“O Brasil será o segundo maior país beneficiário com o aumento do poder de voto para os emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo acordo histórico alcançado pelo G-20 no último fim de semana, refletindo a crescente mudança de poder na economia global. O país ficará atrás somente da China, em termos brutos. Com a mudança, o direito de voto do Brasil saltará dos atuais 1,78% para 2,32%, numa alta de 78,4% em três anos e de 30% em relação ao percentual atual, alcançado em 2008.
A hierarquia dos países no FMI ficará agora mais alinhada ao peso relativo deles na economia internacional, como o Brasil e outros emergentes vinham pedindo há anos. A fatia das nações em desenvolvimento como grupo aumentou pouco, de 42,1% para 44,7%, mas subiu bem mais para os emergentes com maior dinamismo e maior ranking na economia global.
Para o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), a mudança se deve à exaustão do modelo conservador da política internacional, que se mostrou bastante ineficiente durante a crise financeira desencadeada em 2008. "Essa mudança demonstra, na prática, o redesenho da política internacional, a partir da própria realidade da economia mundial, onde os países emergentes ganharam importância e se fizeram presentes no cenário internacional, a exemplo do Brasil", afirmou.
De acordo com o petista, assim como ocorreu com o G7 e o G8, que deram lugar ao G20, o FMI também necessitava de mudanças em seus mecanismos de coordenação. "A crise mostrou que o FMI precisa ser redemocratizado. Foi uma alteração tímida, mas importante", afirmou.
COTAS
Pelo acordo acertado na Coreia do Sul, mais de 6% das cotas - a contribuição que determina o poder de voto - serão transferidas para os emergentes mais dinâmicos, beneficiando Brasil, China, Índia e Turquia. A Europa perderá dois de seus nove assentos entre os 24 do conselho de administração. O recuo da representação europeia é menor do que os EUA cobravam. Em troca, Washington, com 17,67% da parte das cotas, conservará seu direito de veto sobre as decisões mais importantes.
Agora, o fundo será comandado na prática por seis países avançados (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália) e pelo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). A China se tornará o terceiro maior acionista na entidade chave nas operações do sistema financeiro e monetário global.
O Brasil, nona maior economia em paridade de poder de compra, pulou de 18º para 14º maior em 2008 e agora é o 10º cotista, desta vez superando países como Canadá, Holanda, Bélgica, Arábia Saudita e Coreia do Sul. Na primeira reforma de cotas do fundo, em 2008, o poder de voto do Brasil tinha pulado de 1,3% para 1,78%, mas esse aumento nem chegou a ser implementado.
A transferência de cota dos países desenvolvidos para os emergentes mais dinâmicos será de 2,6%. A Arábia Saudita, que tinha um poder desproporcional por causa de sua acumulação de petrodólares, foi o emergente que mais perdeu cotas. Entre os desenvolvidos, foi a França.
A reforma entrará em vigor em 2013. Até lá, os emergentes querem uma nova fórmula para calcular as cotas, já que em 2014 haverá nova redistribuição de direitos de votos na entidade. Como os países emergentes cresceram quase cinco vezes mais que os ricos na atual década, e a tendência é de que esse ritmo continuará, a mudança de poder poderá se ampliar.”
FONTE: www.ptnacamara.org.br. Transcrito no portal do PT (http://www.pt.org.br/portalpt/noticias/internacional-1/direito-a-voto-do-brasil-no-fmi-cresceu-784-em-tres-anos-26641.html).
Nenhum comentário:
Postar um comentário