quinta-feira, 23 de julho de 2009

A FALÁCIA DO DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA VOLTA À TONA

“Mais uma vez a questão do déficit da previdência social volta à imprensa, desta vez o Jornal Agora de São Paulo publicou hoje (22 de julho) uma matéria intitulada “Déficit da Previdência aumenta mesmo com arrecadação maior”.

É preciso esclarecer à população brasileira, e isso é uma tarefa que a própria imprensa poderia realizar, que a Previdência Social não é deficitária, pois é parte integrante do Sistema de Seguridade Social criado pela Constituição de 1988 e está disposto em seus artigos 194 e 195 como um conjunto de ações destinadas a assegurar o direito relativo à saúde, previdência e assistência social, sendo financiado por toda a sociedade de forma direta e indireta por meio de recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito federal e dos Municípios.

Nesse bojo, foi criado também o Orçamento da Seguridade Social com fontes plurais de custeio e programas sociais fins. Dentre esses programas, é importante dar especial ênfase à Lei de Custeio e Benefícios da Previdência Social (RGPS), à incorporação do setor rural aos benefícios previdenciários, à Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que garante renda mínima para idosos e deficientes, e ao Sistema Único de Saúde (SUS), regionalizado e descentralizado.

Portanto, existem recursos constitucionais que garante a cobertura dos benefícios sociais independentemente de contribuição. Apenas em 2008, o superávit da Seguridade Social foi de R$ 52,3 bilhões, dinheiro desviado para o superávit primário da União e arcar com o pagamento dos juros da dívida pública. O total dos desvios de recursos da Seguridade Social no período de 2000 a 2008 foi de R$ 383,2 bilhões

Esse montante seria suficiente para revolucionar a saúde pública do país e recuperar o valor de todas as aposentadorias e pensões da previdência em quantidade de salários mínimos na época da concessão. Porém, esse dinheiro foi para o sistema financeiro nacional e internacional.

O déficit, portanto, é uma falácia, defendida por aqueles que querem acabar com a previdência social pública que é a maior política de distribuição de renda do país.

O cálculo do déficit que o governo divulga é uma fórmula simplista e conceitualmente errada, pois faz somente a subtração da arrecadação líquida com o total de todos os benefícios previdenciários, não levando em conta os repasses do orçamento da seguridade Social.

O que o governo chama de déficit é, na verdade, uma política social, principalmente na área rural, que o próprio presidente Lula já declarou ser prioridade de governo e que não pode ser entendida apenas como despesas.”

FONTE: texto escrito por Maurício Oliveira, assessor Econômico da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), e publicado em 22/07/2009 no site da Cobap e no site “Vermelho”.

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