A agência Estado há poucas horas publicou a seguinte reportagem (li no site “vermelho”):
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista à rede de televisão norte-americana CNN, veiculada neste domingo (29), que o País quer ampliar sua influência. "Queremos ter influência muito maior na política mundial", disse o presidente ao âncora do programa GPS, Fareed Zakaria. O presidente brasileiro acrescentou que busca maior representação para outros países em instituições multilaterais, reiterou que o Brasil quer uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que o G-20 deve se consolidar como fórum de discussões globais por incluir uma gama maior de países do que o G-8.
"Queremos que as instituições multilaterais e instituições financeiras não sejam abertas apenas aos americanos ou europeus. (Falo de) instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou Banco Mundial. Queremos abrir estas instituições para que outros países possam participar no centro da tomada de decisões", continuou Lula.
Questionado se o G-20 deveria também discutir assuntos como energia e mudança climática, Lula afirmou que concordava com esta avaliação e disse que o G-8, sem os Brics e outros, tem efeito limitado. "Muitos líderes políticos advogam em favor da idéia que deveríamos ter o G-8 mais outros, como um G-13. Dando minha opinião sincera, eu diria que acredito que o G-20 se tornará o principal fórum para que possamos discutir economia, questão climática, paz mundial, pois o G-20 é muito mais representativo, heterogêneo e representa (melhor) a geografia econômica e política (mundial)", observou.
O País, ponderou o presidente brasileiro, também quer mudar o conceito do Conselho de Segurança da ONU em termos de membros permanentes. "A geografia de 2009 é diferente de quando a ONU foi criada e, por causa disso, queremos mais países participando do Conselho de Segurança da ONU", argumentou. "Também defendo que o Brasil deveria ter uma cadeira (no Conselho Segurança)." O presidente afirmou que é importante que mais países façam parte do Conselho de Segurança para que "se torne mais representativo para ter mais autoridade política para tomar decisões". O programa veiculado em inglês hoje, foi gravado no dia 16 março, em Nova York, quando o presidente participou de seminário para empresários, investidores e analistas nos Estados Unidos.
ESTRANHO NO NINHO
No mesmo programa, Lula se disse um estranho no ninho toda vez que participa desse tipo de encontro. Para Lula, o G-20 tornou-se um agrupamento mais representativo que o G-8, as sete economias mais ricas do mundo e a Rússia, para tratar dos grandes desafios mundiais nas áreas econômica, energética e de mudança do clima. Mas, dentre os líderes que se reunirão em Londres, o presidente brasileiro afirmou ser o único que veio da pobreza e da fome e que conhece, na própria pele, o drama das inundações e do desemprego.
"Eu vivi em casas que eram inundadas, com até um metro e meio de água. De vez em quando, eu tinha de disputar espaço com ratos e baratas", afirmou Lula . "Eu sei o que o desemprego significa porque fiquei sem trabalho por um ano e meio. Eu conheço o problema que um trabalhador desempregado enfrenta. Eu conheço o mundo do trabalho mais do que qualquer um (dos líderes do G-20)."
Lula também falou sobre o embargo dos EUA à Cuba, a legitimidade do mandato de Hugo Chávez, a crise econômica, entre outros assuntos:
VENEZUELA
Quando o âncora do programa GPS da CNN, Fareed Zakaria, citou o que considera uma "reversão na democracia da Venezuela", Lula afirmou que "ninguém pode dizer que não há democracia na Venezuela" e lembrou que o governo do presidente Hugo Chávez foi legitimado em mais de um pleito. "Acredito que os Estados Unidos têm de ficar mais próximos da Venezuela, pois acredito que seria benéfico tanto para os EUA quanto para a Venezuela", acrescentou.
Lula disse que, quando passou pela Venezuela, recomendou a Chávez que ficasse mais próximo do presidente dos EUA, pois "seria uma oportunidade para estabelecer novos laços com os EUA". E "ele (Chávez) disse que gostaria", afirmou o presidente brasileiro. "Ninguém tem de concordar com tudo que o outro diz, mas em relações de Estado temos de entender que ajudamos uns aos outros fazendo desta forma. Temos de ser mais generosos", afirmou Lula.
CUBA
Lula afirmou que, no encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, no dia 14 de março, não pediu que os EUA acabassem com o embargo a Cuba. Mas, diante do apresentador, Lula classificou a barreira contra o país como absurda. "A única coisa que eu acho como cidadão e como presidente do meu País é que não há razão do ponto de vista sociológico, militar, político e muito menos econômico para manter esta barreira como existe desde 1960, 61, ou quando quer que seja. Obviamente isso vai depender da boa vontade de nossos irmãos em Cuba e também dos EUA", reconheceu.
BARACK OBAMA
Indagado sobre seu encontro com o presidente dos EUA, Lula relatou ter dito a Obama que rezava muito por ele, em função de seu "grande teste" de superar a crise econômica. Fazendo um paralelo entre a sua experiência, Lula comentou que tinha consciência, em 2003, que não poderia falhar. Caso contrário, por preconceito, nenhum outro líder sindical chegaria novamente à Presidência. Na condição de primeiro presidente negro dos EUA, concluiu ele, Obama tampouco poderá fracassar.
"Eu disse a Obama que ele não tem o direito de cometer erros. Não acredito que Deus tenha posto ele lá por nada. Alguma coisa importante aconteceu neste país."
CRISE ECONÔMICA
O presidente defendeu que o Brasil e outros emergentes devam ter maior influência no centro do poder mundial - no Fundo Monetário Internacional, no Banco Mundial e, especialmente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Lula insistiu que, nessa segunda cúpula do G-20 em apenas três meses, os EUA e os outros países ricos terão de enfrentar a questão da escassez de crédito com muita responsabilidade. Para ele, os pacotes de socorro ao setor financeiro devem ter, como contrapartida, compromissos de maior vínculo das instituições beneficiadas com o setor produtivo, como meio de expandir investimentos e postos de trabalho. Casos como o da AIG, que pretendia manter bônus milionários para seus executivos depois de obter o socorro do Tesouro americano, foram classificados como "escandalosos" por Lula.”
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