sábado, 25 de dezembro de 2010

PESQUISA DO IPEA ATUALIZA ÍNDICES DE ANALFABETISMO NO PAÍS


“O estudo "Evolução do Analfabetismo e do analfabetismo funcional no Brasil" realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e divulgado no dia 9 de dezembro, em Brasília, revelou que analfabetismo ainda é bastante desigual entre as regiões do país. A análise foi feita com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), e considerou o período de 2004 a 2009.

São consideradas analfabetas as pessoas que não conseguem ler nem escrever. Já o analfabetismo funcional significa não ser capaz de ler, escrever e fazer cálculos para uso próprio ou para desenvolvimento do meio em que vive.

A pesquisa utilizou recortes como raça e cor, sexo, localização de domicílio e renda, e revelou que a variante renda ainda é fator determinante para o analfabetismo no Brasil. De acordo com o estudo, o analfabetismo entre pessoas que têm renda per capita de até ¼ de salário mínimo é 20 vezes maior do que aquelas que têm renda entre três e cinco salários mínimos. A faixa de pessoas que tem até dois salários mínimos concentra 93% dos analfabetos que declararam rendimentos.

DESIGUALDADES REGIONAIS

Foram observadas ainda grandes desigualdades entre as regiões. No entanto, as maiores disparidades foram verificadas no comparativo entre estados. Os maiores destaques foram para a taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais, que no Nordeste é 3,4 vezes maior que no Sul.

Por outro lado, na região Norte foi destacado desempenho positivo do Amapá e de Roraima, que reduziram a incidência do analfabetismo, respectivamente, em 65% e 35%. Com isso, suas taxas passaram a figurar entre as mais baixas do país, especialmente a do Amapá (2,8%), na primeira posição, atingindo, assim, um patamar próximo ao de países ricos.

Todos os estados da região Nordeste tiveram redução do analfabetismo em termos absolutos e relativos. Apenas o Rio Grande do Norte e a Bahia registraram índices superiores à média nacional. Já no Sul e Sudeste a queda no número de analfabetos foi abaixo da média nacional. O Centro-Oeste apresentou a menor queda do número absoluto de analfabetos, 1,6%, já que os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tiveram aumento deste contingente, devido a questões como migração.

MENOS ANALFABETOS

Segundo a pesquisa, a redução na taxa de analfabetismo foi mais acentuada na faixa etária de 15 a 64 anos, que passou de 9,1% para 7,3%, correspondendo a queda de quase 21%. Em números absolutos, o contingente de analfabetos reduziu em 14%. Já a taxa de analfabetismo entre idosos, acima de 65 anos, reduziu-se de 34,4% para 30,8%.

Analisando a localização domiciliar, a pesquisa mostra que a taxa de analfabetismo na zona rural é cerca de 3 vezes maior do que na zona urbana. No quesito raça ou cor, foram identificadas profundas desigualdades entre os níveis de analfabetismo entre brancos e negros ou pardos. Entre os brancos, o índice caiu de 7,2% para 5,9%. Já entre os negros e pardos o declínio foi de 16,3% para 13,4%. O estudo ressalta ainda que os negros e pardos do Sudeste têm vantagens em relação aos do Nordeste, com 8 e 20%, respectivamente.

No comparativo entre homens e mulheres, nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste a incidência do analfabetismo é maior entre as mulheres. Mas, no Norte e no Nordeste, a situação é o contrário, já que nestes locais os homens representam os maiores índices de analfabetismo.

ANALFABETOS FUNCIONAIS

Na análise do analfabetismo funcional foi verificado que as maiores quedas aconteceram nas regiões Norte e Nordeste. Enquanto o Norte segue sendo a região com maior taxa, de 12,6%, o Sudeste registra o menor índice com 9,6%. Em termos absolutos, houve redução de cerca de 1,5 milhão de analfabetos funcionais.

Existe uma relação entre a redução do analfabetismo e o aumento do analfabetismo funcional, em curto e médio prazos. A elevação deste indicador representa um passo intermediário na efetivação do direito de todos à educação.

O estudo conclui que o analfabetismo tem sido reduzido de forma lenta no Brasil. Também foi constatado que os idosos analfabetos não têm sido contemplados pelos programas de alfabetização. Outro fator que contribui para manter elevada a taxa de analfabetismo no Brasil é a permanência das diversas desigualdades.

ANALFABETISMO PELO MUNDO

Segundo a Unesco, existem cerca de 750 milhões de analfabetos no mundo, a maioria localizada em países asiáticos e africanos com grandes populações, como a Índia, China, Bangladesh, Paquistão, Etiópia, Nigéria e Egito. O Brasil, que possui a quinta maior população, ocupa a oitava posição em número absoluto de analfabetos, com cerca de 14 milhões de indivíduos. Em termos relativos, o Brasil se mantém em posição intermediária, com taxa de analfabetismo da ordem de 10%.

FONTE: publicado pela Adital (Agência de Informação Frei Tito para América Latina; tem como objetivo levar a agenda social latino-americana e caribenha à mídia internacional). Reportagem transcrita no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=144320&id_secao=1).[imagem obtida no Google e adicionada por este blog].

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