sexta-feira, 28 de maio de 2010
AÉCIO QUER MAIS DO QUE UM LUGAR NO "ANEXO"
"A analise das motivações de Aécio para recusar ser vice de Serra, expostas no artigo do jornalista Luiz Alberto Weber, merecem reflexão. Segundo o texto, o assedio a Aécio incluiu até a proposta de poder indicar um ministro no eventual futuro governo tucano. Mas isso não sensibilizou o mineiro, talvez porque tenha dúvidas sobre as chances de vitória de Serra.
En passant, o artigo mostra quanto crédito recebe, nos meios jornalísticos, as veementes declarações de Serra sobre o “aparelhamento”. O assunto, que nós vimos como foi implementado no DF [ver postagens acima, neste blog], é visto como a questão central das definições políticas que cercam Serra, com a naturalidade decorrente da política e bem longe do moralismo udenista da lorota midiático-tucana:
Mais do que um lugar no ‘Anexo’
Análise: Luiz Alberto Weber – O Estado de S.Paulo
"A topografia do poder em Brasília revela bastante sobre a real importância do vice-presidente na dinâmica política. Com ministérios e palácios erguendo-se na paisagem do cerrado, o local de despacho do vice é um prédio escavado ao lado do Planalto, abaixo do nível da rua, conhecido pelo singelo nome de “Anexo”.
Outro sintoma do poder figurativo do vice, que não dispõe de uma caneta capaz de “escrever” o Diário Oficial, é dado pela crônica dos loteamentos de cargos na Esplanada e estatais. Registra-se, com frequência, o protagonismo de senadores-padrinhos, ministros-padrinhos, governadores-padrinhos… Raros, são, no entanto, os reconhecidos como indicados do vice-presidente.
Política, mesmo a boa política, não se faz sem lastro. É preciso comandar um naco do Estado? nomeações, dotações orçamentárias, assinaturas de convênios e contratos? para se ter influência e futuro eleitoral.
Para atrair o ex-governador mineiro para a chapa, Serra terá de tratar Aécio Neves como uma espécie de partido (ao lado do DEM, PPS e PTB), oferecendo-lhe status de “coligado”, com direito a espalhar seu comando por parte da geografia da Esplanada. Sociedade nos louros da vitória, seguida de um período de recolhimento no “Anexo”, interrompido pela missão constitucional de preencher a cadeira presidencial nas viagens ao exterior do titular, não é uma oferta sedutora.
Tanto que o PSDB, na corte a Aécio, fez chegar ao ex-governador, na linguagem sibilina das negociações de bastidor, a proposta que ele comandaria (diretamente ou mediante procurador nomeado) um ministério importante no governo Serra.
A oferta pode não ser o bastante para Aécio, que possui legítimas ambições de poder e apetite de PMDB. Nessa hipótese, fazer o sucessor em Minas, somado ao mandato de senador com habilidades negociadoras, traduz-se num fator real de poder maior do que um lugar no “Anexo”."
FONTE: artigo do jornalista Luiz Alberto Weber, publicado hoje (28/05) no "O Estado de São Paulo" e reproduzido com comentário inicial no blog "Leituras Favre".
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