"Banda-larga: notícia da Folha está no pé da matéria
Brizola Neto
Diz a lei que um serviço ou o uso de um bem público só pode ser concedido a uma empresa ou até mesmo a uma pessoa mediante licitação, salvo se a ação for realizada por uma empresa estatal. A prestação do serviço de transmissão de dados ou o uso da rede de fibras ópticas da União, portanto, só pode ser entregue a empresas se houver licitação ou ser exercida pela estatal que as controla.
Aí está a chave para entender porque a Folha (aqui, na internet, e aqui, para assinantes) dá manchete hoje para uma matéria que só tem fontes anônimas criando obstáculos à reativação da Telebras para implantar e operar o Programa Nacional de Banda-larga. Pra quem não leu, fala de uma nota técnica do Tesouro Nacional, recomendando que não se reative a empresa por causa do elevado número (1.189) de ações, sobretudo trabalhistas e o passivo total provável de R$ 246 milhões da empresa.
Como a matéria não cita nenhuma fonte nem dá qualquer declaração de pessoas sobre o assunto que expliquei o fundamento da decisão, é óbvio que alguém foi levar a informação aos repórteres. E alguém com interesse em “melar” o uso de uma empresa pública. Já está adivinhando o interesse desta “fonte”?
Pode ser que as razões do Tesouro sejam “consistentes”, como diz a matéria. Mas não há qualquer informação que as fundamente. Se há dívidas trabalhistas, elas não terão de ser pagas, ativando ou não a empresa? E o passivo, não terá de ser coberto?
Engraçado é que quando se tratou de privatizar os bancos, os “técnicos” logo arranjaram uma maneira de separar a “parte podre” – ou seja, as dívidas das estatais – e entregar só o filé à iniciativa privada.
Mas, se houve mesmo problema com a Telebras, temos aí os Correios – 100% estatal – prontinhos para assumir estas operações, como eu comentei aqui há mais de um mês.
Lá no finzinho da matéria tem um pedacinho que deveria ser a grande matéria. Ali este “embrulho” da banda-larga está exolicado em poucas palavras: as teles querem aquilo que não compraram, a concessão de transmissão de dados. Elas compraram a transmissão de voz e isto está acabando. A telefonia, logo, estará sendo feita pelo sistema Voip (voice over internet protocol).
E elas serão donas do nada. É o que chamamos “risco do negócio”, aquele que os fabricantes de válvulas enfrentaram com a invenção do transístor.
Por isso fazem tanto lobby. Querem ganhar no grito, grátis, um serviço público e o uso de um bem público."
FONTE: publicado hoje (24/03) no blog "Tijolaço", de Brizola Neto.
Oi Maria Tereza, acho que as datas não batem...
ResponderExcluirObservatório da Imprensa, em 24.11.2009
Folha de S. Paulo
Sábado, 21 de novembro de 2009
INTERNET
Valdo Cruz e Humberto Medina
Governo avalia licitar rede de banda larga
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=565ASP003