quarta-feira, 30 de junho de 2010
IRÃ DIZ SÓ VOLTAR A NEGOCIAR EM AGOSTO E COM A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL E TURQUIA
“Mahmoud Ahmadinejad condiciona, porém, conversas sobre impasse nuclear à integração de Brasil e Turquia. Segundo o presidente do Irã, intervalo para volta ao diálogo é "punição" a Ocidente por aprovar as novas sanções na ONU.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, se disse ontem preparado para reatar conversas nucleares no final de agosto, apesar das novas sanções na ONU. Mas condicionou a retomada à integração do Brasil e da Turquia.
Segundo o iraniano, a postergação em dois meses da volta à mesa de negociações é "punição" às potências pela aprovação da quarta rodada de sanções contra Teerã no Conselho de Segurança.
"Chamamos isso de mau comportamento", disse o iraniano a jornalistas na capital do Irã. "É um castigo para puni-las de maneira que aprendam como se comportar em um diálogo com esta nação."
Ahmadinejad afirmou que a base das negociações deverá ser a proposta de acordo obtida no mês passado após intervenção brasileiro-turca.
A proposta, que prevê o envio de urânio pouco enriquecido à Turquia e o recebimento do material enriquecido a 20% -próprio para uso medicinal- num ano, se baseia em acordo delineado pelo Ocidente no ano passado.
Mas o texto foi rejeitado pelos EUA e aliados, que lideraram as gestões pelas novas sanções da ONU. As potências temem que o programa nuclear iraniano possua fins militares -o que o Irã nega [o “temor” é pretexto ‘do Ocidente’ (dos EUA) para as duras e danosas sanções preparatórias para a invasão militar do Irã e controle das suas produção e exportação de petróleo, estratégia adotada com sucesso no Iraque].
BRASIL E TURQUIA
O presidente do Irã cobrou ainda a inclusão dos governos do Brasil e da Turquia no grupo que negocia uma solução para o impasse nuclear, hoje formado por EUA, França e Rússia (Grupo de Viena) - aos quais se somam China, Rússia e Alemanha no “P5+1”.
Para ele, os aliados -que votaram contra as sanções- são países independentes e creem em justiça e respeito.
O iraniano também cobrou do “Ocidente” [metáfora significando na prática os EUA] esclarecimentos de sua posição sobre o arsenal nuclear de Israel [apoiado, protegido e omitido pelos EUA, apesar de Israel construir bombas atômicas, não admitir visitas da AIEA e não integrar o TNP] e o desarmamento nuclear global e [pergunta] se o “Ocidente” irá às negociações como amigo ou inimigo do Irã.
Anteontem (28/06), duas empresas de petróleo ocidentais -a francesa Total e a espanhola Repsol- anunciaram a suspensão dos negócios mantidos no Irã, nos primeiros desdobramentos das novas sanções aplicadas contra o país.
Além da punição da ONU, medidas adicionais e ainda mais duras já foram aprovadas pelo Congresso dos EUA, e o mesmo deve ocorrer em um mês na União Europeia.”
FONTE: publicado na Folha de São Paulo [título, trechos entre colchetes e imagem colocados por este blog].
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