Li hoje no site “Vermelho” a seguinte entrevista (vê-la completa, em espanhol, no endereço: http://www.parceria.nl/atualidade/americalatina/20090525-al-bachelet)
“Em tempos de crise econômica, governos geralmente perdem popularidade entre seus eleitores. Mas este não é o caso da presidente chilena Michele Bachelet, que, em abril, atingiu um índice de popularidade recorde de 67%. Segundo analistas da Adimark, empresa que realizou a pesquisa, o alto índice deve-se ao modo como ela conduziu o país frente à crise econômica mundial. Em entrevista à rádio Nederland, ela comentou ações de sua gestão, defendeu a integração no continente e o fim das restrições a Cuba.
"Assegurei que meu governo desse ênfase aos aspectos sociais, porque acredito que um país em crescimento deve ser capaz de garantir prosperidade para toda a população.
Nós queremos transformar o Chile em um Estado moderno de bem-estar social, com serviços básicos para todos os cidadãos. Nós queremos acabar com a desigualdade entre crianças de pais ricos e pais pobres, que não receberam quase nenhuma educação."
Foi no Palácio de la Moneda, sede do governo chileno, que o ex-presidente Salvador Allende cometeu suicídio em 1973. O prédio estava cercado por tropas do ex-ditador Augusto Pinochet. Na época do golpe militar, o pai de Bachelet era um general de brigada da Forças Aéreas chilenas e aliado de Allende. Por causa do envolvimento político de sua família, Michele Bachelet foi presa e torturada na prisão de Villa Grimaldi durante a ditadura.
Apesar do passado violento e dos anos vividos em exílio, ela não guarda ressentimentos. Um exemplo para o Chile, país historicamente dividido entre grupos políticos de esquerda e direita, e que agora tem encontrado união nas reformas de Bachelet.
"Eu acredito que a distribuição de poder econômico é muito importante. Nós demos um incentivo enorme para micro, pequenas e médias empresas, porque é assim que você pode distribuir renda e gerar emprego. As grandes empresas, as automatizadas, geram muitos menos vagas. O desafio é dar suporte ao espírito empreendedor e de inovação, mas ao mesmo tempo garantir um nível de distribuição de renda mais igualitário."
EUA E CUBA
"O sentimento e o clima, depois da Cúpula das Américas, é de esperança. Vimos a disposição de escurtar e não impor. Foi um primeiro passo importante. Vamos ver os desdobramentos, inclusive na próxima reunião da OEA. Precisa haver um plano de ação concreto. (...) Não podemos imaginar uma reunião da cúpula sem Cuba. Cuba não deveria ter sido expulsa da OEA. Não se justifica. Vários páises da América Latina passaram por ditaduras terríveis e nenhum deles foi expulso. Considero pasos importantes a liberação de remessas e viagens a Cuba"
INTEGRAÇÃO
"Entendemos que a Unasul tem futuro, se formos capazes de entender que a unidade tem que respeitar a diversidade. Temos que mirar no que nos une. Nós precisamos ter paciência. A União Européia precisou de cinquenta anos desde o tratado de Maastricht, a até hoje há problemas com países que tomam decisões por si mesmos. Alguns adotam a moeda, outros adotam certos acordos. Não podemos esperar que a unidade possa existir sob uma homogeneidade total. Mas em tempos de crise econômica, nós vemos que as medidas isoladas de governos não funcionam. Precisamos de soluções globais. A integração é fundamental."
ENERGIA
"O problema da energia na América Latina só pode ser resolvido se juntarmos forças. Se nós considerarmos todas as reservas, há energia suficiente para o continente inteiro, mas assim como os salários, recursos energéticos são distribuídos desigualmente. É uma tarefa difícil. Às vezes as coisas avançam devagar, outras vezes mais rápido. Mas o importante é que todos temos o mesmo objetivo, o da unidade na diversidade. Ou seja, eu sou otimista."
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