quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

3º MUNDO DERROTOU EUA EM COPENHAGUE

"O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou besta segunda-feira (21) que em Copenhague o Terceiro Mundo derrotou a tentativa dos Estados Unidos de impor uma nova orem à luta contra o aquecimento global. "Os países desenvolvidos tentavam patentear uma nova era que significaria esquer o conceito de responsabilidade compartilhada, mas diferenciada, e jogar sobre os outros países o peso da situação ambiental", disse Rodríguez numa coletiva de imprensa.

Para o titular das Relações Exteriores de Cuba, que participou da Cúpula de Copenhague, a tentativa, derotada por vários países, representava uma repetição das posições mais tenebrosas e um retrocesso em relação ao Protocolo de Quioto. "Pelo menos em Quioto, que vence no próximo ano, havia compromissos vinculantes, que deviam ser cumpridos", recordou o ministro.

Em sua exposição, o chanceler mostrou folhas dos rascunhos que o presidente Barack Obama quis introduzir. "Obama não mudou essencialmente a posição norte-americana sobre um acordo vinculante relativo à mudança climática", disse Rodríguez, referindo-se à recusa dos EUA em ratificar o acordo adotado no Japão em 1997.

"Em Copenhague ele [Obama] partiu para o assalto a esse acordo, para subvertê-lo", disse Rodríguez. Mas, destacando as posições de Tuvali – uma ilha ameaçada de desaparecer devido à elevação do nível do mar –, além da Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela, o ministro assinalou que os EUA e seus aliados não conseguiram impor suas posições.

"O documento não poderia ser aceito, por ser espúrio e porque seu conteúdo é suicida", afirmou. Para o chanceler, os padrões irracionais de produção e consumo nos países capitalistas desenvolvidos são a causa do aquecimento global.

"Ao se pretender substituir o conceito de responsabilidade compartilhada mas diferenciada, tentou-se passar por cima dos compromissos não cumpridos pelos ricos, de fornecer financiamento e transferência tecnológica aos países do Sul", disse ele.

De acordo com os dados fornecidos por Rodríguez, um norte-americano emite 20,9 toneladas de carbono por ano, um europeu 8,1 toneladas, um latino-americano 4,9 e um africano 2,3."

FONTE: publicado por "Prensa Latina (http://www.prensa-latina.cu)" e postado no portal "Vermelho".

2 comentários:

  1. Réquiem para Copenhague

    Terão esses jovens privilegiados uma vaga idéia de quão genérica, imponderável e distante é a plataforma pela qual se mobilizam ferozmente? Saberão que fazem parte de uma encenação cujos antagonistas, estranhamente complementares, servem apenas para conferir estatuto oficioso aos tradicionais documentos inofensivos, com os mesmos compromissos vagos?
    Não se trata de menosprezar um problema escancaradamente grave e ameaçador. Mas a intransigência unidimensional do discurso ambientalista, que vê interesses corporativos em qualquer questionamento, provoca uma reação contrária de ceticismo. Parece fácil demais assimilar esse fatalismo apocalíptico de causas difusas e responsabilidades generalizadas, tão adequado a tempos conservadores e cínicos. A era da ditadura da longevidade encontrou sua pregação messiânica de apelo coletivo.
    Mesmo leigos, percebemos que há muitas lacunas técnicas nas previsões do aquecimento global. Os enormes custos sociais e econômicos envolvidos na sua prevenção (e não apenas para os países emergentes) são sistematicamente desprezados. Ninguém tampouco menciona o poderosíssimo lobby ávido pelos dividendos resultantes do mercado de carbono e de novas fontes energéticas. Ou Al Gore trabalha de graça?
    A abrangência planetária do problema dissimula sua responsabilidade localizada em alguns poucos países industrializados, que dão bananas para o que pode acontecer a uma ilha no Pacífico. Acontece que são também as maiores potências geopolíticas deste mundinho doente, e é preciso um fabuloso otimismo para acreditar que, podendo sanar tantos absurdos cotidianos perpetrados contra a Humanidade, elas escolham justamente uma causa remota e onerosa para inaugurar sua solidariedade.
    Talvez o cidadão de classe média sinta conforto espiritual em tomar banhos curtos, separar lixo nos recipientes do condomínio ou o que mais acredite (às vezes ilusoriamente) servir para amenizar danos ambientais. Mas os esforços de uma vida inteira são ridiculamente inúteis comparados com o malefício causado em algumas horas por aquela fábrica poluidora que ignoramos no caminho de casa.
    É preciso estabelecer de uma vez por todas que as soluções relevantes passam exclusivamente por ações governamentais, ou seja, dependem de legitimidade popular. Isso significa, em contexto democrático, respaldo eleitoral. Já que não convém manchar o salvacionismo climático de veleidades autoritárias, seria interessante verificar se as pessoas realmente concordam em sacrificar prioridades urgentes em benefício de um futuro já bastante incerto, com ou sem calotas polares.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Guilherme Scalzilli,
    Belo e correto texto, em mensagem e forma.
    Obrigado
    Maria Tereza

    ResponderExcluir