sábado, 26 de setembro de 2009

GENERAL: BRASIL DEVE RESPEITAR TRATADO ANTINUCLEAR

Terra Magazine

"Se por um lado o Brasil deve respeitar os tratados de não-proliferação de armas atômicas, por outro não pode "ficar parado" em relação ao conhecimento nuclear. Desta maneira, argumenta o general Francisco Albuquerque, o país consegue aumentar seu poder no cenário internacional sem desrespeitar a própria Constituição.

- Temos que ampliar nosso conhecimento do assunto, até porque isso não se refere especificamente à bomba atômica, mas sim à utilização da energia nuclear para inúmeros fins.

Em entrevista a Terra Magazine, o ex-comandante do Exército do governo Lula (2004 a 2007) atribui ao avanço nas pesquisas nucleares um efeito de dissuasão, mesmo que limitado, no jogo da política mundial. Impediria, assim, eventuais agressões estrangeiras ao país.

- Não acredito que tenha o mesmo resultado (do que possuir a bomba atômica), mas eu acho que tem uma ação dissuasória, sim.

Nesta quinta-feira, 24, o vice-presidente José de Alencar defendeu o desenvolvimento de armas nucleares para que o Brasil possa defender o pré-sal e aumentar seu poder de defesa. Albuquerque preferiu não comentar as declarações do vice-presidente.

Terra Magazine - O senhor acha necessário que o Brasil desenvolva armas nucleares?

General Francisco Albuquerque -
Nós precisamos ter conhecimento, não especificamente sobre a fabricação da bomba atômica, porque isso vai contra o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NR: assinado por FHC em 1997). Mas eu sou a favor que se tenha um profundo conhecimento da energia atômica.

Esse conhecimento teria o mesmo poder de dissuasão do que a bomba em si?

Eu não acredito que tenha o mesmo resultado, mas eu acho que tem uma ação dissuasória, sim.

Acredita que a descoberta do pré-sal pode gerar algum tipo de ambição internacional que ponha em risco a segurança do país?

O nosso patrimônio, como o patrimônio de qualquer nação, é sempre motivo de cobiça e preocupação. O patrimônio nacional tem que ser preservado, e o nosso pré-sal não deixa de ser um grande patrimônio. Ele está se apresentando como possibilidade de realmente transformar o Brasil a curto prazo.

O desenvolvimento de um artefato nuclear causaria desgaste ao país na comunidade internacional?

Não digo desgaste, mas a nossa Constituição e o tratado dizem que nós não vamos nos empenhar em construir a bomba atômica. Agora, isso realmente influencia o nosso comportamento dentro do contexto internacional.

Sim...

Temos que respeitar o tratado internacional e a nossa Constituição, mas também não podemos ficar parados. Temos que ampliar nosso conhecimento do assunto, até porque isso não se refere especificamente à bomba atômica, mas sim à utilização da energia nuclear para inúmeros fins.

O Jornal do Brasil publicou reportagens revelando que o físico Dalton Ellery Girão Barroso descobriu uma série de cálculos que levariam à construção exata da bomba...

Isso não deixa de ser conhecimento a respeito. E você vê que, de qualquer maneira, só o conhecimento deste homem, que está num estágio mais avançado, já gera uma preocupação em alguns lugares."

FONTE: reportagem de Diego Salmen, publicada ontem (25/09) no portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes.

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