sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
BRASIL DEVE MANDAR FRAGATA PARA O LÍBANO
“ENVIO DEVE OCORRER EM 2011, DIZ CONTRA-ALMIRANTE LUIZ HENRIQUE CAROLI, QUE COMANDARÁ FORÇA DE PAZ DA ONU
Presença militar do país no Oriente Médio atende a estratégia do governo de maior inserção do Brasil no exterior
“O Brasil planeja enviar no ano que vem navios militares para o Oriente Médio, uma das regiões mais tensas do planeta. Junto, embarcariam ao menos 200 militares.
Este é o plano da Marinha, segundo revelou à ‘Folha’ o contra-almirante Luiz Henrique Caroli, 52, indicado pelo Brasil para chefiar a força naval da Unifil, missão de paz da ONU no sul do Líbano cujo objetivo é evitar conflitos entre Israel e a milícia xiita do Hizbollah.
A incursão será a mais importante missão militar do país no exterior depois do Haiti, onde o Brasil comanda a força de paz da ONU. É parte da estratégia do governo Lula de aumentar a projeção global do Brasil.
O plano deve continuar no governo Dilma Rousseff. Para o envio da tropa e dos navios, é preciso aprovação do Congresso. A Marinha está confiante de que não haverá problemas, dada a maioria folgada que a presidente terá no Legislativo.
--Folha - Quando o Sr. assumirá o comando da força?
Luiz Henrique Caroli - Faltam um decreto presidencial e uma portaria do Ministério da Defesa. Eu imagino que isso vá acontecer em janeiro do ano que vem.
--O que essa força faz?
Cada navio vai para uma área de patrulha e, quando vê uma embarcação, se identifica como navio da ONU, pergunta se está indo para águas libanesas, a carga, o rumo, a velocidade, de onde veio e orienta uma rota para o porto. Quando há suspeita de que ele carrega armas, a Marinha libanesa é acionada para fazer uma inspeção.
--Como foi a recepção dos governos libanês e israelense à participação do Brasil?
Nosso país tem tradição de tolerância e convivência pacífica. Todos viram de forma positiva. A Indonésia se candidatou a assumir a força, mas Israel não quis porque era um país muçulmano. O Itamaraty consultou o governo israelense, que se posicionou favoravelmente, e o governo libanês também.
--A missão aumenta o prestígio do Brasil no Oriente Médio?
Acredito que sim. O Brasil não usa missão de paz para sustentar as Forças Armadas, usa como instrumento de política. O país quer se sentar à mesa que vai criar as normas para os outros. Para isso, tem que participar. E uma forma positiva de participação são as operações de paz. Nós, militares, vemos tudo isso de forma positiva, porque permite termos a experiência real que enriquece as pessoas e a instituição.
--Inicialmente, o Ministério da Defesa não autorizou o envio de navio brasileiro para a missão, mas essa possibilidade ainda existe?
Existe sim, a gente fez um estudo que foi aprovado pelo comandante em chefe da esquadra, onde a Marinha está estudando a possibilidade de enviar um navio para compor a força marítima.
--Qual seria a embarcação enviada?
Uma fragata, por ser um navio com mais capacidade de permanência. O comandante da Marinha vai decidir e vai conversar com o Ministério da Defesa. Sob as condições colocadas inicialmente pela ONU, de um longo tempo [de permanência], a gente achou que não daria para sustentar um navio lá, pela logística complicada de manter um navio no Oriente Médio. Mas, com a proposta do navio ficar menos tempo, a gente visualizou a possibilidade de isso ocorrer.
--Quanto tempo ele ficaria?
Dois a três meses e aí teria que ser substituído.
--Mandariam um navio de cada vez para treinamento e depois o substituiriam?
Exato. Isso passa, antes da Marinha e da Defesa, pela aprovação do Congresso.
--Quando isso aconteceria?
Eu diria que para o final do primeiro semestre de 2011. É bem exequível.
--O Brasil não ficaria desguarnecido?
Não. Os distritos navais têm meios para fazer a patrulha do litoral. Um navio [a menos] não traria prejuízo.”
FONTE: reportagem de Luis Kawaguti publicada na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2312201001.htm).[imagem do Google adicionada por este blog].
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