Jobim: definição sobre caças sairá depois do Natal
"O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que a compra de caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) dificilmente será definida antes do final deste ano. O governo brasileiro espera que as análises de capacidade operacional dos aviões oferecidos pela francesa Dassault, pela norte-americana Boeing e pelo sueca Saab, da capacidade industrial do País absorver cada uma das tecnologias e do preço fiquem prontas em dezembro. Há ainda outras etapas, como a avaliação do Ministério da Defesa, da presidência da República e do Conselho de Defesa Nacional.
"Acho complicado que possamos ter uma decisão antes do Natal", admitiu o ministro, durante entrevista nesta terça-feira, em Porto Alegre, antes de viajar para Canoas e Rio Grande para acompanhar manobras da Operação Laçador, um treinamento que está mobilizando 10 mil homens nos três Estados do Sul do País.
Apesar de reconhecer que "há uma opção política pela França", já manifestada inclusive pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jobim considerou que ainda faltam "elementos" para transformar essa preferência em negócio. "Temos que analisar outros aspectos, se é o tipo de tecnologia que precisamos, se o (avião) Rafale responde às condições necessárias de operacionalidade e também o custo", ressalvou o ministro.
A vantagem mais aparente do pacote francês é a "transferência irrestrita" de tecnologia, uma promessa superior à de "transferência necessária" feita pelos Estados Unidos, que, tradicionalmente, impõem embargos nesse quesito.
Operação Laçador
Ao falar sobre as críticas que a Operação Laçador recebeu no Paraguai, especialmente do jornal "ABC Color", que chegou a tratá-la como um "simulacro de guerra" dirigida ao país, Jobim reiterou que o Brasil resolveu todas as pendências fronteiriças que tinha ainda no início do século passado e não tem qualquer pretensão expansionista.
O ministro desqualificou a preocupação por entender que ela só foi manifestada por "uma imprensa tradicional no sentido de tentar ver a atividade brasileira como se fosse ofensiva ao Paraguai". Também lembrou que o Brasil já fez enormes concessões ao vizinho sul-americano, inclusive o financiamento de uma linha de transmissão entre Itaipu e Assunção.
Sobre os gastos de R$ 10 milhões na operação, Jobim observou que o País está adquirindo uma "posição internacional crescente e ativa" e precisa ter uma capacidade dissuasória para "dizer não quando precisar dizer não".
Carona
Questionado sobre a carona que um avião da FAB deu a Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente, e mais 15 amigos no dia 9 de outubro, Jobim disse desconhecer o assunto. Depois, informado pela assessoria de que o Boeing foi a São Paulo para buscar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e não o filho do presidente, afirmou que, nessas circunstâncias, a carona não fere a lei.
P.S: sobre o assunto "carona", segue trecho de matéria do Estadão de hoje:
"A prática não é exclusividade do governo Lula. Em 1981, ainda no governo de João Baptista Figueiredo, quem ganhou o noticiário foi o então ministro da Fazenda, Ernane Galvêas. Ele desviou a rota de um avião da Varig, que seguiria diretamente para o Rio, para que pudesse desembarcar em Brasília.
No final dos anos 90, o Ministério Público Federal chegou a propor uma ação por improbidade administrativa contra membros do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, por usarem aeronaves da FAB para viagens particulares. Na lista, estavam o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Geraldo Brindeiro, procurador-geral da República, que teriam usado aviões oficiais para ir [a passeio] a Fernando de Noronha.
FHC passou por um novo questionamento no uso dos aviões em 2002, envolvendo sua filha Luciana Cardoso. Na época, atuando como secretária do [pai] tucano, ela teve de explicar o uso de um helicóptero para ir à sua fazenda Córrego da Ponte, em Buritis."
FONTE: reportagem publicada hoje no portal G1 da Globo, com o post scriptum extraído por este blog do jornal "O Estado de São Paulo" de hoje.[pequenas inserções entre colchetes colocadas por este blog].
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