quarta-feira, 28 de julho de 2010

ANÁLISES AMERICANAS SOBRE O BRASIL TAMBÉM VAZARAM NO ‘WIKILEAKS’


“Entre os milhares de documentos revelados pelo WikiLeaks nos últimos anos, vários tratam da relação entre os EUA e o Brasil. Os principais temas são econômicos, como o comércio bilateral e a tarifa do etanol, e políticos, principalmente sobre a ascensão do país.

Os documentos são, em sua maioria, análises feitas pela Biblioteca do Congresso americano em caráter reservado para os legisladores.

Essas análises têm um "peso muito grande" na tomada de decisão dos congressistas, afirma Diego Bonomo, do ‘Brazil Industries Coalition’, uma organização que defende os interesses da indústria brasileira nos EUA.

Um dos documentos, de 1998, apontava o Brasil e a Argentina como países "dominantes" do Mercosul.

Em textos mais recentes, o Brasil já aparece como "única potência" da América Latina e "líder entre países em desenvolvimento".

O relatório para os congressistas afirma que fortalecer os laços regionais, como o Mercosul e a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), e com países da África e da Ásia foi uma opção do governo brasileiro apesar de "provavelmente ser mais benéfico ao próprio interesse econômico do Brasil no longo prazo" se aproximar da União Europeia e dos EUA.

Nas análises, é possível acompanhar o fortalecimento do Mercosul e o quanto ele comprometeu a formação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), uma iniciativa americana para zerar tarifas no continente

[“Livre comércio”, “zerar tarifas” eram engodos eufêmicos muito propagandeados pelos EUA. A ALCA, como estava imposta, seria realmente trágica para o Brasil. Ela textualmente impediria políticas nacionais de desenvolvimento industrial e tecnológico de setores estratégicos, muito menos subsídios a esses setores, sob a desculpa de que tais políticas violariam o justo “livre comércio”. A ALCA eternizaria a muito maior vantagem competitiva dos EUA. O triste para o Brasil (apesar de típico) foi o estranho e forte empenho do governo FHC/PSDB/DEM-PFL em promover a adesão do Brasil à ALCA, incompreensível, pois, é óbvio, estavam cientes de que ela favoreceria os EUA e prejudicaria o Brasil. Poderia até favorecer conjunturalmente setores específicos da economia brasileira (como a agricultura), mas seria danosa para os grandes interesses brasileiros].

Os textos apresentam o Brasil como uma força que "contrabalanceia" a influência dos EUA na América do Sul. A política de Hugo Chávez, entretanto, poderia enfraquecer essa liderança, especialmente na Bolívia e no Equador, mais dependentes da Venezuela.

No âmbito do comércio, os congressistas americanos leem também que o Brasil liderou os esforços da rodada de Doha para manter a posição dos emergentes, de que EUA e Europa deveriam baixar os subsídios da agricultura como premissa para a continuidade das negociações [Para as grandes potências, subsídios à agricultura estadunidense e européia são intocáveis, mas ilegais e intoleráveis em outros países].”

FONTE: publicado hoje (28/07) na Folha.com e no portal UOL [título, imagem e trecho entre colchetes colocados por este blog. Imagem obtida na internet, oriunda de canaldireto.blogspot.com].

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