“No domingo, dia 19 de julho, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma boa reportagem sobre a diferença do preço da energia elétrica que favorece as regiões mais ricas e prejudica as mais pobres. Resultado: quem ganha menos paga mais e quem ganha mais paga menos. Mais ainda: as localidades mais carentes que necessitariam de mais investimentos pouco atraem as empresas operadoras de energia elétrica.
A explicação dos economistas e mesmo de representantes de empresas é clara: é mais caro para uma empresa a operação de distribuir energia elétrica em locais com menor consumo (portanto, lugares mais carentes) do que aqueles em que há um maior adensamento e potencial de aumento de consumo. Daí que regiões metropolitanas ricas, como a de São Paulo, contam com uma tarifa proporcionalmente menor que do Maranhão, por exemplo.
Tudo certo, porém faltou algo importante na matéria da Folha: que isto é uma conseqüência da política de privatizações do governo passado. É evidente que ao transferir para a iniciativa privada a operação de um serviço essencial, como o da energia elétrica, este ficaria sob as regras do mercado e é justamente esta lógica que explica a diferença tarifária em prol dos mais abastados. Em outras palavras, ao contrário da propaganda neoliberal disseminada amplamente, principalmente pelos meios jornalísticos na era FHC, a privatização não foi boa para a população.
De forma envergonhada, parece, a matéria da Folha apresenta como alternativa o “modelo de privatização” da telefonia que obrigou as concessionárias a administrar uma região mais rica com outra mais pobre – mas quem garante que isto obrigará a empresa a investir a mesma monta na região mais pobre que potencialmente traria menos resultados? E por que a “pluralista” Folha não apresentou também a solução da estatização deste serviço ou mesmo fazer uma crítica ao modelo de privatização?
O jornalismo tem uma esfera de consenso e uma de controvérsia admitida. A controvérsia admitida na Folha de S. Paulo é aquela que não atinja o coração do modelo de Estado instituído no final dos anos 90 pela aliança PSDB/DEMO, tanto é que o destaque dado a obtenção de recursos pela Fundação Sarney via lei Rouanet não foi dado também pelo mesmo procedimento adotado pelo Instituto FHC que obteve, pelo mesmo sistema, dez vezes mais recursos, oriundos de uma estatal estadual (Sabesp) e de empresas beneficiadas pela política de terceirização e privatização da gestão demo-tucana em São Paulo, para “digitalizar a obra (importantíssima!) do sociólogo FHC” (clique aqui para ler a matéria).”
FONTE: texto de Dennis de Oliveira publicado em 27/07/2009 no blog “Por um novo Brasil”, de Jussara Seixas.
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