quarta-feira, 8 de abril de 2009

“FICO MUITO IMPRESSIONADO COM LULA E SUA EQUIPE”

Li hoje no blog de Luis Favre a seguinte reportagem de Luciana Xavier e Daniela Milanese, publicada no jornal “O Estado de São Paulo”:

”QUANTO MAIOR A CRISE, MAIS CREIO NOS BRICS”

ECONOMISTA-CHEFE DO GOLDMAN SACHS, QUE CRIOU O TERMO BRICS, DIZ QUE EMERGENTES PODEM SER POTÊNCIAS ATÉ 2027


Se alguém acreditava que o sonho dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) estava ameaçado pela atual crise global, a resposta dada pelo criador do termo, Jim O’Neill, economista-chefe do Goldman Sachs, é “não”. “Quanto mais a crise avança, mais confiante fico em relação aos Brics”, disse O’Neill, por telefone, de Londres, em entrevista exclusiva ao AE Broadcast Ao Vivo. O termo Bric foi criado em 2001 para designar as principais economias emergentes do mundo, que poderiam ser potências até 2050. Esse prazo já havia sido encurtado por ele para 2035. Agora, O’Neill crê que a virada pode chegar em 2027.

OS BRICS FORAM AFETADOS PELA CRISE. MAS O SR. ESCREVEU UM ARTIGO PARA A REVISTA ‘NEWSWEEK’ DIZENDO QUE O SONHO DOS BRICS NÃO ACABOU E QUE, COM A CRISE, A VIRADA PODE VIR MAIS CEDO. COMO?

Há duas razões para isso. Se você olhar como a economia dos Brics tem se comportado na corrida até esta crise, com exceção do Brasil, todos cresceram mais forte nos últimos sete anos e meio do que havíamos previsto. Foi muito mais do que nossas conservadoras suposições. A segunda razão é que a crise diz respeito ao fim da alavancagem do consumo americano e da necessidade de alguém ocupar esse lugar no mundo. Quanto mais a crise avança, mais confiante fico de que alguém vai despontar dos Brics, em particular a China. É só pensar nas respostas que a China tem dado à crise.Entre outras coisas, a China fala em dar um grande passo em direção à reforma de seguro social. Se o fizer, isso levará à aceleração maior do consumo.

A CHINA PODERÁ SER TÃO PODEROSA QUANTO OS ESTADOS UNIDOS?

A China poderá ultrapassar os EUA por volta de 2027. Claro que não dá para pensar que isso vai ocorrer muito mais cedo, pois no fim do dia a economia americana ainda é mais de três vezes maior do que a da China. A China responde por cerca de 7% do PIB mundial enquanto os EUA, 25%. Mas a China já é maior do que a Alemanha e provavelmente nos próximos dois anos deve ser maior do que o Japão. E acho que ao longo da próxima década, dados os progressos na Índia e no Brasil, acho que ambos estarão em posição de desafiar as pequenas, mas importantes, economias da Europa que fazem parte do G-7 como Itália, França e até Alemanha e Reino Unido.

O SR. ACREDITA QUE O BRASIL TERÁ RECESSÃO ESTE ANO?

Como o 4º trimestre (de 2008) foi muito ruim, o Brasil vai, tecnicamente, mostrar recessão com PIB em zero ou levemente negativo no 1º trimestre. Mas depois deve ter desempenho melhor. Não acho que terminará o ano em recessão.

O QUE O SR. ACHOU DA INICIATIVA DO BRASIL DE EMPRESTAR DINHEIRO AO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI), COMO PROMETEU O PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA NO ENCONTRO DO G-20?

Por que não? Acho que é algo muito bom. Mostra o comprometimento do Brasil com as reformas do Fundo. O Brasil parece ávido em mostrar esforço. Acho que é um gesto muito importante e toda vez que vejo o Brasil envolvido em ações desse tipo, fico muito impressionado com Lula e sua equipe. É algo muito inteligente a se fazer.

NO ANO PASSADO, O SR. DISSE QUE OS BRICS GUIARIAM O MUNDO PARA O FIM DA CRISE. O SR. AINDA CRÊ NISSO?

Acho que, pelo fato de a crise ser muito severa, precisamos de uma combinação das duas coisas. A China precisa continuar a ter desempenho melhor que os demais Brics. Mas precisamos que a severidade da crise nos EUA tenha um fim.”

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