sábado, 29 de maio de 2010
CELSO AMORIM: OS ESTADOS UNIDOS ESTÃO NERVOSOS
Celso Amorim durante coletiva no 3º Fórum Mundial da Aliança de Civilizações, no Rio
O ACORDO COM O IRÃ MEDIADO PELO BRASIL DIFICULTA O PRÓXIMO ATAQUE MILITAR DOS EUA E, ASSIM, CONTRARIA INTERESSES DE ISRAEL. OS JUDEUS EXERCEM FORTE INFLUÊNCIA NO CONGRESSO E GOVERNO NORTE-AMERICANOS. A TOMADA DO CONTROLE DO PETRÓLEO IRANIANO FICOU MAIS DISTANTE.
"Eles estão nervosos, nós estamos calmos", diz Amorim após declarações de Hillary
"O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, comentou na tarde de sexta-feira (28) a declaração da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, de que Brasil e Estados Unidos possuem “sérias divergências” em relação ao Irã.
“Cada um é livre para ter sua opinião. Se ela define isso como sérias divergências, tudo bem, é a opinião dela. Para mim, o importante é o seguinte, foi sério o nosso esforço em encontrar uma solução pacífica, e isso é o compromisso de Brasil e Turquia”, afirmou Amorim em entrevista coletiva durante o 3º Fórum da Aliança de Civilizações das Nações Unidas, realizado no Rio de Janeiro.
“Acho que tem muita gente decepcionada porque [o acordo com o Irã] produziu resultados. Porque a expectativa deles era de que não produzisse. Como eles estão insistindo em continuar na mesma linha, eles estão nervosos, nós estamos calmos”, acrescentou o chanceler brasileiro. Amorim frisou que ainda não conversou pessoalmente com Hillary após a declaração.
Especialistas acreditam que o Irã ainda não tem capacidade de fabricar sozinho as varetas de combustível necessárias para o reator de Teerã.
Ponderando que as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos continuam "excelentes", o chanceler brasileiro criticou a postura norte-americana e defendeu a autonomia da diplomacia nacional. “Mas você não pode adotar uma política de que quem não está comigo é contra mim. Isso não existe. Nós temos que agir segundo a nossa consciência e segundo as nossas convicções.”
Indagado se a divergência entre os dois governos acerca do Irã prejudicaria a ambição brasileira em tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, Amorim foi taxativo: “Se for para ser membro permanente do Conselho de Segurança e ter postura subserviente, é melhor deixar pra lá.”
Mais cedo, ao também comentar a declaração da secretaria dos EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que são as armas nucleares [dos EUA, Israel e outros] e não os acordos com o Irã que tornam o mundo "mais perigoso".
O presidente brasileiro enfatizou que o Brasil foi "ao Irã buscar uma solução negociada para a crise", um dia depois que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, indicar que existem "sérios desacordos" entre Washington e Brasília sobre este tema.
“O Brasil aposta no entendimento que faz calar as armas. Investe na esperança, que supera o medo. Posições inflexíveis só ajudam a confrontação e afastam a possibilidade de soluções de paz”, disse Lula.
Brasil e Turquia negociaram um acordo tripartite de enriquecimento de urânio com o Irã, que foi recebido com receio por parte das grandes potências ocidentais, já que os iranianos indicaram que continuarão enriquecendo urânio em seu território [em baixos percentuais, adequados somente para fins pacíficos]."
FONTE: reportagem de Daniel Milazzo publicada no portal UOL [título, 1º parágrafo e entre colchetes colocados por este blog].
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