Risco-país volta a ficar abaixo de 200 pontos
"O risco-país brasileiro voltou apenas agora a ficar abaixo dos 200 pontos, nos patamares que estava antes de a crise internacional atingir sua fase mais intensa, em setembro de 2008. Nas operações de ontem, o indicador fechou a 194 pontos.
Essa é uma boa notícia para as empresas que planejam captar recursos no mercado internacional daqui para a frente.
Isso porque, com o risco-país mais baixo, caem os juros exigidos por investidores estrangeiros para comprar títulos emitidos por companhias para levantar recursos no exterior.
O risco-país é um indicador do apetite do mercado internacional pelos títulos de um país.
Para calcular o indicador, o banco norte-americano JPMorgan Chase tem por referência uma cesta de títulos de dívida de cada país. Quando o mercado está tranquilo e a compra desses títulos aumenta, o risco recua. Nos períodos de crise, em que os investidores se desfazem dos papéis, sobe.
Em março deste ano, como reflexo da crise, o risco brasileiro chegou a superar os 450 pontos. No fim de abril de 2008, quando o Brasil estava prestes a ser elevado à categoria de "grau de investimento", o risco rondava os 190 pontos.
"Além da superação do pior momento da crise internacional, não podemos esquecer de que o risco é medido de forma comparativa, refletindo a diferença entre os juros pagos pelos títulos dos EUA e as taxas de outros países. E os juros norte-americanos estão no piso", afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
A taxa básica de juros americana está em uma faixa que vai de 0% a 0,25%. Em resposta à crise e à recessão que abalaram a maior economia do planeta, o BC americano decidiu baixar os juros para esse patamar.
Isso significa que o retorno dos títulos do Tesouro dos EUA é muito menor do que o dos papéis do governo brasileiro.
O menor risco brasileiro já registrado foi de 138 pontos, em junho de 2007. Já em setembro de 2002 [sob FHC/PSDB/DEM], em meio à tensão pré-eleitoral, o risco alcançou seu teto, de 2.443 pontos.
Em linhas gerais, isso significa que, em 2007, as companhias brasileiras encontraram no exterior as melhores condições para levantar recursos no exterior. E que, em 2002, tiveram o pior cenário.
Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores, acha que o risco-país vai voltar a subir em 2010. Segundo ele, isso ocorrerá porque os juros vão começar a subir nas maiores economias do mundo. Como resultado, as taxas oferecidas por empresas brasileiras também terão de subir para manter sua atratividade.
"Mas não acho que haja motivos para preocupação. Não será um movimento expressivo de alta a ponto de prejudicar as captações externas."
FONTE: reportagem de FABRICIO VIEIRA publicada hoje (29/12) na Folha de São Paulo [título e entre colchetes colocados por este blog].
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