quarta-feira, 26 de maio de 2010

OESTE BAIANO JÁ SUPERA OS EUA EM PRODUTIVIDADE

Safra rende 52 sacas de soja e 270 arrobas de algodão por hectare; americanos colhem 48,5 e 160, respectivamente

Norte-americanos ainda colhem mais milho: 170 sacas ante 145; mas isso vai durar pouco tempo, diz produtor brasileiro


MAURO ZAFALON – FOLHA SP

Há 26 anos, sem novas opções de terras no Paraná, Walter Horita trocou a região pelo oeste baiano. Uma atitude considerada ousada pelos vizinhos.
Longe de tudo e sem estradas adequadas, os desafios da nova região começaram logo cedo.

Acostumado às terras férteis do Paraná, Horita amargou uma produção de apenas 14 sacas de soja por hectare na primeira safra plantada. Um desastre para o bolso.

Hoje, Horita cultiva 42 mil hectares com soja, milho e algodão. Quando as máquinas encerraram a colheita neste ano, ele constatou a produção de 62 sacas de soja e 196 de milho por hectare.

A colheita de algodão está começando e ele espera 330 arrobas por hectare. “Estamos com uma produtividade bem acima da dos Estados Unidos”, diz Horita.

A produção de Horita não está muito distante da média do oeste baiano, mas está acima dos padrões da região. Motivo: ele não mede esforços na utilização de novas tecnologias à disposição.

O oeste baiano produz 52 sacas de soja, 145 de milho e 270 arrobas de algodão por hectare. Os norte-americanos colhem 48,5 sacas de soja e 160 arrobas de algodão.

No milho, ao produzirem 170 sacas por hectare, ainda superam os baianos. “Mas isso [o ganho no milho dos norte-americanos] vai durar pouco tempo”, diz Horita.

NOVAS PRÁTICAS

O segredo para uma produção elevada passa pelo uso intensivo de novas práticas na lavoura e utilização de insumos e de equipamentos de última geração.

Além disso, o produtor deve estar à frente dos livros e da literatura agrícola, diz ele.

Para Horita, o produtor deve fazer experimentos em sua terra, buscar coisas novas e estar apto a, se necessário, fazer mudanças rápidas na cultura para garantir maior produtividade.

Ele destaca, no entanto, a necessidade da presença de um bom agrônomo nesse processo produtivo.

O acesso à tecnologia exige recursos, o que poderia tirar os produtores de pequeno porte desse processo.

Horita diz que a inovação tecnológica estará à disposição dos produtores de pequeno e médio portes se eles se reunirem em grupos para comprar insumos e máquinas e para a comercialização.

“A agricultura moderna exige a utilização de agroquímicos, melhoramento genético e equipamentos eficientes”, afirma Horita.

A vantagem é que a concorrência entre os fornecedores de insumos é grande e a cada safra eles desenvolvem produtos cada vez mais eficientes, acrescenta.
Isso leva, no entanto, a uma perda de rusticidade e ao aumento da fragilidade das plantas, o que exige custos fitossanitários maiores. Essa elevação de custos será compensada pelo aumento da produtividade, diz ele.

A região distante, e de pouca atração há três décadas, hoje está na mira até de investidores estrangeiros.

Com o valor de um hectare vendido no Paraná, Horita comprava 50 no oeste baiano na década de 1980. Hoje, compra apenas dois.

Tecnologia impõe custos, mas alta na produção compensa

Buscar produtividade custa caro, mas o volume produzido compensa. É com essa visão que os produtores do oeste baiano desembolsam R$ 4.000 por hectare na produção de algodão.

Se o clima ajudar e os preços estiverem favoráveis, a renda virá. Esses dois fatores ocorreram neste ano e os produtores que usaram alta tecnologia na produção podem obter uma renda de até R$ 1.400 por hectare.

Isso não ocorreu no ano passado, quando o excesso de chuva prejudicou a safra.

O algodão é a commodity que pode gerar mais renda para o produtor, mas também é a de maior risco devido aos investimentos elevados. No caso do milho, o produtor desembolsa R$ 2.000 por hectare cultivado, quando usa tecnologias avançadas.

Essa tecnologia vai desde plantadeiras com monitoramento de adubo e de sementes, que devem ter melhoramento genético, até colheitadeiras que eliminem as perdas durante a colheita.

O investimento no milho é menor, mas a renda final também. Neste ano, o hectare deve gerar receita de R$ 550 na região.

A soja, principal produto da região, é a que exige menos investimentos: R$ 1.300 por hectare. A renda do produtor, no entanto, também é menor, com previsão de R$ 500 por hectare neste ano.”

FONTE: li essa reportagem de MAURO ZAFALON, da FOLHA SP, postada no blog Leituras de Luis Favre.

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