã jura que sua central busca aumentar a produção de eletricidade do país.
Na realidade, atualmente, a energia nuclear para uso civil está voltando a ser produzida no mundo todo. Considerada até ontem um flagelo, foi transformada pelos ecologistas em algo diabólico, acusada de poluir, de produzir lixo tóxico e de ser perigosa.
Nos últimos anos, a opinião pública mudou e por várias razões. Em primeiro lugar, pelas turbulências do mercado petrolífero; posteriormente, influiu nesta mudança a melhoria da segurança nas usinas nucleares. Finalmente, foi a necessidade de lutar contra as emissões de gases de efeito estufa.
Hoje, a energia nuclear é descrita como a salvação do mundo. Não é possível entender mais nada. Em toda parte estão surgindo novas centrais. Ao todo, há 44 reatores em construção e 200 outros estão em projeto. Enquanto isso, o número de partidários da energia nuclear aumenta. Há três anos, os europeus que aceitavam a energia nuclear eram 37%. Hoje, já são 44%.”
SOBE OU DESCE
O jornal Folha de São Paulo ontem publicou na coluna “Toda Mídia”, de Nelson de Sá:
“A Economist Inteligence Unit”, consultoria do grupo "Economist", postou que "o Brasil provavelmente vai encolher" em 2009, "ainda que modestamente".
Já a "Newsweek" traz artigo do chefe do Morgan Stanley para emergentes, avaliando que "a crise jogou a maioria dos países para trás, mas a vida ainda é uma praia no Brasil, graças a uma gestão inteligente".
E a Veja.com deu que o Banco Central, em reunião "com economistas", ouviu projeções "relativamente otimistas" de inflação, crescimento, emprego.
DOMINÓ EMERGENTE?
O quadro montado pela "Economist" toma por base o risco concentrado agora nas "dívidas de empresas e bancos"
A "Economist" dá na capa o risco de quebra na Europa Oriental, "que pode levar a União Europeia".
Em texto menor, intitulado "Teoria dominó", especula para onde "pode se espalhar o contágio emergente". Dá um quadro sem países menores como Ucrânia e Romênia, que encabeçariam a lista, e foca 17 "grandes emergentes". O Brasil surge em sétimo, no critério de risco da revista, depois de África do Sul, Hungria, Polônia, Coreia do Sul, México e Paquistão. Mas em situação pior do que, entre outros, Turquia, Rússia, Argentina e Venezuela.”
“A Economist Inteligence Unit”, consultoria do grupo "Economist", postou que "o Brasil provavelmente vai encolher" em 2009, "ainda que modestamente".
Já a "Newsweek" traz artigo do chefe do Morgan Stanley para emergentes, avaliando que "a crise jogou a maioria dos países para trás, mas a vida ainda é uma praia no Brasil, graças a uma gestão inteligente".
E a Veja.com deu que o Banco Central, em reunião "com economistas", ouviu projeções "relativamente otimistas" de inflação, crescimento, emprego.
DOMINÓ EMERGENTE?
O quadro montado pela "Economist" toma por base o risco concentrado agora nas "dívidas de empresas e bancos"
A "Economist" dá na capa o risco de quebra na Europa Oriental, "que pode levar a União Europeia".
Em texto menor, intitulado "Teoria dominó", especula para onde "pode se espalhar o contágio emergente". Dá um quadro sem países menores como Ucrânia e Romênia, que encabeçariam a lista, e foca 17 "grandes emergentes". O Brasil surge em sétimo, no critério de risco da revista, depois de África do Sul, Hungria, Polônia, Coreia do Sul, México e Paquistão. Mas em situação pior do que, entre outros, Turquia, Rússia, Argentina e Venezuela.”
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
SOBRE A GUERRA DE GAZA
Li hoje no site “Vermelho” artigo de Eric Hobsbawm, autor de vários livros, sendo o mais recente: "Globalização, Democracia e Terrorismo", 2008, Companhia das Letras. A tradução é de Caia Fittipaldi.
O artigo foi originariamente publicado em "London Review of Books", "LRB contributors react to events in Gaza", 15/1/2009 http://www.lrb.co.uk/web/15/01/2009/mult04_.html.
ERIC HOBSBAWM: "SOBRE A GUERRA DE GAZA"
“Durante três semanas, a barbárie esteve à vista do público mundial, que olhou, avaliou e, com raras exceções, rejeitou as ações de terrorismo militar, por Israel, contra 1,5 milhão de seres humanos cercados, desde 2006, na Faixa de Gaza. Nunca antes as justificativas oficiais para a invasão de um país por outro foram mais patententemente refutadas por uma combinação de câmeras de televisão e aritmética; ou as notícias sobre 'alvos militares', pelas imagens de crianças ensanguentadas e de escolas em chamas.
13 baixas do lado israelense, 1.360 baixas do lado palestino: fácil ver que lado é vítima. Não há muito mais que tenha de ser dito, sobre a horrenda operação israelense em Gaza. Exceto no caso de que sejamos judeus.
Por causa da nossa longa e pouco precisa história de povo em diáspora, a nossa reação natural aos eventos públicos tem sempre incluído a pergunta: "E isso é bom ou é mau para os judeus?" No caso da guerra de Gaza, só há uma resposta possível, inequívoca: "Não é bom para os judeus. É mau para os judeus."
É patentemente mau para os 5,5 milhões de judeus que vivem em Israel e nos territórios ocupados de 1967, cuja segurança fica ameaçada pelos atos de guerra que o governo de Israel empreendeu em Gaza e no Líbano. Esses atos de guerra manifestam a incapacidade do governo de Israel para perseguir seus objetivos declarados – e são atos que perpetuam e aprofundam o isolamento de Israel num Oriente Médio hostil.
Dado que o genocídio e a expulsão em massa de palestinos do que resta de seu território original não é item de qualquer agenda, tanto quando tampouco se visa a destruir o Estado de Israel, só a coexistência negociada de israelenses e palestinos, em termos igualitários entre os dois povos pode ser pensada como base de um futuro estável.
A cada nova aventura militar, como em Gaza e no Líbano, mais essa solução de conciliação vai-se tornando difícil e mais se reforça o poder da direita israelense e dos colonos fanáticos da Cisjordânia que jamais desejaram qualquer solução de conciliação.
Como já aconteceu na guerra do Líbano em 2006, o massacre de Gaza torna ainda mais sombrio o futuro de Israel. E também tornou mais sombrio o futuro dos nove milhões de judeus da diáspora. Não sejamos hipócritas: criticar Israel não implica qualquer antissemitismo.
As ações do governo de Isral cobrem de vergonha todos os judeus e, mais importante que isso, faz crescer o antissemitismo, no século 21. Desde 1945 os judeus, dentro e fora de Israel, beneficiaram-se muito da má consciência de um mundo ocidental que se recusou a receber migrantes judeus nos anos 30, antes de o mesmo ocidente ou cometer genocídio ou não lutar contra ele.
Quanto, dessa má consciência, que conseguiu eliminar virtualmente o antissemitismo ocidental por 60 anos e produziu uma era de ouro para a diáspora dos judeus, sobrevive hoje?
A Israel que ataca Gaza não é a Israel do povo vítima da história. Não é, sequer a "pequena valente Israel" da mitologia de 1948-67, um Davi enfrentando os Golias adjacentes.
Israel está deixando de fazer jus à boa-vontade do mundo, tão rapidamente quanto os EUA de Bush perderam o direito à boa-vontade do mundo – e por motivos muito semelhantes: nacionalismo cego e a megalomania do poderio militar.
O que é bom para Israel e o que é bom para os judeus, como povo, são coisas evidentemente conectadas, mas, até que haja solução justa para a questão palestina, o que for bom para Israel será mau para os judeus. É assim, e não poderia ser diferente disso. É essencialmente importante que os judeus digam isso em todos os espaços e em todos os fóruns."
O artigo foi originariamente publicado em "London Review of Books", "LRB contributors react to events in Gaza", 15/1/2009 http://www.lrb.co.uk/web/15/01/2009/mult04_.html.
ERIC HOBSBAWM: "SOBRE A GUERRA DE GAZA"
“Durante três semanas, a barbárie esteve à vista do público mundial, que olhou, avaliou e, com raras exceções, rejeitou as ações de terrorismo militar, por Israel, contra 1,5 milhão de seres humanos cercados, desde 2006, na Faixa de Gaza. Nunca antes as justificativas oficiais para a invasão de um país por outro foram mais patententemente refutadas por uma combinação de câmeras de televisão e aritmética; ou as notícias sobre 'alvos militares', pelas imagens de crianças ensanguentadas e de escolas em chamas.
13 baixas do lado israelense, 1.360 baixas do lado palestino: fácil ver que lado é vítima. Não há muito mais que tenha de ser dito, sobre a horrenda operação israelense em Gaza. Exceto no caso de que sejamos judeus.
Por causa da nossa longa e pouco precisa história de povo em diáspora, a nossa reação natural aos eventos públicos tem sempre incluído a pergunta: "E isso é bom ou é mau para os judeus?" No caso da guerra de Gaza, só há uma resposta possível, inequívoca: "Não é bom para os judeus. É mau para os judeus."
É patentemente mau para os 5,5 milhões de judeus que vivem em Israel e nos territórios ocupados de 1967, cuja segurança fica ameaçada pelos atos de guerra que o governo de Israel empreendeu em Gaza e no Líbano. Esses atos de guerra manifestam a incapacidade do governo de Israel para perseguir seus objetivos declarados – e são atos que perpetuam e aprofundam o isolamento de Israel num Oriente Médio hostil.
Dado que o genocídio e a expulsão em massa de palestinos do que resta de seu território original não é item de qualquer agenda, tanto quando tampouco se visa a destruir o Estado de Israel, só a coexistência negociada de israelenses e palestinos, em termos igualitários entre os dois povos pode ser pensada como base de um futuro estável.
A cada nova aventura militar, como em Gaza e no Líbano, mais essa solução de conciliação vai-se tornando difícil e mais se reforça o poder da direita israelense e dos colonos fanáticos da Cisjordânia que jamais desejaram qualquer solução de conciliação.
Como já aconteceu na guerra do Líbano em 2006, o massacre de Gaza torna ainda mais sombrio o futuro de Israel. E também tornou mais sombrio o futuro dos nove milhões de judeus da diáspora. Não sejamos hipócritas: criticar Israel não implica qualquer antissemitismo.
As ações do governo de Isral cobrem de vergonha todos os judeus e, mais importante que isso, faz crescer o antissemitismo, no século 21. Desde 1945 os judeus, dentro e fora de Israel, beneficiaram-se muito da má consciência de um mundo ocidental que se recusou a receber migrantes judeus nos anos 30, antes de o mesmo ocidente ou cometer genocídio ou não lutar contra ele.
Quanto, dessa má consciência, que conseguiu eliminar virtualmente o antissemitismo ocidental por 60 anos e produziu uma era de ouro para a diáspora dos judeus, sobrevive hoje?
A Israel que ataca Gaza não é a Israel do povo vítima da história. Não é, sequer a "pequena valente Israel" da mitologia de 1948-67, um Davi enfrentando os Golias adjacentes.
Israel está deixando de fazer jus à boa-vontade do mundo, tão rapidamente quanto os EUA de Bush perderam o direito à boa-vontade do mundo – e por motivos muito semelhantes: nacionalismo cego e a megalomania do poderio militar.
O que é bom para Israel e o que é bom para os judeus, como povo, são coisas evidentemente conectadas, mas, até que haja solução justa para a questão palestina, o que for bom para Israel será mau para os judeus. É assim, e não poderia ser diferente disso. É essencialmente importante que os judeus digam isso em todos os espaços e em todos os fóruns."
DESEMPREGO: DIEESE-SEADE APURA AUMENTO "TRÁGICO" EM JANEIRO
Li hoje no site “Vermelho”:
"A taxa de desemprego aumentou em janeiro deste ano, de 12,7% para 13,1% da população economicamente ativa, segundo a pesquisa Dieese-Seade divulgada nesta quinta-feira (26). O número de desempregados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas chegou a 2,62 milhões, 75 mil a mais que em dezembro.O desempenho do emprego em janeiro foi considerado "trágico" pelo diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
Apesar dessa elevação sobre dezembro, na comparação com os demais meses de janeiro, a taxa de 13,1% é a menor já registrada em janeiro desde 1998, quando a pesquisa começou a ser feita: o que significa que o recuo em relação a dezembro não chegou a neutralizar a melhoria no mercado de trabalho ao longo de 2008.
O nível de ocupação caiu 1,3%. Houve um corte de 221 mil vagas, parcialmente compensado pela saída de 145 mil pessoas do mercado de trabalho. Com isso a população economicamente ativa reduziu-se de 20,1 milhões em dezembro último para 19,9 milhões em janeiro.
SÓ SALVADOR REDUZIU A TAXA
Das seis regiões metropolitanas pesquisadas, (São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Distrito Federal) Salvador foi a única onde a taxa de desemprego diminuiu, passando de 19,8% para 19,4%, um recuo de 2%. Apesar disso, a capital baiana ainda possui a maior taxa de desemprego entre as regiões pesquisadas.
Os principais aumentos da taxa de desemprego foram verificados em São Paulo (de 11,8% para 12,5%), o que indica elevação de 5,9%, e em Belo Horizonte ( de de 8,4% para 8,8%), alta de 4,8%.
No Distrito Federal houve alta de 1,9%, com a taxa avançando de 15,4% para 15,7%. Porto alegre passou de 9,8% para 10% (alta de 2%) e Recife de 17,9% para 18,3% (aumento de 2,2%).
O setor de serviços foi o que eliminou mais postos de trabalho com o corte de 90 mil vagas, seguido pela indústria com 79 mil; construção civil com 31 mil e outros setores com 16 mil. Já no comércio, ocorreram 5 mil demissões em variação considerada estável (-0,2%).
Quanto ao rendimento médio do total dos ocupados relativa a dezembro, a pesquisa apurou um aumento de 1,1% com valor de R$ 1.182,00 de novembro para dezembro (este célculo é sempre feito um mês depois daquele do desmprego). O segmento dos assalariados teve um acréscimo um pouco inferior ao dos ocupados em geral, com valor de R$ 1.246,00, 0,6% acima da média verificada, em novembro.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade).”
"A taxa de desemprego aumentou em janeiro deste ano, de 12,7% para 13,1% da população economicamente ativa, segundo a pesquisa Dieese-Seade divulgada nesta quinta-feira (26). O número de desempregados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas chegou a 2,62 milhões, 75 mil a mais que em dezembro.O desempenho do emprego em janeiro foi considerado "trágico" pelo diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
Apesar dessa elevação sobre dezembro, na comparação com os demais meses de janeiro, a taxa de 13,1% é a menor já registrada em janeiro desde 1998, quando a pesquisa começou a ser feita: o que significa que o recuo em relação a dezembro não chegou a neutralizar a melhoria no mercado de trabalho ao longo de 2008.
O nível de ocupação caiu 1,3%. Houve um corte de 221 mil vagas, parcialmente compensado pela saída de 145 mil pessoas do mercado de trabalho. Com isso a população economicamente ativa reduziu-se de 20,1 milhões em dezembro último para 19,9 milhões em janeiro.
SÓ SALVADOR REDUZIU A TAXA
Das seis regiões metropolitanas pesquisadas, (São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Distrito Federal) Salvador foi a única onde a taxa de desemprego diminuiu, passando de 19,8% para 19,4%, um recuo de 2%. Apesar disso, a capital baiana ainda possui a maior taxa de desemprego entre as regiões pesquisadas.
Os principais aumentos da taxa de desemprego foram verificados em São Paulo (de 11,8% para 12,5%), o que indica elevação de 5,9%, e em Belo Horizonte ( de de 8,4% para 8,8%), alta de 4,8%.
No Distrito Federal houve alta de 1,9%, com a taxa avançando de 15,4% para 15,7%. Porto alegre passou de 9,8% para 10% (alta de 2%) e Recife de 17,9% para 18,3% (aumento de 2,2%).
O setor de serviços foi o que eliminou mais postos de trabalho com o corte de 90 mil vagas, seguido pela indústria com 79 mil; construção civil com 31 mil e outros setores com 16 mil. Já no comércio, ocorreram 5 mil demissões em variação considerada estável (-0,2%).
Quanto ao rendimento médio do total dos ocupados relativa a dezembro, a pesquisa apurou um aumento de 1,1% com valor de R$ 1.182,00 de novembro para dezembro (este célculo é sempre feito um mês depois daquele do desmprego). O segmento dos assalariados teve um acréscimo um pouco inferior ao dos ocupados em geral, com valor de R$ 1.246,00, 0,6% acima da média verificada, em novembro.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade).”
PARA AGU, AÇÃO DA OPOSIÇÃO É UM 'TOTAL DESCABIMENTO'
Li no site “Vermelho” o seguinte texto extraído da “Fonte: G1”:
“O ministro da Advocacia Geral da União, José Antônio Toffoli, afirmou nesta quinta-feira (26) que fará a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, contra a ação do DEM e do PSDB que questiona a participação dos dois no encontro dos prefeitos, realizado em Brasília (DF) nos dias 10 e 11 de fevereiro.
Segundo ele, o evento foi um ato de governo e, por isso, a AGU pode representá-los junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). DEM e PSDB alegam que o evento serviu para fazer campanha eleitoral antecipada de Dilma para as eleições presidenciais de 2010.
Para Toffoli, a “ação é um total descabimento”. “Não há propaganda eleitoral antecipada, há um ato de governo, uma ação institucional para os novos prefeitos para apresentar a eles os programas do governo federal e facilitar o intercâmbio de ações”, disse, após se reunir com Lula nesta quinta.
O ministro comparou a acusação dos partidos de oposição com o período anterior à disputa do campeonato de Fórmula 1. “Não existe nenhuma antecipação de campanha. Se formos fazer uma metáfora com a Fórmula 1, sequer as equipes escolheram seus pilotos. Nós estamos muito longe dos treinos livres, ou dos treinos oficiais ou do campeonato. Não há candidatura, não há campanha eleitoral”, afirmou.
Na avaliação de Toffoli, a oposição é que faz campanha antecipada pela ministra Dilma quando propõe ações desse tipo. “A oposição tem todo direito de reclamar junto à Justiça de uma ação que ela ache incorreta ou inconveniente e caberá ao governo fazer a defesa e à Justiça julgar. Aliás, eu acho que ela [a oposição] é que acaba fazendo uma campanha antecipada da ministra Dilma, quando coloca esse enfoque”, afirmou.
Toffoli disse que o governo tem até segunda-feira (2) para apresentar a defesa de Lula e Dilma, mas disse que até sexta-feira (27) já seja possível entregar as explicações para o TSE.
Ele questionou ainda se membros dos partidos de oposição participariam de um evento de campanha em favor de Dilma. “A ministra apresentou apenas um dos painéis que foram realizados. Tanto que tinha prefeitos de todos os partidos, e na abertura estava o governador do Distrito Federal, que pertence a um dos partidos que está fazendo a representação. Estaria o governador [José] Arruda fazendo campanha?”, questionou.
O ministro descartou ainda orientar o presidente a tomar cuidado com as citações ou participações da ministra Dilma Rousseff em eventos do governo federal. Segundo ele, Lula não precisa ser orientado sobre esse assunto, porque já disputou cinco eleições presidenciais e “ninguém no Brasil conhece mais de direito eleitoral” do que ele.”
“O ministro da Advocacia Geral da União, José Antônio Toffoli, afirmou nesta quinta-feira (26) que fará a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, contra a ação do DEM e do PSDB que questiona a participação dos dois no encontro dos prefeitos, realizado em Brasília (DF) nos dias 10 e 11 de fevereiro.
Segundo ele, o evento foi um ato de governo e, por isso, a AGU pode representá-los junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). DEM e PSDB alegam que o evento serviu para fazer campanha eleitoral antecipada de Dilma para as eleições presidenciais de 2010.
Para Toffoli, a “ação é um total descabimento”. “Não há propaganda eleitoral antecipada, há um ato de governo, uma ação institucional para os novos prefeitos para apresentar a eles os programas do governo federal e facilitar o intercâmbio de ações”, disse, após se reunir com Lula nesta quinta.
O ministro comparou a acusação dos partidos de oposição com o período anterior à disputa do campeonato de Fórmula 1. “Não existe nenhuma antecipação de campanha. Se formos fazer uma metáfora com a Fórmula 1, sequer as equipes escolheram seus pilotos. Nós estamos muito longe dos treinos livres, ou dos treinos oficiais ou do campeonato. Não há candidatura, não há campanha eleitoral”, afirmou.
Na avaliação de Toffoli, a oposição é que faz campanha antecipada pela ministra Dilma quando propõe ações desse tipo. “A oposição tem todo direito de reclamar junto à Justiça de uma ação que ela ache incorreta ou inconveniente e caberá ao governo fazer a defesa e à Justiça julgar. Aliás, eu acho que ela [a oposição] é que acaba fazendo uma campanha antecipada da ministra Dilma, quando coloca esse enfoque”, afirmou.
Toffoli disse que o governo tem até segunda-feira (2) para apresentar a defesa de Lula e Dilma, mas disse que até sexta-feira (27) já seja possível entregar as explicações para o TSE.
Ele questionou ainda se membros dos partidos de oposição participariam de um evento de campanha em favor de Dilma. “A ministra apresentou apenas um dos painéis que foram realizados. Tanto que tinha prefeitos de todos os partidos, e na abertura estava o governador do Distrito Federal, que pertence a um dos partidos que está fazendo a representação. Estaria o governador [José] Arruda fazendo campanha?”, questionou.
O ministro descartou ainda orientar o presidente a tomar cuidado com as citações ou participações da ministra Dilma Rousseff em eventos do governo federal. Segundo ele, Lula não precisa ser orientado sobre esse assunto, porque já disputou cinco eleições presidenciais e “ninguém no Brasil conhece mais de direito eleitoral” do que ele.”
GILMAR MENDES, O MST E O USO DO DINHEIRO PÚBLICO
Li hoje no blog “De Um Sem Mídia”, de Carlos Dória, o seguinte texto de Leonardo Sakamoto no “Blog do Sakamoto”:
“Eu deixei de me espantar quando o presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes faz declarações públicas que não condizem com a discrição que exige seu cargo. Dessa vez, por conta de um confronto que resultou na morte de seguranças de uma fazenda em Pernambuco (os sem-terra alegam legítima defesa), ele criticou o repasse de recursos públicos a entidades que atuam na luta pela terra.
“Financiamento público de movimentos que cometem ilícito é ilegal, é ilegítimo. Que o Ministério Publico tome providencias para verificar se não há financiamento ilícito a estas instituições”, disse Mendes.
Interessante a indignação do magistrado só ter surgido agora. Por que ele não veio a público dizer o mesmo nas centenas de vezes em que ocorreu o contrário, quando grandes empresas e fazendeiros, que receberam recursos públicos do BNDES, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, entre outros, estiveram envolvidos direta ou indiretamente com a morte de centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e missionários, com a contaminação e destruição do meio ambiente, o trabalho escravo e o infantil, a expulsão de comunidades tradicionais de suas terras, a grilagem de terras, a corrupção de políticos e de funcionários públicos? Será que é pelo fato de que, no Brasil, boa parte do Poder Judiciário age com dois pesos e duas medidas, para ricos e pobres?
Qualquer assassinato tem que ser desvendado, seja quem for o autor ou a vítima. Portanto, espero que os crimes em Pernambuco sejam resolvidos e condenados os culpados ou absolvidos os inocentes. A sacanagem é usar o caso como chantagem ou justificativa para recomeçar uma caça às bruxas, semelhante ao que se tentou fazer na CPI da Terra anos atrás. Fazem parecer que os recursos repassados a entidades sociais no campo são usados para fazer ocupações e orgias, ignorando o desenvolvimento em educação e tecnologia rurais obtidos em pequenas comunidades com esses investimentos nos últimos anos. E ignorando que sem a pressão dos movimentos sociais, o pouco de reforma agrária que ocorreu nem teria sido realizada.
Ah, mas pelo menos, uma coisa boa surge disso tudo. Se Gilmar Mendes for um homem coerente - e acredito que seja - a sua indignação pública contra os sem-terra indica que o ministro também será favorável a qualquer mecanismo de bloqueio de crédito e financiamento públicos a empresas e fazendeiros que cometam crimes como o desmatamento ilegal ou qualquer outro que enumerei acima. O que ele disse nesta quarta - “Que o Ministério Publico tome providencias para verificar se não há financiamento ilícito a estas instituições” - serve também para isso.
E urgente, pois qualquer passarinho sabe que, desde a fundação da nação, dinheiro público é entregue às mãos de expoentes do poder econômico privado (de latifundiários, passando por industriais ao setor de serviços), que cometem sérias delinquências, impunemente.”
“Eu deixei de me espantar quando o presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes faz declarações públicas que não condizem com a discrição que exige seu cargo. Dessa vez, por conta de um confronto que resultou na morte de seguranças de uma fazenda em Pernambuco (os sem-terra alegam legítima defesa), ele criticou o repasse de recursos públicos a entidades que atuam na luta pela terra.
“Financiamento público de movimentos que cometem ilícito é ilegal, é ilegítimo. Que o Ministério Publico tome providencias para verificar se não há financiamento ilícito a estas instituições”, disse Mendes.
Interessante a indignação do magistrado só ter surgido agora. Por que ele não veio a público dizer o mesmo nas centenas de vezes em que ocorreu o contrário, quando grandes empresas e fazendeiros, que receberam recursos públicos do BNDES, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, entre outros, estiveram envolvidos direta ou indiretamente com a morte de centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e missionários, com a contaminação e destruição do meio ambiente, o trabalho escravo e o infantil, a expulsão de comunidades tradicionais de suas terras, a grilagem de terras, a corrupção de políticos e de funcionários públicos? Será que é pelo fato de que, no Brasil, boa parte do Poder Judiciário age com dois pesos e duas medidas, para ricos e pobres?
Qualquer assassinato tem que ser desvendado, seja quem for o autor ou a vítima. Portanto, espero que os crimes em Pernambuco sejam resolvidos e condenados os culpados ou absolvidos os inocentes. A sacanagem é usar o caso como chantagem ou justificativa para recomeçar uma caça às bruxas, semelhante ao que se tentou fazer na CPI da Terra anos atrás. Fazem parecer que os recursos repassados a entidades sociais no campo são usados para fazer ocupações e orgias, ignorando o desenvolvimento em educação e tecnologia rurais obtidos em pequenas comunidades com esses investimentos nos últimos anos. E ignorando que sem a pressão dos movimentos sociais, o pouco de reforma agrária que ocorreu nem teria sido realizada.
Ah, mas pelo menos, uma coisa boa surge disso tudo. Se Gilmar Mendes for um homem coerente - e acredito que seja - a sua indignação pública contra os sem-terra indica que o ministro também será favorável a qualquer mecanismo de bloqueio de crédito e financiamento públicos a empresas e fazendeiros que cometam crimes como o desmatamento ilegal ou qualquer outro que enumerei acima. O que ele disse nesta quarta - “Que o Ministério Publico tome providencias para verificar se não há financiamento ilícito a estas instituições” - serve também para isso.
E urgente, pois qualquer passarinho sabe que, desde a fundação da nação, dinheiro público é entregue às mãos de expoentes do poder econômico privado (de latifundiários, passando por industriais ao setor de serviços), que cometem sérias delinquências, impunemente.”
A CAMPANHA DE SERRA, DE VENTO EM POPA
Li hoje no site “Vi o mundo” do jornalista Luiz Carlos Azenha:
DILMA E SERRA ESTÃO EM PLENA CAMPANHA ELEITORAL ANTECIPADA.
O governador quer fazer crer que é a ministra quem começou antes a campanha, mas ele age com a mão do gato.
Senão vejamos:
-- A Sabesp transfere dinheiro público para a TV Globo, como pagamento antecipado por serviços de divulgação e supressão de notícias;
-- O governo do Estado espalhou outdoors em Bauru saudando o Rodoanel, obra que fica a quase 300 quilômetros da cidade;
-- A Folha de S. Paulo avisou que ou é Serra, ou é uma versão "ditabranda" do século 21;
-- A Veja ressuscitou o senador Jarbas Vasconcelos, que pretende -- ao lado de Orestes Quércia -- nos ensinar como se combate a corrupção;
-- Os comentaristas econômicos decretam o fim do Brasil todos os dias, dentre os quais se destacam a Miriam Leitão e o Carlos Sardenberg, aquele que dizia que só a América Latina, de Chávez, ia ficar para trás no espetáculo global de crescimento econômico;
VOCÊS LERAM ISSO?
-- A CBN, sob a batuta de Ali Kamel, abre seus microfones diariamente para falar das crises federais, enquanto em São Paulo vai tudo bem. Não tem trânsito, nem enchente. O Kassab não afogou o ganso da Aclimação. Isso é coisa de comunista.
-- Em Brasília, Gilmar Mendes faz os "serviços gerais".
O problema de Serra é que esse cast de canastrões não emplaca nem em pastelão da Vera Cruz.
Você gostaria de ter o apoio da trinca Kamel-Quércia-Mendes?”
DILMA E SERRA ESTÃO EM PLENA CAMPANHA ELEITORAL ANTECIPADA.
O governador quer fazer crer que é a ministra quem começou antes a campanha, mas ele age com a mão do gato.
Senão vejamos:
-- A Sabesp transfere dinheiro público para a TV Globo, como pagamento antecipado por serviços de divulgação e supressão de notícias;
-- O governo do Estado espalhou outdoors em Bauru saudando o Rodoanel, obra que fica a quase 300 quilômetros da cidade;
-- A Folha de S. Paulo avisou que ou é Serra, ou é uma versão "ditabranda" do século 21;
-- A Veja ressuscitou o senador Jarbas Vasconcelos, que pretende -- ao lado de Orestes Quércia -- nos ensinar como se combate a corrupção;
-- Os comentaristas econômicos decretam o fim do Brasil todos os dias, dentre os quais se destacam a Miriam Leitão e o Carlos Sardenberg, aquele que dizia que só a América Latina, de Chávez, ia ficar para trás no espetáculo global de crescimento econômico;
VOCÊS LERAM ISSO?
-- A CBN, sob a batuta de Ali Kamel, abre seus microfones diariamente para falar das crises federais, enquanto em São Paulo vai tudo bem. Não tem trânsito, nem enchente. O Kassab não afogou o ganso da Aclimação. Isso é coisa de comunista.
-- Em Brasília, Gilmar Mendes faz os "serviços gerais".
O problema de Serra é que esse cast de canastrões não emplaca nem em pastelão da Vera Cruz.
Você gostaria de ter o apoio da trinca Kamel-Quércia-Mendes?”
CHEGA DE PAULISTA!
Li hoje no site “Vi o mundo” do jornalista Luiz Carlos Azenha:
“Eu sou paulista de Bauru. Estou acostumado ao desprezo da elite paulistana pelos "caipiras".
E, tendo vivido muitos anos em São Paulo, estou acostumado ao desprezo da elite do Sul Maravilha pelos nordestinos.
Um desprezo que ficou bastante em evidência quando Luiza Erundina se elegeu prefeita de São Paulo e, mais ainda, quando Lula chegou à presidência da República.
Nos últimos dias um episódio deixou enfurecidos meus leitores do Nordeste: a pressão que a TV Globo teria exercido para limitar o alcance da TV Diário, do Ceará, afiliada da Globo, que por ser transmitida via satélite para milhões de antenas parabólicas representaria ameaça à audiência da própria Globo, de acordo com denúncia do blog Rastreadores de Impurezas.
Um ato que apenas confirma, aos olhos dos meus leitores, o espírito colonizador com que a elite do Sul Maravilha trata o Nordeste.
Esse desprezo intelectual é repetidamente demonstrado pela mídia quando contrata jornalistas "folclóricos" do Nordeste, que se encaixam perfeitamente no estereotipo que a elite do Sudeste tem do nordestino: gente que não é para ser levada a sério.
Para além de uma questão comercial, o episódio mostra o que está errado com a política de comunicação do Brasil, especialmente no que diz respeito à exigência de conteúdo regional para as emissoras de rádio e de televisão.
Mostra também o poder de repercussão da internet, a necessidade urgente da Conferência Nacional de Comunicação e deixa claro que existe um tremendo espaço para o desenvolvimento de conteúdos regionais que acabem de uma vez por todas com o colonialismo interno no país.”
“Eu sou paulista de Bauru. Estou acostumado ao desprezo da elite paulistana pelos "caipiras".
E, tendo vivido muitos anos em São Paulo, estou acostumado ao desprezo da elite do Sul Maravilha pelos nordestinos.
Um desprezo que ficou bastante em evidência quando Luiza Erundina se elegeu prefeita de São Paulo e, mais ainda, quando Lula chegou à presidência da República.
Nos últimos dias um episódio deixou enfurecidos meus leitores do Nordeste: a pressão que a TV Globo teria exercido para limitar o alcance da TV Diário, do Ceará, afiliada da Globo, que por ser transmitida via satélite para milhões de antenas parabólicas representaria ameaça à audiência da própria Globo, de acordo com denúncia do blog Rastreadores de Impurezas.
Um ato que apenas confirma, aos olhos dos meus leitores, o espírito colonizador com que a elite do Sul Maravilha trata o Nordeste.
Esse desprezo intelectual é repetidamente demonstrado pela mídia quando contrata jornalistas "folclóricos" do Nordeste, que se encaixam perfeitamente no estereotipo que a elite do Sudeste tem do nordestino: gente que não é para ser levada a sério.
Para além de uma questão comercial, o episódio mostra o que está errado com a política de comunicação do Brasil, especialmente no que diz respeito à exigência de conteúdo regional para as emissoras de rádio e de televisão.
Mostra também o poder de repercussão da internet, a necessidade urgente da Conferência Nacional de Comunicação e deixa claro que existe um tremendo espaço para o desenvolvimento de conteúdos regionais que acabem de uma vez por todas com o colonialismo interno no país.”
HOJE: 20 ANOS DO CARACAZO
Li hoje no site Carta Maior o seguinte texto de Gilberto Maringoni. O autor é jornalista e cartunista, doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo):
DIAS DE FÚRIA NA VENEZUELA, VINTE ANOS DEPOIS
No dia 27 de fevereiro de 1989, Caracas e as principais cidades venezuelanas foram palco de uma imensa rebelião social. A rebelião ficaria conhecida como Caracazo e abriria caminho para a surpreendente sucessão de eventos que sacudiriam a Venezuela ao longo da década seguinte.
Há exatos vinte anos, dia 27 de fevereiro de 1989, Caracas e as principais cidades venezuelanas foram palco de uma imensa rebelião social. O evento ficou conhecido como Caracazo e um ciclo histórico. Rompeu-se ali um pacto político, alicerçado no preço do petróleo, que possibilitou a convivência no poder entre dois partidos de centro-direita e a exclusão dos setores populares, sem que a alternância no poder e os aspectos formais da democracia liberal fossem colocados em questão. Um feito, em um continente pontilhado de ditaduras militares e golpes de Estado.
A CRISE ANUNCIADA
O pais vivia, desde 1983, uma séria crise econômica. Naquele ano, a queda dos preços internacionais do petróleo já abalara as finanças nacionais.
Em 4 de dezembro de 1988, Carlos Andrés Pérez foi eleito presidente da República pela segunda vez, com a consagradora marca de 56,4% dos votos válidos. Mais do que ninguém, o líder do partido Ação Democrática personalizava a prosperidade petroleira vivida na década anterior e sua situação de crescimento econômico, altos níveis de emprego e melhoria constante no padrão de vida da população. Ainda estava na memória de todos o lema de seu primeiro mandato: Democracia com energia. Sua campanha e sua vitória se deram sob o signo da promessa de dias melhores.
No entanto, a situação, do ponto de vista das contas públicas, era para lá de preocupante. Como fruto da queda acentuada dos preços internacionais do petróleo, ocorrida nos anos anteriores, as reservas do Banco Central, que em 1985 alcançavam US$ 13,75 bilhões, despencaram para US$ 6,67 bilhões no final da gestão de seu antecessor, Jaime Lusinschi. A inflação alcançava 40,3% ao ano, o desemprego alcançava dois dígitos e o salário real havia despencado. Uma aguda fuga de capitais completava o quadro.
Em 16 de fevereiro, o presidente se dirigiu ao País para anunciar seu programa de ação. Iniciou seu discurso com uma severa crítica ao modo de funcionamento da sociedade nos últimos anos, apresentou uma audaz e certeira visão das debilidades de sua economia e anunciou - sob todas as luzes, para surpresa de todos - que o governo havia firmado um memorando com o Fundo Monetário Internacional. Pérez ressaltou que aquela seria uma necessidade inadiável e a única possibilidade de tornar a economia mais produtiva e competitiva. E, claro, alertou que sua implantação implicaria graves sacrifícios a todos os venezuelanos por um curto período.
O objetivo de tudo era liberação de um empréstimo de US$ 4,5 bilhões. A contrapartida, concretizada no dia 25, um sábado, era salgada: o pacote incluía a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, a redução do gasto público e do crédito, liberação de preços, congelamento de salários e aumento dos preços de gêneros de primeira necessidade. A gasolina sofreria um reajuste imediato de 100%. Isso resultaria, segundo anunciado, numa majoração de 30% nos bilhetes de transporte coletivo. Na prática, estes reajustes chegaram também a 100%.
Nada disso havia sido ventilado durante a campanha.
PROTESTOS
Antes das seis da manhã da segunda-feira, dia 27, começaram os primeiros protestos, aparentemente verbais em seu início, nos terminais de transportes coletivos das cidades dormitório ao redor de Caracas.
As pessoas que estavam no terminal Nuevo Circo logo se deslocaram para a avenida Bolívar, no centro da capital. Em frente ao busto do Libertador, começaram a construir barricadas, no meio da via, cortando a comunicação entre diversos pontos da capital. De início eram 200, mas logo formavam uma multidão.
Ao meio dia, um outro contingente conclamava estudantes, professores e funcionários da Universidade Central, zona leste da capital, a protestarem não apenas contra "os aumentos de preços das passagens, mas a se oporem também às outras medidas econômicas aplicadas pelo governo de Pérez". No início da tarde, estes manifestantes convergiram para a autopista Francisco Fajardo, colocando "galhos de árvores, garrafas ou quaisquer outros objetos, para impedir a passagem dos carros". Caminhões com cargas alimentícias começaram a ser saqueados e o comércio em volta fechou suas portas. A Polícia Metropolitana acompanhava tudo à distância, até que o primeiro ônibus foi incendiado. Aí começaram os disparos, até que um estudante foi atingido por uma bala perdida. Com saques se disseminando por outras regiões, no início da noite, o cenário era de caos.
As forças policiais, no bairro de Antínamo, chegaram a um acordo com os manifestantes, para que apenas mulheres e crianças entrassem nos estabelecimentos para saquear "com cultura e ordem".
A REPRESSÃO
Carlos Andrés Pérez passara o dia 27 em Barquisimeto, capital do estado de Lara, voltando a Caracas por volta das dez da noite. No segundo dia de distúrbios, recebeu no palácio de Miraflores inúmeros empresários e lideranças políticas, antes de convocar, no meio da tarde, uma cadeia nacional de rádio e televisão. Ao vivo, para todo o País, anunciou o toque de recolher e a suspensão das garantias constitucionais. Foi a senha para que a repressão fosse desatada sem freios, especialmente sobre os habitantes das regiões populares.
Do Palácio escutavam-se tiros disparados nos bairros próximos. O dia 28 fôra de extrema tensão. Às oito da noite ainda havia gente em seu gabinete. Antes de se retirar, Pérez convidou Cláudio Fermín, prefeito de Caracas e Héctor Alonso López, dirigente da AD, para jantar. Ouvia-se o ronco dos helicópteros do exército sobrevoando a capital. Ao terminar a refeição, López dirige-se a Pérez e lhe diz preocupado: "Esta foi uma reação dos pobres contra os ricos".
No bairro de Petare, as forças repressivas chegaram a disparar contra uma multidão, no dia 1° de março, matando mais de 20 pessoas. Apareceram franco-atiradores no alto de alguns edifícios na imensa zona periférica de 23 de Janeiro, assim batizada em homenagem à queda do ditador Pérez Jiménez (1949-1959). Soldados muito jovens e inexperientes, enviados para o local, armados com fuzis FAL, de vasto poder destrutivo, chegaram disparando contra os edifícios. Incontáveis moradores foram mortos. Nesta mesma noite, o clima foi de puro terror em outras regiões pobres. Cadáveres eram produzidos em quantidades industriais.
A rebelião ficaria conhecida como Caracazo, nome que não faz juz às suas dimensões nacionais, e abriria caminho para a surpreendente sucessão de eventos que sacudiriam a Venezuela ao longo da década seguinte.
Quatro anos depois, familiares e grupos de direitos humanos conseguiram apurar um total de 396 vítimas fatais nos cinco dias que durou a revolta. Os feridos contavam-se aos milhares e os prejuízos materiais são quase impossíveis de serem estimados. Os centros médicos contabilizaram um total entre 1 mil e 1,5 mil mortos.
DESASTRE ECONÔMICO E SOCIAL
A Venezuela encerrou aquele ano com uma queda de 8,1% no PIB e uma taxa de inflação de 81%. Nos anos de expansão, esta taxa não ultrapassava um dígito. A parcela da população que se vivia abaixo da linha de pobreza aumentou de 15%, no final de 1988 para 45%, dois anos depois. Até o final de seu mandato, Pérez eliminaria as regulamentações bancárias, acabaria com a maior parte dos controles de preços, privatizaria a companhia nacional de telefones (Cantv), o sistema de portos, uma importante linha aérea (Viasa) e abriria a indústria petroleira e outros setores estratégicos ao capital privado.
Quebrou-se, em fevereiro de 1989, a auto-imagem que os venezuelanos tinham de si mesmos e que era compartilhada por vários observadores internacionais. Segundo ela, o País seria um modelo de democracia e tolerância no continente, com suas eleições regulares, suas instituições, seus direitos civis, seus partidos com sólidas bases sociais etc.
Rompeu-se um padrão de convivência construído ao longo de todo o século. Os canais de mediação de demandas entre a população e o Estado - partidos políticos e sindicatos - que, durante décadas, resolveram conflitos variados, mostraram-se inúteis quando a crise tornou-se irreversível.
A expansão petroleira dos anos 70 gerara para as classes dominantes, para as camadas médias e mesmo para os setores populares, de maneira diferenciada, a ilusão de que o País se descolara finalmente do destino de infortúnios do continente latino-americano. Como se recorda o pesquisador Steve Ellner, "A prosperidade deste decênio se converteria num ponto de referência constante para os venezuelanos e formaria parte de sua memória coletiva, fazendo-lhes difícil ajustarem-se aos tempos difíceis que viriam adiante".
Com o Caracazo, a Venezuela fizera um pouso forçado na realidade latino americana.
REFORMAS LIBERAIS
O sociólogo Edgardo Lander refletiu sobre isso num texto escrito em 2003. Eis o que ele diz: "Tendo escapado da dura experiência da dominação militar nas décadas de 1970 e 1980, a Venezuela não sofreu a desmobilização política e abandono de práticas social-democratas como ocorreu no mesmo período na maioria dos países latino-americanos, no mesmo período. Como conseqüência, o País estava, de diversas maneiras, despreparado para as orientações neoliberais promovidas pelos Estados Unidos no bojo do Consenso de Washington. Regimes autoritários, ao longo do continente, lograram reestruturar as principais dimensões da vida social e adaptá-las às novas demandas da economia global. Políticas de desregulamentação, liberalização, privatização, redução da atividade social do Estado e limitação de direitos sociais - que só puderam ser parcialmente implementadas nos países centrais - foram impostas com poucos constrangimentos na América Latina, depoi s de toda a resistência ter sido esmagada através da repressão".
Em seu livro "Breve História Contemporânea de Venezuela", o historiador Gillermo Morón afirma que "Abriu-se a história contemporânea da Venezuela em 18 de dezembro de 1935, quando o general Eleazar López Contreras assumiu o poder". E completa: "O povo colocou-lhe uma data de encerramento: 27 de fevereiro de 1989".
O ex-comandante guerrilheiro e ex-dirigente do Partido Comunista da Venezuela, Douglas Bravo vai mais longe:
"Foi a rebelião social mais profunda já acontecida na Venezuela; não foi convocada por nenhum partido, sindicato ou igreja. Foi a primeira manifestação verdadeiramente popular contra o neoliberalismo ocorrida em todo o mundo".
VIDA QUE SEGUIU
A engrenagem política que sobrevive ao Caracazo perde grande parte de sua legitimidade. A violenta semana fora, a um só tempo, produto de uma crise prolongada e marca de movimentações profundas na estrutura social venezuelana.
O sistema estava ferido de morte, numa sociedade cuja intolerância e violência cotidiana foram se tornando mais e mais evidentes.
Anos depois, a população vê em outra liderança a possibilidade de acertar suas contas com o passado e tentar criar alternativas para o futuro. O dirigente era Hugo Chávez. Sua história, cheia de idas e vindas e pontos polêmicos, está sendo escrita à quente.”
DIAS DE FÚRIA NA VENEZUELA, VINTE ANOS DEPOIS
No dia 27 de fevereiro de 1989, Caracas e as principais cidades venezuelanas foram palco de uma imensa rebelião social. A rebelião ficaria conhecida como Caracazo e abriria caminho para a surpreendente sucessão de eventos que sacudiriam a Venezuela ao longo da década seguinte.
Há exatos vinte anos, dia 27 de fevereiro de 1989, Caracas e as principais cidades venezuelanas foram palco de uma imensa rebelião social. O evento ficou conhecido como Caracazo e um ciclo histórico. Rompeu-se ali um pacto político, alicerçado no preço do petróleo, que possibilitou a convivência no poder entre dois partidos de centro-direita e a exclusão dos setores populares, sem que a alternância no poder e os aspectos formais da democracia liberal fossem colocados em questão. Um feito, em um continente pontilhado de ditaduras militares e golpes de Estado.
A CRISE ANUNCIADA
O pais vivia, desde 1983, uma séria crise econômica. Naquele ano, a queda dos preços internacionais do petróleo já abalara as finanças nacionais.
Em 4 de dezembro de 1988, Carlos Andrés Pérez foi eleito presidente da República pela segunda vez, com a consagradora marca de 56,4% dos votos válidos. Mais do que ninguém, o líder do partido Ação Democrática personalizava a prosperidade petroleira vivida na década anterior e sua situação de crescimento econômico, altos níveis de emprego e melhoria constante no padrão de vida da população. Ainda estava na memória de todos o lema de seu primeiro mandato: Democracia com energia. Sua campanha e sua vitória se deram sob o signo da promessa de dias melhores.
No entanto, a situação, do ponto de vista das contas públicas, era para lá de preocupante. Como fruto da queda acentuada dos preços internacionais do petróleo, ocorrida nos anos anteriores, as reservas do Banco Central, que em 1985 alcançavam US$ 13,75 bilhões, despencaram para US$ 6,67 bilhões no final da gestão de seu antecessor, Jaime Lusinschi. A inflação alcançava 40,3% ao ano, o desemprego alcançava dois dígitos e o salário real havia despencado. Uma aguda fuga de capitais completava o quadro.
Em 16 de fevereiro, o presidente se dirigiu ao País para anunciar seu programa de ação. Iniciou seu discurso com uma severa crítica ao modo de funcionamento da sociedade nos últimos anos, apresentou uma audaz e certeira visão das debilidades de sua economia e anunciou - sob todas as luzes, para surpresa de todos - que o governo havia firmado um memorando com o Fundo Monetário Internacional. Pérez ressaltou que aquela seria uma necessidade inadiável e a única possibilidade de tornar a economia mais produtiva e competitiva. E, claro, alertou que sua implantação implicaria graves sacrifícios a todos os venezuelanos por um curto período.
O objetivo de tudo era liberação de um empréstimo de US$ 4,5 bilhões. A contrapartida, concretizada no dia 25, um sábado, era salgada: o pacote incluía a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, a redução do gasto público e do crédito, liberação de preços, congelamento de salários e aumento dos preços de gêneros de primeira necessidade. A gasolina sofreria um reajuste imediato de 100%. Isso resultaria, segundo anunciado, numa majoração de 30% nos bilhetes de transporte coletivo. Na prática, estes reajustes chegaram também a 100%.
Nada disso havia sido ventilado durante a campanha.
PROTESTOS
Antes das seis da manhã da segunda-feira, dia 27, começaram os primeiros protestos, aparentemente verbais em seu início, nos terminais de transportes coletivos das cidades dormitório ao redor de Caracas.
As pessoas que estavam no terminal Nuevo Circo logo se deslocaram para a avenida Bolívar, no centro da capital. Em frente ao busto do Libertador, começaram a construir barricadas, no meio da via, cortando a comunicação entre diversos pontos da capital. De início eram 200, mas logo formavam uma multidão.
Ao meio dia, um outro contingente conclamava estudantes, professores e funcionários da Universidade Central, zona leste da capital, a protestarem não apenas contra "os aumentos de preços das passagens, mas a se oporem também às outras medidas econômicas aplicadas pelo governo de Pérez". No início da tarde, estes manifestantes convergiram para a autopista Francisco Fajardo, colocando "galhos de árvores, garrafas ou quaisquer outros objetos, para impedir a passagem dos carros". Caminhões com cargas alimentícias começaram a ser saqueados e o comércio em volta fechou suas portas. A Polícia Metropolitana acompanhava tudo à distância, até que o primeiro ônibus foi incendiado. Aí começaram os disparos, até que um estudante foi atingido por uma bala perdida. Com saques se disseminando por outras regiões, no início da noite, o cenário era de caos.
As forças policiais, no bairro de Antínamo, chegaram a um acordo com os manifestantes, para que apenas mulheres e crianças entrassem nos estabelecimentos para saquear "com cultura e ordem".
A REPRESSÃO
Carlos Andrés Pérez passara o dia 27 em Barquisimeto, capital do estado de Lara, voltando a Caracas por volta das dez da noite. No segundo dia de distúrbios, recebeu no palácio de Miraflores inúmeros empresários e lideranças políticas, antes de convocar, no meio da tarde, uma cadeia nacional de rádio e televisão. Ao vivo, para todo o País, anunciou o toque de recolher e a suspensão das garantias constitucionais. Foi a senha para que a repressão fosse desatada sem freios, especialmente sobre os habitantes das regiões populares.
Do Palácio escutavam-se tiros disparados nos bairros próximos. O dia 28 fôra de extrema tensão. Às oito da noite ainda havia gente em seu gabinete. Antes de se retirar, Pérez convidou Cláudio Fermín, prefeito de Caracas e Héctor Alonso López, dirigente da AD, para jantar. Ouvia-se o ronco dos helicópteros do exército sobrevoando a capital. Ao terminar a refeição, López dirige-se a Pérez e lhe diz preocupado: "Esta foi uma reação dos pobres contra os ricos".
No bairro de Petare, as forças repressivas chegaram a disparar contra uma multidão, no dia 1° de março, matando mais de 20 pessoas. Apareceram franco-atiradores no alto de alguns edifícios na imensa zona periférica de 23 de Janeiro, assim batizada em homenagem à queda do ditador Pérez Jiménez (1949-1959). Soldados muito jovens e inexperientes, enviados para o local, armados com fuzis FAL, de vasto poder destrutivo, chegaram disparando contra os edifícios. Incontáveis moradores foram mortos. Nesta mesma noite, o clima foi de puro terror em outras regiões pobres. Cadáveres eram produzidos em quantidades industriais.
A rebelião ficaria conhecida como Caracazo, nome que não faz juz às suas dimensões nacionais, e abriria caminho para a surpreendente sucessão de eventos que sacudiriam a Venezuela ao longo da década seguinte.
Quatro anos depois, familiares e grupos de direitos humanos conseguiram apurar um total de 396 vítimas fatais nos cinco dias que durou a revolta. Os feridos contavam-se aos milhares e os prejuízos materiais são quase impossíveis de serem estimados. Os centros médicos contabilizaram um total entre 1 mil e 1,5 mil mortos.
DESASTRE ECONÔMICO E SOCIAL
A Venezuela encerrou aquele ano com uma queda de 8,1% no PIB e uma taxa de inflação de 81%. Nos anos de expansão, esta taxa não ultrapassava um dígito. A parcela da população que se vivia abaixo da linha de pobreza aumentou de 15%, no final de 1988 para 45%, dois anos depois. Até o final de seu mandato, Pérez eliminaria as regulamentações bancárias, acabaria com a maior parte dos controles de preços, privatizaria a companhia nacional de telefones (Cantv), o sistema de portos, uma importante linha aérea (Viasa) e abriria a indústria petroleira e outros setores estratégicos ao capital privado.
Quebrou-se, em fevereiro de 1989, a auto-imagem que os venezuelanos tinham de si mesmos e que era compartilhada por vários observadores internacionais. Segundo ela, o País seria um modelo de democracia e tolerância no continente, com suas eleições regulares, suas instituições, seus direitos civis, seus partidos com sólidas bases sociais etc.
Rompeu-se um padrão de convivência construído ao longo de todo o século. Os canais de mediação de demandas entre a população e o Estado - partidos políticos e sindicatos - que, durante décadas, resolveram conflitos variados, mostraram-se inúteis quando a crise tornou-se irreversível.
A expansão petroleira dos anos 70 gerara para as classes dominantes, para as camadas médias e mesmo para os setores populares, de maneira diferenciada, a ilusão de que o País se descolara finalmente do destino de infortúnios do continente latino-americano. Como se recorda o pesquisador Steve Ellner, "A prosperidade deste decênio se converteria num ponto de referência constante para os venezuelanos e formaria parte de sua memória coletiva, fazendo-lhes difícil ajustarem-se aos tempos difíceis que viriam adiante".
Com o Caracazo, a Venezuela fizera um pouso forçado na realidade latino americana.
REFORMAS LIBERAIS
O sociólogo Edgardo Lander refletiu sobre isso num texto escrito em 2003. Eis o que ele diz: "Tendo escapado da dura experiência da dominação militar nas décadas de 1970 e 1980, a Venezuela não sofreu a desmobilização política e abandono de práticas social-democratas como ocorreu no mesmo período na maioria dos países latino-americanos, no mesmo período. Como conseqüência, o País estava, de diversas maneiras, despreparado para as orientações neoliberais promovidas pelos Estados Unidos no bojo do Consenso de Washington. Regimes autoritários, ao longo do continente, lograram reestruturar as principais dimensões da vida social e adaptá-las às novas demandas da economia global. Políticas de desregulamentação, liberalização, privatização, redução da atividade social do Estado e limitação de direitos sociais - que só puderam ser parcialmente implementadas nos países centrais - foram impostas com poucos constrangimentos na América Latina, depoi s de toda a resistência ter sido esmagada através da repressão".
Em seu livro "Breve História Contemporânea de Venezuela", o historiador Gillermo Morón afirma que "Abriu-se a história contemporânea da Venezuela em 18 de dezembro de 1935, quando o general Eleazar López Contreras assumiu o poder". E completa: "O povo colocou-lhe uma data de encerramento: 27 de fevereiro de 1989".
O ex-comandante guerrilheiro e ex-dirigente do Partido Comunista da Venezuela, Douglas Bravo vai mais longe:
"Foi a rebelião social mais profunda já acontecida na Venezuela; não foi convocada por nenhum partido, sindicato ou igreja. Foi a primeira manifestação verdadeiramente popular contra o neoliberalismo ocorrida em todo o mundo".
VIDA QUE SEGUIU
A engrenagem política que sobrevive ao Caracazo perde grande parte de sua legitimidade. A violenta semana fora, a um só tempo, produto de uma crise prolongada e marca de movimentações profundas na estrutura social venezuelana.
O sistema estava ferido de morte, numa sociedade cuja intolerância e violência cotidiana foram se tornando mais e mais evidentes.
Anos depois, a população vê em outra liderança a possibilidade de acertar suas contas com o passado e tentar criar alternativas para o futuro. O dirigente era Hugo Chávez. Sua história, cheia de idas e vindas e pontos polêmicos, está sendo escrita à quente.”
JUROS DO CHEQUE ESPECIAL CAEM 2,9 PONTOS, APÓS 12 MESES SEGUIDOS DE ALTA
Li no portal UOL ontem a seguinte notícia divulgada com informações da agência norte-americana Reuters:
“A taxa de juro do cheque especial diminuiu 2,9 pontos de dezembro para janeiro, ficando em 172% ao ano. Foi a primeira redução após um ano inteiro de aumento ininterrupto. Em janeiro do ano passado, a taxa estava em 145,5%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central.
Em dezembro do ano passado, a taxa encontrava-se em 174,9% anuais. Em 12 meses, o avanço correspondeu a 26,5 pontos percentuais.
O spread (ganho com a diferença entre o custo de aplicação e o custo de captação) cobrado pelos bancos nessa operação ficou em 159,9% ao ano, com recuo de 2,5 pontos perante o mês final de 2008.
O juro do crédito pessoal fechou janeiro em 56,5%, com queda de 3,9 pontos percentuais perante dezembro, mas acréscimo de 3,4 pontos em 12 meses.
Dentro dessas operações, a taxa média dos empréstimos com desconto em folha de pagamento situou-se em 30,7% em janeiro, o que representa uma baixa de 0,1 ponto percentual no mês.
As taxas médias das operações tradicionais de crédito pessoal diminuíram 3,6 pontos na passagem de dezembro de 2008 para o primeiro mês deste ano, para 73,1%.
Nas outras modalidades de crédito à pessoa física, o custo médio do empréstimo para aquisição de veículos equivaleu a 34,7%, com queda de 1,8 ponto em relação ao mês final de 2008.
As taxas de empréstimos cobradas para aquisição de bens variados - como eletroeletrônicos, por exemplo - se encontrou em janeiro em 66,1% ao ano, declínio de 7,7 pontos.”
“A taxa de juro do cheque especial diminuiu 2,9 pontos de dezembro para janeiro, ficando em 172% ao ano. Foi a primeira redução após um ano inteiro de aumento ininterrupto. Em janeiro do ano passado, a taxa estava em 145,5%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central.
Em dezembro do ano passado, a taxa encontrava-se em 174,9% anuais. Em 12 meses, o avanço correspondeu a 26,5 pontos percentuais.
O spread (ganho com a diferença entre o custo de aplicação e o custo de captação) cobrado pelos bancos nessa operação ficou em 159,9% ao ano, com recuo de 2,5 pontos perante o mês final de 2008.
O juro do crédito pessoal fechou janeiro em 56,5%, com queda de 3,9 pontos percentuais perante dezembro, mas acréscimo de 3,4 pontos em 12 meses.
Dentro dessas operações, a taxa média dos empréstimos com desconto em folha de pagamento situou-se em 30,7% em janeiro, o que representa uma baixa de 0,1 ponto percentual no mês.
As taxas médias das operações tradicionais de crédito pessoal diminuíram 3,6 pontos na passagem de dezembro de 2008 para o primeiro mês deste ano, para 73,1%.
Nas outras modalidades de crédito à pessoa física, o custo médio do empréstimo para aquisição de veículos equivaleu a 34,7%, com queda de 1,8 ponto em relação ao mês final de 2008.
As taxas de empréstimos cobradas para aquisição de bens variados - como eletroeletrônicos, por exemplo - se encontrou em janeiro em 66,1% ao ano, declínio de 7,7 pontos.”
MARINHA PRECISA DE R$ 8,5 BI PARA FAZER OS 5 SUBMARINOS
O jornal Folha de São Paulo de ontem publicou a seguinte reportagem de Claudio Dantas Sequeira, com a colaboração de Samy Adghirni:
“Militares recorrem a bancos estrangeiros para bancar programa negociado com a França Negócio, ameaçado por crise econômica, ainda é insuficiente para compensar o atraso tecnológico da indústria bélica nacional
Para tirar do papel o programa de desenvolvimento de submarinos (PDS) negociado com a França em dezembro, a Marinha brasileira tenta alavancar cerca de R$ 8,5 bilhões, valor para os quatro convencionais e um de propulsão nuclear. Mas a operação no mercado financeiro internacional, que compreende uma linha de financiamento a juros baixos e prazo de até 25 anos, corre risco por causa da elevação do custo do crédito e da cautela dos bancos.
Segundo a Folha apurou, a Marinha decidiu recorrer a outras instituições financeiras, que não as francesas, para melhorar as chances de financiamento. Candidatos naturais, os franceses BNP e Societè Generale, concorrem agora com bancos como Santander (Espanha) e Citibank (EUA). Nenhum deles escapou à crise atual. A incerteza sobre a capacidade de solvência de um empréstimo bilionário também aflige o Planalto, que terá a palavra final no caso.
A Marinha está otimista e diz que, se for aprovado, o contrato de financiamento será assinado em 7 de setembro, na visita do presidente Nicolas Sarkozy.
LIMITES
Mesmo que consiga o financiamento, a empreitada militar terá efeito limitado na reestruturação da indústria bélica nacional, como quer o governo.
Detalhes do projeto revelam que o planejamento para a troca de informações estratégicas ajudará, mas não resolverá o atual gargalo tecnológico. Sistemas sensíveis e de altíssima sofisticação como sonares, periscópios, tubos de torpedo e componentes de instalação da turbina a vapor, continuarão sendo desenvolvidos em território francês por absoluta falta de viabilidade econômica no Brasil. Até o aço do casco do submarino, uma liga especial de alta resistência, será fornecido pela França.
"Seria necessária uma produção em escala capaz de compensar os elevados investimentos requeridos para seu desenvolvimento e produção", afirma a Marinha, argumentando que o submarino terá 17% de nacionalização -tomando linearmente os mais de 200 mil itens que o compõe.
Em linhas gerais, a parceria elevará a capacidade de defesa e dissuasão, mas o país seguirá dependente por um bom tempo. Essa condição se estende ao pacote de armamentos. A Marinha acertou a compra de torpedos multifunção "Black Shark", um dos mais avançados do mercado, além do míssil antinavio SMM-39, espécie de versão submarina dos mísseis Exocet. O Brasil tem alguns projetos e técnicos farão estágio com fabricantes franceses.
"São coisas que gostaríamos de fazer aqui, mas são caras e difíceis", diz o almirante reformado Mario Cesar Flores. Ex-ministro da Marinha (1990-1992) e de Assuntos Estratégicos (1992-1994), Flores acredita que "não há solução a médio prazo". Carlos Frederico de Aguiar, presidente da Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança), defende o negócio. "As baterias do submarino e as válvulas de casco serão produzidas nacionalmente, pela Saturnia e a Cia Dox", afirma.
Para Aguiar, o índice de nacionalização dos submarinos é coerente com a realidade. "Os aviões militares da Embraer têm 15% de nacionalização e os comerciais, 20%", diz. De acordo com a Marinha, 30 empresas nacionais vão produzir componentes para o projeto.
Paralelamente, Odebrecht (50%), DCNS (49%) e Marinha (1%, com golden share) formarão uma Sociedade com Propósito Específico para operação do estaleiro em que serão construídos os submarinos. Pedro Paulo Rezende, analista da revista britânica "Janes Defence Weekly", avalia que a questão de escala seria amenizada se a Marinha fabricasse o dobro de submarinos previstos.
"Ter o equipamento de última geração é importante, mas não resolve. De maneira geral, as limitações que os franceses nos impuseram são as mesmas que alemães e americanos nos imporiam", diz. Para Rezende, a questão mais sensível "é o não repasse da planta de vapor do submarino nuclear". "Sem isso, é uma caixa preta", diz.”
“Militares recorrem a bancos estrangeiros para bancar programa negociado com a França Negócio, ameaçado por crise econômica, ainda é insuficiente para compensar o atraso tecnológico da indústria bélica nacional
Para tirar do papel o programa de desenvolvimento de submarinos (PDS) negociado com a França em dezembro, a Marinha brasileira tenta alavancar cerca de R$ 8,5 bilhões, valor para os quatro convencionais e um de propulsão nuclear. Mas a operação no mercado financeiro internacional, que compreende uma linha de financiamento a juros baixos e prazo de até 25 anos, corre risco por causa da elevação do custo do crédito e da cautela dos bancos.
Segundo a Folha apurou, a Marinha decidiu recorrer a outras instituições financeiras, que não as francesas, para melhorar as chances de financiamento. Candidatos naturais, os franceses BNP e Societè Generale, concorrem agora com bancos como Santander (Espanha) e Citibank (EUA). Nenhum deles escapou à crise atual. A incerteza sobre a capacidade de solvência de um empréstimo bilionário também aflige o Planalto, que terá a palavra final no caso.
A Marinha está otimista e diz que, se for aprovado, o contrato de financiamento será assinado em 7 de setembro, na visita do presidente Nicolas Sarkozy.
LIMITES
Mesmo que consiga o financiamento, a empreitada militar terá efeito limitado na reestruturação da indústria bélica nacional, como quer o governo.
Detalhes do projeto revelam que o planejamento para a troca de informações estratégicas ajudará, mas não resolverá o atual gargalo tecnológico. Sistemas sensíveis e de altíssima sofisticação como sonares, periscópios, tubos de torpedo e componentes de instalação da turbina a vapor, continuarão sendo desenvolvidos em território francês por absoluta falta de viabilidade econômica no Brasil. Até o aço do casco do submarino, uma liga especial de alta resistência, será fornecido pela França.
"Seria necessária uma produção em escala capaz de compensar os elevados investimentos requeridos para seu desenvolvimento e produção", afirma a Marinha, argumentando que o submarino terá 17% de nacionalização -tomando linearmente os mais de 200 mil itens que o compõe.
Em linhas gerais, a parceria elevará a capacidade de defesa e dissuasão, mas o país seguirá dependente por um bom tempo. Essa condição se estende ao pacote de armamentos. A Marinha acertou a compra de torpedos multifunção "Black Shark", um dos mais avançados do mercado, além do míssil antinavio SMM-39, espécie de versão submarina dos mísseis Exocet. O Brasil tem alguns projetos e técnicos farão estágio com fabricantes franceses.
"São coisas que gostaríamos de fazer aqui, mas são caras e difíceis", diz o almirante reformado Mario Cesar Flores. Ex-ministro da Marinha (1990-1992) e de Assuntos Estratégicos (1992-1994), Flores acredita que "não há solução a médio prazo". Carlos Frederico de Aguiar, presidente da Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança), defende o negócio. "As baterias do submarino e as válvulas de casco serão produzidas nacionalmente, pela Saturnia e a Cia Dox", afirma.
Para Aguiar, o índice de nacionalização dos submarinos é coerente com a realidade. "Os aviões militares da Embraer têm 15% de nacionalização e os comerciais, 20%", diz. De acordo com a Marinha, 30 empresas nacionais vão produzir componentes para o projeto.
Paralelamente, Odebrecht (50%), DCNS (49%) e Marinha (1%, com golden share) formarão uma Sociedade com Propósito Específico para operação do estaleiro em que serão construídos os submarinos. Pedro Paulo Rezende, analista da revista britânica "Janes Defence Weekly", avalia que a questão de escala seria amenizada se a Marinha fabricasse o dobro de submarinos previstos.
"Ter o equipamento de última geração é importante, mas não resolve. De maneira geral, as limitações que os franceses nos impuseram são as mesmas que alemães e americanos nos imporiam", diz. Para Rezende, a questão mais sensível "é o não repasse da planta de vapor do submarino nuclear". "Sem isso, é uma caixa preta", diz.”
ALIMENTOS E EDUCAÇÃO SOBEM MENOS, E INFLAÇÃO PELO IPC-S É A MENOR DESDE OUTUBRO
Li ontem no portal UOL o seguinte texto de Vanessa Stelzer da agência norte-americana de notícias Reuters:
“A inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) caiu para uma taxa de 0,39% na terceira prévia de fevereiro, ante 0,59% na segunda, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
"Este foi o menor resultado apurado pelo indicador desde a terceira semana de outubro de 2008, quando o índice registrou variação (positiva) de 0,34%", disse a FGV em comunicado.
Os grupos Alimentação e Educação, leitura e recreação foram os principais responsáveis pelo arrefecimento da taxa.
Os preços de alimentos subiram 0,31% na terceira leitura do mês, ante alta de 0,81% na anterior. Destacaram-se a desaceleração dos custos de hortaliças e legumes, frutas e carnes bovinas.
Os de educação avançaram 1,25% agora, ante elevação anterior de 1,93%. Esse grupo tem um aumento sazonal de preços nos dois primeiros meses do ano, mas a pressão arrefece significativamente em seguida.
Entre os itens individuais, as maiores influências para baixo para o indicador foram as quedas de preços de tomate, maracujá, limão, mamão papaia e maçã nacional. Os destaques individuais de alta vieram de manga, tarifa de ônibus urbano, abacaxi, aluguel residencial e batata-inglesa.
A terceira prévia do IPC-S foi calculada com base nos preços coletados entre 23 de janeiro e 22 de fevereiro.”
“A inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) caiu para uma taxa de 0,39% na terceira prévia de fevereiro, ante 0,59% na segunda, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
"Este foi o menor resultado apurado pelo indicador desde a terceira semana de outubro de 2008, quando o índice registrou variação (positiva) de 0,34%", disse a FGV em comunicado.
Os grupos Alimentação e Educação, leitura e recreação foram os principais responsáveis pelo arrefecimento da taxa.
Os preços de alimentos subiram 0,31% na terceira leitura do mês, ante alta de 0,81% na anterior. Destacaram-se a desaceleração dos custos de hortaliças e legumes, frutas e carnes bovinas.
Os de educação avançaram 1,25% agora, ante elevação anterior de 1,93%. Esse grupo tem um aumento sazonal de preços nos dois primeiros meses do ano, mas a pressão arrefece significativamente em seguida.
Entre os itens individuais, as maiores influências para baixo para o indicador foram as quedas de preços de tomate, maracujá, limão, mamão papaia e maçã nacional. Os destaques individuais de alta vieram de manga, tarifa de ônibus urbano, abacaxi, aluguel residencial e batata-inglesa.
A terceira prévia do IPC-S foi calculada com base nos preços coletados entre 23 de janeiro e 22 de fevereiro.”
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
GILMAR, O MST E AS TRAMÓIAS
Li hoje no blog do jornalista Luis Nassif:
“INVASÕES DE TERRA PELO MST OU POR QUEM QUER QUE SEJA SÃO ASSUNTOS DA JUSTIÇA, SIM.
Ao se meter no tema e, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federa (STF), exortar a uma ação do Ministério Público, Gilmar Mendes volta a atropelar as normas de discrição e de não intromissão em assuntos de outros poderes, que deveria caracterizar o STF.
E o faz na condição de suspeito de ter participado de duas possíveis tramóias: o tal grampo de sua conversa com o senador Demóstenes Torres; e o relatório sobre a tal escuta ambiental no Supremo.
Essa escuta não existiu, foi uma falsificação endossada por ele. O grampo, se existiu, jamais foi apresentada uma prova sequer que consubstanciasse o pré-julgamento de Gilmar Mendes, atribuindo-o à ABIN. Ao usar esses factóides como álibi para atacar todos os poderes que ousaram enfrentar Daniel Dantas, Mendes lançou a sombra da suspeição sobre o Supremo.
Pergunto: tem Judiciário neste país? Tem Ministério Público? Tem algum poder que faça Gilmar responder pelos atos que cometeu? Espero que, terminado o inquérito da Polícia Federal, cesse essa desmoralização diuturna a que Gilmar está submetendo a até então mais preservada das instituições brasileiras: o Supremo.”
“INVASÕES DE TERRA PELO MST OU POR QUEM QUER QUE SEJA SÃO ASSUNTOS DA JUSTIÇA, SIM.
Ao se meter no tema e, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federa (STF), exortar a uma ação do Ministério Público, Gilmar Mendes volta a atropelar as normas de discrição e de não intromissão em assuntos de outros poderes, que deveria caracterizar o STF.
E o faz na condição de suspeito de ter participado de duas possíveis tramóias: o tal grampo de sua conversa com o senador Demóstenes Torres; e o relatório sobre a tal escuta ambiental no Supremo.
Essa escuta não existiu, foi uma falsificação endossada por ele. O grampo, se existiu, jamais foi apresentada uma prova sequer que consubstanciasse o pré-julgamento de Gilmar Mendes, atribuindo-o à ABIN. Ao usar esses factóides como álibi para atacar todos os poderes que ousaram enfrentar Daniel Dantas, Mendes lançou a sombra da suspeição sobre o Supremo.
Pergunto: tem Judiciário neste país? Tem Ministério Público? Tem algum poder que faça Gilmar responder pelos atos que cometeu? Espero que, terminado o inquérito da Polícia Federal, cesse essa desmoralização diuturna a que Gilmar está submetendo a até então mais preservada das instituições brasileiras: o Supremo.”
KASSAB E SERRA SÃO VAIADOS NO ANHEMBI
MÍDIA CANSADA
Passou estranhamente quase despercebida pela grande imprensa a seguinte notícia de Flávio Freire, do jornal O Globo. Depois de manchetes e manchetes, artigos e reportagens até à exaustão, meses seguidos, sobre a vaia a Lula e aplauso frenético a Cesar Maia no Maracanã, parece que a grande mídia cansou do assunto e resolveu abafar as vaias a Serra e Kassab.
Vejamos o que li hoje no blog do Noblat:
“A popularidade do prefeito Gilberto Kassab e do governador José Serra não andam das melhores. Ambos chegaram juntos ao Sambódromo do Anhembi, onde acompanharão a primeira noite de desfiles em São Paulo no camarote da Prefeitura, e foram vaiados pelo público presente nas arquibancadas tão logo começaram a andar pelo sambódromo.
Ainda assim, tanto o prefeito quanto o governador - cercados de seguranças - estavam sorridentes e acenavam principalmente para os camarotes do Anhembi. Algumas pessoas, no entanto, aplaudiram os dois.
Tem quem goste e tem quem não goste. É natural - disse Kassab.
O governador José Serra diz que não ouviu vaias nem aplausos.”
Passou estranhamente quase despercebida pela grande imprensa a seguinte notícia de Flávio Freire, do jornal O Globo. Depois de manchetes e manchetes, artigos e reportagens até à exaustão, meses seguidos, sobre a vaia a Lula e aplauso frenético a Cesar Maia no Maracanã, parece que a grande mídia cansou do assunto e resolveu abafar as vaias a Serra e Kassab.
Vejamos o que li hoje no blog do Noblat:
“A popularidade do prefeito Gilberto Kassab e do governador José Serra não andam das melhores. Ambos chegaram juntos ao Sambódromo do Anhembi, onde acompanharão a primeira noite de desfiles em São Paulo no camarote da Prefeitura, e foram vaiados pelo público presente nas arquibancadas tão logo começaram a andar pelo sambódromo.
Ainda assim, tanto o prefeito quanto o governador - cercados de seguranças - estavam sorridentes e acenavam principalmente para os camarotes do Anhembi. Algumas pessoas, no entanto, aplaudiram os dois.
Tem quem goste e tem quem não goste. É natural - disse Kassab.
O governador José Serra diz que não ouviu vaias nem aplausos.”
O PROVÁVEL AFASTAMENTO DE YEDA CRUSIUS (PSDB)
Li hoje no site “Terra Magazine”, do jornalista Bob Fernandes, o seguinte texto de Eduardo Tessler, de Salvador (BA). O autor é jornalista e consultor de empresas de comunicação:
A PARAÍBA, QUEM DIRIA, VIROU EXEMPLO
“Aos olhares dos sulistas, quem nasce acima do Rio de Janeiro é Paraíba. Não importa de onde venha, do Ceará até a Bahia todo mundo é Paraíba. O apelido nada carinhoso é depreciativo e pouco tem a ver com os paraibanos de verdade e carteirinha, como Ariano Suassuna - é bem verdade que o escritor optou por viver em Recife, mas isso é outra história. Ser Paraíba, hoje, é quase uma ofensa.
Mas a Paraíba acaba de dar um exemplo de lisura política ao Brasil, ao conseguir afastar o governador Cassio Cunha Lima, acusado de distribuir cheques no valor de R$ 3,5 milhões disfarçados de programas assistenciais. Cunha Lima bem que tentou se manter no poder de todas as formas, mas o TSE foi enfático na cassação e entregou o cargo ao candidato derrotado em 2006, o ex-governador e ex-senador José Maranhão (aliás, o que faz alguém de nome Maranhão na Paraíba???). O novo governador assume com oito processos nas costas e talvez não consiga chegar ao fim do mandato, vai depender outra vez dos tribunais.
Cassio Cunha Lima, herdeiro de uma tradição política que domina a Paraíba há anos, parecia ser um cidadão acima de qualquer suspeita. Aos 45 anos, expoente do PSDB (de Fernando Henrique Cardoso, José Serra e outros tucanos), Cunha Lima naufragou. Agora precisa cumprir as regras de inelegibilidade.
Cerca de 4 mil quilômetros ao sul da Paraíba, outra expoente do mesmo PSDB tenta segurar-se de todas as formas nos corrimãos do Palácio Piratini. A economista Yeda Crusius, ex-ministra sem expressão de Itamar Franco e ex-deputada com algum brilho na década passada, lidera o mais instável governo da história do Rio Grande do Sul. Uma sucessão de escândalos, brigas, picuinhas, desvio de dinheiro e agora até morte misteriosa - a do ex-representante do escritório do RS do Distrito Federal, Marcelo Cavalcanti, encontrado morto no Lago Paranoá pouco antes do Carnaval. O executivo é citado nos autos dos processos de desvio de verba do Detran gaúcho.
Com a licença da expressão criada pelo jornalista Paulo Cesar Vasconcellos e utilizada com brilho por Nelson Motta no Rio, Yeda Crusius é uma ex-governadora em atividade. As façanhas de Yeda são incomparáveis, ela bem poderia estar do livro dos recordes, tamanha ineficiência política. Alguns exemplos:
Depois de prometer em campanha não subir impostos, tentou aprovar antes de sua posse um projeto de aumento de ICMS, causando o primeiro incidente de governo. Três secretários escolhidos da sua base aliada renunciaram antes de assumirem as pastas;
Ao completar 100 dias de governo, exonerou o secretário da segurança Enio Bacci, que começava a desmontar uma rede de corrupção entre o Jogo do Bicho e delegados de polícia. Yeda considerou-o "personalista" e no seu governo a ordem parece ser que ninguém brilha mais que ela própria;
Rompeu com o vice-governador Paulo Feijó (DEM) ao tomar posse, mantendo-o longe da mesa de decisões do Palácio. Até que Feijó gravou uma conversa com um dos principais secretários de Yeda, Cesar Busatto, que tentava - a pedido da governadora - acertar algumas comissões para que Feijó ficasse calado;
Comprou uma casa para uso próprio avaliada em R$ 1 milhão. Alegou ter pago pouco mais de R$ 500 mil, embora não tenha declarado fonte de renda para tanto. Até hoje ainda não há uma versão aceitável para tal matemática;
Envolveu-se no escândalo do Detran, descoberto pela Operação Rodin. Trata-se de um esquema de corrupção utilizando-se de fundações ligadas à Universidade de Santa Maria, onde cada envolvido saia com os bolsos cheios e a governadora fazia caixa para a campanha de reeleição;
Yeda Crusius pertence ao PSDB, como o governador cassado da Paraíba. A dignidade gaúcha aconselharia Yeda a renunciar, enquanto se investigam os inúmeros escândalos de seu governo. Yeda, nascida em São Paulo, prefere permanecer no Piratini. Semana passada, quando o PSOL encaminhou proposta de impeachment à Assembléia - logo apoiada pelo PT - Yeda preocupava-se em enfrentar o Cpers (Centro de Professores do Estado) e mais 10 sindicatos, descontentes com a falta de diálogo da governadora. Mais que isso, Porto Alegre amanheceu coberta com cartazes dizendo: "O PSOL exige: Fora Yeda". Menos de 24 horas depois, a palavra "Fora" era substituída por um adesivo do mesmo tamanho escrito "Fica".
Ou seja, se o marketing pessoal da governadora vai de mal a pior, sua estratégia pública parece ser ainda pior, ao querer ludibriar o cidadão, mesmo que para isso tenha que beirar o ridículo (ou alguém imagina que o PSOL coloque cartazes na rua pedindo a permanência de Yeda?).
A ex-governadora em atividade está na rota de Cunha Lima. Só ela ainda não se deu conta.”
A PARAÍBA, QUEM DIRIA, VIROU EXEMPLO
“Aos olhares dos sulistas, quem nasce acima do Rio de Janeiro é Paraíba. Não importa de onde venha, do Ceará até a Bahia todo mundo é Paraíba. O apelido nada carinhoso é depreciativo e pouco tem a ver com os paraibanos de verdade e carteirinha, como Ariano Suassuna - é bem verdade que o escritor optou por viver em Recife, mas isso é outra história. Ser Paraíba, hoje, é quase uma ofensa.
Mas a Paraíba acaba de dar um exemplo de lisura política ao Brasil, ao conseguir afastar o governador Cassio Cunha Lima, acusado de distribuir cheques no valor de R$ 3,5 milhões disfarçados de programas assistenciais. Cunha Lima bem que tentou se manter no poder de todas as formas, mas o TSE foi enfático na cassação e entregou o cargo ao candidato derrotado em 2006, o ex-governador e ex-senador José Maranhão (aliás, o que faz alguém de nome Maranhão na Paraíba???). O novo governador assume com oito processos nas costas e talvez não consiga chegar ao fim do mandato, vai depender outra vez dos tribunais.
Cassio Cunha Lima, herdeiro de uma tradição política que domina a Paraíba há anos, parecia ser um cidadão acima de qualquer suspeita. Aos 45 anos, expoente do PSDB (de Fernando Henrique Cardoso, José Serra e outros tucanos), Cunha Lima naufragou. Agora precisa cumprir as regras de inelegibilidade.
Cerca de 4 mil quilômetros ao sul da Paraíba, outra expoente do mesmo PSDB tenta segurar-se de todas as formas nos corrimãos do Palácio Piratini. A economista Yeda Crusius, ex-ministra sem expressão de Itamar Franco e ex-deputada com algum brilho na década passada, lidera o mais instável governo da história do Rio Grande do Sul. Uma sucessão de escândalos, brigas, picuinhas, desvio de dinheiro e agora até morte misteriosa - a do ex-representante do escritório do RS do Distrito Federal, Marcelo Cavalcanti, encontrado morto no Lago Paranoá pouco antes do Carnaval. O executivo é citado nos autos dos processos de desvio de verba do Detran gaúcho.
Com a licença da expressão criada pelo jornalista Paulo Cesar Vasconcellos e utilizada com brilho por Nelson Motta no Rio, Yeda Crusius é uma ex-governadora em atividade. As façanhas de Yeda são incomparáveis, ela bem poderia estar do livro dos recordes, tamanha ineficiência política. Alguns exemplos:
Depois de prometer em campanha não subir impostos, tentou aprovar antes de sua posse um projeto de aumento de ICMS, causando o primeiro incidente de governo. Três secretários escolhidos da sua base aliada renunciaram antes de assumirem as pastas;
Ao completar 100 dias de governo, exonerou o secretário da segurança Enio Bacci, que começava a desmontar uma rede de corrupção entre o Jogo do Bicho e delegados de polícia. Yeda considerou-o "personalista" e no seu governo a ordem parece ser que ninguém brilha mais que ela própria;
Rompeu com o vice-governador Paulo Feijó (DEM) ao tomar posse, mantendo-o longe da mesa de decisões do Palácio. Até que Feijó gravou uma conversa com um dos principais secretários de Yeda, Cesar Busatto, que tentava - a pedido da governadora - acertar algumas comissões para que Feijó ficasse calado;
Comprou uma casa para uso próprio avaliada em R$ 1 milhão. Alegou ter pago pouco mais de R$ 500 mil, embora não tenha declarado fonte de renda para tanto. Até hoje ainda não há uma versão aceitável para tal matemática;
Envolveu-se no escândalo do Detran, descoberto pela Operação Rodin. Trata-se de um esquema de corrupção utilizando-se de fundações ligadas à Universidade de Santa Maria, onde cada envolvido saia com os bolsos cheios e a governadora fazia caixa para a campanha de reeleição;
Yeda Crusius pertence ao PSDB, como o governador cassado da Paraíba. A dignidade gaúcha aconselharia Yeda a renunciar, enquanto se investigam os inúmeros escândalos de seu governo. Yeda, nascida em São Paulo, prefere permanecer no Piratini. Semana passada, quando o PSOL encaminhou proposta de impeachment à Assembléia - logo apoiada pelo PT - Yeda preocupava-se em enfrentar o Cpers (Centro de Professores do Estado) e mais 10 sindicatos, descontentes com a falta de diálogo da governadora. Mais que isso, Porto Alegre amanheceu coberta com cartazes dizendo: "O PSOL exige: Fora Yeda". Menos de 24 horas depois, a palavra "Fora" era substituída por um adesivo do mesmo tamanho escrito "Fica".
Ou seja, se o marketing pessoal da governadora vai de mal a pior, sua estratégia pública parece ser ainda pior, ao querer ludibriar o cidadão, mesmo que para isso tenha que beirar o ridículo (ou alguém imagina que o PSOL coloque cartazes na rua pedindo a permanência de Yeda?).
A ex-governadora em atividade está na rota de Cunha Lima. Só ela ainda não se deu conta.”
O NEOLIBERALISMO NO FUTEBOL
O filósofo e cientista político Emir Sader postou hoje em seu blog e no site “Carta Maior” o seguinte artigo:
“Multiplicam-se as reclamações de que o dinheiro passou a mandar no futebol, que os clubes estão falidos, que os jogadores já não tem apego aos clubes, mudam às vezes durante o campeonato, passando para o rival, se contratam meninos ainda para jogar no exterior, uma parte deles fica abandonada, submetidos a todo tipo de irregularidade.
Mas o que aconteceu, o que está na raiz de tudo isso?
O futebol – assim como todos os esportes – não é imune às imensas transformações econômicas, sociais e éticas que as nossas sociedades sofrerem e ainda sofrem. No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que pregava a “profissionalização” do futebol, contra a ditadura dos clubes, que tinham os jogadores atrelados ao clube como se se tratasse de uma relação feudal, pré-capitalista.
Intensificou-se dura campanha contra os “cartolas”, com acusações — todas provavelmente reais —, de corrupção, concentração de poder, arbitrariedades, etc. Porém, de forma similar ao que se fazia na campanha neoliberal contra o Estado, não era para democratizar aos clubes, ou ao Estado, mas para favorecer o mercado.
A profissionalização foi isto. Supostamente para libertar os jogadores do domínio dos clubes, jogou-os nas mãos dos empresários privados. Não por acaso se deu durante a década de 90, em pleno governo FHC, que preconizou todo o tempo a centralidade do mercado, os defeitos do Estado, a necessidade de mercantilizar tudo, de transformar a sociedade em um lugar em que tudo se compra, tudo se vende, tudo é mercadoria.
Os jogadores foram transformados em simples mercadorias, nas mãos dos empresários, que reinam soberanos, assim como o mercado e as grandes empresas fazem no conjunto da sociedade. Enquanto os clubes, da mesma forma que o Estado, ao invés de serem democratizados, são sucateados. Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos, estejam falidos, serão mais frágeis ainda diante do poder do seu dinheiro. Assim como ao chamado mercado interessa que o Estado seja mínimo, seja fraco, para que ceda cada vez mais a seus interesses.
Os clubes podem ser democratizados — de que o exemplo da democracia corintiana é claro. O jogo dos empresários não é democratizável, nem passível de ser controlado socialmente, vale quem paga mais, que tem mais dinheiro. Assim como o Estado pode ser democratizado — e as políticas de orçamento participativo são o melhor exemplo disso.
Com o reino do mercado, não há Estado, não há democracia, não há interesses coletivos. Triunfa o mercado e seu principio maior — o do dinheiro. Com o reino dos empresários privados, não há clubes, há times, que ocasionalmente são montados para disputar um campeonato, enquanto os empresários não vendem os jogadores. Os campeonatos servem apenas como vitrine para exibir as mercadorias dos empresários.
Em um tempo em que tantas identidades entraram em crise, nem sequer os clubes de futebol conseguem resistir, diante da privatização que a lei Pelé significou, fazendo da camisa dos jogadores um lugar em que mal cabe – quando cabe – o distintivo, de tal forma tudo é comercializado. Ou se fortalecem os clubes, democraticando-os, destacando sua dimensão publica e não de empresas privadas a serviço da comercialização dos jogadores, ou a quebra generalizada que atinge o mercado capitalista não poupará os clubes. Que irão à falência, diante do enriquecimento ilimitado dos empresários privados.”
“Multiplicam-se as reclamações de que o dinheiro passou a mandar no futebol, que os clubes estão falidos, que os jogadores já não tem apego aos clubes, mudam às vezes durante o campeonato, passando para o rival, se contratam meninos ainda para jogar no exterior, uma parte deles fica abandonada, submetidos a todo tipo de irregularidade.
Mas o que aconteceu, o que está na raiz de tudo isso?
O futebol – assim como todos os esportes – não é imune às imensas transformações econômicas, sociais e éticas que as nossas sociedades sofrerem e ainda sofrem. No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que pregava a “profissionalização” do futebol, contra a ditadura dos clubes, que tinham os jogadores atrelados ao clube como se se tratasse de uma relação feudal, pré-capitalista.
Intensificou-se dura campanha contra os “cartolas”, com acusações — todas provavelmente reais —, de corrupção, concentração de poder, arbitrariedades, etc. Porém, de forma similar ao que se fazia na campanha neoliberal contra o Estado, não era para democratizar aos clubes, ou ao Estado, mas para favorecer o mercado.
A profissionalização foi isto. Supostamente para libertar os jogadores do domínio dos clubes, jogou-os nas mãos dos empresários privados. Não por acaso se deu durante a década de 90, em pleno governo FHC, que preconizou todo o tempo a centralidade do mercado, os defeitos do Estado, a necessidade de mercantilizar tudo, de transformar a sociedade em um lugar em que tudo se compra, tudo se vende, tudo é mercadoria.
Os jogadores foram transformados em simples mercadorias, nas mãos dos empresários, que reinam soberanos, assim como o mercado e as grandes empresas fazem no conjunto da sociedade. Enquanto os clubes, da mesma forma que o Estado, ao invés de serem democratizados, são sucateados. Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos, estejam falidos, serão mais frágeis ainda diante do poder do seu dinheiro. Assim como ao chamado mercado interessa que o Estado seja mínimo, seja fraco, para que ceda cada vez mais a seus interesses.
Os clubes podem ser democratizados — de que o exemplo da democracia corintiana é claro. O jogo dos empresários não é democratizável, nem passível de ser controlado socialmente, vale quem paga mais, que tem mais dinheiro. Assim como o Estado pode ser democratizado — e as políticas de orçamento participativo são o melhor exemplo disso.
Com o reino do mercado, não há Estado, não há democracia, não há interesses coletivos. Triunfa o mercado e seu principio maior — o do dinheiro. Com o reino dos empresários privados, não há clubes, há times, que ocasionalmente são montados para disputar um campeonato, enquanto os empresários não vendem os jogadores. Os campeonatos servem apenas como vitrine para exibir as mercadorias dos empresários.
Em um tempo em que tantas identidades entraram em crise, nem sequer os clubes de futebol conseguem resistir, diante da privatização que a lei Pelé significou, fazendo da camisa dos jogadores um lugar em que mal cabe – quando cabe – o distintivo, de tal forma tudo é comercializado. Ou se fortalecem os clubes, democraticando-os, destacando sua dimensão publica e não de empresas privadas a serviço da comercialização dos jogadores, ou a quebra generalizada que atinge o mercado capitalista não poupará os clubes. Que irão à falência, diante do enriquecimento ilimitado dos empresários privados.”
AS CICATRIZES DE GUANTANAMO
Li hoje no site “Carta Maior” o seguinte artigo escrito por Flávio Aguiar, correspondente internacional da Carta Maior:
“Quando perguntado por quê faziam isso (tortura), um dos guardas, em Guantanamo, respondeu: “Isso é feito exatamente para degradar você. Assim, quando você sair daqui, você terá cicatrizes, e você nunca vai esquecer”.
PRECISAMOS “PENSAR GRANDE E DE AÇÕES OUSADAS”.
ESTAMOS DIANTE DE UMA DESSAS “ENCRUZILHADAS DA HISTÓRIA”.
“Os olhos de todos os povos de todas as nações se voltam mais uma vez para nós, esperando ver o que faremos nesse momento, esperando a nossa liderança”.
Essas são palavras do discurso do Presidente Barack Obama perante o Congresso dos Estados Unidos. Ele se referia às medidas necessárias para enfrentar a crise financeira. Mas não é só nessa área que as “ações ousadas” são necessárias.
Em entrevista a Amy Goodman, no Democracy Now! (25/02/2009), a jurista Mary Robinson lembrava das medidas efetivas que precisam ser tomadas com relação à prática de torturas no mundo inteiro, mencionando especificamente o caso de Guantanamo e das prisões secretas da CIA espalhadas pelo mundo. Evidentemente ela saudou medidas como a decisão de suspender torturas, bem como o anúncio da disposição de fechar a prisão de Guantanamo, além do envio de George Mitchell para o Oriente Médio como mediador.
Mas diante de uma pergunta de Amy sobre se o presidente Bush deveria ser julgado por crimes de guerra, ela respondeu de modo cauteloso, mas firme, que antes de haver um julgamento, era necessário haver uma investigação, e que uma investigação (e independente) era necessária, porque nesse terreno nada pode ficar “under secrecy”.
Mary Robinson criticou severamente o terrorismo, mas criticou com igual severidade os governos que, como os Estados Unidos, passaram a criar o sentido de uma “Nova Normalidade”, como disse o ex-vice presidente Dick Chaney, para definir algo que aceita e legaliza a prática de tortura, os seqüestros, a manutenção de cárceres secretos e o transporte ilegal de prisioneiros de um país para o outro, numa “Operação Condor” em escala global.
Mary Robinson é ex-presidente da República da Irlanda, e ex-presidente da Comissão de Alto Nível da ONU para Direitos Humanos. Neste último cargo ficou durante os primeiros quatro anos de mandato e se dispôs a um segundo mandato. Entretanto, depois de cumprir o primeiro ano do novo período, foi afastada do cargo por pressão dos Estados Unidos, a cujo governo suas críticas passaram a desagradar. Hoje ela preside uma Comissão internacional de Juristas, com membros representantes de mais de 60 países.
Ela lembrou, por exemplo, que há países que negam estar envolvidos na prática de torturas, mas cujos serviços de inteligência usam informações obtidas nessas condições.
Especificamente, lembrou o caso do etíope-britânico Binyam Mohamed, recentemente libertado e enviado para a Grã-Bretanha, depois de sete anos de prisão no Paquistão, no Marrocos e em Guantanamo. Também recentemente um tribunal britânico determinou que as provas e evidências da tortura de Binyam permaneçam secretas, dizendo que caso elas viessem a público o serviço secreto norte-americano deixaria de colaborar com o britânico.
O caso levantou perplexidade nos meios jurídicos, porque a decisão dos juízes coloca o sistema jurídico britânico numa situação de “chantagem legalmente consentida”, um conceito tão esdrúxulo quanto o daquela “Nova Normalidade”.
O caso se complicou ainda mais pelo anúncio posterior, por parte do atual governo britânico”, de que também não viessem a público as gravações e os registros das discussões no gabinete britânico, em março de 2003, sobre a legalidade ou não da invasão do Iraque.
O caso de Binyam chocou de modo muito violento a opinião pública britânica, porque entre as evidências “recolhidas” está a de que nas torturas a que ele foi submetido no Marrocos houve a participação de agentes britânicos. Supostamente, eles não teriam torturado diretamente a vítima, mas teriam passado as perguntas que deveriam ser feitas a ela, o que caracterizaria, além de uma cumplicidade inominável e covarde, aquela figura que Mary Robinson também definiu como ilegal, qual seja, a de países que não admitem que praticam tortura, mas que usam informações assim obtidas sem qualquer pejo.
Sarah Theater, deputada no Parlamento Britânico pela oposição e “Chairman” do grupo de trabalho parlamentar sobre Guantanamo, em artigo publicado no The Guardian, também de 25/02/2009, lembrou os processos de tortura usados contra Binyam, e o caminho doloroso que ele terá de seguir para se recuperar. Segundo as declarações do ex-prisioneiro, que nunca teve qualquer acusação formal definida contra ele, entre as torturas estava a prática de cortes em seus órgãos genitais com o uso posterior de material químico no local para aumentar a dor. Quando perguntado por quê faziam isso, um dos guardas, em Guantanamo, respondeu: “Isso é feito exatamente para degradar você. Assim, quando você sair daqui, você terá cicatrizes, e você nunca vai esquecer”.
Esperemos que Binyam consiga curar suas cicatrizes. De qualquer modo, elas ficarão para sempre estampadas nas bandeiras dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.”
“Quando perguntado por quê faziam isso (tortura), um dos guardas, em Guantanamo, respondeu: “Isso é feito exatamente para degradar você. Assim, quando você sair daqui, você terá cicatrizes, e você nunca vai esquecer”.
PRECISAMOS “PENSAR GRANDE E DE AÇÕES OUSADAS”.
ESTAMOS DIANTE DE UMA DESSAS “ENCRUZILHADAS DA HISTÓRIA”.
“Os olhos de todos os povos de todas as nações se voltam mais uma vez para nós, esperando ver o que faremos nesse momento, esperando a nossa liderança”.
Essas são palavras do discurso do Presidente Barack Obama perante o Congresso dos Estados Unidos. Ele se referia às medidas necessárias para enfrentar a crise financeira. Mas não é só nessa área que as “ações ousadas” são necessárias.
Em entrevista a Amy Goodman, no Democracy Now! (25/02/2009), a jurista Mary Robinson lembrava das medidas efetivas que precisam ser tomadas com relação à prática de torturas no mundo inteiro, mencionando especificamente o caso de Guantanamo e das prisões secretas da CIA espalhadas pelo mundo. Evidentemente ela saudou medidas como a decisão de suspender torturas, bem como o anúncio da disposição de fechar a prisão de Guantanamo, além do envio de George Mitchell para o Oriente Médio como mediador.
Mas diante de uma pergunta de Amy sobre se o presidente Bush deveria ser julgado por crimes de guerra, ela respondeu de modo cauteloso, mas firme, que antes de haver um julgamento, era necessário haver uma investigação, e que uma investigação (e independente) era necessária, porque nesse terreno nada pode ficar “under secrecy”.
Mary Robinson criticou severamente o terrorismo, mas criticou com igual severidade os governos que, como os Estados Unidos, passaram a criar o sentido de uma “Nova Normalidade”, como disse o ex-vice presidente Dick Chaney, para definir algo que aceita e legaliza a prática de tortura, os seqüestros, a manutenção de cárceres secretos e o transporte ilegal de prisioneiros de um país para o outro, numa “Operação Condor” em escala global.
Mary Robinson é ex-presidente da República da Irlanda, e ex-presidente da Comissão de Alto Nível da ONU para Direitos Humanos. Neste último cargo ficou durante os primeiros quatro anos de mandato e se dispôs a um segundo mandato. Entretanto, depois de cumprir o primeiro ano do novo período, foi afastada do cargo por pressão dos Estados Unidos, a cujo governo suas críticas passaram a desagradar. Hoje ela preside uma Comissão internacional de Juristas, com membros representantes de mais de 60 países.
Ela lembrou, por exemplo, que há países que negam estar envolvidos na prática de torturas, mas cujos serviços de inteligência usam informações obtidas nessas condições.
Especificamente, lembrou o caso do etíope-britânico Binyam Mohamed, recentemente libertado e enviado para a Grã-Bretanha, depois de sete anos de prisão no Paquistão, no Marrocos e em Guantanamo. Também recentemente um tribunal britânico determinou que as provas e evidências da tortura de Binyam permaneçam secretas, dizendo que caso elas viessem a público o serviço secreto norte-americano deixaria de colaborar com o britânico.
O caso levantou perplexidade nos meios jurídicos, porque a decisão dos juízes coloca o sistema jurídico britânico numa situação de “chantagem legalmente consentida”, um conceito tão esdrúxulo quanto o daquela “Nova Normalidade”.
O caso se complicou ainda mais pelo anúncio posterior, por parte do atual governo britânico”, de que também não viessem a público as gravações e os registros das discussões no gabinete britânico, em março de 2003, sobre a legalidade ou não da invasão do Iraque.
O caso de Binyam chocou de modo muito violento a opinião pública britânica, porque entre as evidências “recolhidas” está a de que nas torturas a que ele foi submetido no Marrocos houve a participação de agentes britânicos. Supostamente, eles não teriam torturado diretamente a vítima, mas teriam passado as perguntas que deveriam ser feitas a ela, o que caracterizaria, além de uma cumplicidade inominável e covarde, aquela figura que Mary Robinson também definiu como ilegal, qual seja, a de países que não admitem que praticam tortura, mas que usam informações assim obtidas sem qualquer pejo.
Sarah Theater, deputada no Parlamento Britânico pela oposição e “Chairman” do grupo de trabalho parlamentar sobre Guantanamo, em artigo publicado no The Guardian, também de 25/02/2009, lembrou os processos de tortura usados contra Binyam, e o caminho doloroso que ele terá de seguir para se recuperar. Segundo as declarações do ex-prisioneiro, que nunca teve qualquer acusação formal definida contra ele, entre as torturas estava a prática de cortes em seus órgãos genitais com o uso posterior de material químico no local para aumentar a dor. Quando perguntado por quê faziam isso, um dos guardas, em Guantanamo, respondeu: “Isso é feito exatamente para degradar você. Assim, quando você sair daqui, você terá cicatrizes, e você nunca vai esquecer”.
Esperemos que Binyam consiga curar suas cicatrizes. De qualquer modo, elas ficarão para sempre estampadas nas bandeiras dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.”
FOME ZERO É ADOTADO PELOS EUA
Li hoje no site “Vermelho” a seguinte reportagem do jornal argentino Clarín (os intertítulos foram inseridos pelo “Vermelho”):
'FOME ZERO MADE IN USA' DÁ US$ 6 POR DIA PARA 31 MILHÕES
Uma notícia no diário argentino Clarín conta como vivem os 31 milhões de cidadãos americanos que recebem cupons de alimentação para viver. Um jornalista da Louisiana (o estado mais pobre do país) faz a experiência, tentando viver com US$ 6 (R$ 14) por dia. O plano de socorro de Barack Obama amplia em 13% os gastos com esses cupons, na previsão de que a crise e o desemprego aumentarão sua clientela. Veja a íntegra.
É o lado obscuro da vida em um dos países mais do mundo. Nos Estados Unidos, quem depende dos cupons de alimentação oferecidos pelo "Papai Estado" não recebe mais que um punhado de dólares. Mas a maior crise económica das últimas décadas faz o número necessitados aumentar rapidamente. Nunca houve tantos americanos vivendo desses cupons. E a tendência é aumentar.
JORNALISTA CONTA EXPERIÊNCIA EM SITE
A lista de alimentos Sean Callebs assemelha-se à de uma dieta para emagracer. "Uma porção de cereal, uma banana, uma xícara de chá.. e faltam quatro longas horas até almoço", ele lamenta.
Em uma experiência que tem tido grande impacto sobre a audiência, este jornalista da CNN resolveu experimentar na própria carne como se pode viver de cupons de alimentação. Ou não. Suas experiências são relatadas em um blog.
Faz um mês que ele tenta viver gastando até US$ 6 por dia. Já chegou quase no fim. Mas este repórter da Louisiana queixara-se em seu blog de permanentes ataques da fome. Poucas vezes você pode comprar frutas e legumes frescos, conta.
FOME À AMERICANA
Embora provisoriamente, Callebs experimenta a sina de um em cada dez americanos. Em setembro passado, 31 milhões de pessoas no país compravam alimentos com os cupons.
"Eles são os números mais elevados de todos os tempos", disse Ellen Vollinger, diretor de Frac, uma organização de Washington de pressão contra a fome.
"Muitos americanos já não sabem onde arrumarão sua próxima refeição", destaca ela. O aumento do desemprego faz com que a procura de cupons aumente constantemente, mas as carências não terminam aí: cada vez mais pessoas, mesmo tendo um emprego, dependem dos "Food Stamps".
Muita gente tem até mais de um emprego, mas a renda não basta. "Muitas famílias pulam refeições para pagar o aluguel", disse Ellen. "Pais deixam de comer para que fique alguma coisa para os filhos e às vezes até crianças passam fome, nos Estados Unidos. É uma vergonha."
O ESTIGMA DO CUPOM
Os cupons de alimentação começaram a ser distribuídos durante a 2ª Guerra Mundial. Hoje, o governo já não distribui cupons papel, mas por meio de um cartão eletrônico, que fornece em média US$ 100 por pessoa.
Desde 2008, o Ministério da Agricultura evita usar o termo cupom de alimentação. O título oficial agoora é "Programa de ajuda para suplementar a nutrição".
Mas o plano ainda tem um estigma. "Aqueles que precisam muitas vezes se recusam a pedir ajuda", diz a agente social Srindhi Vijaykumar, da organização DC Hunger Solutions, que promove os cupons nas ruas de Washington. É especialmente difícil chegar até os aposentados, imigrantes e famílias operárias, diz ela.
Quem usa os cupons é confrontado com algumas dificuldades no supermercado. O carentes têm em média US$ 3 por dia para fazer compras. Por isso muitas vezes são obrigados a fazer cortar alimentos.
"As pessoas só compram o que é barato, não é perecível e enche a barriga", diz Vijaykumar. O crédito mensal normalmente é consumido em duas ou três semanas. "Muitas famílias vão então para os sopões", disse Ellen Vollinger.
OBAMA AUMENTA VERBA DO PROGRAMA
Não poucos depositam as suas esperanças no novo governo de Barack Obama. O plano de socorro económico de US$ 787 bilhões, lançado na semana passada pelo chefe da Casa Branca, permitirá um aumento de 13% na verba para os cupons de alimentação.
No entanto, Ellen estima que a fome vai aumentar nos EUA. "Esta recessão certamente não será breve."
A crise também atingiu duramente a classe média. De acordo com dados do Departamento do Comércio, o seu consumo caiu novamente em dezembro, pelo sexto mês consecutivo, enquanto a taxa de poupança subiu 2,9% no fim de 2008.
Annie Moncada, 63 anos, confessa que comprava coisas "desnecessárias". Mas agora seu cupom está guardado. "Agora eu ponho na panela mais carne moída e menos bifes e também economizo mais eletricidade", diz. Tal como ela, milhares de famílias cortam gastos, passeios, idas a restaurantes ou ao cabeleireiro. O fim da crise parece longe.”
'FOME ZERO MADE IN USA' DÁ US$ 6 POR DIA PARA 31 MILHÕES
Uma notícia no diário argentino Clarín conta como vivem os 31 milhões de cidadãos americanos que recebem cupons de alimentação para viver. Um jornalista da Louisiana (o estado mais pobre do país) faz a experiência, tentando viver com US$ 6 (R$ 14) por dia. O plano de socorro de Barack Obama amplia em 13% os gastos com esses cupons, na previsão de que a crise e o desemprego aumentarão sua clientela. Veja a íntegra.
É o lado obscuro da vida em um dos países mais do mundo. Nos Estados Unidos, quem depende dos cupons de alimentação oferecidos pelo "Papai Estado" não recebe mais que um punhado de dólares. Mas a maior crise económica das últimas décadas faz o número necessitados aumentar rapidamente. Nunca houve tantos americanos vivendo desses cupons. E a tendência é aumentar.
JORNALISTA CONTA EXPERIÊNCIA EM SITE
A lista de alimentos Sean Callebs assemelha-se à de uma dieta para emagracer. "Uma porção de cereal, uma banana, uma xícara de chá.. e faltam quatro longas horas até almoço", ele lamenta.
Em uma experiência que tem tido grande impacto sobre a audiência, este jornalista da CNN resolveu experimentar na própria carne como se pode viver de cupons de alimentação. Ou não. Suas experiências são relatadas em um blog.
Faz um mês que ele tenta viver gastando até US$ 6 por dia. Já chegou quase no fim. Mas este repórter da Louisiana queixara-se em seu blog de permanentes ataques da fome. Poucas vezes você pode comprar frutas e legumes frescos, conta.
FOME À AMERICANA
Embora provisoriamente, Callebs experimenta a sina de um em cada dez americanos. Em setembro passado, 31 milhões de pessoas no país compravam alimentos com os cupons.
"Eles são os números mais elevados de todos os tempos", disse Ellen Vollinger, diretor de Frac, uma organização de Washington de pressão contra a fome.
"Muitos americanos já não sabem onde arrumarão sua próxima refeição", destaca ela. O aumento do desemprego faz com que a procura de cupons aumente constantemente, mas as carências não terminam aí: cada vez mais pessoas, mesmo tendo um emprego, dependem dos "Food Stamps".
Muita gente tem até mais de um emprego, mas a renda não basta. "Muitas famílias pulam refeições para pagar o aluguel", disse Ellen. "Pais deixam de comer para que fique alguma coisa para os filhos e às vezes até crianças passam fome, nos Estados Unidos. É uma vergonha."
O ESTIGMA DO CUPOM
Os cupons de alimentação começaram a ser distribuídos durante a 2ª Guerra Mundial. Hoje, o governo já não distribui cupons papel, mas por meio de um cartão eletrônico, que fornece em média US$ 100 por pessoa.
Desde 2008, o Ministério da Agricultura evita usar o termo cupom de alimentação. O título oficial agoora é "Programa de ajuda para suplementar a nutrição".
Mas o plano ainda tem um estigma. "Aqueles que precisam muitas vezes se recusam a pedir ajuda", diz a agente social Srindhi Vijaykumar, da organização DC Hunger Solutions, que promove os cupons nas ruas de Washington. É especialmente difícil chegar até os aposentados, imigrantes e famílias operárias, diz ela.
Quem usa os cupons é confrontado com algumas dificuldades no supermercado. O carentes têm em média US$ 3 por dia para fazer compras. Por isso muitas vezes são obrigados a fazer cortar alimentos.
"As pessoas só compram o que é barato, não é perecível e enche a barriga", diz Vijaykumar. O crédito mensal normalmente é consumido em duas ou três semanas. "Muitas famílias vão então para os sopões", disse Ellen Vollinger.
OBAMA AUMENTA VERBA DO PROGRAMA
Não poucos depositam as suas esperanças no novo governo de Barack Obama. O plano de socorro económico de US$ 787 bilhões, lançado na semana passada pelo chefe da Casa Branca, permitirá um aumento de 13% na verba para os cupons de alimentação.
No entanto, Ellen estima que a fome vai aumentar nos EUA. "Esta recessão certamente não será breve."
A crise também atingiu duramente a classe média. De acordo com dados do Departamento do Comércio, o seu consumo caiu novamente em dezembro, pelo sexto mês consecutivo, enquanto a taxa de poupança subiu 2,9% no fim de 2008.
Annie Moncada, 63 anos, confessa que comprava coisas "desnecessárias". Mas agora seu cupom está guardado. "Agora eu ponho na panela mais carne moída e menos bifes e também economizo mais eletricidade", diz. Tal como ela, milhares de famílias cortam gastos, passeios, idas a restaurantes ou ao cabeleireiro. O fim da crise parece longe.”
É SAGRADO E IMPUNE O DIREITO DA IMPRENSA DE OFENDER COM RACISMO?
O jornal norte-americano "The New York Times" publicou ontem o seguinte artigo de Clyde Haberman. Li no UOL em tradução de Deborah Weinberg:
DIREITO DE OFENDER É SAGRADO
As opiniões diferem sobre o quão horroroso foi a charge de um chimpanzé no "New York Post" na semana passada, mas os pedidos para que o governo intervenha estão enganados.
Os cientistas descobriram que aproximadamente 98% do genoma humano é similar ao do chimpanzé. Contudo, a relação entre certo chimpanzé e um homem chamado Carl Whilhelm Baumgartner é ainda mais próxima.
Talvez você esteja se perguntando: Quem é esse Carl? Fique por aqui. Talvez você tenha ouvido falar sobre o chimpanzé.
Ele apareceu em um desenho grotesco na semana passada no "New York Post". O desenho se baseava em um chimpanzé verdadeiro que tinha atacado uma mulher em Connecticut e morreu com um tiro da polícia. A ilustração do Post por Sean Delonas mostra um chimpanzé estirado, furado de balas por dois policiais a sua frente. Um segura uma arma enquanto o outro diz: "Eles terão que encontrar outra pessoa para escrever o próximo plano de estímulo."
No mínimo, a charge foi totalmente vulgar, mesmo para um ilustrador cujo trabalho frequentemente é sinônimo de vulgaridade.
Mas teria sido intencionalmente racista?
Os críticos, como sempre liderados por Al Sharpton, insistem que sim, que era um ataque direto ao presidente Obama. Comparações vis de negros com chimpanzés e macacos são tão antigas quanto a república. Este chimpanzé, na opinião dos críticos, claramente representava o primeiro presidente afro-americano, a principal figura por trás do novo programa de estímulo. Para alguns a questão era mais grave, e o jornal, com efeito, estava sugerindo que Obama deveria levar um tiro.
Absurdo, responderam os editores do "Post": o ponto era meramente que o plano de estímulo foi tão mal concebido que era como se tivesse sido escrito por um chimpanzé. Ainda assim, em meio ao calor das críticas, o jornal fez um editorial com uma espécie de pedido de desculpas. De forma alguma tranquilizou os críticos, que pediram, entre outras coisas, que leitores e anunciantes boicotassem o jornal.
Como era de se esperar, nem todos afro-americanos compartilharam a revolta ou acharam que a charge representava Obama. O governador David A. Paterson, que é negro, disse que aceitava o pedido de desculpas do "Post". Quanto ao "convite ao assassinato", como o desenho foi descrito por Benjamin T. Jealous, presidente da Naacp, é um crime federal ameaçar a vida do presidente. Se o serviço secreto considerasse o desenho uma ameaça, seus agentes presumivelmente teriam baixado no jornal. Eles não apareceram.
Os protestos continuam, porém. Certamente, todo mundo tem o direito de recusar-se a comprar um jornal. Mas Sharpton foi além. Ele quer que a Comissão Federal de Comunicações examine a licença que permite a Rupert Murdoch ter dois jornais (o "Post" e o "Wall Street Journal") e duas estações de televisão (Wnyw e Wwor) na região de Nova York .
Normalmente, no que concerne tais licenças, a questão é se uma única mão controla canais variados da mídia em determinado mercado. Entretanto, Sharpton acredita que o conteúdo do editorial é razão para pedir que o governo interceda "Como você pode continuar a ter essas licenças se você não compreende o que pode ofender uma grande parte dos afro-americanos -e brancos, diga-se de passagem?" Disse ele a um entrevistador da CNN.
Isso nos leva a Carl Wilhelm Baumgartner. Não esquecemos dele.
Ele nasceu na Alemanha em 1895 e tornou-se americano naturalizado em 1932. Entretanto, ele era admirador ardente de Hitler e dos nazistas e isso levou o governo a tentar retirar sua cidadania americana na Segunda Guerra Mundial. A Suprema Corte impediu tal tentativa.
Em uma passagem memorável da opinião da maioria dos juízes em 1944, o juiz Félix Frankfurter (que era judeu e dificilmente fã dos nazistas) escreveu: "Uma das prerrogativas da cidadania americana é o direito de criticar homens e medidas públicas - e isso não significa apenas críticas informadas e responsáveis, mas a liberdade de falar com ignorância e sem moderação". É um direito americano expressar "opiniões tolas ou até sinistras", continuou Frankfurter.
Nesse respeito, o DNA do chimpanzé do cartum não é diferente do de Baumgartner. Se o governo não deve perseguir o cidadão porque ele reverencia Hitler, provavelmente vai querer pensar duas vezes antes de perseguir um jornal por causa de um desenho imbecil.”
DIREITO DE OFENDER É SAGRADO
As opiniões diferem sobre o quão horroroso foi a charge de um chimpanzé no "New York Post" na semana passada, mas os pedidos para que o governo intervenha estão enganados.
Os cientistas descobriram que aproximadamente 98% do genoma humano é similar ao do chimpanzé. Contudo, a relação entre certo chimpanzé e um homem chamado Carl Whilhelm Baumgartner é ainda mais próxima.
Talvez você esteja se perguntando: Quem é esse Carl? Fique por aqui. Talvez você tenha ouvido falar sobre o chimpanzé.
Ele apareceu em um desenho grotesco na semana passada no "New York Post". O desenho se baseava em um chimpanzé verdadeiro que tinha atacado uma mulher em Connecticut e morreu com um tiro da polícia. A ilustração do Post por Sean Delonas mostra um chimpanzé estirado, furado de balas por dois policiais a sua frente. Um segura uma arma enquanto o outro diz: "Eles terão que encontrar outra pessoa para escrever o próximo plano de estímulo."
No mínimo, a charge foi totalmente vulgar, mesmo para um ilustrador cujo trabalho frequentemente é sinônimo de vulgaridade.
Mas teria sido intencionalmente racista?
Os críticos, como sempre liderados por Al Sharpton, insistem que sim, que era um ataque direto ao presidente Obama. Comparações vis de negros com chimpanzés e macacos são tão antigas quanto a república. Este chimpanzé, na opinião dos críticos, claramente representava o primeiro presidente afro-americano, a principal figura por trás do novo programa de estímulo. Para alguns a questão era mais grave, e o jornal, com efeito, estava sugerindo que Obama deveria levar um tiro.
Absurdo, responderam os editores do "Post": o ponto era meramente que o plano de estímulo foi tão mal concebido que era como se tivesse sido escrito por um chimpanzé. Ainda assim, em meio ao calor das críticas, o jornal fez um editorial com uma espécie de pedido de desculpas. De forma alguma tranquilizou os críticos, que pediram, entre outras coisas, que leitores e anunciantes boicotassem o jornal.
Como era de se esperar, nem todos afro-americanos compartilharam a revolta ou acharam que a charge representava Obama. O governador David A. Paterson, que é negro, disse que aceitava o pedido de desculpas do "Post". Quanto ao "convite ao assassinato", como o desenho foi descrito por Benjamin T. Jealous, presidente da Naacp, é um crime federal ameaçar a vida do presidente. Se o serviço secreto considerasse o desenho uma ameaça, seus agentes presumivelmente teriam baixado no jornal. Eles não apareceram.
Os protestos continuam, porém. Certamente, todo mundo tem o direito de recusar-se a comprar um jornal. Mas Sharpton foi além. Ele quer que a Comissão Federal de Comunicações examine a licença que permite a Rupert Murdoch ter dois jornais (o "Post" e o "Wall Street Journal") e duas estações de televisão (Wnyw e Wwor) na região de Nova York .
Normalmente, no que concerne tais licenças, a questão é se uma única mão controla canais variados da mídia em determinado mercado. Entretanto, Sharpton acredita que o conteúdo do editorial é razão para pedir que o governo interceda "Como você pode continuar a ter essas licenças se você não compreende o que pode ofender uma grande parte dos afro-americanos -e brancos, diga-se de passagem?" Disse ele a um entrevistador da CNN.
Isso nos leva a Carl Wilhelm Baumgartner. Não esquecemos dele.
Ele nasceu na Alemanha em 1895 e tornou-se americano naturalizado em 1932. Entretanto, ele era admirador ardente de Hitler e dos nazistas e isso levou o governo a tentar retirar sua cidadania americana na Segunda Guerra Mundial. A Suprema Corte impediu tal tentativa.
Em uma passagem memorável da opinião da maioria dos juízes em 1944, o juiz Félix Frankfurter (que era judeu e dificilmente fã dos nazistas) escreveu: "Uma das prerrogativas da cidadania americana é o direito de criticar homens e medidas públicas - e isso não significa apenas críticas informadas e responsáveis, mas a liberdade de falar com ignorância e sem moderação". É um direito americano expressar "opiniões tolas ou até sinistras", continuou Frankfurter.
Nesse respeito, o DNA do chimpanzé do cartum não é diferente do de Baumgartner. Se o governo não deve perseguir o cidadão porque ele reverencia Hitler, provavelmente vai querer pensar duas vezes antes de perseguir um jornal por causa de um desenho imbecil.”
CIENTISTAS DESCOBREM 'ALPES' SUBMERSOS NA ANTÁRTIDA
Li no UOL a seguinte notícia divulgada ontem pela agência inglesa BBC:
“Uma equipe de cientistas internacionais divulgou nesta quarta-feira que uma cordilheira situada quatro quilômetros abaixo do gelo da Antártida é do tamanho dos Alpes europeus.
A cordilheira de Gamburtsevs havia sido detectada por uma equipe de exploradores russos nos anos 50 e estava sendo estudada há seis semanas por cientistas britânicos, americanos, alemães, australianos, chineses e japoneses.
A equipe não apenas confirmou a presença das montanhas, como se surpreendeu em constatar que as formações são semelhantes aos Alpes em aspecto e tamanho.
"Nós podemos confirmar que elas estão lá. Podemos vê-las sob o gelo", disse Fausto Ferraccioli, um dos especialistas envolvido na missão AGAP (Província Gamburtsev da Antártida).
"Não apenas elas são similares em dimensão com os alpes europeus, como também são parecidas no aspecto: podemos ver grandes picos e vales", disse Ferraccioli à BBC News.
Ainda segundo os especialistas, algumas montanhas seriam do tamanho do Mont Blanc, na França, que tem mais de quatro mil metros de altura.
Os cientistas mapearam a cordilheira a partir de um avião que usava radares instalados nas asas capazes de detectar a espessura do gelo e a forma das montanhas. Os equipamentos instalados no avião também puderam realizar pesquisas magnéticas e gravitacionais e captar as ondas sísmicas que atravessam a cordilheira. Uma área de cerca de 120 mil quilômetros foi sobrevoada , o equivalente a três voltas em torno da Terra. "As temperaturas eram de -30 graus. Mas três quilômetros abaixo de nós, no fundo do gelo, as temperaturas eram bem mais quentes", afirmam os cientistas.
A equipe disse ter encontrado água nos vales da cordilheira e um dos lagos seria do mesmo tamanho do Lago Ontário, um dos cinco maiores dos Estados Unidos. Os pesquisadores acreditam que a cordilheira de Gamburtsevs esteja na origem das geleiras que cobriram toda região polar durante o resfriamento da Terra, há mais de 30 milhões de anos. A partir dos resultados, os cientistas esperam identificar o melhor local para perfurar o gelo.
Amostras de ar já recolhidas das camadas de neve da região podem fornecer informações valiosas sobre a história do clima da Terra. "Por enquanto, esta é a primeira página de um livro. Até agora o que temos é um plano ambicioso e temos pela frente estes dados importantíssimos para explorar", disse Ferraccioli.”
“Uma equipe de cientistas internacionais divulgou nesta quarta-feira que uma cordilheira situada quatro quilômetros abaixo do gelo da Antártida é do tamanho dos Alpes europeus.
A cordilheira de Gamburtsevs havia sido detectada por uma equipe de exploradores russos nos anos 50 e estava sendo estudada há seis semanas por cientistas britânicos, americanos, alemães, australianos, chineses e japoneses.
A equipe não apenas confirmou a presença das montanhas, como se surpreendeu em constatar que as formações são semelhantes aos Alpes em aspecto e tamanho.
"Nós podemos confirmar que elas estão lá. Podemos vê-las sob o gelo", disse Fausto Ferraccioli, um dos especialistas envolvido na missão AGAP (Província Gamburtsev da Antártida).
"Não apenas elas são similares em dimensão com os alpes europeus, como também são parecidas no aspecto: podemos ver grandes picos e vales", disse Ferraccioli à BBC News.
Ainda segundo os especialistas, algumas montanhas seriam do tamanho do Mont Blanc, na França, que tem mais de quatro mil metros de altura.
Os cientistas mapearam a cordilheira a partir de um avião que usava radares instalados nas asas capazes de detectar a espessura do gelo e a forma das montanhas. Os equipamentos instalados no avião também puderam realizar pesquisas magnéticas e gravitacionais e captar as ondas sísmicas que atravessam a cordilheira. Uma área de cerca de 120 mil quilômetros foi sobrevoada , o equivalente a três voltas em torno da Terra. "As temperaturas eram de -30 graus. Mas três quilômetros abaixo de nós, no fundo do gelo, as temperaturas eram bem mais quentes", afirmam os cientistas.
A equipe disse ter encontrado água nos vales da cordilheira e um dos lagos seria do mesmo tamanho do Lago Ontário, um dos cinco maiores dos Estados Unidos. Os pesquisadores acreditam que a cordilheira de Gamburtsevs esteja na origem das geleiras que cobriram toda região polar durante o resfriamento da Terra, há mais de 30 milhões de anos. A partir dos resultados, os cientistas esperam identificar o melhor local para perfurar o gelo.
Amostras de ar já recolhidas das camadas de neve da região podem fornecer informações valiosas sobre a história do clima da Terra. "Por enquanto, esta é a primeira página de um livro. Até agora o que temos é um plano ambicioso e temos pela frente estes dados importantíssimos para explorar", disse Ferraccioli.”
PESQUISADOR BRASILEIRO VENCE COMPETIÇÃO MUNDIAL DA MICROSOFT
Li no UOL a seguinte notícia divulgada ontem pela agência portuguesa Lusa:
“Coimbra, 25 fev (Lusa) - A adaptação de resultados da pesquisa realizada na Universidade de Coimbra na área de transportes inteligentes possibilitou ao engenheiro brasileiro Jackson Matsuura vencer uma competição mundial promovida pela Microsoft e Kia Motors.
Matsuura, pesquisador do Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil (ITA), venceu neste mês a competição conhecida por KIA Urban Challenge.
Ele disse à Agência Lusa que, tendo em conta que um critério de desempate era o tempo, decidiu "simplificar algoritmos de pesquisas realizadas na FCTUC, no domínio dos transportes inteligentes, como várias técnicas aplicadas a veículos reais, como sensores laser de distância, para veículos e peões, e de visão por computador".
"Optei por uma solução rápida e eficaz, adaptando técnicas mais elaboradas para cenários mais simples", disse Matsuura, o que lhe permitiu desenvolver a aplicação em apenas três dias, quando o terceiro classificado demorou mais de duas semanas.
O desafio lançado pela Microsoft aos cientistas de todo o mundo era programar um automóvel virtual da KIA Motors para circular sozinho na cidade, sem chocar em nenhum objeto, não provocar acidentes e obedecer aos sinais de trânsito.
Com a tecnologia desenvolvida pelo brasileiro, o automóvel cumpriu todas as regras estipuladas no concurso e obteve a pontuação máxima. Esta competição é uma versão simulada inspirada no DARPA Urban Challenge.
Segundo o FCTUC, para cumprir as exigências recorreu a sensores, câmeras, medidores de distância por laser, GPS, entre outro material, e criou "uma solução inovadora que garantiu um comportamento irrepreensível do automóvel inteligente".
MODELO REAL
Sobre a eventual possibilidade de transformar o modelo virtual em modelo real, Matsuura diz ser possível, "embora o kit desenvolvido necessite de diversos ajustes, exigindo muito mais tempo de pesquisa, mas alguns modelos utilizados neste ambiente virtual já poderiam ser aplicados em automóveis reais".
Para ele, vencer a KIA Urban Challenge "assume particular relevância porque, por regra, é um americano ou um japonês a conquistar este tipo de competições porque têm muito mais recursos para a investigação. Este prêmio reconhece a qualidade tecnológica do Brasil e de Portugal".
Na sua perspectiva, o prêmio que conquistou poderá ajudar a encontrar novas parcerias com a indústria para o Instituto de Sistemas e Robótica da FCTUC, e para o grupo de investigação de transportes inteligentes.
O prêmio consistiu num veículo Kia de 15 mil euros. Como em Portugal e na Europa a empresa não comercializava veículos com esse valor, a distinção acabou por ser monetária.
Matsuura é docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil (ITA) e encontra-se há quatro meses cursando pós-doutorado na FCTUC, na área de Sistemas Inteligentes.”
“Coimbra, 25 fev (Lusa) - A adaptação de resultados da pesquisa realizada na Universidade de Coimbra na área de transportes inteligentes possibilitou ao engenheiro brasileiro Jackson Matsuura vencer uma competição mundial promovida pela Microsoft e Kia Motors.
Matsuura, pesquisador do Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil (ITA), venceu neste mês a competição conhecida por KIA Urban Challenge.
Ele disse à Agência Lusa que, tendo em conta que um critério de desempate era o tempo, decidiu "simplificar algoritmos de pesquisas realizadas na FCTUC, no domínio dos transportes inteligentes, como várias técnicas aplicadas a veículos reais, como sensores laser de distância, para veículos e peões, e de visão por computador".
"Optei por uma solução rápida e eficaz, adaptando técnicas mais elaboradas para cenários mais simples", disse Matsuura, o que lhe permitiu desenvolver a aplicação em apenas três dias, quando o terceiro classificado demorou mais de duas semanas.
O desafio lançado pela Microsoft aos cientistas de todo o mundo era programar um automóvel virtual da KIA Motors para circular sozinho na cidade, sem chocar em nenhum objeto, não provocar acidentes e obedecer aos sinais de trânsito.
Com a tecnologia desenvolvida pelo brasileiro, o automóvel cumpriu todas as regras estipuladas no concurso e obteve a pontuação máxima. Esta competição é uma versão simulada inspirada no DARPA Urban Challenge.
Segundo o FCTUC, para cumprir as exigências recorreu a sensores, câmeras, medidores de distância por laser, GPS, entre outro material, e criou "uma solução inovadora que garantiu um comportamento irrepreensível do automóvel inteligente".
MODELO REAL
Sobre a eventual possibilidade de transformar o modelo virtual em modelo real, Matsuura diz ser possível, "embora o kit desenvolvido necessite de diversos ajustes, exigindo muito mais tempo de pesquisa, mas alguns modelos utilizados neste ambiente virtual já poderiam ser aplicados em automóveis reais".
Para ele, vencer a KIA Urban Challenge "assume particular relevância porque, por regra, é um americano ou um japonês a conquistar este tipo de competições porque têm muito mais recursos para a investigação. Este prêmio reconhece a qualidade tecnológica do Brasil e de Portugal".
Na sua perspectiva, o prêmio que conquistou poderá ajudar a encontrar novas parcerias com a indústria para o Instituto de Sistemas e Robótica da FCTUC, e para o grupo de investigação de transportes inteligentes.
O prêmio consistiu num veículo Kia de 15 mil euros. Como em Portugal e na Europa a empresa não comercializava veículos com esse valor, a distinção acabou por ser monetária.
Matsuura é docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Brasil (ITA) e encontra-se há quatro meses cursando pós-doutorado na FCTUC, na área de Sistemas Inteligentes.”
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
QUEM CAUSOU A CRISE? QUEM PAGA?
QUEM CAUSOU OU CONTRIBUIU PARA A CRISE NORTE-AMERICANA QUE AGORA ATINGE OS NÃO-CULPADOS MUNDO AFORA? OS EUA INDENIZARÃO AS VÍTIMAS?
O site Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes, mostra hoje o seguinte artigo de Carlos Drummond, jornalista e coordenador do Curso de Jornalismo da Facamp:
MÍDIA ACRÍTICA CONTRIBUIU COM AGRAVAMENTO DA CRISE
“A imprensa americana, com poucas exceções, contribuiu para que a crise atual atingisse grandes proporções. Ao divulgar sem crítica previsões otimistas sobre o mercado de títulos subprime, enaltecer o brilhantismo do maestro Alan Greenspan, ex-presidente do Fed e fazer a apologia dos investidores audaciosos de Wall Street, a mídia reforçou a ficção de que a prosperidade continuaria indefinidamente. As falcatruas no mercado de hipotecas aumentavam mês a mês, mas recebiam pouca atenção por parte dos veículos de comunicação.
Poucos jornalistas alertaram a tempo para o que de fato estava acontecendo no mercado de hipotecas. Carol Lloyd, do San Francisco Chronicle, é uma dessas exceções. Ela escreveu em 2006 um detalhado artigo sobre o caráter envolvente das operações fraudulentas e ruinosas, nas quais, com frequência, a vítima é não só cúmplice como coautora.
No intrincado e multifacetado mundo das fraudes com hipotecas, algumas vezes é difícil separar a vítima do criminoso e o crime de um negócio legal e corriqueiro, observava a jornalista. A explicação é que nos anos de valorização e de taxas de juros baixas o imóvel tornou-se uma obsessão nacional, que conduziu a práticas insanas como estas:
Avaliadores concordavam em inflar os valores das propriedades (conforme mencionado acima) na expectativa de que o mercado em alta os validasse no mês seguinte.
. Agentes faziam ofertas de imóveis brindando o comprador com quantidades crescentes de dinheiro vivo, a título de estímulo.
Corretores de hipotecas praticamente empurravam empréstimos para pessoas de baixa renda que, de outro modo, nunca conseguiriam comprar as suas casas.
A advogada Rachel Dollar, representante de clientes em casos de fraude com hipotecas e criadora de um blog sobre fraudes com hipotecas muito visitado, afirma haver um espectro amplo de pessoas envolvidas nesses crimes, desde proprietários ignorantes até criminosos organizados.
Há diferentes níveis de criminalidade, declarou a advogada. Algumas pessoas alegam não saberem ser ilegal o que estavam fazendo. Outras já foram condenadas por fraudes com ações e outros ativos e são profissionais.
Rachel Dollar classifica as fraudes conforme a intenção, de obter a propriedade de um imóvel ou de obter lucro. No primeiro caso, tomadores mentem ao preencher o cadastro para obter um empréstimo ao qual, de outro modo, não teriam acesso. Inflacionando a sua renda, por exemplo, podem obter financiamento para comprar uma casa mais cara do que os seus proventos e o seu patrimônio comportariam. Usando o retorno em dinheiro vivo entregue pelo corretor como entrada, podem parecer compradores merecedores de taxas de juros mais baixas. Nessa situação, são típicos tomadores subprime, mas não planejam o não pagamento da sua dívida. Como investidores ou proprietários, a sua intenção não é fugir com o dinheiro, mas conseguir um teto.
Esse tipo de comprador com frequência não sabe que está violando leis federais ou fraudando emprestadores. Em alguns casos, agentes ou corretores de hipotecas os induziam a solicitar o financiamento não de acordo com a sua realidade patrimonial e de renda, mas conforme o que os bancos queriam.
Já a fraude que visa lucro costuma ser mais complicada e mais explicitamente criminosa. Tipicamente, envolve um número maior de profissionais que conspiram para inflacionar o preço de uma residência. A gangue pode envolver um avaliador desonesto, um corretor de hipotecas, um investidor e um comprador "laranja", isto é, alguém que vende a sua identidade e boa ficha de crédito para a realização de uma transação que o beneficie. Do mesmo modo que no Brasil, há nos Estados Unidos os "laranjas" involuntários, pessoas cujas identidades são roubadas para a aplicação de um golpe. Algumas quadrilhas incluem notários, corretores de imóveis, informantes infiltrados nas empresas e até nas instituições financeiras.
Um aspecto chocante é que muitas dessas práticas eram ensinadas em seminários para pessoas interessadas em enriquecer rapidamente, às quais se ensinava como encontrar "laranjas", por exemplo. Alguns sites da internet procuravam publicamente por "laranjas". Enquanto o mercado estava em alta, todos estavam ganhando dinheiro. As investigações e as punições só começaram a aumentar quando o mercado afundou.”
Enfim, hoje, todos nós estamos pagando por essas fraudes e espertezas de norte-americanos...
O site Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes, mostra hoje o seguinte artigo de Carlos Drummond, jornalista e coordenador do Curso de Jornalismo da Facamp:
MÍDIA ACRÍTICA CONTRIBUIU COM AGRAVAMENTO DA CRISE
“A imprensa americana, com poucas exceções, contribuiu para que a crise atual atingisse grandes proporções. Ao divulgar sem crítica previsões otimistas sobre o mercado de títulos subprime, enaltecer o brilhantismo do maestro Alan Greenspan, ex-presidente do Fed e fazer a apologia dos investidores audaciosos de Wall Street, a mídia reforçou a ficção de que a prosperidade continuaria indefinidamente. As falcatruas no mercado de hipotecas aumentavam mês a mês, mas recebiam pouca atenção por parte dos veículos de comunicação.
Poucos jornalistas alertaram a tempo para o que de fato estava acontecendo no mercado de hipotecas. Carol Lloyd, do San Francisco Chronicle, é uma dessas exceções. Ela escreveu em 2006 um detalhado artigo sobre o caráter envolvente das operações fraudulentas e ruinosas, nas quais, com frequência, a vítima é não só cúmplice como coautora.
No intrincado e multifacetado mundo das fraudes com hipotecas, algumas vezes é difícil separar a vítima do criminoso e o crime de um negócio legal e corriqueiro, observava a jornalista. A explicação é que nos anos de valorização e de taxas de juros baixas o imóvel tornou-se uma obsessão nacional, que conduziu a práticas insanas como estas:
Avaliadores concordavam em inflar os valores das propriedades (conforme mencionado acima) na expectativa de que o mercado em alta os validasse no mês seguinte.
. Agentes faziam ofertas de imóveis brindando o comprador com quantidades crescentes de dinheiro vivo, a título de estímulo.
Corretores de hipotecas praticamente empurravam empréstimos para pessoas de baixa renda que, de outro modo, nunca conseguiriam comprar as suas casas.
A advogada Rachel Dollar, representante de clientes em casos de fraude com hipotecas e criadora de um blog sobre fraudes com hipotecas muito visitado, afirma haver um espectro amplo de pessoas envolvidas nesses crimes, desde proprietários ignorantes até criminosos organizados.
Há diferentes níveis de criminalidade, declarou a advogada. Algumas pessoas alegam não saberem ser ilegal o que estavam fazendo. Outras já foram condenadas por fraudes com ações e outros ativos e são profissionais.
Rachel Dollar classifica as fraudes conforme a intenção, de obter a propriedade de um imóvel ou de obter lucro. No primeiro caso, tomadores mentem ao preencher o cadastro para obter um empréstimo ao qual, de outro modo, não teriam acesso. Inflacionando a sua renda, por exemplo, podem obter financiamento para comprar uma casa mais cara do que os seus proventos e o seu patrimônio comportariam. Usando o retorno em dinheiro vivo entregue pelo corretor como entrada, podem parecer compradores merecedores de taxas de juros mais baixas. Nessa situação, são típicos tomadores subprime, mas não planejam o não pagamento da sua dívida. Como investidores ou proprietários, a sua intenção não é fugir com o dinheiro, mas conseguir um teto.
Esse tipo de comprador com frequência não sabe que está violando leis federais ou fraudando emprestadores. Em alguns casos, agentes ou corretores de hipotecas os induziam a solicitar o financiamento não de acordo com a sua realidade patrimonial e de renda, mas conforme o que os bancos queriam.
Já a fraude que visa lucro costuma ser mais complicada e mais explicitamente criminosa. Tipicamente, envolve um número maior de profissionais que conspiram para inflacionar o preço de uma residência. A gangue pode envolver um avaliador desonesto, um corretor de hipotecas, um investidor e um comprador "laranja", isto é, alguém que vende a sua identidade e boa ficha de crédito para a realização de uma transação que o beneficie. Do mesmo modo que no Brasil, há nos Estados Unidos os "laranjas" involuntários, pessoas cujas identidades são roubadas para a aplicação de um golpe. Algumas quadrilhas incluem notários, corretores de imóveis, informantes infiltrados nas empresas e até nas instituições financeiras.
Um aspecto chocante é que muitas dessas práticas eram ensinadas em seminários para pessoas interessadas em enriquecer rapidamente, às quais se ensinava como encontrar "laranjas", por exemplo. Alguns sites da internet procuravam publicamente por "laranjas". Enquanto o mercado estava em alta, todos estavam ganhando dinheiro. As investigações e as punições só começaram a aumentar quando o mercado afundou.”
Enfim, hoje, todos nós estamos pagando por essas fraudes e espertezas de norte-americanos...