domingo, 27 de junho de 2010
AFEGANISTÃO: ANALISTA VÊ LIMITES EM ESTRATÉGIA DE GUERRA AMERICANA
Práticas de contrainsurgência não oferecem garantia de vitória contra o Taleban, afirma acadêmico do MIT.
Bary Posen diz que troca de comando não vai prejudicar planos dos EUA no Afeganistão, mas aponta estagnação.
DE WASHINGTON
Para Barry Posen, diretor do programa de estudos de segurança do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a troca de comando no Afeganistão não prejudicará o seguimento da contrainsurgência. O problema, diz, é que nada indica que a estratégia dará certo.
Folha - O sr. concorda com a demissão de McChrystal?
Barry Posen - Não acho que havia escolha. O que ocorreu é suficientemente estranho, além de desrespeitoso, para justificar a decisão de removê-lo, apesar de ele ter feito um trabalho bem decente numa situação difícil.
Mas trocá-lo por David Petraeus não vai prejudicar o esforço no Afeganistão. Se falharmos, não será por isso.
Como o sr. vê a contrainsurgência no Afeganistão?
A contrainsurgência é um conjunto de "boas práticas". É preciso ter colaboração da população; coletar informações de inteligência de pessoas comuns; limitar danos colaterais; fortalecer o governo; pôr para funcionar forças de segurança.
São coisas necessárias, mas não significa que, se fizer tudo, você vai vencer.
A doutrina é um código de práticas, não é um plano de vitória. Sou cético quanto à contrainsurgência em geral, e, no Afeganistão, as cartas não estão bem alinhadas.
A política de tentar cooperar com o Paquistão também é arriscada. As forças paquistanesas são incapazes de abandonar o Taleban. Os EUA investem muito em derrotar uma entidade que tem apoio de um grande Exército do outro lado da fronteira.
Petraeus foi comandante no Iraque. O sr. vê paralelos no esforço nos dois países?
As boas práticas da contrainsurgência são as mesmas. Mas as condições são diferentes. Por pior que seja o governo iraquiano, é melhor que o afegão.
Como o sr. vê a situação no Afeganistão hoje?
Estamos estagnados. Não estamos à beira da derrota, ainda podemos manter a situação, se tivermos mais tropas e mais dinheiro.
Mas essa não é a questão. Vamos gastar bilhões para ficar parados? Seria melhor tentar lutar só contra a Al Qaeda e depois sair do país. Não é bonito, mas é melhor.”
FONTE: publicado na Folha de São Paulo imagem colocada por este blog].
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