Reportagem da Revista Época desta semana que findou trouxe mais detalhes dos corruptos demotucanos, que foram pouco comentados na mídia. Vale a pena ler. Traz um apanhado do patrimônio do vice-governador Paulo Octávio [DEM] e de como ele se fez na capital federal. Além disso traz informações sobre uma segunda operação da Polícia Federal, batizada de "Tucunaré". Vejamos:
"Três adolescentes que andavam juntos em Brasília nos anos 60 ficaram conhecidos de todo o país pouco mais de duas décadas depois. Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito depois da ditadura militar e sofreu impeachment pelo Congresso Nacional acusado de corrupção. Luiz Estevão entrou para a história como o primeiro senador cassado pelos colegas, também acusado de corrupção. Paulo Octávio Pereira, o terceiro da turma, foi parceiro dos outros dois na Operação Uruguai, a farsa montada para tentar salvar Collor, mas que desmoralizou a defesa do então presidente.
Atual vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio [DEM] tornou-se, até agora, um sobrevivente nesse roteiro. No mundo empresarial, ele criou um verdadeiro império em construção civil, hotelaria e comunicações, com movimento financeiro de bilhões de reais. Tornou-se um dos homens mais ricos de Brasília. Sua carreira política também é um sucesso: foi deputado federal e senador, antes de chegar ao segundo cargo mais importante do governo local. Agora, porém, seu império poderá ruir. Paulo Octávio é alvo de duas investigações da Polícia Federal, que juntaram provas surpreendentes nas apurações sobre corrupção na capital.
Uma delas é a Operação Caixa de Pandora, que expôs ao país imagens do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda [DEM], secretários, deputados distritais e empresários pagando ou recebendo dinheiro em espécie. Em alguns vídeos, o personagem é Marcelo Carvalho, principal executivo dos negócios de Paulo Octávio. Ele fala em nome do chefe, negocia valores e faz confidências sobre a prestação de contas. A defesa de Paulo Octávio diz que ele não pode ser acusado, pois não surgiu nenhuma imagem em que ele apareça recebendo dinheiro. Essa versão não resiste a outra apuração da Polícia Federal, a Operação Tucunaré, mantida sob sigilo.
De acordo com os investigadores, há vídeos em que Paulo Octávio distribui dinheiro a deputados aliados de Brasília. A Operação Tucunaré começou na Polícia Civil do DF para investigar lavagem de dinheiro e evasão de divisas por doleiros. Ela foi assumida pela PF em junho deste ano, quando a polícia grampeou uma conversa entre o doleiro Fayed Trabously - personagem citado em escândalos do PMDB e do antigo PFL [hoje DEM] - e o policial aposentado Marcelo Toledo Watson. Tucunaré é o apelido de Toledo, policial que saiu da ativa, aos 28 anos, depois de ser baleado durante o resgate da filha do senador Luiz Estevão, vítima de um seqüestro em 1997. Toledo é um dos personagens chaves dos escândalos em Brasília. Vídeos gravados pelo delegado Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda [DEM], exibem imagens em que Toledo entrega dinheiro a assessores de Arruda. Segundo as investigações, ele cumpria papel de leva e traz entre empresários e políticos. A Operação Tucunaré mostra que Toledo e alguns doleiros eram responsáveis por enviar parte da propina para o exterior.
Com a ajuda dos órgãos federais que rastreiam movimentações financeiras suspeitas, a Polícia Federal investigou como propinas pagas em Brasília foram parar em contas em outros países, atribuídas a Paulo Octávio. Por intermédio de seu advogado, Antônio Carlos Almeida Castro, o Kakay, Paulo Octávio disse que nunca distribuiu dinheiro para deputados [Kakay é também o advogado do tucano Márcio Machado, Presidente do PSDB-DF, que foi o mentor e o captador do mensalão do DEM, conforme publicado no 'O Estado de São Paulo' em 04/12/2009 (fato depois abafado por toda a 'grande' mídia para não prejudicar o esforço eleitoral em prol de Serra)]
. Ele afirma também que não há hipótese de aparecer em gravações com dinheiro e nega ter feito remessas ao exterior por meio de doleiros.
Durante as investigações, a PF tentou convencer Toledo a virar réu colaborador. Na semana passada, Toledo desistiu de ajudar. Segundo amigos de Durval, Toledo teria exigido - e conseguido - a prorrogação por mais um ano do contrato de uma agência de publicidade da qual seria sócio oculto com a Terracap, a estatal que administra as terras públicas do Distrito Federal. Há suspeitas de irregularidades nas prorrogações anteriores desse mesmo contrato, no valor de R$ 13,5 milhões, sob investigação no Tribunal de Contas do Distrito Federal. As investigações da Caixa de Pandora também avançaram. Na operação de busca e apreensão no escritório de um secretário do governo [demotucano] de Arruda, foi encontrado um caderno com a contabilidade, escrita à mão, relativa a recebimentos e pagamentos. Uma perícia grafotécnica do Instituto de Criminalística da PF atestou que o autor dos registros foi o secretário.
Essa informação consta do relatório enviado pela PF na quarta-feira ao Superior Tribunal de Justiça. Ali também ficou atestado que todas as gravações sobre o escândalo de Brasília entregues à polícia são autênticas, sem montagens. "É impressionante. Tudo o que averiguamos do que Durval nos disse está sendo confirmado", afirmou a ÉPOCA um dos investigadores da Caixa de Pandora.
E o que Durval disse aos investigadores? Em primeiro lugar, que Arruda e Paulo Octávio, depois de acirrada disputa sobre quem seria candidato a governador em 2006, fizeram um acordo que incluía o rateio do dinheiro arrecadado com quem tem negócio com o governo do Distrito Federal. De acordo com Durval, o acerto era que o vice receberia um terço. Esse dinheiro seria embolsado por Paulo Octávio e usado para pagar aliados. Os outros dois terços seriam para Arruda. A movimentação desse dinheiro dos negócios privados com o governo de Brasília ocorreria praticamente todos os dias.
Durval disse que a parte de Paulo Octávio, na maioria das vezes, era recebida por Toledo. Eventualmente, Marcelo Carvalho recolhia o dinheiro.
Durval diz ter entregado pessoalmente o dinheiro em algumas oportunidades a Paulo Octávio.
Em um depoimento, Durval contou aos investigadores por que, em uma das gravações, Carvalho disse que Paulo Octávio era avarento e cobrava cada centavo. Segundo Durval, a cada vez que ele levava dinheiro a Paulo Octávio, era recebido numa suíte diferente do hotel Kubitschek Plaza - uma das propriedades de Paulo Octávio. Ali, segundo Durval, Paulo Octávio sempre reclamava que recebia menos do que o combinado. A divergência seria aritmética. O esquema estaria pagando a Paulo Octávio 30% do total, quando o acerto seria um terço, o equivalente a 33%. Num depoimento, Durval descreve uma ida ao Kubitschek. Segundo o advogado Kakay, Paulo Octávio confirma que se encontrou com Durval no Kubitschek Plaza, mas nega que tenha recebido dinheiro.
Paulo Octávio nasceu no município mineiro de Lavras e mudou-se para Brasília em 1962, aos 12 anos de idade. Amigos de adolescência dizem que ele sempre teve obsessão por ficar rico. Filho de um dentista de classe média, ainda jovem buscou dois caminhos: conquistar amigos de famílias ricas e ganhar dinheiro. Deu-se bem nas duas empreitadas.
Paulo Octávio começou a vida profissional com uma pastinha debaixo do braço, vendendo seguros. Depois virou corretor de imóveis, estabelecido em uma pequena sala comercial. Dali, partiu para construir seu império. Paulo Octávio mostrou-se um bom corretor em duas imobiliárias de Brasília. O primeiro lance de ousadia nos negócios com recursos públicos ocorreu quando ele se tornou genro do almirante Maximiano da Fonseca, ministro da Marinha no governo João Figueiredo (1979-1985). Paulo Octávio morou na casa oficial do sogro na Península dos Ministros, área mais nobre de Brasília. Na ocasião, associou-se ao empresário Sérgio Naya, que se tornou célebre por causa do desmoronamento do Edifício Palace II, no Rio de Janeiro. Juntos, os dois construíram o Hotel Saint Paul em Brasília. A Marinha comandada pelo almirante Maximiano da Fonseca comprou na planta 40 dos 272 apartamentos. Na sociedade com Naya, Paulo Octávio ficou dono de 15% do empreendimento. À época, os dois também exploravam no hotel a badalada boate Corte. Com essas investidas, Paulo Octávio firmou-se como empresário. Seu grande salto nos negócios ocorreu anos depois, quando o amigo Fernando Collor se elegeu presidente da República. No governo Collor, Paulo Octávio indicou dirigentes na Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, e conseguiu financiamento da instituição para três grandes investimentos em Brasília: o Hotel Blue Tree, o Brasília Shopping e uma superquadra em área nobre da cidade com 11 prédios residenciais, uma escola e um jardim de infância.
Auditorias internas da Caixa mostram que os negócios foram bons para Paulo Octávio e ruins para os mutuários. Segundo essas auditorias, ocorreram irregularidades em várias etapas dos empreendimentos: desde a formalização da parceria com a Funcef até a construção e venda dos imóveis, entre os anos 1994 e 1998. A avaliação dos auditores é que o prejuízo causado à Funcef deverá chegar a R$ 200 milhões. "A partir daí, ele ficou grande", diz um dos principais concorrentes de Paulo Octávio desde aquela época. Para investigar as supostas irregularidades, foram abertos três inquéritos policiais que poderão resultar em denúncias do Ministério Público à Justiça. Para ter uma idéia do império de Paulo Octávio, basta fazer um passeio pelas áreas valorizadas de Brasília. Algumas das mais vistosas obras da capital, como o Blue Tree, rebatizado Alvorada, o Centro de Eventos Brasil 21 e o Brasília Shopping, foram construídas por Paulo Octávio. Uma análise detalhada desses empreendimentos feita por ÉPOCA mostra que o crescimento do patrimônio de Paulo Octávio tem relação direta com decisões tomadas pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, a mesma que freqüenta o noticiário como balcão de negócios.
Mudanças na regras para o uso do solo aprovadas pelos deputados distritais permitiram ao grupo empresarial de Paulo Octávio realizar negócios milionários com terras públicas. Em 1995, a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários comprou, em parceria com outros empresários, um terreno de 65.000 metros quadrados onde antes existia o Estádio Rei Pelé (ou Pelezão). O lote pertencia à Federação Brasiliense de Futebol e foi comprado por R$ 4 milhões. Graças a leis votadas pela Câmara Distrital depois dessa transação, o terreno originalmente destinado a atividades esportivas tornou-se área residencial. Pouco mais de um terço da propriedade foi vendido por Paulo Octávio, em maio do ano passado, por R$ 25 milhões a José Celso Gontijo, empresário flagrado em vídeo entregando dinheiro a Durval.
Outro exemplo é o Hotel Blue Tree. Banhado pelas águas do Lago Paranoá e vizinho ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, o complexo hoteleiro inaugurado em 2000 consumiu cerca de R$ 140 milhões. Recentemente, a empresa de Paulo Octávio finalizou a construção do complexo Brasil 21, com mais de 800 flats e 800 salas comerciais, localizado na cobiçada área central da cidade. Um dos principais beneficiados pelo boom imobiliário em Brasília, o grupo empresarial de Paulo Octávio divide atualmente as atenções entre o Península, um empreendimento residencial orçado em R$ 1,2 bilhão no bairro de classe média Águas Claras, nos arredores do Plano Piloto de Brasília, e o Shopping Iguatemi, investimento estimado em R$ 150 milhões, em parceria com o empresário Carlos Jereissati [irmão e sócio do senador Tasso Jereissati, do PSDB]... O canteiro do Iguatemi fica no Lago Norte, bairro de Brasília onde há alguns anos existia o esqueleto de um centro comercial. Ele seria erguido pela LPS Empreendimentos e Participações, sociedade de empresas pertencentes a Luiz Estevão, Paulo Octávio e Sérgio Naya [conhecido nacionalmente depois do desabamento do edifício Palace II, no Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1998, que provocou a morte de oito pessoas, além de deixar 150 famílias desabrigadas]. A transação foi descrita por ÉPOCA na edição de maio de 2007.
Na Junta Comercial do DF, o nome de Paulo Octávio aparece atrelado diretamente a 12 empresas. As participações indiretas são mais de 30, de construtoras a concessionárias de automóveis e emissoras de rádio. A declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral por Paulo Octávio em 2006 soma R$ 323,5 milhões em bens, mas seu patrimônio evoluiu. Hoje, estima-se que chegue a R$ 700 milhões. As investigações que chegaram agora a Paulo Octávio estão mais adiantadas em relação às que apuram denúncias contra Arruda.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a Lei Orgânica do Distrito Federal. Essa lei dá à Câmara Legislativa a prerrogativa de autorizar a abertura de ação penal contra o governador. Na representação, Gurgel afirma que a lei é inconstitucional, porque a competência de decidir sobre ações penais contra governadores seria do Superior Tribunal de Justiça.
Na quinta-feira da semana passada, a procuradora Raquel Dogde, responsável pela investigação da Operação Caixa de Pandora, pediu ao STJ a quebra do sigilo bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas investigadas, entre elas Arruda e Paulo Octávio. Dodge entendeu que há elementos suficientes para caracterizar desvio e apropriação de recursos públicos. No caso de Paulo Octávio, se os investigadores estiverem certos, o vice corre o risco de perder o mandato e de fazer companhia aos amigos de juventude que perderam mandatos por causa de denúncias de corrupção."
FONTE: reportagem da revista Época da semana que findou [título e trechos entre colchetes colocados por este blog].
domingo, 31 de janeiro de 2010
PETROBRAS CRESCE E JÁ MOVIMENTA 10% DO PIB
"Por meio de aquisições e investimentos maciços, a Petrobras aumentou seu peso na economia brasileira, com ramificações em diversas áreas. O valor adicionado pela estatal e seus investimentos já representam 10% do PIB, quase o dobro de 2002, informa a repórter Raquel Landim.
Para analistas, a estratégia do governo de agigantar a Petrobras pode inibir o setor privado" [isto é, conquistar espaço hoje ocupado por empresas predominantemente estrangeiras].
FONTE: publicado hoje (31/01) no "O Estado de São Paulo" [trecho entre colchetes colocado por este blog].
Para analistas, a estratégia do governo de agigantar a Petrobras pode inibir o setor privado" [isto é, conquistar espaço hoje ocupado por empresas predominantemente estrangeiras].
FONTE: publicado hoje (31/01) no "O Estado de São Paulo" [trecho entre colchetes colocado por este blog].
GOVERNO LUTA PARA FORMAR EMPRESAS NACIONAIS COM DIMENSÃO PARA ENFRENTAR ESTRANGEIRAS
No governo FHC/PSDB/PFL-DEM, foi conduzido enorme esforço para que as grandes empresas estrangeiras se instalassem e dominassem o mercado brasileiro. Grande avanço conseguiram. Era a receita eufêmica de "modernização neoliberal" especificada para nós pelas grandes potências.
Contudo, o Governo Lula/PT tenta reverter o processo. Como fazem os países desenvolvidos, incentivos às empresas realmente nacionais de fato são cada vez mais comuns no Brasil. Busca-se, assim, dar condições e dimensão às empresas brasileiras para que elas possam competir com as estrangeiras (muitas delas estatais) que atuam no Brasil incentivadas pelo seu respectivo país-sede. A 'grande mídia' (direitista) brasileira não gosta e frequentemente condena essas medidas, ridicularizadas como "nacionalistas ultrapassadas".
Vejamos a seguinte notícia da Folha de São Paulo de hoje (31/01) extraída da sinopse da Empresa Brasileira de Comunicações:
"Governo dá aval a megaempresa do setor elétrico
Camargo Corrêa recebe apoio do Palácio do Planalto para formar companhia que terá um terço do mercado
A empreiteira Camargo Corrêa, que assumiu no ano passado o comando da CPFL, conta com apoio do governo para comprar o controle da Eletropaulo e da AES Sul, além de adquirir do Banco do Brasil e do fundo de pensão Previ a parte deles no grupo Neoenergia.
Concretizadas as operações, a empreiteira terá uma gigante que abastecerá mais de um terço do mercado nacional, relatam Leonardo Souza e Leila Coimbra. A formação da superelétrica não enfrentará impedimento legal. Houve mudança na regulação em 2008.
A operação, contudo, precisará passar pelos órgãos de defesa da concorrência.
Não é a primeira vez que o governo age para formar grandes empresas nacionais. O BNDES injetou quase R$ 7 bilhões para a união entre as teles Oi e BrT em 2008 e 2009."
Em tempo: este blog adiciona a seguinte informação:
A tal "Megaempresa brasileira", cuja criação a mídia em geral noticia com reprovação explícita ou sutil, irá avançar no mercado brasileiro de eletricidade que foi dadivosamente passado para estrangeiros pelo governo FHC/PSDB/PFL, especialmente para os norte-americanos.
Para resumir, transcrevo o seguinte texto da Wikipedia:
"A partir de 1995, o então governador Mário Covas [PSDB] criou o Programa Estatual de Desestatização (PED), para iniciar um processo de privatização de inúmeras empresas estatais paulistas, além de trechos de rodovias e ferrovias.
Considerada pelos técnicos do governo estadual como uma empresa grande demais para ser privatizada num único bloco, a antiga empresa estatal de energia Eletropaulo foi dividida em blocos, em quatro empresas menores.
Um dos blocos era a empresa estatal chamada provisoriamente de "Eletropaulo Metropolitana", uma das empresas mais rentáveis do bloco, responsável pela operação de serviços de energia elétrica na capital de São Paulo e parte da região metropolitana.
A Eletropaulo Metropolitana foi privatizada [pelo governo FHC] em 1999: o controle acionário da Eletropaulo Metropolitana foi comprado em 15 de abril de 1998, através de leilão, pela Lightgás, subsidiária do grupo Light, formado pelas empresas norte-americanas AES Corporation, Houston Industries Energy, Inc. (a atual Reliant Energy), pela [estatal] francesa Electricité de France (EDF) e pela brasileira [sic] Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Em 2001, com a venda das ações da Reliant e da CSN para a AES Corporation, a Eletropaulo Metropolitana passou a ser controlada apenas pela AES [dos EUA]."
Contudo, o Governo Lula/PT tenta reverter o processo. Como fazem os países desenvolvidos, incentivos às empresas realmente nacionais de fato são cada vez mais comuns no Brasil. Busca-se, assim, dar condições e dimensão às empresas brasileiras para que elas possam competir com as estrangeiras (muitas delas estatais) que atuam no Brasil incentivadas pelo seu respectivo país-sede. A 'grande mídia' (direitista) brasileira não gosta e frequentemente condena essas medidas, ridicularizadas como "nacionalistas ultrapassadas".
Vejamos a seguinte notícia da Folha de São Paulo de hoje (31/01) extraída da sinopse da Empresa Brasileira de Comunicações:
"Governo dá aval a megaempresa do setor elétrico
Camargo Corrêa recebe apoio do Palácio do Planalto para formar companhia que terá um terço do mercado
A empreiteira Camargo Corrêa, que assumiu no ano passado o comando da CPFL, conta com apoio do governo para comprar o controle da Eletropaulo e da AES Sul, além de adquirir do Banco do Brasil e do fundo de pensão Previ a parte deles no grupo Neoenergia.
Concretizadas as operações, a empreiteira terá uma gigante que abastecerá mais de um terço do mercado nacional, relatam Leonardo Souza e Leila Coimbra. A formação da superelétrica não enfrentará impedimento legal. Houve mudança na regulação em 2008.
A operação, contudo, precisará passar pelos órgãos de defesa da concorrência.
Não é a primeira vez que o governo age para formar grandes empresas nacionais. O BNDES injetou quase R$ 7 bilhões para a união entre as teles Oi e BrT em 2008 e 2009."
Em tempo: este blog adiciona a seguinte informação:
A tal "Megaempresa brasileira", cuja criação a mídia em geral noticia com reprovação explícita ou sutil, irá avançar no mercado brasileiro de eletricidade que foi dadivosamente passado para estrangeiros pelo governo FHC/PSDB/PFL, especialmente para os norte-americanos.
Para resumir, transcrevo o seguinte texto da Wikipedia:
"A partir de 1995, o então governador Mário Covas [PSDB] criou o Programa Estatual de Desestatização (PED), para iniciar um processo de privatização de inúmeras empresas estatais paulistas, além de trechos de rodovias e ferrovias.
Considerada pelos técnicos do governo estadual como uma empresa grande demais para ser privatizada num único bloco, a antiga empresa estatal de energia Eletropaulo foi dividida em blocos, em quatro empresas menores.
Um dos blocos era a empresa estatal chamada provisoriamente de "Eletropaulo Metropolitana", uma das empresas mais rentáveis do bloco, responsável pela operação de serviços de energia elétrica na capital de São Paulo e parte da região metropolitana.
A Eletropaulo Metropolitana foi privatizada [pelo governo FHC] em 1999: o controle acionário da Eletropaulo Metropolitana foi comprado em 15 de abril de 1998, através de leilão, pela Lightgás, subsidiária do grupo Light, formado pelas empresas norte-americanas AES Corporation, Houston Industries Energy, Inc. (a atual Reliant Energy), pela [estatal] francesa Electricité de France (EDF) e pela brasileira [sic] Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Em 2001, com a venda das ações da Reliant e da CSN para a AES Corporation, a Eletropaulo Metropolitana passou a ser controlada apenas pela AES [dos EUA]."
A MÍDIA "EM GUERRA" [PELA DIREITA], NO MUNDO TODO
Bernard Cassen: mídias viraram arma ideológica e política
O jornalista francês Bernard Cassen criticou sexta-feira (29) os meios de comunicação que, segundo ele, deixam de lado a informação e se transformam em “arma ideológica e política, abandonando toda a fachada do pluralismo”.
Ele citou como exemplo a atual situação da Venezuela e dos veículos de comunicação do país. “Oitenta por cento das mídias venezuelanas são privadas e em guerra aberta ao governo. Não fazem informação, fazem guerra”, disse o ex-diretor do jornal Le Monde Diplomatique.
O jornalista, que participou dos debates no Fórum Social Mundial Temático na Bahia, definiu as mídias como atores econômicos da globalização liberal, além de vetores ideológicos das políticas neoliberais.
Ele lembrou que, apenas na França, 75% dos veículos estão nas mãos de três grupos. A mesma concentração existe também na Itália, na Alemanha e mesmo no Brasil. “É um fenômeno global”, disse, ao enfatizar que a crítica ao sistema midiático não deve ser interpretada como uma crítica aos jornalistas.
“Eles pagam preços muito altos – muitos estão desempregados e quem não está, está assalariado em situações de precariedade, como vítimas do sistema”, completou.
Ele defendeu a democratização da comunicação, por meio do favorecimento a mídias comunitárias e alternativas, e disse que é preciso “dar poder aos jornalistas”.
Cassen destacou a importância do papel da educação para a formação de leitores, espectadores e ouvintes críticos. “Nas escolas, [é preciso] oferecer ensinamento crítico sobre as mídias, desmontar a desinformação e a manipulação. Isso tem que ser ensinado, dar armas para não se deixar levar pelas mídias. Os movimentos sociais, por meio de publicações, também têm seu papel na educação para adultos.”
FONTE: divulgado pela Agência Brasil e reproduzido nos portais "Vermelho" e (hoje, 31/01) "Vi o mundo" [entre colchetes colocado no título por este blog] .
O jornalista francês Bernard Cassen criticou sexta-feira (29) os meios de comunicação que, segundo ele, deixam de lado a informação e se transformam em “arma ideológica e política, abandonando toda a fachada do pluralismo”.
Ele citou como exemplo a atual situação da Venezuela e dos veículos de comunicação do país. “Oitenta por cento das mídias venezuelanas são privadas e em guerra aberta ao governo. Não fazem informação, fazem guerra”, disse o ex-diretor do jornal Le Monde Diplomatique.
O jornalista, que participou dos debates no Fórum Social Mundial Temático na Bahia, definiu as mídias como atores econômicos da globalização liberal, além de vetores ideológicos das políticas neoliberais.
Ele lembrou que, apenas na França, 75% dos veículos estão nas mãos de três grupos. A mesma concentração existe também na Itália, na Alemanha e mesmo no Brasil. “É um fenômeno global”, disse, ao enfatizar que a crítica ao sistema midiático não deve ser interpretada como uma crítica aos jornalistas.
“Eles pagam preços muito altos – muitos estão desempregados e quem não está, está assalariado em situações de precariedade, como vítimas do sistema”, completou.
Ele defendeu a democratização da comunicação, por meio do favorecimento a mídias comunitárias e alternativas, e disse que é preciso “dar poder aos jornalistas”.
Cassen destacou a importância do papel da educação para a formação de leitores, espectadores e ouvintes críticos. “Nas escolas, [é preciso] oferecer ensinamento crítico sobre as mídias, desmontar a desinformação e a manipulação. Isso tem que ser ensinado, dar armas para não se deixar levar pelas mídias. Os movimentos sociais, por meio de publicações, também têm seu papel na educação para adultos.”
FONTE: divulgado pela Agência Brasil e reproduzido nos portais "Vermelho" e (hoje, 31/01) "Vi o mundo" [entre colchetes colocado no título por este blog] .
POR QUE TANTA CAMPANHA DA MÍDIA E OPOSIÇÃO PARA "REDUZIR O ESTADO"?
Em 13/01/2008, este blog, nos primeiros dias da sua criação, escreveu e postou o seguinte texto sobre a nefasta ação do governo de FHC/PSDB/PFL-DEM que quase tornou o Brasil irreversivelmente condenado a ser periferia servil das grandes potências:
O "MODERNO ESTADO-MÍNIMO" BRASILEIRO
"Nos últimos dias (após o fim da CPMF) voltou à tona na grande mídia o discurso de "Estado Mínimo" para reduzir "a gastança governamental".
Na década de 90, em consonância com as propagandas e diretrizes externas aqui nacionalizadas, era voz comum na nossa mídia audiotelevisiva e impressa que o Estado-Nação, no Brasil, deveria renunciar às políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico e passar a ser demolido, para tornar-se um "Estado-mínimo". O Brasil, assim, ficaria congelado como simples país agrícola e exportador de produtos de baixo valor agregado.
Como era muito doutrinado por FHC e 'grande' mídia, esse "novo e avançado Estado-enxuto", "redimensionado", "reestruturado", deveria ser, em termos práticos (porém não confessados pelos seus propugnadores), simples executor dos interesses dos países centrais. O Estado deveria ser dedicado, basicamente, a tentar manter a estabilidade, a justiça social e a segurança interna.
Quanto à segurança interna, já era óbvio que, com a redução do Estado, ela ficaria cada vez mais ameaçada. O seu agravamento seria conseqüência inexorável daquela "nova ordem mundial" [sic] e de seus inevitáveis e previsíveis efeitos colaterais, como: aumento do distanciamento entre os países ricos e os demais (como o Brasil); aumento, dentro de cada país, da distância entre os cidadãos ricos e pobres (concentração de renda); aumento da pobreza, do desemprego, da violência e da criminalidade. Tudo isso realmente aconteceu aqui.
Em resumo, expurgando-se as eufemias daqueles conceitos intensamente propagados no Brasil, a equação lógica daquelas campanhas era matemática, cristalina:
[Estado mínimo (com Forças Armadas também mínimas)] = [Estado mais facilmente subjugado]. Subjugado pela elite dominante.
No caso brasileiro, essa elite dominadora era (é) o resultado, principalmente, de uma soma: [empresas multinacionais ou estatais estrangeiras + grandes bancos e investidores internacionais + governantes dos EUA e dos países do G-7 + FMI/BID/BIRD/OCDE + poucos brasileiros e partidos mais à direita que lucravam com aquilo].
Essa é a essência da empulhação do tal "Estado Ínfimo", que aqui foi doutrinada muito bem na década de 90, disfarçada com magníficos discursos econômicos e sociológicos, e que agora está ressurgindo na mídia com força."
***********
Por que relembro essa postagem, que continua atual? Porque hoje (31/01) li no portal "Vi o mundo", ao fim de um artigo de uma das principais revistas inglesas da direita, "The Economist", que frequentemente elogia Roberto Campos, Collor, FHC, a seguinte nota escrita pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, com alto poder de síntese:
Nota do Viomundo:
"Os estrangeiros só pensam em "desmilinguir" o estado alheio, para facilitar a competição para as empresas dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França, todas elas direta ou indiretamente beneficiadas por estados fortes locais. Ser "liberal" com o estado alheio é fácil."
O "MODERNO ESTADO-MÍNIMO" BRASILEIRO
"Nos últimos dias (após o fim da CPMF) voltou à tona na grande mídia o discurso de "Estado Mínimo" para reduzir "a gastança governamental".
Na década de 90, em consonância com as propagandas e diretrizes externas aqui nacionalizadas, era voz comum na nossa mídia audiotelevisiva e impressa que o Estado-Nação, no Brasil, deveria renunciar às políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico e passar a ser demolido, para tornar-se um "Estado-mínimo". O Brasil, assim, ficaria congelado como simples país agrícola e exportador de produtos de baixo valor agregado.
Como era muito doutrinado por FHC e 'grande' mídia, esse "novo e avançado Estado-enxuto", "redimensionado", "reestruturado", deveria ser, em termos práticos (porém não confessados pelos seus propugnadores), simples executor dos interesses dos países centrais. O Estado deveria ser dedicado, basicamente, a tentar manter a estabilidade, a justiça social e a segurança interna.
Quanto à segurança interna, já era óbvio que, com a redução do Estado, ela ficaria cada vez mais ameaçada. O seu agravamento seria conseqüência inexorável daquela "nova ordem mundial" [sic] e de seus inevitáveis e previsíveis efeitos colaterais, como: aumento do distanciamento entre os países ricos e os demais (como o Brasil); aumento, dentro de cada país, da distância entre os cidadãos ricos e pobres (concentração de renda); aumento da pobreza, do desemprego, da violência e da criminalidade. Tudo isso realmente aconteceu aqui.
Em resumo, expurgando-se as eufemias daqueles conceitos intensamente propagados no Brasil, a equação lógica daquelas campanhas era matemática, cristalina:
[Estado mínimo (com Forças Armadas também mínimas)] = [Estado mais facilmente subjugado]. Subjugado pela elite dominante.
No caso brasileiro, essa elite dominadora era (é) o resultado, principalmente, de uma soma: [empresas multinacionais ou estatais estrangeiras + grandes bancos e investidores internacionais + governantes dos EUA e dos países do G-7 + FMI/BID/BIRD/OCDE + poucos brasileiros e partidos mais à direita que lucravam com aquilo].
Essa é a essência da empulhação do tal "Estado Ínfimo", que aqui foi doutrinada muito bem na década de 90, disfarçada com magníficos discursos econômicos e sociológicos, e que agora está ressurgindo na mídia com força."
***********
Por que relembro essa postagem, que continua atual? Porque hoje (31/01) li no portal "Vi o mundo", ao fim de um artigo de uma das principais revistas inglesas da direita, "The Economist", que frequentemente elogia Roberto Campos, Collor, FHC, a seguinte nota escrita pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, com alto poder de síntese:
Nota do Viomundo:
"Os estrangeiros só pensam em "desmilinguir" o estado alheio, para facilitar a competição para as empresas dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França, todas elas direta ou indiretamente beneficiadas por estados fortes locais. Ser "liberal" com o estado alheio é fácil."
INICIAM AS OBRAS PARA A BASE E ESTALEIRO DO SUBMARINO NUCLEAR
"Base de submarino nuclear começará a ser construída em fevereiro
A base que abrigará o primeiro submarino nuclear brasileiro e a frota convencional com tecnologia francesa começará a ser construída em fevereiro, de acordo com o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto.
Ele pretende lançar nas próximas semanas a pedra fundamental da nova base e do estaleiro, que ficarão no município de Itaguaí, na Baía de Sepetiba, ao sul da capital fluminense.
“É coisa para agora. Lançamos a pedra fundamental e começamos as obras. A duração está em torno de três anos para a construção da base e do estaleiro”, estimou o comandante, durante lançamento do evento Grandes Veleiros Rio 2010, uma regata internacional envolvendo embarcações de maior porte, que ficarão ancoradas e abertas ao público no Píer Mauá, a partir de 31 de janeiro.
Segundo o almirante, serão construídos quatro submarinos convencionais até 2016, com a conclusão do submarino nuclear prevista para 2020.
O orçamento total da Marinha para este ano é de R$ 4,3 bilhões, sendo R$ 2,3 bilhões para os submarinos e R$ 2 bilhões para investimentos e manutenção da força.
Otimista, o comandante disse não acreditar em contingenciamento de verbas. “O governo acabou de liberar a primeira parcela dos recursos para isso. Vamos conseguir conduzir bem nosso programa dos submarinos.
É um programa de Estado e uma parceria estratégica assinada entre dois países”, declarou."
FONTE: reportagem de Wladimir Platonow publicada no site da Agência Brasil e reproduzida hoje (31/01) no blog do jornalista Luis Nassif.
A base que abrigará o primeiro submarino nuclear brasileiro e a frota convencional com tecnologia francesa começará a ser construída em fevereiro, de acordo com o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto.
Ele pretende lançar nas próximas semanas a pedra fundamental da nova base e do estaleiro, que ficarão no município de Itaguaí, na Baía de Sepetiba, ao sul da capital fluminense.
“É coisa para agora. Lançamos a pedra fundamental e começamos as obras. A duração está em torno de três anos para a construção da base e do estaleiro”, estimou o comandante, durante lançamento do evento Grandes Veleiros Rio 2010, uma regata internacional envolvendo embarcações de maior porte, que ficarão ancoradas e abertas ao público no Píer Mauá, a partir de 31 de janeiro.
Segundo o almirante, serão construídos quatro submarinos convencionais até 2016, com a conclusão do submarino nuclear prevista para 2020.
O orçamento total da Marinha para este ano é de R$ 4,3 bilhões, sendo R$ 2,3 bilhões para os submarinos e R$ 2 bilhões para investimentos e manutenção da força.
Otimista, o comandante disse não acreditar em contingenciamento de verbas. “O governo acabou de liberar a primeira parcela dos recursos para isso. Vamos conseguir conduzir bem nosso programa dos submarinos.
É um programa de Estado e uma parceria estratégica assinada entre dois países”, declarou."
FONTE: reportagem de Wladimir Platonow publicada no site da Agência Brasil e reproduzida hoje (31/01) no blog do jornalista Luis Nassif.
POR QUE A PESQUISA VOX POPULI SOMENTE FOI DIVULGADA 6ª FEIRA?
"A pesquisa Vox Popoli/TV Bandeirantes foi registrada no TSE para poder ser divulgada na segunda-feira, e chegou a ser anunciada que seria divulgada naquele dia. Mas só foi ao ar na sexta.
Se a pesquisa fosse boa para Serra teria sido publicada na segunda, detalhada na terça, republicada na quarta, comentada na quinta e analisada na sexta, seria notícia nas revistas do fim de semana, etc...
Mas a pesquisa foi devastadora para Serra, principalmente se comparando com a pesquisa anterior de Dezembro/2009, pois em apenas 1 mês:
- A diferença entre os candidatos caiu de 22% para 7%
- Dilma tirou 15% de diferença para Serra em apenas um mês
- Dilma subiu 10% em apenas um mês
- Serra caiu 5%
Então a pesquisa foi muito ruim para Serra. Por isso, ela ficou na geladeira, aguardando para ser publicada apenas na sexta-feira, quando as edições das revistas semanais já estavam fechadas, e não se fala mais nisso (lá nos canais do PIG).
A escolha de sexta-feira não é à toa. O motivo tem tudo a ver com a nota "José Serra só permite à Globo divulgar sua corrupção às sextas-feiras", que publicamos aqui em 2008.
Notícias ruins para governador tucano de São Paulo, quando se torna impossível abafá-las, têm dia preferencial da semana para veiculação, tal qual anúncios programados.
É sempre às sextas-feiras.
O SERRAcard, com mais de uma semana de atraso, foi noticiado numa sexta-feira.
A ALSTOM também (com um mês de atraso).
Deve fazer parte do contrato entre José Serra e as TVs do PIG.
Geralmente, os telejornais fazem uma matéria na sexta e, em seguida, abafam o assunto.
Muita gente na sexta-feira está mais interessada em diversão do que no noticiário sério, minimizando o impacto.
O fim de semana também cuida de esfriar o assunto. Uma notícia na segunda-feira, rende a semana inteira. As pessoas conversam no trabalho, há discursos no Congresso, pronunciamento de fulano e ciclano, etc.
Quando divulgada na sexta, até chegar a segunda-feira, já tem muito assunto novo, até mesmo os jogos de futebol no fim de semana, para esfriar o impacto."
FONTE: blog "Os amigos do Presidente Lula".
Se a pesquisa fosse boa para Serra teria sido publicada na segunda, detalhada na terça, republicada na quarta, comentada na quinta e analisada na sexta, seria notícia nas revistas do fim de semana, etc...
Mas a pesquisa foi devastadora para Serra, principalmente se comparando com a pesquisa anterior de Dezembro/2009, pois em apenas 1 mês:
- A diferença entre os candidatos caiu de 22% para 7%
- Dilma tirou 15% de diferença para Serra em apenas um mês
- Dilma subiu 10% em apenas um mês
- Serra caiu 5%
Então a pesquisa foi muito ruim para Serra. Por isso, ela ficou na geladeira, aguardando para ser publicada apenas na sexta-feira, quando as edições das revistas semanais já estavam fechadas, e não se fala mais nisso (lá nos canais do PIG).
A escolha de sexta-feira não é à toa. O motivo tem tudo a ver com a nota "José Serra só permite à Globo divulgar sua corrupção às sextas-feiras", que publicamos aqui em 2008.
Notícias ruins para governador tucano de São Paulo, quando se torna impossível abafá-las, têm dia preferencial da semana para veiculação, tal qual anúncios programados.
É sempre às sextas-feiras.
O SERRAcard, com mais de uma semana de atraso, foi noticiado numa sexta-feira.
A ALSTOM também (com um mês de atraso).
Deve fazer parte do contrato entre José Serra e as TVs do PIG.
Geralmente, os telejornais fazem uma matéria na sexta e, em seguida, abafam o assunto.
Muita gente na sexta-feira está mais interessada em diversão do que no noticiário sério, minimizando o impacto.
O fim de semana também cuida de esfriar o assunto. Uma notícia na segunda-feira, rende a semana inteira. As pessoas conversam no trabalho, há discursos no Congresso, pronunciamento de fulano e ciclano, etc.
Quando divulgada na sexta, até chegar a segunda-feira, já tem muito assunto novo, até mesmo os jogos de futebol no fim de semana, para esfriar o impacto."
FONTE: blog "Os amigos do Presidente Lula".
OS GOVERNOS DE ESQUERDA E A "VACÂNCIA DA HISTÓRIA"
"Não estamos diante apenas de golpes de estado tradicionais. Estamos diante de uma versão mais sofisticada deles, que vêm através de justificativas parlamentares e jurídicas que antecedem ou se sucedem aos acontecimentos propriamente ditos.
Flávio Aguiar
No Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, um dos temas debatidos foi a continuidade/sobrevivência dos governos progressistas na América Latina.
Estamos diante de uma ofensiva generalizada no continente por parte das várias direitas, que compõem uma verdadeira orquestra sinfônica com temas, práticas e argumentações que funcionam como um verdadeiro “maestro” de suas ações, ainda que elas possam diferir no estilo e na intensidade.
Do ponto de vista da linguagem que coroa/impulsiona essas ações, uma relativa novidade foi o uso, cada vez mais presente, da expressão “de facto” para caracterizar o governo golpista de Micheletti, em Honduras.
“De facto” é uma expressão jurídica que se opõe a “de jure”. Essa última quer dizer “de direito”. A primeira quer se refere a “algo implementado na prática, mas não necessariamente com amparo legal”.
A versão mais sofisticada, e ao mesmo tempo a mais grosseira, dessa nova “teoria do de facto”, foi apresentada por Alexandre Garcia em artigo comentado magistralmente por Argemiro Ferreira. Segundo essa teoria, em 1964 as Forças Armadas Brasileiras expulsaram o Presidente João Goulart, um perigoso comuno-cripto-sindicalista (o termo é meu) que ameaçava a ordem legal do país. O Congresso Nacional, diante dessa situação “de facto” criada, escolheram o Marechal Castello Branco como novo presidente.
Essa versão da teoria do “de facto” elide a história: nada conta para ela, senão a tela em frente. Esquece a campanha férrea e suja contra o governo, os desmandos, os arbítrios, as conspirações, as tramas, a violência, tudo. Cria, ao lado da nova situação “de facto”, uma “vacância da história”, que cria, por sua vez, uma “vacância jurídica”. Diante da tabula rasa feita a partir da destruição da ordem jurídica, é necessário criar outra do nada, como se nada houvesse antes.
Mais ou menos como se um disco voador marciano chegasse em Hiroshima no dia 7 de agosto de 1945 e diante dos patéticos escombros seus tripulantes dissessem: “nossa, que lixaria deixaram aqui, vamos varrer tudo isso e construir a nossa nova civilização, a nossa nova história”.
A “teoria do de facto” teve diferentes aplicações nas Américas, e não só na Latina. Uma delas foi a eleição por um voto de diferença (4 x 3) de George Bush, o filho, da Suprema Corte norte-americana, que julgava a fraude eleitoral perpetrada na Florida, que dava os votos necessários ao candidato republicano. A boa razão recomendava a anulação do pleito, da contagem, e a realização de novas eleições no Estado. Prevaleceu a teoria de que “o que está feito, feito está”. Amargo remédio.
Outra aplicação constante se deu no Haiti, em que os Estados Unidos tiraram, repuseram e tiraram de novo o presidente Jean Baptiste Aristide do poder, com diferentes alegações, criando sucessivas situações “de facto”.
Houve também a explicação do golpe contra o presidente Hugo Chavez, em 2002, na Venezuela. Unidades do Exército, diante do perigo de ruptura institucional, prenderam e exigiram a renúncia do presidente, que foi levado dali. Usou-se essa “renúncia” como argumento legal para justificar a “vacância” do cargo. Diante desse “vazio institucional”, chefes militares “convidaram” Pedro Carmona para ocupar o palácio Miraflores. A tudo a mídia comprometida deu cobertura, criando imagens manipuladas para justificar a violência, inclusive recusando-se a noticiar que a multidão ao redor do palácio exigia a volta do presidente deposto, e até que este já retornava para ele.
A quarta e mais recente foi a de Honduras.
Não estamos diante apenas de golpes de estado tradicionais. Estamos diante de uma versão mais sofisticada deles, que vêm através de justificativas parlamentares, legais e jurídicas que antecedem ou se sucedem aos acontecimentos propriamente ditos, elidindo a história e a legalidade anterior. Essa estratégia faz parte e é central entre as novas táticas da direita para assaltar o poder, seguindo a velha teoria de que uma democracia não se faz “apenas com eleições”. Esta se assenta na idéia de que entre os eleitores existem “aqueles que contam” e “aqueles que não deveriam contar”. Como se dizia no Brasil dos anos cinqüenta, depois que a “plebe” reconduziu Vargas ao poder, como pode o voto de um simples operário valer tanto quando o de um empresário, de um jurista, de um médico, etc.?
A “teoria do de facto”, da “vacância histórica” e da “vacância jurídica” se apóiam na teoria subjacente da “vacância do povo”. Essa noção “pós-moderna” (porque destituída de profundidade histórica) de democracia nos dá uma versão anacronicamente “ateniense” dela, em que a democracia vale apenas para os “mais cidadãos” do que os outros: metecos (estrangeiros), bárbaros e escravos, fora!
É provável que a “teoria do de facto” venha de novo a ser arquitetada pelo menos contra o presidente Lugo, do Paraguai, ameaçado de ser acusado de qualquer coisa no Parlamento para se votar o seu afastamento. Em outras circunstâncias é difícil se discernir o seu uso. Mas não esqueçamos que as direitas são unidas, eficazes e criativas. “Um outro de facto é possível”, sempre."
FONTE: escrito por Flávio Aguiar e publicado no site "Carta Maior". Reproduzido hoje (31/01) no portal "Vermelho". O autor é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim, Professor Doutor de Literatura Brasileira da USP. Romancista e crítico literário. Diretor do Centro Ángel Rama de Estudos Latino-Americanos. Obras: "Anita" (romance; São Paulo, Boitempo Editorial, 1999). "Com palmos medida" (São Paulo, Boitempo Editorial e Editora Fundação Perseu Abramo, 1999; antologia). "Antonio Candido - Pensamento e militância" (São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo e Editora Humanitas, 1999).
Flávio Aguiar
No Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, um dos temas debatidos foi a continuidade/sobrevivência dos governos progressistas na América Latina.
Estamos diante de uma ofensiva generalizada no continente por parte das várias direitas, que compõem uma verdadeira orquestra sinfônica com temas, práticas e argumentações que funcionam como um verdadeiro “maestro” de suas ações, ainda que elas possam diferir no estilo e na intensidade.
Do ponto de vista da linguagem que coroa/impulsiona essas ações, uma relativa novidade foi o uso, cada vez mais presente, da expressão “de facto” para caracterizar o governo golpista de Micheletti, em Honduras.
“De facto” é uma expressão jurídica que se opõe a “de jure”. Essa última quer dizer “de direito”. A primeira quer se refere a “algo implementado na prática, mas não necessariamente com amparo legal”.
A versão mais sofisticada, e ao mesmo tempo a mais grosseira, dessa nova “teoria do de facto”, foi apresentada por Alexandre Garcia em artigo comentado magistralmente por Argemiro Ferreira. Segundo essa teoria, em 1964 as Forças Armadas Brasileiras expulsaram o Presidente João Goulart, um perigoso comuno-cripto-sindicalista (o termo é meu) que ameaçava a ordem legal do país. O Congresso Nacional, diante dessa situação “de facto” criada, escolheram o Marechal Castello Branco como novo presidente.
Essa versão da teoria do “de facto” elide a história: nada conta para ela, senão a tela em frente. Esquece a campanha férrea e suja contra o governo, os desmandos, os arbítrios, as conspirações, as tramas, a violência, tudo. Cria, ao lado da nova situação “de facto”, uma “vacância da história”, que cria, por sua vez, uma “vacância jurídica”. Diante da tabula rasa feita a partir da destruição da ordem jurídica, é necessário criar outra do nada, como se nada houvesse antes.
Mais ou menos como se um disco voador marciano chegasse em Hiroshima no dia 7 de agosto de 1945 e diante dos patéticos escombros seus tripulantes dissessem: “nossa, que lixaria deixaram aqui, vamos varrer tudo isso e construir a nossa nova civilização, a nossa nova história”.
A “teoria do de facto” teve diferentes aplicações nas Américas, e não só na Latina. Uma delas foi a eleição por um voto de diferença (4 x 3) de George Bush, o filho, da Suprema Corte norte-americana, que julgava a fraude eleitoral perpetrada na Florida, que dava os votos necessários ao candidato republicano. A boa razão recomendava a anulação do pleito, da contagem, e a realização de novas eleições no Estado. Prevaleceu a teoria de que “o que está feito, feito está”. Amargo remédio.
Outra aplicação constante se deu no Haiti, em que os Estados Unidos tiraram, repuseram e tiraram de novo o presidente Jean Baptiste Aristide do poder, com diferentes alegações, criando sucessivas situações “de facto”.
Houve também a explicação do golpe contra o presidente Hugo Chavez, em 2002, na Venezuela. Unidades do Exército, diante do perigo de ruptura institucional, prenderam e exigiram a renúncia do presidente, que foi levado dali. Usou-se essa “renúncia” como argumento legal para justificar a “vacância” do cargo. Diante desse “vazio institucional”, chefes militares “convidaram” Pedro Carmona para ocupar o palácio Miraflores. A tudo a mídia comprometida deu cobertura, criando imagens manipuladas para justificar a violência, inclusive recusando-se a noticiar que a multidão ao redor do palácio exigia a volta do presidente deposto, e até que este já retornava para ele.
A quarta e mais recente foi a de Honduras.
Não estamos diante apenas de golpes de estado tradicionais. Estamos diante de uma versão mais sofisticada deles, que vêm através de justificativas parlamentares, legais e jurídicas que antecedem ou se sucedem aos acontecimentos propriamente ditos, elidindo a história e a legalidade anterior. Essa estratégia faz parte e é central entre as novas táticas da direita para assaltar o poder, seguindo a velha teoria de que uma democracia não se faz “apenas com eleições”. Esta se assenta na idéia de que entre os eleitores existem “aqueles que contam” e “aqueles que não deveriam contar”. Como se dizia no Brasil dos anos cinqüenta, depois que a “plebe” reconduziu Vargas ao poder, como pode o voto de um simples operário valer tanto quando o de um empresário, de um jurista, de um médico, etc.?
A “teoria do de facto”, da “vacância histórica” e da “vacância jurídica” se apóiam na teoria subjacente da “vacância do povo”. Essa noção “pós-moderna” (porque destituída de profundidade histórica) de democracia nos dá uma versão anacronicamente “ateniense” dela, em que a democracia vale apenas para os “mais cidadãos” do que os outros: metecos (estrangeiros), bárbaros e escravos, fora!
É provável que a “teoria do de facto” venha de novo a ser arquitetada pelo menos contra o presidente Lugo, do Paraguai, ameaçado de ser acusado de qualquer coisa no Parlamento para se votar o seu afastamento. Em outras circunstâncias é difícil se discernir o seu uso. Mas não esqueçamos que as direitas são unidas, eficazes e criativas. “Um outro de facto é possível”, sempre."
FONTE: escrito por Flávio Aguiar e publicado no site "Carta Maior". Reproduzido hoje (31/01) no portal "Vermelho". O autor é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim, Professor Doutor de Literatura Brasileira da USP. Romancista e crítico literário. Diretor do Centro Ángel Rama de Estudos Latino-Americanos. Obras: "Anita" (romance; São Paulo, Boitempo Editorial, 1999). "Com palmos medida" (São Paulo, Boitempo Editorial e Editora Fundação Perseu Abramo, 1999; antologia). "Antonio Candido - Pensamento e militância" (São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo e Editora Humanitas, 1999).
JORNALISMO E CATÁSTROFE
Beto Almeida
"Será que o jornalismo não pode ir muito mais além do que reportar, muitas vezes com claro sensacionalismo, a estas tragédias? Será que não pode ajudar a elaborar uma consciência na sociedade sobre serem muitas destas tragédias perfeitamente previsíveis e evitáveis?
Começamos este ano cheio de catástrofes, lamentando perdas de vidas nas tragédias gigantescas como no Haiti, ou em outras de outro alcance em Angra dos Reis, no Estado de São Paulo relatadas pela tv e já somos obrigados a um questionamento aparentemente banal, mas nem tanto: será que o jornalismo não pode ir muito mais além do que reportar, muitas vezes com claro sensacionalismo, a estas tragédias? Não poderia ter outro papel? Será que não pode ajudar a elaborar uma consciência na sociedade sobre serem muitas destas tragédias perfeitamente previsíveis e evitáveis?
Se é verdade que terremotos não são evitáveis , também é verdade que a humanidade já possui a capacidade científica para prever e indicar com precisão quais as áreas onde ocorrerão. Exemplo disso, é que o geólogo Patrick Charles, do Instituto de Geologia de Havana e o sismólogo John Bellini, do Instituto de Sismologia dos EUA, na Conferência Internacional de Geoologia do Caribe, em 2008, previram a inevitável ocorrência de um terremoto de grandes proporções na cidade de Porto-Príncipe, embora não fosse possível definir a data.
O que foi feito com as previsões e os alertas destes cientistas? Foram levadas a sério? É verdade que o Haiti está vitimado por um verdadeiro terremoto social há décadas, causado pelo colonialismo que transformou a primeira República das Américas e o primeiro país a abolir a escravidão num poço de miséria . Poço construído por ações políticas e econômicas concretas, não pelas forças da natureza.
Por exemplo, a França, ex-colonizadora do Haiti, cobrou uma dívida dos haitianos, sob ameaça de intervenção armada, equivalente ao que hoje seria a quantia de 20 bilhões de dólares! Os EUA apoiaram todas as ditaduras mais sanguinárias que aquele país teve que suportar, como a da criminosa dinastia Duvalier que, ao ser derrotada pela luta do povo haitiano, fugiu com sua fortuna para os bancos da Suíça. E tem gente que quer apontar a Suíça como país exemplo de civilização, quando é um grande cúmplice dos maiores roubos e crimes praticados contra a humanidade.
Jogo da mentira e do disfarce
As tragédias nos morros se repetem ano a ano a cada chuva intensa evidenciando a falta de políticas públicas para coordenar as ocupações urbanas de acordo com o critério científico e educativo. Prevalecem os interesses do lucro sobre os da sociedade que se vê destituida de informações, de segurança e de valores seguros para promover a cidadania. Tudo que falta no jornalismo que se esmera na construção das catástrofes e não nas explicações das suas razões profundas.
O jornalismo tem diante de si o desafio de ir mais além do que a simples constatação e exploração sensacionalista e mesquinha das tragédias humanas. Os administradores públicos são em muitos casos os grandes culpados por estas perdas de vidas. Acaso não sabemos que em 2007 já havia a determinação de autoridades competentes para a demolição daquela Pousada Sankai, em Angra dos Reis, por estar em área de risco? O governador do Rio de Janeiro chegou a baixar decreto flexibilizando e facilitando a ocupação de encostas na região, quando deveria agir no sentido contrário.
Da mesma forma, vale relacionar que os moradores do Morro da Carioca, também em Angra, ocuparam aquela área imprópria para a habitação quando houve a privatização e demolição da indústria naval no início dos anos 90. Desempregados dos estaleiros os trabalhadores subiram os morros porque não tinham outro lugar para morar e viver, e foi ali que viram muitos de seus entes queridos perder a vida.
Não é tudo isto perfeitamente evitável??? Claro que sim! Se as autoridades de São Paulo não investem na retirada dos entulhos da calha do Tietê – e política pública negligente deveria acarretar responsabilidade criminal - torna-se perfeitamente previsível que enchentes ocorrerão, provavelmente seguidas de morte e destruição.
Que não se culpe a natureza se os responsáveis pelas políticas públicas não se organizam para a prevenção, para a adaptação das cidades, para políticas habitacionais capazes de dar dignidade, conforto e segurança á população.
Por último vale lembrar que cientistas russos detectaram que em 2036 o asteróide gigante Apophis irá chocar-se com a Terra, sendo previsível grande destruição dada a magnitude do astro. Pois já estão desenvolvendo tecnologias para alterar a trajetória do asteróide de modo a evitar o choque.
Em Cuba, furacões são previstos e com o uso intenso e inteligente dos meios de comunicação, a mobilização dos sindicatos e organizações sociais, chega-se a deslocar até 10 por cento da população cubana em poucas horas, reduzindo radicalmente as perdas de vidas ante as gigantescas tempestades naturais. É a força da consciência e da organização sociais ante a natureza.
A ocupação dos grandes centros urbancos, obedecendo sempre o interesse econômico, voltado para a agressividade contra a natureza , cria as bases das catástrofes, mas, quando estas chegam, os verdadeiros culpados não são apontados, mas dissimulados em forma de desvios estratégicos decorrentes das explicações falsas para descrever os acontecimentos. Fazer confusão e alienação é o resultado prático do jornalismo de catástrofe sob um sistema que elimina a qualidade de vida.
No entanto, este mesmo furacão que passou por Cuba, também passou pelo Haiti e pela Guatemala em 2008, causou centenas e centenas de mortes em cada um destes países. É a diferença das políticas públicas praticadas. Da mesma forma, quando o furacão Katrina chegou a Nova Orleans, mesmo tendo sido previsto com boa antecipação, nenhuma política pública preventiva foi adotada pelo governo do sinistro George Bush , mesmo com todos os recursos materiais e tecnológicos que o país mais rico do mundo possui .
Resultado: centenas e centenas de vidas se perderam injustificadamente por falta de prevenção do governo dos EUA que, no entanto, não reluta em gastar bilhões de dólares em operações militares em qualquer parte do mundo onde possa estar.
O que foi feito com a previsão dos geólogos Patrick Charles e John Bellini que haviam afirmado: os moradores de Porto Príncipe deverão se preparar para um inevitável terremoto de largas proporções? Os EUA que agora ocupam militarmente o Haiti, antes tinham cortado toda a ajuda humanitária ao país. A França também.
O que não poderia ter sido feito com apenas uma fatia de recursos esterilizados no inútil salvamento de bancos que estão seguindo a mesma política financista especulativa irresponsável se este dinheiro tivesse sido utilizado para o deslocamento preventivo da população da capital haitiana, para a construção de novos núcleos habitacionais com técnicas apropriadas para resistir terremotos?
Em muitos países usam-se estruturas de bambu para a construção já que por sua flexibilidade adaptam-se aos tremores de terra e a eles resistem. Por que os avisos dos cientistas não foram ouvidos? Por que a mídia não deu o mesmo destaque a este aviso como deu à morte de um pop star?"
FONTE: escrito por Beto Almeida e publicado no site "Carta Maior". Reproduzido no portal "Vermelho". O autor é jornalista, membro da Junta Diretiva da Telesur e presidente da TV Cidade Livre de Brasília.
"Será que o jornalismo não pode ir muito mais além do que reportar, muitas vezes com claro sensacionalismo, a estas tragédias? Será que não pode ajudar a elaborar uma consciência na sociedade sobre serem muitas destas tragédias perfeitamente previsíveis e evitáveis?
Começamos este ano cheio de catástrofes, lamentando perdas de vidas nas tragédias gigantescas como no Haiti, ou em outras de outro alcance em Angra dos Reis, no Estado de São Paulo relatadas pela tv e já somos obrigados a um questionamento aparentemente banal, mas nem tanto: será que o jornalismo não pode ir muito mais além do que reportar, muitas vezes com claro sensacionalismo, a estas tragédias? Não poderia ter outro papel? Será que não pode ajudar a elaborar uma consciência na sociedade sobre serem muitas destas tragédias perfeitamente previsíveis e evitáveis?
Se é verdade que terremotos não são evitáveis , também é verdade que a humanidade já possui a capacidade científica para prever e indicar com precisão quais as áreas onde ocorrerão. Exemplo disso, é que o geólogo Patrick Charles, do Instituto de Geologia de Havana e o sismólogo John Bellini, do Instituto de Sismologia dos EUA, na Conferência Internacional de Geoologia do Caribe, em 2008, previram a inevitável ocorrência de um terremoto de grandes proporções na cidade de Porto-Príncipe, embora não fosse possível definir a data.
O que foi feito com as previsões e os alertas destes cientistas? Foram levadas a sério? É verdade que o Haiti está vitimado por um verdadeiro terremoto social há décadas, causado pelo colonialismo que transformou a primeira República das Américas e o primeiro país a abolir a escravidão num poço de miséria . Poço construído por ações políticas e econômicas concretas, não pelas forças da natureza.
Por exemplo, a França, ex-colonizadora do Haiti, cobrou uma dívida dos haitianos, sob ameaça de intervenção armada, equivalente ao que hoje seria a quantia de 20 bilhões de dólares! Os EUA apoiaram todas as ditaduras mais sanguinárias que aquele país teve que suportar, como a da criminosa dinastia Duvalier que, ao ser derrotada pela luta do povo haitiano, fugiu com sua fortuna para os bancos da Suíça. E tem gente que quer apontar a Suíça como país exemplo de civilização, quando é um grande cúmplice dos maiores roubos e crimes praticados contra a humanidade.
Jogo da mentira e do disfarce
As tragédias nos morros se repetem ano a ano a cada chuva intensa evidenciando a falta de políticas públicas para coordenar as ocupações urbanas de acordo com o critério científico e educativo. Prevalecem os interesses do lucro sobre os da sociedade que se vê destituida de informações, de segurança e de valores seguros para promover a cidadania. Tudo que falta no jornalismo que se esmera na construção das catástrofes e não nas explicações das suas razões profundas.
O jornalismo tem diante de si o desafio de ir mais além do que a simples constatação e exploração sensacionalista e mesquinha das tragédias humanas. Os administradores públicos são em muitos casos os grandes culpados por estas perdas de vidas. Acaso não sabemos que em 2007 já havia a determinação de autoridades competentes para a demolição daquela Pousada Sankai, em Angra dos Reis, por estar em área de risco? O governador do Rio de Janeiro chegou a baixar decreto flexibilizando e facilitando a ocupação de encostas na região, quando deveria agir no sentido contrário.
Da mesma forma, vale relacionar que os moradores do Morro da Carioca, também em Angra, ocuparam aquela área imprópria para a habitação quando houve a privatização e demolição da indústria naval no início dos anos 90. Desempregados dos estaleiros os trabalhadores subiram os morros porque não tinham outro lugar para morar e viver, e foi ali que viram muitos de seus entes queridos perder a vida.
Não é tudo isto perfeitamente evitável??? Claro que sim! Se as autoridades de São Paulo não investem na retirada dos entulhos da calha do Tietê – e política pública negligente deveria acarretar responsabilidade criminal - torna-se perfeitamente previsível que enchentes ocorrerão, provavelmente seguidas de morte e destruição.
Que não se culpe a natureza se os responsáveis pelas políticas públicas não se organizam para a prevenção, para a adaptação das cidades, para políticas habitacionais capazes de dar dignidade, conforto e segurança á população.
Por último vale lembrar que cientistas russos detectaram que em 2036 o asteróide gigante Apophis irá chocar-se com a Terra, sendo previsível grande destruição dada a magnitude do astro. Pois já estão desenvolvendo tecnologias para alterar a trajetória do asteróide de modo a evitar o choque.
Em Cuba, furacões são previstos e com o uso intenso e inteligente dos meios de comunicação, a mobilização dos sindicatos e organizações sociais, chega-se a deslocar até 10 por cento da população cubana em poucas horas, reduzindo radicalmente as perdas de vidas ante as gigantescas tempestades naturais. É a força da consciência e da organização sociais ante a natureza.
A ocupação dos grandes centros urbancos, obedecendo sempre o interesse econômico, voltado para a agressividade contra a natureza , cria as bases das catástrofes, mas, quando estas chegam, os verdadeiros culpados não são apontados, mas dissimulados em forma de desvios estratégicos decorrentes das explicações falsas para descrever os acontecimentos. Fazer confusão e alienação é o resultado prático do jornalismo de catástrofe sob um sistema que elimina a qualidade de vida.
No entanto, este mesmo furacão que passou por Cuba, também passou pelo Haiti e pela Guatemala em 2008, causou centenas e centenas de mortes em cada um destes países. É a diferença das políticas públicas praticadas. Da mesma forma, quando o furacão Katrina chegou a Nova Orleans, mesmo tendo sido previsto com boa antecipação, nenhuma política pública preventiva foi adotada pelo governo do sinistro George Bush , mesmo com todos os recursos materiais e tecnológicos que o país mais rico do mundo possui .
Resultado: centenas e centenas de vidas se perderam injustificadamente por falta de prevenção do governo dos EUA que, no entanto, não reluta em gastar bilhões de dólares em operações militares em qualquer parte do mundo onde possa estar.
O que foi feito com a previsão dos geólogos Patrick Charles e John Bellini que haviam afirmado: os moradores de Porto Príncipe deverão se preparar para um inevitável terremoto de largas proporções? Os EUA que agora ocupam militarmente o Haiti, antes tinham cortado toda a ajuda humanitária ao país. A França também.
O que não poderia ter sido feito com apenas uma fatia de recursos esterilizados no inútil salvamento de bancos que estão seguindo a mesma política financista especulativa irresponsável se este dinheiro tivesse sido utilizado para o deslocamento preventivo da população da capital haitiana, para a construção de novos núcleos habitacionais com técnicas apropriadas para resistir terremotos?
Em muitos países usam-se estruturas de bambu para a construção já que por sua flexibilidade adaptam-se aos tremores de terra e a eles resistem. Por que os avisos dos cientistas não foram ouvidos? Por que a mídia não deu o mesmo destaque a este aviso como deu à morte de um pop star?"
FONTE: escrito por Beto Almeida e publicado no site "Carta Maior". Reproduzido no portal "Vermelho". O autor é jornalista, membro da Junta Diretiva da Telesur e presidente da TV Cidade Livre de Brasília.
sábado, 30 de janeiro de 2010
PROPAGANDA: O MODO DEMOTUCANO DE GOVERNAR
"Para Kassab é tudo pela propaganda
Os quadros publicados pela revista Época são significativos da prioridade número um de Kassab. Publicidade e propaganda têm verbas equivalentes à soma de todo o dinheiro previsto para construção de piscinões, corredores de ônibus, obras de emergência contra enchente, para áreas de risco e construção, ampliação e reforma de equipamentos para saúde.
É significativo também o montante em dinheiro alocado à propaganda na prefeitura de Kassab, quando comparado com os gastos federais e estaduais. Kassab gasta proporcionalmente 11 vezes a mais em publicidade que o governo federal e o dobro do que gasta o próprio Serra (o que já é mais que o triplo do gasto federal em publicidade!).
A cada R$1.000 do orçamento, são gastos por Kassab em publicidade R$4,55. Serra gasta em propaganda R$1,62 e o governo federal R$0,40. Os dados são da revista Época."
FONTE: postado hoje (30/01) no blog de Luis Favre
Os quadros publicados pela revista Época são significativos da prioridade número um de Kassab. Publicidade e propaganda têm verbas equivalentes à soma de todo o dinheiro previsto para construção de piscinões, corredores de ônibus, obras de emergência contra enchente, para áreas de risco e construção, ampliação e reforma de equipamentos para saúde.
É significativo também o montante em dinheiro alocado à propaganda na prefeitura de Kassab, quando comparado com os gastos federais e estaduais. Kassab gasta proporcionalmente 11 vezes a mais em publicidade que o governo federal e o dobro do que gasta o próprio Serra (o que já é mais que o triplo do gasto federal em publicidade!).
A cada R$1.000 do orçamento, são gastos por Kassab em publicidade R$4,55. Serra gasta em propaganda R$1,62 e o governo federal R$0,40. Os dados são da revista Época."
FONTE: postado hoje (30/01) no blog de Luis Favre
PETROBRAS FECHA 2009 COM O MAIOR SUPERÁVIT DE SUA HISTÓRIA
"O saldo da balança comercial da Petrobras em 2009, calculado com base nas exportações e importações de petróleo e derivados, apresentou um superávit financeiro de US$ 2,874 bilhões.
Foi o maior superávit da história da companhia e mais de três vezes superior ao do ano passado, que fechou em US$ 927 milhões. Em volume, o saldo líquido da balança foi positivo em 156 mil barris diários.
No cálculo do saldo da balança comercial, a Petrobras contabiliza apenas os produtos e derivados líquidos, ficando de fora dados sobre as exportações e importações de gás natural, gás natural liquefeito (GNL) e nitrogenados.
“Este desempenho reflete, principalmente, o aumento de 4,8% nos volumes exportados de petróleo e derivados, cuja média foi de 705 mil barris por dia no ano”, informou a empresa, em nota. Contribuíram para esse resultado “o aumento da produção total de petróleo no país e a redução de 23% no total de derivados importados, com destaque para o óleo diesel.”
O país importou menos 43,03% óleo diesel na média de 2009, em relação a 2008. “Esse resultado é decorrente do aumento da produção deste combustível nas refinarias da Petrobras no Brasil, reflexo dos resultados do Programa de Maximização da Produção de Diesel e da menor demanda do mercado interno”, justificou a companhia.
Os dados indicam, por outro lado, que a maior parte do superávit decorreu do resultado do último trimestre do ano passado, quando o saldo da balança comercial da companhia foi de US$ 1,80 bilhão, indicando um aumento de US$ 194 milhões, quando comparado com o registrado no quarto trimestre de 2008."
FONTE: reportagem de Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil.
Foi o maior superávit da história da companhia e mais de três vezes superior ao do ano passado, que fechou em US$ 927 milhões. Em volume, o saldo líquido da balança foi positivo em 156 mil barris diários.
No cálculo do saldo da balança comercial, a Petrobras contabiliza apenas os produtos e derivados líquidos, ficando de fora dados sobre as exportações e importações de gás natural, gás natural liquefeito (GNL) e nitrogenados.
“Este desempenho reflete, principalmente, o aumento de 4,8% nos volumes exportados de petróleo e derivados, cuja média foi de 705 mil barris por dia no ano”, informou a empresa, em nota. Contribuíram para esse resultado “o aumento da produção total de petróleo no país e a redução de 23% no total de derivados importados, com destaque para o óleo diesel.”
O país importou menos 43,03% óleo diesel na média de 2009, em relação a 2008. “Esse resultado é decorrente do aumento da produção deste combustível nas refinarias da Petrobras no Brasil, reflexo dos resultados do Programa de Maximização da Produção de Diesel e da menor demanda do mercado interno”, justificou a companhia.
Os dados indicam, por outro lado, que a maior parte do superávit decorreu do resultado do último trimestre do ano passado, quando o saldo da balança comercial da companhia foi de US$ 1,80 bilhão, indicando um aumento de US$ 194 milhões, quando comparado com o registrado no quarto trimestre de 2008."
FONTE: reportagem de Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil.
BRASIL CRIARÁ 1,5 MILHÃO DE EMPREGOS ESTE ANO
""Mantega: crescimento econômico levará Brasil a criar 1,5 milhão de empregos este ano
Davos (Suíça) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, em Davos, na Suíça, que acredita que o Brasil vai criar neste ano 1,5 milhão de empregos. O ministro participou do Fórum Econômico Mundial.
“Em 2009, o mundo perdeu 27 milhões de empregos. Portanto, houve um aumento do desemprego no mundo. E o Brasil, em ano de crise, foi um dos poucos países que criou novos empregos. E será um dos países que mais vão gerar emprego em 2010. Com esse crescimento que vamos ter [a previsão do ministro é de um crescimento acima de 5%], vamos criar mais de um 1,5 milhão de empregos em 2010.”
Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participaram no fórum de um debate sobre a economia brasileira. No painel Brazil: What is Next? (Brasil: o que Vem pela Frente?), apresentaram para empresários e investidores uma análise macroeconômica do país, sobre o crescimento do emprego e o aumento da renda e do consumo.
Em entrevista logo após o encontro, Mantega comentou também a reação dos estrangeiros. Disse que o Brasil é alvo do interesse de vários empreendedores de todo mundo.
“Não faltarão investidores indo para o Brasil porque o país demonstra, cada vez mais, que reúne condições muito atraentes. É um pais seguro, sólido, que cresce de forma sustentável e oferece oportunidades para todos e também para os estrangeiros.”
Mantega falou ainda sobre o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção. Permanecem apenas os incentivos fiscais para os investimentos.
O ministro disse que vê uma recuperação sólida da economia brasileira e acredita não ser mais necessária a isenção tributária para incentivar o consumo. “A economia brasileira caminha com as próprias permas”, destacou Mantega."
FONTE: reportagem de Gislene Nogueira publicada hoje (30/01) no site da Agência Brasil.
Davos (Suíça) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, em Davos, na Suíça, que acredita que o Brasil vai criar neste ano 1,5 milhão de empregos. O ministro participou do Fórum Econômico Mundial.
“Em 2009, o mundo perdeu 27 milhões de empregos. Portanto, houve um aumento do desemprego no mundo. E o Brasil, em ano de crise, foi um dos poucos países que criou novos empregos. E será um dos países que mais vão gerar emprego em 2010. Com esse crescimento que vamos ter [a previsão do ministro é de um crescimento acima de 5%], vamos criar mais de um 1,5 milhão de empregos em 2010.”
Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participaram no fórum de um debate sobre a economia brasileira. No painel Brazil: What is Next? (Brasil: o que Vem pela Frente?), apresentaram para empresários e investidores uma análise macroeconômica do país, sobre o crescimento do emprego e o aumento da renda e do consumo.
Em entrevista logo após o encontro, Mantega comentou também a reação dos estrangeiros. Disse que o Brasil é alvo do interesse de vários empreendedores de todo mundo.
“Não faltarão investidores indo para o Brasil porque o país demonstra, cada vez mais, que reúne condições muito atraentes. É um pais seguro, sólido, que cresce de forma sustentável e oferece oportunidades para todos e também para os estrangeiros.”
Mantega falou ainda sobre o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção. Permanecem apenas os incentivos fiscais para os investimentos.
O ministro disse que vê uma recuperação sólida da economia brasileira e acredita não ser mais necessária a isenção tributária para incentivar o consumo. “A economia brasileira caminha com as próprias permas”, destacou Mantega."
FONTE: reportagem de Gislene Nogueira publicada hoje (30/01) no site da Agência Brasil.
CELSO AMORIM: 7 ANOS EM 7 MINUTOS
7 anos em 7 minutos, com Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores
(Segundo programa da série 7 anos em 7 minutos, com o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores)
A projeção que o Brasil ganhou no mundo nos últimos anos é reflexo direto da estabilidade econômica e política social promovida pelo presidente Lula no País mas também pelas novas diretrizes da política externa, que mudou suas prioridades para dar ênfase à integração da América do Sul e a novas parcerias comerciais no mundo. A avaliação foi feita pelo ministro das Relações Exteriores Celso Amorim no segundo programa da série 7 Anos em 7 Minutos que publicamos nesta sexta-feira (29/1) no Blog do Planalto.
Amorim diz que o presidente Lula determinou, desde o primeiro ano de seu mandato, fosse aprofundada as relações com os países vizinhos e estabelecida novas parcerias pelo mundo, notadamente na África, Oriente Médio e Ásia. Os resultados já podem ser notados: o comércio brasileiro com países sul-americanos passou a ser quase 20% do total do comércio exterior brasileiro e a África é hoje o quarto parceiro comercial do País, atrás apenas da China, Estados Unidos e Argentina.
O chanceler brasileiro lembrou que o presidente Lula fez questão receber, em seu primeiro ano de governo, a todos os governadores da América do Sul e também visitá-los. A mesma política de boa vizinhança foi feita com a África, onde visitou 21 países.
Juntamente com os esforços brasileiros na criação do G20 e na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil foi ganhando importância no cenário internacional, consolidando-se como interlocutor privilegiado tanto nas questões políticas como comerciais do mundo."
FONTE: encontra-se publicado hoje (30/01) no Blog do Planalto.
BLAIR NÃO SE ARREPENDE DE TER INJUSTAMENTE CAUSADO 1 MILHÃO DE MORTOS NO IRAQUE
CINISMO, HIPOCRISIA E AFRONTOSO NÃO-ARREPENDIMENTO
SEGUNDO FONTES INGLESAS, DIRETAMENTE FORAM MORTAS NO IRAQUE 100.000 PESSOAS E INDIRETAMENTE OUTRAS 900.000. A DESCULPA PARA ESSA MORTANDADE, A SUPOSTA VONTADE DE SADDAM HUSSEIN FAZER NO FUTURO ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA, MOSTROU-SE INSUBSISTENTE.
INGLATERRA E EUA (ISRAEL, RÚSSIA, CHINA, FRANÇA, PAQUISTÃO, ÍNDIA) CONTINUAM DESENVOLVENDO IMPUNEMENTE ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA.
OS EUA SÃO OS ÚNICOS QUE TIVERAM A 'CORAGEM' DE LANÇAR BOMBAS ATÔMICAS SOBRE POPULAÇÃO CIVIL INDEFESA DE DUAS CIDADES, SIGNIFICANDO OS MAIORES ATENTADOS TERRORISTAS DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE.
Vejamos a seguinte notícia publicada hoje sobre o coautor da mortandade:
"GUERRA SOB ESCRUTÍNIO
Tony Blair depõe e defende a decisão de ter atacado Iraque
O ex-premiê britânico Tony Blair (1997-2007) disse ontem que não se arrepende da controversa decisão de ter participado, em 2003, da invasão do Iraque liderada pelos EUA.
As declarações foram feitas em depoimento de seis horas diante de uma comissão independente que investiga o impopular envio de 45 mil soldados britânicos na ofensiva que derrubou o ditador Saddam Hussein.
A comissão não tem poderes legais, mas embaraça os líderes que endossaram o pretexto, que se mostrou falso, de que Saddam desenvolvia armas de destruição em massa para alvejar o Ocidente, a exemplo dos atentados de 11 de Setembro.
Feita à revelia da ONU e de potências como Rússia e França, a invasão do Iraque abriu uma era de violência sectária no país que deixou até agora cerca de 100 mil mortos, entre eles 179 soldados britânicos.
"A decisão que tomei -e francamente tomaria de novo- foi que, se houvesse qualquer possibilidade de que [Saddam] pudesse desenvolver armas de destruição em massa, nós deveríamos impedi-lo", disse Blair.
Atual representante do Quarteto para o Oriente Médio (ONU, UE, EUA e Rússia), Blair afirmou que Saddam acabaria tendo armas de destruição em massa cedo ou tarde e defendeu a ideia de atacar o Irã, acusado de tentar desenvolver a bomba atômica -o que Teerã nega."
FONTE: o artigo "Guerra sob Escrutínio" foi publicado hoje (30/01) na Folha de São Paulo [o título e a introdução do texto foram colocados por este blog].
SEGUNDO FONTES INGLESAS, DIRETAMENTE FORAM MORTAS NO IRAQUE 100.000 PESSOAS E INDIRETAMENTE OUTRAS 900.000. A DESCULPA PARA ESSA MORTANDADE, A SUPOSTA VONTADE DE SADDAM HUSSEIN FAZER NO FUTURO ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA, MOSTROU-SE INSUBSISTENTE.
INGLATERRA E EUA (ISRAEL, RÚSSIA, CHINA, FRANÇA, PAQUISTÃO, ÍNDIA) CONTINUAM DESENVOLVENDO IMPUNEMENTE ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA.
OS EUA SÃO OS ÚNICOS QUE TIVERAM A 'CORAGEM' DE LANÇAR BOMBAS ATÔMICAS SOBRE POPULAÇÃO CIVIL INDEFESA DE DUAS CIDADES, SIGNIFICANDO OS MAIORES ATENTADOS TERRORISTAS DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE.
Vejamos a seguinte notícia publicada hoje sobre o coautor da mortandade:
"GUERRA SOB ESCRUTÍNIO
Tony Blair depõe e defende a decisão de ter atacado Iraque
O ex-premiê britânico Tony Blair (1997-2007) disse ontem que não se arrepende da controversa decisão de ter participado, em 2003, da invasão do Iraque liderada pelos EUA.
As declarações foram feitas em depoimento de seis horas diante de uma comissão independente que investiga o impopular envio de 45 mil soldados britânicos na ofensiva que derrubou o ditador Saddam Hussein.
A comissão não tem poderes legais, mas embaraça os líderes que endossaram o pretexto, que se mostrou falso, de que Saddam desenvolvia armas de destruição em massa para alvejar o Ocidente, a exemplo dos atentados de 11 de Setembro.
Feita à revelia da ONU e de potências como Rússia e França, a invasão do Iraque abriu uma era de violência sectária no país que deixou até agora cerca de 100 mil mortos, entre eles 179 soldados britânicos.
"A decisão que tomei -e francamente tomaria de novo- foi que, se houvesse qualquer possibilidade de que [Saddam] pudesse desenvolver armas de destruição em massa, nós deveríamos impedi-lo", disse Blair.
Atual representante do Quarteto para o Oriente Médio (ONU, UE, EUA e Rússia), Blair afirmou que Saddam acabaria tendo armas de destruição em massa cedo ou tarde e defendeu a ideia de atacar o Irã, acusado de tentar desenvolver a bomba atômica -o que Teerã nega."
FONTE: o artigo "Guerra sob Escrutínio" foi publicado hoje (30/01) na Folha de São Paulo [o título e a introdução do texto foram colocados por este blog].
O 1º CAÇA RUSSO DESDE A QUEDA DA URSS
Moscou lança 1.º caça desde a queda da URSS
"No mais recente sinal de modernização de sua capacidade militar, a Rússia comemorou ontem o voo de seu primeiro caça supersônico (foto) fabricado desde a queda da URSS, nos anos 90.
O Sukhoi T-50 é visto por analistas como um desafio a aviões similares fabricados nos EUA e deve entrar na disputa por uma fatia no mercado bélico internacional."
FONTE: publicado hoje (30/01) no "O Estado de São Paulo" [título colocado por este blog e foto obtida na internet].
EMBRAER ESTUDA LANÇAR AVIÃO DE ATÉ 150 LUGARES
"Embraer estuda lançamento de avião maior
Jato teria mais de 122 assentos, tamanho máximo fabricado na empresa hoje, mas não competiria com Boeing e Airbus Principal concorrente da Embraer, a Bombardier espera para 2013 as primeiras encomendas de nova família de jatos com até 145 assentos
A Embraer estuda o desenvolvimento de uma nova aeronave que passaria a ser a maior já produzida pela empresa. Chamado dentro da fábrica de 195-X, o jato seria uma versão alongada do modelo 195, topo da linha de aviões comerciais da Embraer, com 122 assentos.
O vice-presidente-executivo para o mercado de aviação comercial da Embraer, Mauro Kern, confirmou a informação. Segundo ele, o jato, se for produzido, vai atender aos clientes a partir de 2015 ou 2016.
"A Embraer está continuamente avaliando novas tecnologias e possibilidades de novos produtos. E temos algumas frentes de estudo hoje olhando para o futuro, que visam o mercado para a segunda metade desta década. Dentre esses estudos, um avião um pouquinho maior do que o 195 é um deles", afirmou o executivo.
Kern negou, no entanto, que a empresa tenha pretensão de concorrer com a gigante norte-americana Boeing e com a francesa Airbus, que produzem aviões com cerca de 150 assentos ou mais.
"Não se trata de termos um plano para enfrentar diretamente a Boeing e a Airbus. Não é isso. É simplesmente aumentar a nossa competitividade com a família de produtos que nós já temos", disse Kern.
A canadense Bombardier, principal concorrente da Embraer, deve começar a entregar dentro de três anos as primeiras encomendas feitas para a sua nova família de jatos, chamada de C-Series. Os dois modelos oferecidos (CS100 e CS300) têm capacidade para acomodar entre 100 e 145 assentos.
Um executivo da Embraer disse, com a condição de que seu nome não fosse revelado, que a empresa está de olho no mercado de substituição de aeronaves antigas na faixa de até 150 assentos. Entre os modelos que se encaixam nessa categoria estão os da família MD-80.
Segundo esse executivo, a Embraer mantém conversações com diversas empresas aéreas que operam aviões um pouco maiores que o 195, entre elas United Airlines, American Airlines e Lufthansa. Essas conversas têm o objetivo de identificar que tamanho de avião pode interessar a essas empresas e o potencial de vendas de uma versão maior do que o modelo 195.
Em 2009, a Embraer entregou 244 aeronaves, marca recorde na história da companhia. Em 2008, a fabricante brasileira havia entregue 204."
FONTE: reportagem de FÁBIO AMATO, da AGÊNCIA FOLHA, em SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, publicada hoje (30/01) na Folha de São Paulo [título colocado por este blog e fotografia obtida na internet].
VOX POPULI: SERRA CAINDO E DILMA SUBINDO FORTE
Quando Ciro está entre os possíveis candidatos, Dilma Rousseff sobe 9 pontos percentuais em relação ao que tinha em dezembro na pesquisa Vox Populi. Se o candidato do PSB é retirado da lista de candidatos, Dilma sobe 8 pontos no mesmo levantamento [pequena diferença, não significativa em face da margem de erro].
Eis os dados:
Cenário com Ciro em 11-14.dez.2009 e em 14-17.jan.2010:
José Serra (PSDB) – 39% > 34% (caiu 5 pontos)
Dilma Rousseff (PT) – 18% > 27% (subiu 9 pontos)
Ciro Gomes (PSB) – 17% > 11% (caiu 6 pontos)
Marina Silva (PV) – 8% > 6% (caiu 2 pontos)
Indecisos, brancos e nulos – 18% > n.d. (variação?)
Cenário sem Ciro em 11-14.dez.2009 e em 14-17.jan.2010:
José Serra (PSDB) – 46% > 38% (caiu 8 pontos)
Dilma Rousseff (PT) – 21% > 29% (subiu 8 pontos)
Marina Silva (PV) – 11% > 8% (caiu 2 pontos)
Indecisos, brancos e nulos – 23% > n.d. (variação?)
A pesquisa Vox Populi entrevistou 2.000 pessoas em todas as regiões do Brasil e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais. Não foram divulgados no início da noite de sexta-feira (29.jan.2010) os percentuais de indecisos, brancos e nulos pelo contratante do levantamento, a TV Bandeirantes.
[Em resumo, Dilma está crescendo e José Serra está caindo; Marina Silva e Ciro Gomes estão em queda].
[A tendência de queda de Serra e subida de Dilma já estava detectada em outros levantamentos, sobretudo no Datafolha de dezembro].
FONTE: dados e alguns trechos obtidos em texto do blog de Fernando Rodrigues publicado ontem à noite (29/01; 21h16) no portal UOL.
Eis os dados:
Cenário com Ciro em 11-14.dez.2009 e em 14-17.jan.2010:
José Serra (PSDB) – 39% > 34% (caiu 5 pontos)
Dilma Rousseff (PT) – 18% > 27% (subiu 9 pontos)
Ciro Gomes (PSB) – 17% > 11% (caiu 6 pontos)
Marina Silva (PV) – 8% > 6% (caiu 2 pontos)
Indecisos, brancos e nulos – 18% > n.d. (variação?)
Cenário sem Ciro em 11-14.dez.2009 e em 14-17.jan.2010:
José Serra (PSDB) – 46% > 38% (caiu 8 pontos)
Dilma Rousseff (PT) – 21% > 29% (subiu 8 pontos)
Marina Silva (PV) – 11% > 8% (caiu 2 pontos)
Indecisos, brancos e nulos – 23% > n.d. (variação?)
A pesquisa Vox Populi entrevistou 2.000 pessoas em todas as regiões do Brasil e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais. Não foram divulgados no início da noite de sexta-feira (29.jan.2010) os percentuais de indecisos, brancos e nulos pelo contratante do levantamento, a TV Bandeirantes.
[Em resumo, Dilma está crescendo e José Serra está caindo; Marina Silva e Ciro Gomes estão em queda].
[A tendência de queda de Serra e subida de Dilma já estava detectada em outros levantamentos, sobretudo no Datafolha de dezembro].
FONTE: dados e alguns trechos obtidos em texto do blog de Fernando Rodrigues publicado ontem à noite (29/01; 21h16) no portal UOL.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
ÍNTEGRA DO DISCURSO DE LULA LIDO HOJE EM DAVOS
Íntegra do discurso de Lula lido por Celso Amorim em Davos
Em repouso após passar por uma crise de hipertensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, leu o discurso de Lula na cerimônia de entrega do prêmio "Estadista Global". O discurso descreve os avanços obtidos pelo Brasil nos últimos anos.
Leia abaixo a íntegra do discurso.
"Minhas senhoras e meus senhores,
Em primeiro lugar, agradeço o prêmio "Estadista Global" que vocês estão me concedendo.
Nos últimos meses, tenho recebido alguns dos prêmios e títulos mais importantes da minha vida.
Com toda sinceridade, sei que não é exatamente a mim que estão premiando - mas ao Brasil e ao esforço do povo brasileiro. Isso me deixa ainda mais feliz e honrado.
Recebo este prêmio, portanto, em nome do Brasil e do povo do meu país. Este prêmio nos alegra, mas, especialmente, nos alerta para a grande responsabilidade que temos.
Ele aumenta minha responsabilidade como governante, e a responsabilidade do meu país como ator cada vez mais ativo e presente no cenário mundial.
Tenho visto, em várias publicações internacionais, que o Brasil está na moda. Permitam-me dizer que se trata de um termo simpático, porém inapropriado.
O modismo é coisa fugaz, passageira. E o Brasil quer e será ator permanente no cenário do novo mundo.
O Brasil, porém, não quer ser um destaque novo em um mundo velho. A voz brasileira quer proclamar, em alto e bom som, que é possível construir um mundo novo.
O Brasil quer ajudar a construir este novo mundo, que todos nós sabemos, não apenas é possível, mas dramaticamente necessário, como ficou claro, na recente crise financeira internacional – mesmo para os que não gostam de mudanças.
Meus senhores e minhas senhoras,
O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos.
Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda sindical.
Meu olhar para o mundo, na época, era o contrário do que o mundo tinha para o Brasil. Eu acreditava, que assim como o Brasil estava mudando, o mundo também pudesse mudar.
No meu discurso de 2003, eu disse, aqui em Davos, que o Brasil iria trabalhar para reduzir as disparidades econômicas e sociais, aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e promover, ativamente, os direitos humanos.
Iria, ao mesmo tempo, lutar para acabar sua dependência das instituições internacionais de crédito e buscar uma inserção mais ativa e soberana na comunidade das nações.
Frisei, entre outras coisas, a necessidade de construção de uma nova ordem econômica internacional, mais justa e democrática.
E comentei que a construção desta nova ordem não seria apenas um ato de generosidade, mas, principalmente, uma atitude de inteligência política.
Ponderei ainda que a paz não era só um objetivo moral, mas um imperativo de racionalidade. E que não bastava apenas proclamar os valores do humanismo. Era necessário fazer com que eles prevalecessem, verdadeiramente, nas relações entre os países e os povos.
Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e, mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu.
Neste período, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média e 20 milhões saíram do estágio de pobreza absoluta. Pagamos toda nossa dívida externa e hoje, em lugar de sermos devedores, somos credores do FMI.
Nossas reservas internacionais pularam de 38 bilhões para cerca de 240 bilhões de dólares. Temos fronteiras com 10 países e não nos envolvemos em um só conflito com nossos vizinhos. Diminuímos, consideravelmente, as agressões ao meio ambiente. Temos e estamos consolidando uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, e estamos caminhando para nos tornar a quinta economia mundial.
Posso dizer, com humildade e realismo, que ainda precisamos avançar muito. Mas ninguém pode negar que o Brasil melhorou.
O fato é que Brasil não apenas venceu o desafio de crescer economicamente e incluir socialmente, como provou, aos céticos, que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza.
Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram apenas para um terço da população. Para eles, o resto era peso, estorvo, carga.
Falavam em arrumar a casa. Mas como é possível arrumar um país deixando dois terços de sua população fora dos benefícios do progresso e da civilização?
Alguma casa fica de pé, se o pai e a mãe relegam ao abandono os filhos mais fracos, e concentram toda atenção nos filhos mais fortes e mais bem aquinhoados pela sorte?
É claro que não. Uma casa assim será uma casa frágil, dividida pelo ressentimento e pela insegurança, onde os irmãos se vêem como inimigos e não como membros da mesma família.
Nós concluímos o contrário: que só havia sentido em governar, se fosse governar para todos. E mostramos que aquilo que, tradicionalmente, era considerado estorvo, era, na verdade, força, reserva, energia para crescer.
Incorporar os mais fracos e os mais necessitados à economia e às políticas públicas não era apenas algo moralmente correto. Era, também, politicamente indispensável e economicamente acertado. Porque só arrumam a casa, o pai e a mãe que olham para todos, não deixam que os mais fortes esbulhem os mais fracos, nem aceitam que os mais fracos conformem-se com a submissão e com a injustiça. Uma casa só é forte quando é de todos – e nela todos encontram abrigo, oportunidades e esperanças.
Por isso, apostamos na ampliação do mercado interno e no aproveitamento de todas as nossas potencialidades. Hoje, há mais Brasil para mais brasileiros. Com isso, fortalecemos a economia, ampliamos a qualidade de vida do nosso povo, reforçamos a democracia, aumentamos nossa auto-estima e amplificamos nossa voz no mundo.
Minhas senhoras e meus senhores,
O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o mundo, igual ao Brasil, também melhorou?
Não faço esta pergunta com soberba. Nem para provocar comparações vantajosas em favor do Brasil.
Faço esta pergunta com humildade, como cidadão do mundo, que tem sua parcela de responsabilidade no que sucedeu – e no que possa vir a suceder com a humanidade e com o nosso planeta.
Pergunto: podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos, das tragédias e da pobreza?
Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo de respeito ao ser humano e ao meio ambiente?
Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental, para o abismo político e para o abismo moral?
Posso imaginar a resposta sincera que sai do coração de cada um de vocês, porque sinto a mesma perplexidade e a mesma frustração com o mundo em que vivemos.
E nós todos, sem exceção, temos uma parcela de responsabilidade nisso tudo.
Nos últimos anos, continuamos sacudidos por guerras absurdas. Continuamos destruindo o meio-ambiente. Continuamos assistindo, com compaixão hipócrita, a miséria e a morte assumirem proporções dantescas na África. Continuamos vendo, passivamente, aumentar os campos de refugiados pelo mundo afora.
E vimos, com susto e medo, mas sem que a lição tenha sido corretamente aprendida, para onde a especulação financeira pode nos levar.
Sim, porque continuam muitos dos terríveis efeitos da crise financeira internacional, e não vemos nenhum sinal, mais concreto, de que esta crise tenha servido para que repensássemos a ordem econômica mundial, seus métodos, sua pobre ética e seus processos anacrônicos.
Pergunto: quantas crises serão necessárias para mudarmos de atitude? Quantas hecatombes financeiras teremos condições de suportar até que decidamos fazer o óbvio e o mais correto?
Quantos graus de aquecimento global, quanto degelo, quanto desmatamento e desequilíbrios ecológicos serão necessários para que tomemos a firme decisão de salvar o planeta?
Meus senhores e minhas senhoras,
Vendo os efeitos pavorosos da tragédia do Haiti, também pergunto: quantos Haitis serão necessários para que deixemos de buscar remédios tardios e soluções improvisadas, ao calor do remorso?
Todos nós sabemos que a tragédia do Haiti foi causada por dois tipos de terremotos: o que sacudiu Porto Príncipe, no início deste mês, com a força de 30 bombas atômicas, e o outro, lento e silencioso, que vem corroendo suas entranhas há alguns séculos.
Para este outro terremoto, o mundo fechou os olhos e os ouvidos. Como continua de olhos e ouvidos fechados para o terremoto silencioso que destrói comunidades inteiras na África, na Ásia, na Europa Oriental e nos países mais pobres das Américas.
Será necessário que o terremoto social traga seu epicentro para as grandes metrópoles européias e norte-americanas para que possamos tomar soluções mais definitivas?
Um antigo presidente brasileiro dizia, do alto de sua aristocrática arrogância, que a questão social era uma questão de polícia.
Será que não é isso que, de forma sutil e sofisticada, muitos países ricos dizem até hoje, quando perseguem, reprimem e discriminam os imigrantes, quando insistem num jogo em que tantos perdem e só poucos ganham?
Por que não fazermos um jogo em que todos possam ganhar, mesmo que em quantidades diversas, mas que ninguém perca no essencial?
O que existe de impossível nisso? Por que não caminharmos nessa direção, de forma consciente e deliberada e não empurrados por crises, por guerras e por tragédias? Será que a humanidade só pode aprender pelo caminho do sofrimento e do rugir de forças descontroladas?
Outro mundo e outro caminho são possíveis. Basta que queiramos. E precisamos fazer isso enquanto é tempo.
Meus senhores e minhas senhoras,
Gostaria de repetir que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz. E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra crise.
Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo, rica ou pobre.
Isso significa ampliar oportunidades, aumentar a produtividade, ampliar mercado e fortalecer a economia. Isso significa mudar as mentalidades e as relações. Isso significa criar fábricas de emprego e de cidadania.
Só fomos bem sucedidos nessas tarefas porque recuperamos o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e não nos deixamos aprisionar em armadilhas teóricas – ou políticas – equivocadas sobre o verdadeiro papel do estado.
Nos últimos sete anos, o Brasil criou quase 12 milhões de empregos formais. Em 2009, quando a maioria dos países viu diminuir os postos de trabalhos, tivemos um saldo positivo de cerca de um milhão de novos empregos.
O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair. Por que? Porque tínhamos reorganizado a economia com fundamentos sólidos, com base no crescimento, na estabilidade, na produtividade, num sistema financeiro saudável, no acesso ao crédito e na inclusão social.
E quando os efeitos da crise começaram a nos alcançar, reforçamos, sem titubear, os fundamentos do nosso modelo e demos ênfase à ampliação do crédito, à redução de impostos e ao estímulo do consumo.
Na crise ficou provado, mais uma vez, que são os pequenos que estão construindo a economia de gigante do Brasil.
Este talvez seja o principal motivo do sucesso do Brasil: acreditar e apoiar o povo, os mais fracos e os pequenos. Na verdade, não estamos inventando a roda. Foi com esta força motriz que Roosevelt recuperou a economia americana depois da grande crise de 1929. E foi com ela que o Brasil venceu preventivamente a última crise internacional.
Mas, nos últimos sete anos, nunca agimos de forma improvisada. A gente sabia para onde queria caminhar. Organizamos a economia sem bravatas e sem sustos, mas com um foco muito claro: crescer com estabilidade e com inclusão.
Implantamos o maior programa de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 12 milhões de famílias. E lançamos, ao mesmo tempo, o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, maior conjunto de obras simultâneas nas áreas de infra-estrutura e logística da história do país, no qual já foram investidos 213 bilhões de dólares e que alcançará, no final do ano de 2010, um montante de 343 bilhões.
Volto ao ponto central: estivemos sempre atentos às politicas macro-econômicas, mas jamais nos limitamos às grandes linhas. Tivemos a obsessão de destravar a máquina da economia, sempre olhando para os mais necessitados, aumentando o poder de compra e o acesso ao crédito da maioria dos brasileiros.
Criamos, por exemplo, grandes programas de infra-estrutura social voltados exclusivamente para as camadas mais pobres. É o caso do programa Luz para Todos, que levou energia elétrica, no campo, para 12 milhões de pessoas e se mostrou um grande propulsor de bem estar e um forte ativador da economia.
Por exemplo: para levar energia elétrica a 2 milhões e 200 mil residências rurais, utilizamos 906 mil quilômetros de cabo, o suficiente para dar 21 voltas em torno do planeta Terra. Em contrapartida, estas famílias que passaram a ter energia elétrica em suas casas, compraram 1,5 milhão de televisores, 1,4 milhão de geladeiras e quantidades enormes de outros equipamentos.
As diversas linhas de microcrédito que criamos, seja para a produção, seja para o consumo, tiveram igualmente grande efeito multiplicador. E ensinaram aos capitalistas brasileiros que não existe capitalismo sem crédito.
Para que vocês tenham uma idéia, apenas com a modalidade de "crédito consignado", que tem como garantia o contracheque dos trabalhadores e aposentados, chegamos a fazer girar na economia mais 100 bilhões de reais por mês. As pessoas tomam empréstimos de 50 dólares, 80 dólares para comprar roupas, material escolar, etc, e isto ajuda ativar profundamente a economia.
Minhas senhoras e meus senhores,
Os desafios enfrentados, agora, pelo mundo são muito maiores do que os enfrentados pelo Brasil.
Com mudanças de prioridades e rearranjos de modelos, o governo brasileiro está conseguindo impor um novo ritmo de desenvolvimento ao nosso país.
O mundo, porém, necessita de mudanças mais profundas e mais complexas. E elas ficarão ainda mais difíceis quanto mais tempo deixarmos passar e quanto mais oportunidades jogarmos fora.
O encontro do clima, em Copenhague, é um exemplo disso. Ali a humanidade perdeu uma grande oportunidade de avançar, com rapidez, em defesa do meio-ambiente.
Por isso cobramos que cheguemos com o espírito desarmado, no próximo encontro, no México, e que encontremos saídas concretas para o grave problema do aquecimento global.
A crise financeira também mostrou que é preciso uma mudança profunda na ordem econômica, que privilegie a produção e não a especulação.
Um modelo, como todos sabem, onde o sistema financeiro esteja a serviço do setor produtivo e onde haja regulações claras para evitar riscos absurdos e excessivos.
Mas tudo isso são sintomas de uma crise mais profunda, e da necessidade de o mundo encontrar um novo caminho, livre dos velhos modelos e das velhas ideologias.
É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar.
Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a humanidade.
Precisamos de um novo papel para os governos. E digo que, paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação do papel de governar.
Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja tarde.
Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos nossos destinos em nossas mãos.
E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade.
Muito obrigado."
FONTE: publicado hoje (29/01) no portal UOL.
Em repouso após passar por uma crise de hipertensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, leu o discurso de Lula na cerimônia de entrega do prêmio "Estadista Global". O discurso descreve os avanços obtidos pelo Brasil nos últimos anos.
Leia abaixo a íntegra do discurso.
"Minhas senhoras e meus senhores,
Em primeiro lugar, agradeço o prêmio "Estadista Global" que vocês estão me concedendo.
Nos últimos meses, tenho recebido alguns dos prêmios e títulos mais importantes da minha vida.
Com toda sinceridade, sei que não é exatamente a mim que estão premiando - mas ao Brasil e ao esforço do povo brasileiro. Isso me deixa ainda mais feliz e honrado.
Recebo este prêmio, portanto, em nome do Brasil e do povo do meu país. Este prêmio nos alegra, mas, especialmente, nos alerta para a grande responsabilidade que temos.
Ele aumenta minha responsabilidade como governante, e a responsabilidade do meu país como ator cada vez mais ativo e presente no cenário mundial.
Tenho visto, em várias publicações internacionais, que o Brasil está na moda. Permitam-me dizer que se trata de um termo simpático, porém inapropriado.
O modismo é coisa fugaz, passageira. E o Brasil quer e será ator permanente no cenário do novo mundo.
O Brasil, porém, não quer ser um destaque novo em um mundo velho. A voz brasileira quer proclamar, em alto e bom som, que é possível construir um mundo novo.
O Brasil quer ajudar a construir este novo mundo, que todos nós sabemos, não apenas é possível, mas dramaticamente necessário, como ficou claro, na recente crise financeira internacional – mesmo para os que não gostam de mudanças.
Meus senhores e minhas senhoras,
O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos.
Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda sindical.
Meu olhar para o mundo, na época, era o contrário do que o mundo tinha para o Brasil. Eu acreditava, que assim como o Brasil estava mudando, o mundo também pudesse mudar.
No meu discurso de 2003, eu disse, aqui em Davos, que o Brasil iria trabalhar para reduzir as disparidades econômicas e sociais, aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e promover, ativamente, os direitos humanos.
Iria, ao mesmo tempo, lutar para acabar sua dependência das instituições internacionais de crédito e buscar uma inserção mais ativa e soberana na comunidade das nações.
Frisei, entre outras coisas, a necessidade de construção de uma nova ordem econômica internacional, mais justa e democrática.
E comentei que a construção desta nova ordem não seria apenas um ato de generosidade, mas, principalmente, uma atitude de inteligência política.
Ponderei ainda que a paz não era só um objetivo moral, mas um imperativo de racionalidade. E que não bastava apenas proclamar os valores do humanismo. Era necessário fazer com que eles prevalecessem, verdadeiramente, nas relações entre os países e os povos.
Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e, mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu.
Neste período, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média e 20 milhões saíram do estágio de pobreza absoluta. Pagamos toda nossa dívida externa e hoje, em lugar de sermos devedores, somos credores do FMI.
Nossas reservas internacionais pularam de 38 bilhões para cerca de 240 bilhões de dólares. Temos fronteiras com 10 países e não nos envolvemos em um só conflito com nossos vizinhos. Diminuímos, consideravelmente, as agressões ao meio ambiente. Temos e estamos consolidando uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, e estamos caminhando para nos tornar a quinta economia mundial.
Posso dizer, com humildade e realismo, que ainda precisamos avançar muito. Mas ninguém pode negar que o Brasil melhorou.
O fato é que Brasil não apenas venceu o desafio de crescer economicamente e incluir socialmente, como provou, aos céticos, que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza.
Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram apenas para um terço da população. Para eles, o resto era peso, estorvo, carga.
Falavam em arrumar a casa. Mas como é possível arrumar um país deixando dois terços de sua população fora dos benefícios do progresso e da civilização?
Alguma casa fica de pé, se o pai e a mãe relegam ao abandono os filhos mais fracos, e concentram toda atenção nos filhos mais fortes e mais bem aquinhoados pela sorte?
É claro que não. Uma casa assim será uma casa frágil, dividida pelo ressentimento e pela insegurança, onde os irmãos se vêem como inimigos e não como membros da mesma família.
Nós concluímos o contrário: que só havia sentido em governar, se fosse governar para todos. E mostramos que aquilo que, tradicionalmente, era considerado estorvo, era, na verdade, força, reserva, energia para crescer.
Incorporar os mais fracos e os mais necessitados à economia e às políticas públicas não era apenas algo moralmente correto. Era, também, politicamente indispensável e economicamente acertado. Porque só arrumam a casa, o pai e a mãe que olham para todos, não deixam que os mais fortes esbulhem os mais fracos, nem aceitam que os mais fracos conformem-se com a submissão e com a injustiça. Uma casa só é forte quando é de todos – e nela todos encontram abrigo, oportunidades e esperanças.
Por isso, apostamos na ampliação do mercado interno e no aproveitamento de todas as nossas potencialidades. Hoje, há mais Brasil para mais brasileiros. Com isso, fortalecemos a economia, ampliamos a qualidade de vida do nosso povo, reforçamos a democracia, aumentamos nossa auto-estima e amplificamos nossa voz no mundo.
Minhas senhoras e meus senhores,
O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o mundo, igual ao Brasil, também melhorou?
Não faço esta pergunta com soberba. Nem para provocar comparações vantajosas em favor do Brasil.
Faço esta pergunta com humildade, como cidadão do mundo, que tem sua parcela de responsabilidade no que sucedeu – e no que possa vir a suceder com a humanidade e com o nosso planeta.
Pergunto: podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos, das tragédias e da pobreza?
Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo de respeito ao ser humano e ao meio ambiente?
Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental, para o abismo político e para o abismo moral?
Posso imaginar a resposta sincera que sai do coração de cada um de vocês, porque sinto a mesma perplexidade e a mesma frustração com o mundo em que vivemos.
E nós todos, sem exceção, temos uma parcela de responsabilidade nisso tudo.
Nos últimos anos, continuamos sacudidos por guerras absurdas. Continuamos destruindo o meio-ambiente. Continuamos assistindo, com compaixão hipócrita, a miséria e a morte assumirem proporções dantescas na África. Continuamos vendo, passivamente, aumentar os campos de refugiados pelo mundo afora.
E vimos, com susto e medo, mas sem que a lição tenha sido corretamente aprendida, para onde a especulação financeira pode nos levar.
Sim, porque continuam muitos dos terríveis efeitos da crise financeira internacional, e não vemos nenhum sinal, mais concreto, de que esta crise tenha servido para que repensássemos a ordem econômica mundial, seus métodos, sua pobre ética e seus processos anacrônicos.
Pergunto: quantas crises serão necessárias para mudarmos de atitude? Quantas hecatombes financeiras teremos condições de suportar até que decidamos fazer o óbvio e o mais correto?
Quantos graus de aquecimento global, quanto degelo, quanto desmatamento e desequilíbrios ecológicos serão necessários para que tomemos a firme decisão de salvar o planeta?
Meus senhores e minhas senhoras,
Vendo os efeitos pavorosos da tragédia do Haiti, também pergunto: quantos Haitis serão necessários para que deixemos de buscar remédios tardios e soluções improvisadas, ao calor do remorso?
Todos nós sabemos que a tragédia do Haiti foi causada por dois tipos de terremotos: o que sacudiu Porto Príncipe, no início deste mês, com a força de 30 bombas atômicas, e o outro, lento e silencioso, que vem corroendo suas entranhas há alguns séculos.
Para este outro terremoto, o mundo fechou os olhos e os ouvidos. Como continua de olhos e ouvidos fechados para o terremoto silencioso que destrói comunidades inteiras na África, na Ásia, na Europa Oriental e nos países mais pobres das Américas.
Será necessário que o terremoto social traga seu epicentro para as grandes metrópoles européias e norte-americanas para que possamos tomar soluções mais definitivas?
Um antigo presidente brasileiro dizia, do alto de sua aristocrática arrogância, que a questão social era uma questão de polícia.
Será que não é isso que, de forma sutil e sofisticada, muitos países ricos dizem até hoje, quando perseguem, reprimem e discriminam os imigrantes, quando insistem num jogo em que tantos perdem e só poucos ganham?
Por que não fazermos um jogo em que todos possam ganhar, mesmo que em quantidades diversas, mas que ninguém perca no essencial?
O que existe de impossível nisso? Por que não caminharmos nessa direção, de forma consciente e deliberada e não empurrados por crises, por guerras e por tragédias? Será que a humanidade só pode aprender pelo caminho do sofrimento e do rugir de forças descontroladas?
Outro mundo e outro caminho são possíveis. Basta que queiramos. E precisamos fazer isso enquanto é tempo.
Meus senhores e minhas senhoras,
Gostaria de repetir que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz. E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra crise.
Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo, rica ou pobre.
Isso significa ampliar oportunidades, aumentar a produtividade, ampliar mercado e fortalecer a economia. Isso significa mudar as mentalidades e as relações. Isso significa criar fábricas de emprego e de cidadania.
Só fomos bem sucedidos nessas tarefas porque recuperamos o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e não nos deixamos aprisionar em armadilhas teóricas – ou políticas – equivocadas sobre o verdadeiro papel do estado.
Nos últimos sete anos, o Brasil criou quase 12 milhões de empregos formais. Em 2009, quando a maioria dos países viu diminuir os postos de trabalhos, tivemos um saldo positivo de cerca de um milhão de novos empregos.
O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair. Por que? Porque tínhamos reorganizado a economia com fundamentos sólidos, com base no crescimento, na estabilidade, na produtividade, num sistema financeiro saudável, no acesso ao crédito e na inclusão social.
E quando os efeitos da crise começaram a nos alcançar, reforçamos, sem titubear, os fundamentos do nosso modelo e demos ênfase à ampliação do crédito, à redução de impostos e ao estímulo do consumo.
Na crise ficou provado, mais uma vez, que são os pequenos que estão construindo a economia de gigante do Brasil.
Este talvez seja o principal motivo do sucesso do Brasil: acreditar e apoiar o povo, os mais fracos e os pequenos. Na verdade, não estamos inventando a roda. Foi com esta força motriz que Roosevelt recuperou a economia americana depois da grande crise de 1929. E foi com ela que o Brasil venceu preventivamente a última crise internacional.
Mas, nos últimos sete anos, nunca agimos de forma improvisada. A gente sabia para onde queria caminhar. Organizamos a economia sem bravatas e sem sustos, mas com um foco muito claro: crescer com estabilidade e com inclusão.
Implantamos o maior programa de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 12 milhões de famílias. E lançamos, ao mesmo tempo, o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, maior conjunto de obras simultâneas nas áreas de infra-estrutura e logística da história do país, no qual já foram investidos 213 bilhões de dólares e que alcançará, no final do ano de 2010, um montante de 343 bilhões.
Volto ao ponto central: estivemos sempre atentos às politicas macro-econômicas, mas jamais nos limitamos às grandes linhas. Tivemos a obsessão de destravar a máquina da economia, sempre olhando para os mais necessitados, aumentando o poder de compra e o acesso ao crédito da maioria dos brasileiros.
Criamos, por exemplo, grandes programas de infra-estrutura social voltados exclusivamente para as camadas mais pobres. É o caso do programa Luz para Todos, que levou energia elétrica, no campo, para 12 milhões de pessoas e se mostrou um grande propulsor de bem estar e um forte ativador da economia.
Por exemplo: para levar energia elétrica a 2 milhões e 200 mil residências rurais, utilizamos 906 mil quilômetros de cabo, o suficiente para dar 21 voltas em torno do planeta Terra. Em contrapartida, estas famílias que passaram a ter energia elétrica em suas casas, compraram 1,5 milhão de televisores, 1,4 milhão de geladeiras e quantidades enormes de outros equipamentos.
As diversas linhas de microcrédito que criamos, seja para a produção, seja para o consumo, tiveram igualmente grande efeito multiplicador. E ensinaram aos capitalistas brasileiros que não existe capitalismo sem crédito.
Para que vocês tenham uma idéia, apenas com a modalidade de "crédito consignado", que tem como garantia o contracheque dos trabalhadores e aposentados, chegamos a fazer girar na economia mais 100 bilhões de reais por mês. As pessoas tomam empréstimos de 50 dólares, 80 dólares para comprar roupas, material escolar, etc, e isto ajuda ativar profundamente a economia.
Minhas senhoras e meus senhores,
Os desafios enfrentados, agora, pelo mundo são muito maiores do que os enfrentados pelo Brasil.
Com mudanças de prioridades e rearranjos de modelos, o governo brasileiro está conseguindo impor um novo ritmo de desenvolvimento ao nosso país.
O mundo, porém, necessita de mudanças mais profundas e mais complexas. E elas ficarão ainda mais difíceis quanto mais tempo deixarmos passar e quanto mais oportunidades jogarmos fora.
O encontro do clima, em Copenhague, é um exemplo disso. Ali a humanidade perdeu uma grande oportunidade de avançar, com rapidez, em defesa do meio-ambiente.
Por isso cobramos que cheguemos com o espírito desarmado, no próximo encontro, no México, e que encontremos saídas concretas para o grave problema do aquecimento global.
A crise financeira também mostrou que é preciso uma mudança profunda na ordem econômica, que privilegie a produção e não a especulação.
Um modelo, como todos sabem, onde o sistema financeiro esteja a serviço do setor produtivo e onde haja regulações claras para evitar riscos absurdos e excessivos.
Mas tudo isso são sintomas de uma crise mais profunda, e da necessidade de o mundo encontrar um novo caminho, livre dos velhos modelos e das velhas ideologias.
É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar.
Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a humanidade.
Precisamos de um novo papel para os governos. E digo que, paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação do papel de governar.
Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja tarde.
Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos nossos destinos em nossas mãos.
E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo mundo e uma nova humanidade.
Muito obrigado."
FONTE: publicado hoje (29/01) no portal UOL.
LOUVADO SEJA O ALMIRANTE DO TIETÊ
Li hoje (29/01) no portal "Vi o mundo", de Luiz Carlos Azenha, o seguinte interessante texto escrito pelo professor Hariovaldo, aos difamadores do governador Serra [título acima colocado por este blog]:
"Grande timoneiro conduz São Paulo em segurança; gentalha deve-lhe desculpas
do professor Hariovaldo, em seu blog
A gentalha insiste em colocar o lixo nas ruas, como se os caminhões da prefeitura não tivessem nada mais importante para fazer do que recolher os dejetos desse povo. Aí está a raiz de todos os problemas das inundações
José Serra, audaz navegante das tempestades, conduz com destreza e técnica o leme da nau paulistânia em meio às tormentas e inundações provocadas pela gentalha ignara, grande poluidora e despreparada para viver ao lado dos homens bons de São Paulo.
Qualquer outro estado, de qualquer outro lugar já teria naufragado, submergido, afundado como uma nova Atlântida, mas graças a brilhante liderança e a sagacidade inoxidável do governador Serra São Paulo resiste, estando pronto para resistir também a 2012.
Mesmo com a ação da gentalha jogando lixo até entupir todo o escoamento das águas, reduzindo a calha dos rios, estragando as bombas dos túneis; a capacidade gerencial ímpar do governo paulista resiste com solidez mantendo a boa governança sobre o povo, esse mesmo povo que o sabota.
Para a gentalha tudo é motivo para o vandalismo, mesmo algumas poças d'água na calçada
Inúmeros programas sociais contemplam as classes baixas, grandes obras assistências oferecem apoio e condições para a melhoria de vida de tais elementos reles, contudo, como demonstrou o Jornal Nacional ao longo da semana, e o Fantástico desse domingo, os membros da gentalha continuam colocando o lixo em sacos plásticos do lado de fora de suas casas, nas calçadas, o que mediante a qualquer chuvinha, causa grandes alagamentos, e depois essa mesma gente vai para ruas reclamar dos governos, como se eles tivessem culpa. Bando de inconscientes! São os mesmos que em vez de irem residir em lugares aprazíveis e adequados como em Moema ou nos Jardins, vão fixar residências nas encostas dos morros ou na beira dos rios para depois, na hora do apuro se fingirem de inocentes e mais uma vez culparem o governo Serra, que nada tem a ver com a história.
Enquanto a gentalha blasfema, Serra lidera as orações para que os céus parem com as chuvas
Tudo isso tem manchado o Governo de José Serra e a gentalha lhe deve desculpas públicas para que não fique uma má impressão para o resto da nação. As entidades, agremiações e associações que congregam os bandos dessa gente malfadada e fedida devem se reunir e emitir um comunicado isentando Serra e assumindo a responsabilidade por todos os transtornos causados a São Paulo e aos Paulistanos pelas chuvas, restaurando-se assim a verdade e a honra de nosso líder varonil, grande Almirante do Tietê."
"Grande timoneiro conduz São Paulo em segurança; gentalha deve-lhe desculpas
do professor Hariovaldo, em seu blog
A gentalha insiste em colocar o lixo nas ruas, como se os caminhões da prefeitura não tivessem nada mais importante para fazer do que recolher os dejetos desse povo. Aí está a raiz de todos os problemas das inundações
José Serra, audaz navegante das tempestades, conduz com destreza e técnica o leme da nau paulistânia em meio às tormentas e inundações provocadas pela gentalha ignara, grande poluidora e despreparada para viver ao lado dos homens bons de São Paulo.
Qualquer outro estado, de qualquer outro lugar já teria naufragado, submergido, afundado como uma nova Atlântida, mas graças a brilhante liderança e a sagacidade inoxidável do governador Serra São Paulo resiste, estando pronto para resistir também a 2012.
Mesmo com a ação da gentalha jogando lixo até entupir todo o escoamento das águas, reduzindo a calha dos rios, estragando as bombas dos túneis; a capacidade gerencial ímpar do governo paulista resiste com solidez mantendo a boa governança sobre o povo, esse mesmo povo que o sabota.
Para a gentalha tudo é motivo para o vandalismo, mesmo algumas poças d'água na calçada
Inúmeros programas sociais contemplam as classes baixas, grandes obras assistências oferecem apoio e condições para a melhoria de vida de tais elementos reles, contudo, como demonstrou o Jornal Nacional ao longo da semana, e o Fantástico desse domingo, os membros da gentalha continuam colocando o lixo em sacos plásticos do lado de fora de suas casas, nas calçadas, o que mediante a qualquer chuvinha, causa grandes alagamentos, e depois essa mesma gente vai para ruas reclamar dos governos, como se eles tivessem culpa. Bando de inconscientes! São os mesmos que em vez de irem residir em lugares aprazíveis e adequados como em Moema ou nos Jardins, vão fixar residências nas encostas dos morros ou na beira dos rios para depois, na hora do apuro se fingirem de inocentes e mais uma vez culparem o governo Serra, que nada tem a ver com a história.
Enquanto a gentalha blasfema, Serra lidera as orações para que os céus parem com as chuvas
Tudo isso tem manchado o Governo de José Serra e a gentalha lhe deve desculpas públicas para que não fique uma má impressão para o resto da nação. As entidades, agremiações e associações que congregam os bandos dessa gente malfadada e fedida devem se reunir e emitir um comunicado isentando Serra e assumindo a responsabilidade por todos os transtornos causados a São Paulo e aos Paulistanos pelas chuvas, restaurando-se assim a verdade e a honra de nosso líder varonil, grande Almirante do Tietê."
AS "ELITES CONSERVADORAS" E A "AMEAÇA DO POPULISMO"
Edu Marcondes: Analisando o populismo
"A Ressuscitação do Populismo
Tecnicamente falando, a palavra é uma “unidade da língua escrita, situada entre dois espaços em branco, ou entre espaço em branco e sinal de pontuação”. Mas, ela muito mais que isso. As palavras tem história refletindo um momento e as características do povo que as usa. As idéias fazem uso delas, do mesmo modo que as imagens, como suporte para sua propagação. E como estas, as palavras podem ser usadas de variadas formas. Podem sofrer retoques e distorções, cortes e acréscimos, que mudam seu significado. Podem ainda ser retiradas de seus contextos históricos e serem recicladas para novos usos, tudo em nome de interesses políticos de pessoas, grupos, partidos etc.
Em 1996/97 o governo Fernando Henrique o os partidos que o apoiavam (PSDB/PFL) articularam uma reforma constitucional para permitir a reeleição imediata do mesmo. Apesar de se constituir numa quebra das regras com o “jogo” em pleno andamento a mídia aliada a apoiou:
"Reeleição popular: a população vê com bons olhos a chance de renovar os mandatos dos que vêm a se mostrar bons governantes. (...) Entre a candidatura e a renovação do mandato estará sempre o democrático e o inquestionável veredicto das urnas." (Editorial da Folha de São Paulo,5/1/1996)
Dez anos mais tarde, a simples insinuação de que Lula pudesse querer o mesmo virou o “golpe do terceiro mandato". Assim , uma reforma constitucional pode ser rotulada com a idéia, tanto de reeleição popular, como golpe.
Desde o inicio deste século, a vida política no Brasil e na América Latina vem apresentando significativas mudanças. Nota-se o aparecimento de governos e governantes que tem concentrado boa parte de suas atenções nas condições socioeconômicas deploráveis de parcela considerável da população de seus países e se enveredam em ações destinadas a tirá-los da situação de miséria e exclusão.
Aceitar esses novos atores no cenário político tem sido complicado para setores tradicionais da sociedade latino americana acostumados aos benefícios dos regimes oligárquicos ou mesmo dos tolerados estados democráticos de raiz liberal-burguesa.
Por isso, diante da inexorável existência desses novos governos e governantes uma elite conservadora sentindo-se ameaçada na estabilidade de seus poderes tem recorrido a insidiosas campanhas golpistas para as quais conclama intelectuais, políticos e a mídia aliada com o intuito de repercutir deles uma imagem negativa que os abale, os enfraqueça, os ponha abaixo.
É nesse contexto que, na busca de um rótulo de comprovada eficácia propagandística, essas campanhas foram desenterrar o populismo, identificador de forma de governo que vicejou nos anos 1940, 1950, 1960 em vários países da América Latina.
Ainda que vivamos hoje numa realidade nacional e internacional completamente diferente das que o geraram naqueles anos não há nada que uma boa plástica semântica não consiga fazer rejuvenescendo um velho e até há pouco quase esquecido conceito.
Naqueles tempos, populismo não poucas vezes vinha associado à idéia de comunismo que se colava nos políticos que manifestassem por suas palavras ou ações a defesa da economia nacional com restrições à presença de capitais externos, assim como,revelassem simpatias e proximidade com lideranças sindicais.
No Brasil, Getúlio Vargas foi o caso mais sintomático. Centrado numa política de promover o setor industrial, Vargas colocou o Estado como indutor de reformas sociais, com destaque para a regulamentação das relações trabalhistas, e da implantação de uma infra-estrutura indispensável ao setor manufatureiro (máquinas, energia, matérias primas).
O projeto “populista” de Vargas e daqueles que também o adotaram era reformista. Quebrava a tradição liberal de não intervenção estatal na economia e ousava colocar limites à presença do capital externo. Ousava também com a implantação de uma legislação trabalhista, que no entanto apenas regulava as relações de trabalho no âmbito de uma sociedade capitalista de mercado e ademais vinha acompanhada da tutela dos sindicatos pelo Estado retirando assim a autonomia de lutas dos trabalhadores urbanos. As condições socioeconômicas eram tão precárias e a exclusão tão grande, que estes trabalhadores sentiram no cotidiano os benefícios gerados pela dita legislação resultando daí uma satisfação, que traduziram em amplo apoio(quase uma idolatria mesmo) a Getúlio.
O caráter reformista do populismo dos tempos do pós Guerra, não impediu que Getúlio e outros políticos ligados ao trabalhismo não poucas vezes fossem rotulados de comunistas ou filo comunistas. Para conservadores, em grande parte acoitados na UDN e nas páginas de jornais como o Estado de São Paulo, A Tribuna da Imprensa e outros, eram tidos como, verdadeiras ameaças à sociedade capitalista, ocidental e cristã e à democracia instituída pela Constituição de 1946.
Nos dias de hoje, pós Guerra Fria e à débâcle do modelo comunista-bochevique e de sua nação-líder, a URSS, o rótulo “comunista” soaria anacrônico a qualquer governo de inclinação mais popular e nacionalista, ainda que se possa encontrá-lo em textos de conservadores fundamentalistas, que babam na gravata.
Nos dias que correm, o populismo exumado e reciclado vem colado a governantes de posições nacionalistas, defensores da revitalização do mercado interno, assim como da promoção das condições de vida das camadas mais excluídas econômica e politicamente da sociedade. Governos mais ou menos reformistas (Chavez, Evo Morales,Lula, Tabaré, Lugo) que chegaram ao poder pelo voto e com respeito às regras constitucionais vigentes, mas ainda assim vistos pelas elites conservadoras como uma ameaça devido às reformas e ações sociais empreendidas que lhes granjeia grande apoio popular reforçando seu poder.
Tratados por epítetos depreciativos (o índio, o apedeuta, o caudilho) esses governantes são associados ao autoritarismo, manipulação, corrupção, e ineficiência administrativa e econômica, ou até mesmo ao narcotráfico.Todos eles elementos apresentados como constitutivos do DNA da idéia síntese do novo populismo.
Para Fernando H. Cardoso, o populismo de hoje é uma ameaça à democracia liberal vigente. Segundo ele, “O populismo é uma forma insidiosa de exercício de poder que se define essencialmente por prescindir da mediação das instituições, do Congresso, dos partidos e por basear-se na ligação direta do governante com as massas, cimentada na troca de benesses.” (FHC, Esquerda e populismo na América Latina, O Globo, 2009).
No site do Instituto Millenium, entidade que reúne a nata da intelectualidade e formadores de opinião da direita brasileira pode-se ler artigo de um tal Hector Leis onde liberdade política e livre mercado são antípodas do populismo resumido como uma “aventura”, um projeto de poder de um determinado grupo ou partido, apoiado no carisma de um líder, para o qual se valem de quaisquer mecanismos, lícitos ou ilícitos:
“O assistencialismo clientelista, a tributação excessiva, a multiplicação dos cargos de confiança para os militantes, a apropriação indevida de recursos e outros casuísmos e violências jurídicas destinados à perpetuação no poder.” Colocando em risco “as liberdades políticas e econômicas dos cidadãos.” (Democracia ou populismo, no site do Instituto Millenium)
Assim, prescindindo do fantasma do comunismo, as elites conservadoras de hoje criam um novo espectro a alimentar a campanha de medo para combater os governos que tiveram a audácia de abrir caminho aos mais pobres no acesso ao mercado de consumo e à participação política. O fantasma do populismo vem sendo invocado insistentemente na mídia corporativa e nos discursos políticos com o fito de exorcizar o cenário político da onda popular obrigando-a a retrair-se para seu leito original."
FONTE: escrito pelo jornalista Eduardo Marcondes e postada hoje (29/01) no portal "Vi o mundo", do jornalista Luiz Carlos Azenha [título colocado por este blog].
"A Ressuscitação do Populismo
Tecnicamente falando, a palavra é uma “unidade da língua escrita, situada entre dois espaços em branco, ou entre espaço em branco e sinal de pontuação”. Mas, ela muito mais que isso. As palavras tem história refletindo um momento e as características do povo que as usa. As idéias fazem uso delas, do mesmo modo que as imagens, como suporte para sua propagação. E como estas, as palavras podem ser usadas de variadas formas. Podem sofrer retoques e distorções, cortes e acréscimos, que mudam seu significado. Podem ainda ser retiradas de seus contextos históricos e serem recicladas para novos usos, tudo em nome de interesses políticos de pessoas, grupos, partidos etc.
Em 1996/97 o governo Fernando Henrique o os partidos que o apoiavam (PSDB/PFL) articularam uma reforma constitucional para permitir a reeleição imediata do mesmo. Apesar de se constituir numa quebra das regras com o “jogo” em pleno andamento a mídia aliada a apoiou:
"Reeleição popular: a população vê com bons olhos a chance de renovar os mandatos dos que vêm a se mostrar bons governantes. (...) Entre a candidatura e a renovação do mandato estará sempre o democrático e o inquestionável veredicto das urnas." (Editorial da Folha de São Paulo,5/1/1996)
Dez anos mais tarde, a simples insinuação de que Lula pudesse querer o mesmo virou o “golpe do terceiro mandato". Assim , uma reforma constitucional pode ser rotulada com a idéia, tanto de reeleição popular, como golpe.
Desde o inicio deste século, a vida política no Brasil e na América Latina vem apresentando significativas mudanças. Nota-se o aparecimento de governos e governantes que tem concentrado boa parte de suas atenções nas condições socioeconômicas deploráveis de parcela considerável da população de seus países e se enveredam em ações destinadas a tirá-los da situação de miséria e exclusão.
Aceitar esses novos atores no cenário político tem sido complicado para setores tradicionais da sociedade latino americana acostumados aos benefícios dos regimes oligárquicos ou mesmo dos tolerados estados democráticos de raiz liberal-burguesa.
Por isso, diante da inexorável existência desses novos governos e governantes uma elite conservadora sentindo-se ameaçada na estabilidade de seus poderes tem recorrido a insidiosas campanhas golpistas para as quais conclama intelectuais, políticos e a mídia aliada com o intuito de repercutir deles uma imagem negativa que os abale, os enfraqueça, os ponha abaixo.
É nesse contexto que, na busca de um rótulo de comprovada eficácia propagandística, essas campanhas foram desenterrar o populismo, identificador de forma de governo que vicejou nos anos 1940, 1950, 1960 em vários países da América Latina.
Ainda que vivamos hoje numa realidade nacional e internacional completamente diferente das que o geraram naqueles anos não há nada que uma boa plástica semântica não consiga fazer rejuvenescendo um velho e até há pouco quase esquecido conceito.
Naqueles tempos, populismo não poucas vezes vinha associado à idéia de comunismo que se colava nos políticos que manifestassem por suas palavras ou ações a defesa da economia nacional com restrições à presença de capitais externos, assim como,revelassem simpatias e proximidade com lideranças sindicais.
No Brasil, Getúlio Vargas foi o caso mais sintomático. Centrado numa política de promover o setor industrial, Vargas colocou o Estado como indutor de reformas sociais, com destaque para a regulamentação das relações trabalhistas, e da implantação de uma infra-estrutura indispensável ao setor manufatureiro (máquinas, energia, matérias primas).
O projeto “populista” de Vargas e daqueles que também o adotaram era reformista. Quebrava a tradição liberal de não intervenção estatal na economia e ousava colocar limites à presença do capital externo. Ousava também com a implantação de uma legislação trabalhista, que no entanto apenas regulava as relações de trabalho no âmbito de uma sociedade capitalista de mercado e ademais vinha acompanhada da tutela dos sindicatos pelo Estado retirando assim a autonomia de lutas dos trabalhadores urbanos. As condições socioeconômicas eram tão precárias e a exclusão tão grande, que estes trabalhadores sentiram no cotidiano os benefícios gerados pela dita legislação resultando daí uma satisfação, que traduziram em amplo apoio(quase uma idolatria mesmo) a Getúlio.
O caráter reformista do populismo dos tempos do pós Guerra, não impediu que Getúlio e outros políticos ligados ao trabalhismo não poucas vezes fossem rotulados de comunistas ou filo comunistas. Para conservadores, em grande parte acoitados na UDN e nas páginas de jornais como o Estado de São Paulo, A Tribuna da Imprensa e outros, eram tidos como, verdadeiras ameaças à sociedade capitalista, ocidental e cristã e à democracia instituída pela Constituição de 1946.
Nos dias de hoje, pós Guerra Fria e à débâcle do modelo comunista-bochevique e de sua nação-líder, a URSS, o rótulo “comunista” soaria anacrônico a qualquer governo de inclinação mais popular e nacionalista, ainda que se possa encontrá-lo em textos de conservadores fundamentalistas, que babam na gravata.
Nos dias que correm, o populismo exumado e reciclado vem colado a governantes de posições nacionalistas, defensores da revitalização do mercado interno, assim como da promoção das condições de vida das camadas mais excluídas econômica e politicamente da sociedade. Governos mais ou menos reformistas (Chavez, Evo Morales,Lula, Tabaré, Lugo) que chegaram ao poder pelo voto e com respeito às regras constitucionais vigentes, mas ainda assim vistos pelas elites conservadoras como uma ameaça devido às reformas e ações sociais empreendidas que lhes granjeia grande apoio popular reforçando seu poder.
Tratados por epítetos depreciativos (o índio, o apedeuta, o caudilho) esses governantes são associados ao autoritarismo, manipulação, corrupção, e ineficiência administrativa e econômica, ou até mesmo ao narcotráfico.Todos eles elementos apresentados como constitutivos do DNA da idéia síntese do novo populismo.
Para Fernando H. Cardoso, o populismo de hoje é uma ameaça à democracia liberal vigente. Segundo ele, “O populismo é uma forma insidiosa de exercício de poder que se define essencialmente por prescindir da mediação das instituições, do Congresso, dos partidos e por basear-se na ligação direta do governante com as massas, cimentada na troca de benesses.” (FHC, Esquerda e populismo na América Latina, O Globo, 2009).
No site do Instituto Millenium, entidade que reúne a nata da intelectualidade e formadores de opinião da direita brasileira pode-se ler artigo de um tal Hector Leis onde liberdade política e livre mercado são antípodas do populismo resumido como uma “aventura”, um projeto de poder de um determinado grupo ou partido, apoiado no carisma de um líder, para o qual se valem de quaisquer mecanismos, lícitos ou ilícitos:
“O assistencialismo clientelista, a tributação excessiva, a multiplicação dos cargos de confiança para os militantes, a apropriação indevida de recursos e outros casuísmos e violências jurídicas destinados à perpetuação no poder.” Colocando em risco “as liberdades políticas e econômicas dos cidadãos.” (Democracia ou populismo, no site do Instituto Millenium)
Assim, prescindindo do fantasma do comunismo, as elites conservadoras de hoje criam um novo espectro a alimentar a campanha de medo para combater os governos que tiveram a audácia de abrir caminho aos mais pobres no acesso ao mercado de consumo e à participação política. O fantasma do populismo vem sendo invocado insistentemente na mídia corporativa e nos discursos políticos com o fito de exorcizar o cenário político da onda popular obrigando-a a retrair-se para seu leito original."
FONTE: escrito pelo jornalista Eduardo Marcondes e postada hoje (29/01) no portal "Vi o mundo", do jornalista Luiz Carlos Azenha [título colocado por este blog].
OPOSIÇÃO DESMEMORIADA CRITICA A RELAÇÃO DÍVIDA LÍQUIDA/PIB
Para calar as críticas que o governo Lula vem recebendo nas TVs e jornais sobre o 'grave quadro' da relação Dívida Líquida/PIB ("fruto da gastança do Estado inchado" [sic]), basta relembrar alguns números da gestão FHC/PSDB/PFL-DEM:
1994: 29,2%
2002: 56,5%
E como está agora essa relação?
Vejamos a seguinte reportagem de Renato Andrade, publicada hoje (29/01) no "O Estado de São Paulo" e também postada no blog de Luis Favre:
"Dívida recuará para 40% do PIB, diz BC
Perspectiva de cumprimento da meta fiscal contribuirá para queda
A desvalorização do dólar ante o real no ano passado fez com que a dívida líquida do setor público como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) se elevasse para 43%, zerando a melhora registrada em 2008. Mas o cenário traçado pelo Banco Central (BC) para o comportamento do endividamento público em 2010 ainda é benigno.
Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, a perspectiva de cumprimento da meta fiscal em 2010, correspondente a 3,3% do PIB, vai contribuir para que a dívida em relação ao PIB recue para 40% no fim do ano.
“Isso demonstra que, do ponto de vista de solvência, não há por que se preocupar”, disse Altamir. “A dinâmica de dívida se mostra benigna, evidentemente, com o cumprimento da meta de primário estabelecida”, acrescentou.
O comportamento do câmbio é decisivo para a relação entre o tamanho da dívida líquida como proporção do PIB. Isso porque, quando o dólar se desvaloriza frente ao real, os ativos em moeda estrangeira – como as reservas internacionais – perdem valor, elevando a relação entre endividamento e produção de riquezas, que são calculados em reais.
Em 2008, quando o dólar teve uma valorização de 32% frente ao real, reflexo do agravamento da crise no último trimestre daquele ano, a dívida líquida do setor público atingiu o patamar de 37,3% do PIB. “Em 2009, o câmbio atuou em sentido contrário”, disse Altamir. “Tivemos uma apreciação cambial expressiva, que chegou a 26%, portanto, o efeito foi contrário”, explicou.
Mas o crescimento de 5,7 pontos porcentuais entre 2008 e 2009 também foi influenciado por outros elementos. Segundo Altamir, o déficit nominal mais acentuado e a queda nas receitas contribuíram para essa piora.
A retomada da trajetória cadente da relação dívida/PIB já foi verificada no início de 2010. Segundo Altamir, dados preliminares indicam que o endividamento líquido do setor público deve ter atingido o equivalente a 42% do PIB no fechamento de janeiro."
1994: 29,2%
2002: 56,5%
E como está agora essa relação?
Vejamos a seguinte reportagem de Renato Andrade, publicada hoje (29/01) no "O Estado de São Paulo" e também postada no blog de Luis Favre:
"Dívida recuará para 40% do PIB, diz BC
Perspectiva de cumprimento da meta fiscal contribuirá para queda
A desvalorização do dólar ante o real no ano passado fez com que a dívida líquida do setor público como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) se elevasse para 43%, zerando a melhora registrada em 2008. Mas o cenário traçado pelo Banco Central (BC) para o comportamento do endividamento público em 2010 ainda é benigno.
Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, a perspectiva de cumprimento da meta fiscal em 2010, correspondente a 3,3% do PIB, vai contribuir para que a dívida em relação ao PIB recue para 40% no fim do ano.
“Isso demonstra que, do ponto de vista de solvência, não há por que se preocupar”, disse Altamir. “A dinâmica de dívida se mostra benigna, evidentemente, com o cumprimento da meta de primário estabelecida”, acrescentou.
O comportamento do câmbio é decisivo para a relação entre o tamanho da dívida líquida como proporção do PIB. Isso porque, quando o dólar se desvaloriza frente ao real, os ativos em moeda estrangeira – como as reservas internacionais – perdem valor, elevando a relação entre endividamento e produção de riquezas, que são calculados em reais.
Em 2008, quando o dólar teve uma valorização de 32% frente ao real, reflexo do agravamento da crise no último trimestre daquele ano, a dívida líquida do setor público atingiu o patamar de 37,3% do PIB. “Em 2009, o câmbio atuou em sentido contrário”, disse Altamir. “Tivemos uma apreciação cambial expressiva, que chegou a 26%, portanto, o efeito foi contrário”, explicou.
Mas o crescimento de 5,7 pontos porcentuais entre 2008 e 2009 também foi influenciado por outros elementos. Segundo Altamir, o déficit nominal mais acentuado e a queda nas receitas contribuíram para essa piora.
A retomada da trajetória cadente da relação dívida/PIB já foi verificada no início de 2010. Segundo Altamir, dados preliminares indicam que o endividamento líquido do setor público deve ter atingido o equivalente a 42% do PIB no fechamento de janeiro."
IMPACTOS DOS 16 ANOS DE GESTÃO DEMOTUCANA EM SÃO PAULO
"Em reunião nessa última terça-feira (26), o Secretariado do Comitê Municipal de São Paulo do PCdoB aprovou documento no qual faz um balanço político sobre os impactos da gestão DEMo-Tucana na Capital Paulista:
São Paulo 456 anos – Uma cidade submersa no caos da gestão Serra/Kassab
A cidade de São Paulo completou, no mês de janeiro, 456 anos de sua fundação. Ela que acolhe diariamente pessoas do Brasil e do mundo e se tornou a cidade mais populosa do Hemisfério Sul. Atualmente ostenta o décimo lugar como a cidade mais rica do mundo. Porém, nos últimos 40 anos, a cidade cresceu desenfreada e quase dobrou a sua população - em 1970 eram 5.925.000 habitantes, hoje são mais de 11 milhões. O poder público colaborou com esse crescimento desordenado ditado pela especulação imobiliária, pela industria automobilística e pelos interesses das elites. Na capital paulista existem distritos com padrões europeus, como Higienópolis, Aclimação, Jardins e, também, bairros parecidos com o Haiti devastado. Há um grande déficit social nas áreas de habitação, saúde, educação, transporte público, creches entre tantos outros.
No inicio dos anos 90, a desindustrialização ganhou força em São Paulo, aumentando o número de desempregados e crescendo o emprego informal. O sopro neoliberal freiou o desenvolvimento da cidade e seus problemas se agravaram. Nossos gestores, seguindo a cartilha neoliberal, enfraqueceram o poder público no seu papel de superar os entraves e buscar diminuir as desigualdades. As poucas empresas públicas que restaram foram sucateadas e perderam seu papel indutivo e fiscalizador. As privatizações e as terceirizações dominaram as áreas essenciais da gestão pública com a visão privada. Os problemas estruturais da cidade não são enfrentados com devido empenho político, daí o trânsito caótico, as enchentes e os desabamentos serem fatores que levam pessoas a perderem vidas nessa metrópole.
Hoje, a cidade é dirigida, assim como o Estado de São Paulo, por um consórcio político (PSDB e DEM) que, ao contrário do governo federal, não aposta no desenvolvimento econômico. A arrecadação da cidade, fruto do crescimento econômico do País e da ampliação de receitas, saiu de R$ 11,6 bilhões em 2003 para mais de 27 bilhões aprovados para 2010, um crescimento de mais de 133%. Porém, isso não representou maior investimento na infraestrutura e nas questões sociais para diminuir os problemas e as desigualdades. As gestões Serra/Kassab não cumprem suas promessas de campanha e, ao contrário de uma imagem de bons administradores “tucanos” e “democratas”, deixam a cidade e a população submersa no mais absoluto caos todos os dias.
Uma cidade submersa no caos
Sem um plano eficiente de moradia e de urbanização, o PSDB, que governa o Estado há mais de 16 anos, jogou a população para as margens dos rios e dos mananciais. Hoje, tanto a capital como as cidades vizinhas da região metropolitana da Grande São Paulo convivem com o drama dos deslizamentos e das inundações.
No caso das enchentes, a prefeitura investiu somente 63% dos recursos orçados em 2009 nos serviços de manutenção e conservação do sistema de drenagem. Já os desabamentos são consequências da falta de uma política de urbanização e de construção de novas unidades habitacionais priorizando milhares de famílias que vivem nas centenas de áreas de riscos geológicos da cidade e em áreas de várzea como o Jd. Pantanal e Jd. Romano, bairros que, desde 08 de dezembro de 2009, estão submersos.
No transporte, a população convive com serviço de péssima qualidade. São poucos ônibus, um dos menores metrôs do mundo, e em contrapartida tem uma frota de carros particulares que ultrapassa 5 milhões de veículos, causando quilômetros de congestionamentos todos os dias. Além de não abastecer a população com transporte de qualidade, as gestões Serra/Kassab aumentaram os valores de ônibus e metrô, afetando o bolso dos paulistanos. As administrações de Serra e de Kassab não aplicaram os recursos orçados para a construção de corredores, terminais de ônibus e outras melhorias a favor do transporte coletivo.
Uma outra São Paulo é possível
Com tudo isso, se faz necessário um novo projeto de desenvolvimento para a cidade e para o estado de São Paulo. É preciso rever as políticas de urbanização, transporte, saúde, moradia, tributária, educação e emprego. É preciso dar mais qualidade de vida para a sua população e impulsionar novamente essa locomotiva chamada São Paulo.
A população paulistana demonstra insatisfação e indignação com os acontecimentos na semana de seu aniversário e cobra de forma legítima do governo municipal mais compromisso com a cidade. É preciso combater os problemas estruturais que, junto com as profundas desigualdades, têm sido a marca da atual gestão.
O PCdoB continuará sua trajetória de 87 anos de luta pelos direitos dos trabalhadores e do povo paulistano, e não medirá esforços na denúncia e na busca de soluções para que, em futuro breve, a população de São Paulo possa comemorar o aniversário da Cidade com respeito, dignidade e menos desigualdade. Uma cidade mais humana com desenvolvimento econômico e social que garanta trabalho, justiça, moradia, saúde, educação, esporte e lazer para todos."
São Paulo, 26 de Janeiro de 2010.
Comissão Política do Comitê Municipal Paulistano."
FONTE: publicado hoje (29/01) no portal "Vermelho".
São Paulo 456 anos – Uma cidade submersa no caos da gestão Serra/Kassab
A cidade de São Paulo completou, no mês de janeiro, 456 anos de sua fundação. Ela que acolhe diariamente pessoas do Brasil e do mundo e se tornou a cidade mais populosa do Hemisfério Sul. Atualmente ostenta o décimo lugar como a cidade mais rica do mundo. Porém, nos últimos 40 anos, a cidade cresceu desenfreada e quase dobrou a sua população - em 1970 eram 5.925.000 habitantes, hoje são mais de 11 milhões. O poder público colaborou com esse crescimento desordenado ditado pela especulação imobiliária, pela industria automobilística e pelos interesses das elites. Na capital paulista existem distritos com padrões europeus, como Higienópolis, Aclimação, Jardins e, também, bairros parecidos com o Haiti devastado. Há um grande déficit social nas áreas de habitação, saúde, educação, transporte público, creches entre tantos outros.
No inicio dos anos 90, a desindustrialização ganhou força em São Paulo, aumentando o número de desempregados e crescendo o emprego informal. O sopro neoliberal freiou o desenvolvimento da cidade e seus problemas se agravaram. Nossos gestores, seguindo a cartilha neoliberal, enfraqueceram o poder público no seu papel de superar os entraves e buscar diminuir as desigualdades. As poucas empresas públicas que restaram foram sucateadas e perderam seu papel indutivo e fiscalizador. As privatizações e as terceirizações dominaram as áreas essenciais da gestão pública com a visão privada. Os problemas estruturais da cidade não são enfrentados com devido empenho político, daí o trânsito caótico, as enchentes e os desabamentos serem fatores que levam pessoas a perderem vidas nessa metrópole.
Hoje, a cidade é dirigida, assim como o Estado de São Paulo, por um consórcio político (PSDB e DEM) que, ao contrário do governo federal, não aposta no desenvolvimento econômico. A arrecadação da cidade, fruto do crescimento econômico do País e da ampliação de receitas, saiu de R$ 11,6 bilhões em 2003 para mais de 27 bilhões aprovados para 2010, um crescimento de mais de 133%. Porém, isso não representou maior investimento na infraestrutura e nas questões sociais para diminuir os problemas e as desigualdades. As gestões Serra/Kassab não cumprem suas promessas de campanha e, ao contrário de uma imagem de bons administradores “tucanos” e “democratas”, deixam a cidade e a população submersa no mais absoluto caos todos os dias.
Uma cidade submersa no caos
Sem um plano eficiente de moradia e de urbanização, o PSDB, que governa o Estado há mais de 16 anos, jogou a população para as margens dos rios e dos mananciais. Hoje, tanto a capital como as cidades vizinhas da região metropolitana da Grande São Paulo convivem com o drama dos deslizamentos e das inundações.
No caso das enchentes, a prefeitura investiu somente 63% dos recursos orçados em 2009 nos serviços de manutenção e conservação do sistema de drenagem. Já os desabamentos são consequências da falta de uma política de urbanização e de construção de novas unidades habitacionais priorizando milhares de famílias que vivem nas centenas de áreas de riscos geológicos da cidade e em áreas de várzea como o Jd. Pantanal e Jd. Romano, bairros que, desde 08 de dezembro de 2009, estão submersos.
No transporte, a população convive com serviço de péssima qualidade. São poucos ônibus, um dos menores metrôs do mundo, e em contrapartida tem uma frota de carros particulares que ultrapassa 5 milhões de veículos, causando quilômetros de congestionamentos todos os dias. Além de não abastecer a população com transporte de qualidade, as gestões Serra/Kassab aumentaram os valores de ônibus e metrô, afetando o bolso dos paulistanos. As administrações de Serra e de Kassab não aplicaram os recursos orçados para a construção de corredores, terminais de ônibus e outras melhorias a favor do transporte coletivo.
Uma outra São Paulo é possível
Com tudo isso, se faz necessário um novo projeto de desenvolvimento para a cidade e para o estado de São Paulo. É preciso rever as políticas de urbanização, transporte, saúde, moradia, tributária, educação e emprego. É preciso dar mais qualidade de vida para a sua população e impulsionar novamente essa locomotiva chamada São Paulo.
A população paulistana demonstra insatisfação e indignação com os acontecimentos na semana de seu aniversário e cobra de forma legítima do governo municipal mais compromisso com a cidade. É preciso combater os problemas estruturais que, junto com as profundas desigualdades, têm sido a marca da atual gestão.
O PCdoB continuará sua trajetória de 87 anos de luta pelos direitos dos trabalhadores e do povo paulistano, e não medirá esforços na denúncia e na busca de soluções para que, em futuro breve, a população de São Paulo possa comemorar o aniversário da Cidade com respeito, dignidade e menos desigualdade. Uma cidade mais humana com desenvolvimento econômico e social que garanta trabalho, justiça, moradia, saúde, educação, esporte e lazer para todos."
São Paulo, 26 de Janeiro de 2010.
Comissão Política do Comitê Municipal Paulistano."
FONTE: publicado hoje (29/01) no portal "Vermelho".
TCU TENTA ELEGER JOSÉ SERRA
"O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) rebateu ontem as críticas da oposição de que o Presidente Lula "tratorou" o Congresso Nacional ao liberar obras que foram vetadas pelo Legislativo no Orçamento Geral da União, aprovado no fim de 2009. Padilha disse que Lula tem a prerrogativa [legal] de vetar matérias que considera necessárias, especialmente porque agiu com o apoio de parlamentares governistas e da oposição.
"O coordenador do comitê de obras irregulares da Comissão Mista de Orçamento é um deputado do DEM, deputado Carlos Melles [MG]. Ele, na semana passada, em avaliação que fez em reunião de trabalho junto com outros deputados da oposição, levou a impressão do comitê de que solicitaria a retirada dessas obras. Também foi posição do presidente da Comissão Mista de Orçamento e de outros deputados que dela fazem parte", disse Padilha.
Padilha disse que, além do apelo de parlamentares e de governadores e empresários, Lula decidiu liberar as obras para manter o emprego de 25 mil trabalhadores. "Manter as obras das refinarias em quatro Estados [PR, PE, RJ e ES] é fundamental para manter pelo menos mais de 25 mil empregos. Essa não foi decisão que o presidente tomou isolado", disse o ministro.
Há muito tempo, este blog tem denunciado que o TCU está aparelhado por políticos do DEM e PSDB. O DEM já anunciou que exige que o governador José Serra tenha um vice do Partido. Antes do escândalo em Brasília, o nome mais cotado era o do governador Arruda. O TCU, tão rigoroso com as obras do PAC, faz vista grossa quando se trata de obras superfaturadas em São Paulo.
Sobre a recomendação do TCU de paralisar obras do PAC, chama atenção, no relatório do TCU, a ausência de [recomendação de paralisação de] obras de São Paulo. Um exemplo é o Rodoanel, vitrine do presidenciável José Serra. Quem dá a ordem de paralisação são dois ministros originários do DEM: Aroldo Cedraz, da bancada de ACM, e José Jorge, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin em 2006 e ex-senador do DEM de Pernambuco..."
FONTE: publicado hoje (29/01) no blog "Os amigos do Presidente Lula".
"O coordenador do comitê de obras irregulares da Comissão Mista de Orçamento é um deputado do DEM, deputado Carlos Melles [MG]. Ele, na semana passada, em avaliação que fez em reunião de trabalho junto com outros deputados da oposição, levou a impressão do comitê de que solicitaria a retirada dessas obras. Também foi posição do presidente da Comissão Mista de Orçamento e de outros deputados que dela fazem parte", disse Padilha.
Padilha disse que, além do apelo de parlamentares e de governadores e empresários, Lula decidiu liberar as obras para manter o emprego de 25 mil trabalhadores. "Manter as obras das refinarias em quatro Estados [PR, PE, RJ e ES] é fundamental para manter pelo menos mais de 25 mil empregos. Essa não foi decisão que o presidente tomou isolado", disse o ministro.
Há muito tempo, este blog tem denunciado que o TCU está aparelhado por políticos do DEM e PSDB. O DEM já anunciou que exige que o governador José Serra tenha um vice do Partido. Antes do escândalo em Brasília, o nome mais cotado era o do governador Arruda. O TCU, tão rigoroso com as obras do PAC, faz vista grossa quando se trata de obras superfaturadas em São Paulo.
Sobre a recomendação do TCU de paralisar obras do PAC, chama atenção, no relatório do TCU, a ausência de [recomendação de paralisação de] obras de São Paulo. Um exemplo é o Rodoanel, vitrine do presidenciável José Serra. Quem dá a ordem de paralisação são dois ministros originários do DEM: Aroldo Cedraz, da bancada de ACM, e José Jorge, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin em 2006 e ex-senador do DEM de Pernambuco..."
FONTE: publicado hoje (29/01) no blog "Os amigos do Presidente Lula".
BNDES: INVESTIMENTOS PRODUTIVOS AUMENTARÃO 40,3% ATÉ 2013
"BNDES mapeia 40% mais de investimentos a serem financiados em quatro anos
Os investimentos mapeados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o período 2010/2013 somam R$ 762 bilhões, revelando crescimento de 40,3% em comparação aos investimentos que foram projetados para o período 2005/2008, da ordem de R$ 543 bilhões.
Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a projeção dos próximos quatros anos corresponde à metade dos investimentos previstos para o país. O crescimento estimado dos investimentos é de 7% ao ano. O mapeamento confirma a recuperação dos planos de investimento da indústria e da área de infraestrutura.
“Nós temos razão para acreditar que, à medida que o ano de 2010 avança e a economia mundial se recupera, embora lentamente, os planos de investimento engordarão e as taxas de crescimento do investimento serão mais fortes”, afirmou.
Para 2010, o BNDES estima uma relação do investimento total sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de 18,6%, retornando ao índice registrado antes da crise financeira internacional, que era de 19% em 2008. Para 2012, a meta é que a formação bruta de capital fixo (investimento) atinja 21,2% do PIB. Em 2009, a relação investimento/PIB deve fechar próxima de 17%.
“Nós temos dito que o Brasil precisa subir a fração investimento/PIB para perto de 23% a 24% do PIB, para sustentar um crescimento saudável. Esse é o grande desafio”, disse o presidente do BNDES.
O mapeamento feito pelo BNDES indica que o setor de petróleo e gás, puxado pela Petrobras, continuará liderando os investimentos no país, com um total de R$ 307 bilhões até 2013, o mesmo ocorrendo com infraestrutura, que prevê investimentos de R$ 207 bilhões. “Se houver uma reação mais forte do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], que está sendo pensada, pode ser que esses números engordem”, estimou Coutinho.
Ele informou que os investimentos que ainda não mostram recuperação são aqueles vinculados ao mercado externo. O total de investimentos previstos para o mercado externo para o período 2010/2013 alcança R$ 99 bilhões, mostrando incremento de apenas 1,5%, em comparação ao período relativo aos quatro anos anteriores."
FONTE: reportagem de Alana Gandra publicada hoje (29/01) no site da Agência Brasil.
Os investimentos mapeados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o período 2010/2013 somam R$ 762 bilhões, revelando crescimento de 40,3% em comparação aos investimentos que foram projetados para o período 2005/2008, da ordem de R$ 543 bilhões.
Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a projeção dos próximos quatros anos corresponde à metade dos investimentos previstos para o país. O crescimento estimado dos investimentos é de 7% ao ano. O mapeamento confirma a recuperação dos planos de investimento da indústria e da área de infraestrutura.
“Nós temos razão para acreditar que, à medida que o ano de 2010 avança e a economia mundial se recupera, embora lentamente, os planos de investimento engordarão e as taxas de crescimento do investimento serão mais fortes”, afirmou.
Para 2010, o BNDES estima uma relação do investimento total sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de 18,6%, retornando ao índice registrado antes da crise financeira internacional, que era de 19% em 2008. Para 2012, a meta é que a formação bruta de capital fixo (investimento) atinja 21,2% do PIB. Em 2009, a relação investimento/PIB deve fechar próxima de 17%.
“Nós temos dito que o Brasil precisa subir a fração investimento/PIB para perto de 23% a 24% do PIB, para sustentar um crescimento saudável. Esse é o grande desafio”, disse o presidente do BNDES.
O mapeamento feito pelo BNDES indica que o setor de petróleo e gás, puxado pela Petrobras, continuará liderando os investimentos no país, com um total de R$ 307 bilhões até 2013, o mesmo ocorrendo com infraestrutura, que prevê investimentos de R$ 207 bilhões. “Se houver uma reação mais forte do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], que está sendo pensada, pode ser que esses números engordem”, estimou Coutinho.
Ele informou que os investimentos que ainda não mostram recuperação são aqueles vinculados ao mercado externo. O total de investimentos previstos para o mercado externo para o período 2010/2013 alcança R$ 99 bilhões, mostrando incremento de apenas 1,5%, em comparação ao período relativo aos quatro anos anteriores."
FONTE: reportagem de Alana Gandra publicada hoje (29/01) no site da Agência Brasil.