domingo, 20 de fevereiro de 2011

Wikileaks: DIPLOMACIA DE LULA FEZ A FIEL DIREITA SUL-AMERICANA SE QUEIXAR PARA O CHEFE EUA


Do portal “Vermelho” (tema sugerido pelo leitor Iurikorolev)

“Em 15 de dezembro de 2004, entre as 17h30 e 18h (15h30 e 16h em Brasília), o então presidente colombiano Álvaro Uribe participou de reunião “de alto nível” [sic] no palácio presidencial com o então subsecretário-adjunto do Departamento de Estado dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Charles Shapiro, o subsecretário-adjunto para o combate às drogas Jonathan Farrar e o embaixador estadunidense em Bogotá, William B. Wood, além do diretor de temas andinos, David Henifin.

O fato é relatado em um dos documentos divulgados recentemente pelo site Wikileaks. São despachos da diplomacia estadunidense que tratam das relações entre o Brasil e outros países sul-americanos. Particularmente nos países então dominados pela direita, [sempre] submissa aos interesses dos Estados Unidos, há uma reação à influência brasileira.

Na época da reunião, Uribe estava há dois anos no cargo e reproduzia [obedientemente] as políticas determinadas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos em relação à guerrilha e à política externa do país na região. O apoio logístico militar dos Estados Unidos inflingiu severos danos à guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional).

Uribe, na época, acreditava que os guerrilheiros não resistiriam mais que cinco anos. O presidente colombiano também se queixou de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Em um momento, a conversa chegou ao [tema] Brasil.

“Uribe disse [para agradar os tais norte-americanos “de alto nível”] que a sua relação com [o então presidente] Lula era complicada pelos esforços de Lula em construir uma aliança antiamericana na América Latina”, relata o documento. Em seguida, Uribe afirmou que o Brasil teria pretensões imperialistas: “Lula é mais prático e inteligente que Chávez, mas é levado pelo seu passado de esquerda e pelo ‘espírito imperial’ brasileiro a se opor aos EUA”.

O ex-presidente colombiano disse ter pouca influência sobre Lula ou Chávez porque eles o veriam [obviamente] como um amigo dos EUA. Mesmo assim, afirmou que continuaria a pressionar Chávez a tomar ações “contra narcotraficantes” .

Em um despacho de 19 de maio de 2005, a então chanceler do Paraguai, Leila Rachid, queixou-se ao embaixador americano em Assunção, Dan Johnson, sobre a sugestão de seu colega brasileiro, Celso Amorim, de convocar uma cúpula entre países árabes e sul-americanos. O governo paraguaio da época era de direita e a situação só começou a se modificar com a eleição de Fernando Lugo para o cargo de presidente do país, em 2008.

O então embaixador americano no Paraguai chegou a afirmar no despacho que a cúpula entre países árabes e sul-americanos promoveria "gratuitamente tensões entre a comunidade árabe e judaica no Brasil".

CONSELHO DE DEFESA SUL-AMERICANO

O governo colombiano também se queixou do Brasil a seus "aliados" norte-americanos, por meio de outros diplomatas estadunidenses. Outro despacho, datado de 9 de maio de 2008, revela as reais intenções do ex-ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos (presidente da Colômbia desde junho de 2010) em relação à proposta de criação do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS), defendida pelo Brasil.

Durante a conversa, que aconteceu em 30 de abril do mesmo ano, o embaixador estadunidense recomendou formas de "flexibilizar" o mandato do Conselho. Dois dias antes da reunião na embaixada, Santos havia mantido encontro com o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, em que discutiu a proposta encabeçada pelo Brasil sobre a criação do Conselho.

Jobim havia viajado a diversos países sul-americanos para apresentar a proposta. No caso da Colômbia, a reunião aconteceu em Bogotá. Relatando o encontro ao embaixador americano, Santos disse que [obediente às orientações dos EUA] rejeitou a proposta, usando o pretexto de que a iniciativa duplicaria as funções da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da ONU (Organização das Nações Unidas).

“Santos explicou [mentiu] para Jobim que o governo colombiano temia que a iniciativa soasse como uma ideia da Venezuela”, diz o documento. “O governo colombiano não quer suas forças armadas subjugadas a uma instituição que não compreenda totalmente [aos militares estadunidenses baseados na Colômbia eles compreendiam; por isso, se subjugavam a eles?]. Do mesmo modo, “está relutante a ingressar em uma instituição que poderia ser percebida por muitos como um esforço para distanciar a América do Sul do [seu chefe, o] governo estadunidense”. O documento [do Wikileaks] demonstra de forma cabal a [total] submissão do governo colombiano aos Estados Unidos.

A resposta de Jobim, segundo o documento, foi dura: a Colômbia ficaria completamente isolada se não entrasse na iniciativa, pois o Brasil prosseguiria com ou sem ela.

Os americanos chegaram até mesmo a dar instruções para promover uma rebelião [contra o Brasil]. O embaixador americano chegou a falar em "explorar receios de outros governos regionais e, se fosse o caso, ver se eles se aliariam ao governo colombiano”.

Chegaram também a instruir o governo colombiano a como participar -ou não- do Conselho. O embaixador propôs que o governo [colombiano] explorasse se poderia sugerir opções que iriam ajustar o momento e o nível de participação. “Por exemplo, quem sabe um governo poderia se unir sem ter que aceitar todos os níveis de participação?”. O despacho é assinado pelo embaixador [norte-americano] William R. Brownfield.

O Conselho de Defesa Sul-Americano acabou sendo aprovado, por fim, na cúpula extraordinária da União de Nações Sul-Americanas em 15 de dezembro de 2008.”

FONTE: portal “Vermelho” com informações do site “Opera Mundi”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=147925&id_secao=9) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].

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