"Perda do governo do DF acelera declínio do DEM, dizem especialistas
Um partido que mudou de nome para [disfarçar e] se reanimar, elegeu apenas um governador em 2006, minguou no Congresso e nas prefeituras, viu a estrelada cúpula da gestão [demotucana] no Distrito Federal cair por denúncias de corrupção e sofre ainda com críticas à administração da maior cidade do país. Apesar de tudo isso, o pior pode estar por vir para para o Democratas, disseram analistas ao UOL Notícias.
Para eles, a perda do governo do Distrito Federal no primeiro momento alivia a pressão interna e na opinião pública, iniciada com a série de vídeos que implicam, além de empresários e deputados distritais, o governador afastado José Roberto Arruda e o vice Paulo Octávio, que renunciou ao mandato nesta terça-feira (23) (ambos sem partido, ex-DEM).
Mas o afastamento imposto a Arruda e a Octávio dão aos adversários um poderoso argumento para acelerar o processo que faz o ex-PFL, fundado por um grupo dissidente do que sustentou o Regime Militar (1964-1985), minguar seu poder político desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
O partido que já teve o senador Marco Maciel (PE) como vice-presidente da República hoje sofre para emplacar um companheiro de chapa na provável composição com o presidenciável tucano e governador de São Paulo, José Serra. Em 2008, perdeu quase 40% dos seus prefeitos, ficando com cerca de 500. Levou a gestão paulistana por ser aliado de tucanos que rifaram a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin.
A sigla que na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso somava 105 deputados, derreteu para 84 na votação de 2002. Quando Lula foi reeleito, em 2006, encolheu para 65 parlamentares na Casa. Ao longo do segundo mandato do petista no Palácio do Planalto, diminuiu de tamanho para 56 – muitos deles migraram para siglas satélites do governismo como PR, PTB, PP e PMDB.
“Será um resultado excelente se eles conseguirem eleger 40 deputados neste ano”, disse Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. “A bancada do PFL em 2006 dependia de resultados bons na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já não foram muito bem. Desta vez, com esse escândalo no Distrito Federal – perdeu todo o comando no único lugar onde venceu – repetir o resultado já será difícil.”
Nas pesquisas eleitorais divulgadas até agora, o DEM só aparece na liderança no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarini. Oferece candidaturas já competitivas no Pará (Valéria Pires), Mato Grosso (Jayme Campos), Tocantins (Kátia Abreu), Santa Catarina (Raimundo Colombo). “Mas os adversários vão cair de pau neles com a história de Brasília, dizer que o partido não sabe governar e isso trará efeitos negativos que manterão a queda”, disse David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
Nos quatro maiores colégios eleitorais do país, o DEM só deve ter candidato na Bahia. Mas ali o governador Jaques Wagner (PT) é favorito para vencer já no primeiro turno. O ex-governador Paulo Souto (DEM) está em segundo lugar, em busca do vazio deixado pela morte de um dos principais representantes do auge do antigo PFL, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007).
No Rio de Janeiro, o partido pode ganhar impulso se o ex-prefeito Cesar Maia tentar o Senado. Em Minas Gerais a tendência é de adesão a Antonio Anastasia (PSDB), hoje vice de Aécio Neves. Em São Paulo, a aprovação em queda do prefeito Gilberto Kassab pode prejudicar decisivamente o voto em deputados do partido. “O cenário é de declínio. Se não mudou até agora, não vai ser no auge da eleição”, disse Claudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)."
FONTE: reportagem de Maurício Savarese publicada hoje (24/02) no portal UOL [título e entre colchetes colocados por este blog].
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