terça-feira, 29 de março de 2011
TEMPO CADA VEZ MENOR
“As pessoas não param para pensar sobre o assunto, mas com certeza estamos vivendo a evolução tecnológica mais rápida da história da humanidade. Ferramentas que antes eram simplesmente desconhecidas até bem pouco tempo agora se tornam indispensáveis: facebbok, twitter, SMS, e-mail e outras do gênero.
Teoricamente, isto tudo foi criado com o objetivo de poupar tempo para as pessoas que vivem época atribulada e cheia de atividades. Mas será que isso vem produzindo os efeitos desejados? Provavelmente não. Agora, as pessoas precisam ficar preocupadas em checar as mensagens on-line, responder aos e-mails, atualizar os perfis no facebook e postar no twitter para se manterem updated.
Ou seja, o que veio para facilitar a vida acabou apresentando uma série de ônus para que não fiquemos desconectados com o mundo virtual que hoje comanda o espetáculo. Um telefone celular –algo que somente existia em filmes de ficção científica há 20 anos– é hoje tremendo dispositivo que serve para colocar o usuário em contato com o mundo.
Entretanto, o uso dessas novas ferramentas vem gerando novilíngua que reduz a beleza dos idiomas. O inglês, o português e outras línguas europeias deixam de ser expressões do belo para se transformarem em códigos decifrados apenas pelos iniciados, como se tivéssemos de integrar nova seita, cujo deus é ser pequeno mas poderoso: o smartchip.
Além disso, mesclam-se códigos criados com abreviações e ícones pelos senhores da tecnologia, a fim de trocar mensagens de maneira rápida. Isso, porém, acaba virando outro tipo de preocupação. Qual é a maneira polida de se comunicar por essas novas maneiras de comunicação? Podemos ser informais com nossos chefes ou pessoas mais velhas? Temos de usar essa novilíngua presumindo que todos entenderão?
Casos recentes de mau uso, sobretudo do twitter, demonstram que essa ferramenta é bastante perigosa, sobretudo se usada com pouca reflexão. É como se os dedos obedecessem a comando do cérebro e nosso lado diabólico nos trai sem permitir que a mente acione os comandos da autocensura. Como ocorreu com um ator que se referiu a Teresina com comentários pouco elogiosos à capital do Piauí. Resultado: a peça na qual atuaria foi cancelada e de nada adiantaram os pedidos públicos de desculpa.
O pior, no entanto, é descobrir que cada vez mais as mídias tradicionais vão perdendo seu espaço e sua importància na hierarquia da comunicação. Até mesmo o privilégio dos jornais dominicais de virem recheados com ofertas e descontos está esvaindo-se. Hoje, a tecnologia já permite que os donos de smartphones recebam em seus telefones todas as ofertas e promoções criadas pelas empresas.
Ou seja, em vez de ter de recortar e carregar amontoado de cupons, muitas vezes com produtos que não interessam ao consumidor, é possível que um leitor de código de barras de caixa de supermercado leia o cupom que está reproduzido no próprio smartphone. E com a vantagem de o consumidor nem ter de se preocupar de carregar consigo aquele monte de cupons.
Já não bastassem as notícias virem mais rapidamente na tela de um smartphone, agora os cupons também chegam de maneira mais ágil e organizada. Opa, esta, sim, é uma forma de poupar tempo. E, como a tecnologia não tem limites, basta esperarmos novo aplicativo que pode tornar-se a coqueluche do momento a velocidade inimaginável.
O duro para quem tem um pouco mais de idade, no entanto, é acompanhar essa evolução e continuar antenado para não ficar desconectado. Desafio bem difícil, admito.”
FONTE: escrito por Antonio Tozzi, em Miami. O autor foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA. Publicado no site “Direto da Redação” (http://www.diretodaredacao.com/noticia/tempo-cada-vez-menor).
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